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Personagem: Zé de Cazuza
Por: Museu da Pessoa, 20 de setembro de 2024

Eu gostava de pegar aquilo que o vento levava

Esta história contém:

Eu gostava de pegar aquilo que o vento levava

Meu pai foi poeta, mas meu pai não viveu disso. Meu pai era agricultor, fez muito açude, também, no lombo de jumento, um homem extraordinário. E como poeta aqui e acolá, quando a ocasião dava ele e fazia um verso... Eu saí da fazenda com 3 anos de idade. Fomos tomar conta de uma fazenda de um parente da gente. E vez por outra, eu despertei pra poesia, porque meu pai dado a ser poeta com 15 voltei pra cá e estou até hoje. Meu pai, dado a ser poeta, tinha muita amizade com uns cantadores. E vez por outra, era visitado por Pinto, por Lourival Batista, Antônio Marinho.. E depois que eu me entendi como gente, comprei a última viola que Pinto usou. E sempre preservei. Pinto morava numa casinha lá em Monteiro, e a gente visitava lá. Eleve uma vida de passado sorrateiro. Ele tem um irmão que era recursado, seu Mariano, quando ele já estava muito doente, seu Mariano veio visitá lo, ele disse, Mariano, que tinha muitas casas na rua. “Mariano tu tem uma casa desocupada para tu mandar me buscar para eu ir morrer lá? Ele disse: ”Tem, você quer ir quando? “Na hora que você puder e quiser” “ Daqui para amanhã venho buscar,” Daí morreu lá em Monteiro, mas tinha essa casa que ele morou lá, ele cantava muito mais Batista, e Batista findou um verso dizendo:

Não sei porque é que a Pinto só canta aqui nessa esquina. Ele disse:

Aqui é minha oficina

Onde conserto e remendo

Quando o ferro é grande eu corto

Quando é pequeno eu remendo.

Quando falta ferro eu compro

Quando sobra ferro eu vendo

Eu não gosto de matar passarinho, tem até os anos que eu fiz um mote: “ Quem nunca ofendeu a nada/ Vê Deus por merecimento.”. Então eu disse:

Eu nunca fui emboscar

A ave que vem beber

Por não gostar de ofender

Muito menos de matar

Gosto de vê lo voar

Cortando a brisa e o vento.

Buscando o seu aposento,

Seu ninho, sua pousada

Quem nunca ofendeu a nada

Vê Deus por merecimento

Se eu fico impressionado

Vendo um pobre com...

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Entrevista de José Nunes Filho (Zé de Cazuza)

Entrevistado por: Jonas Samaúma

Gravação: Marcos Carvalho

Assistência:Yule Neves

Projeto: Conte Sua História/Vidas Em Cordel

Prata, Paraíba- 20/09/2024

Entrevista: PCSH_HV1405

Revisão: Jonas Samaúma

P/1- Mestre, vou começar lendo uma poesia, tá para para o senhor.

Tomei café com dona Duca

Falando de Lourival.

Seu cuscuz sensacional

Arrepia até a nuca.

Nunca que fique caduca

A mente do seu Zé.

Poesia da cabeça ao pé

É único entre os humanos.

Faz 95 anos.

O Mestre ainda é

Cheguei na cidade prata,

Bem no sítio São Francisco.

É Lampião ou corisco

Que com verso nos trata

No momento em que engata

Só para lá, no outro dia.

Parece uma encantaria,

O Mestre Zé de Cazuza

Que nunca desparafusa

E é oo rei da poesia.

R - Obrigado. Verso bom danado

P- Mestre, ia falar para você contar um pouquinho do seu pai, o que que você lembra dele?

R - O que eu lembro de pai era isso aí que você leu.

P- A convivência com ele. assim...

R- Assim, meu pai foi poeta, mas meu pai não viveu disso. Meu pai era agricultor, fez muito açude, também, no lombo de jumento, um homem extraordinário. E como poeta aqui e acolá, quando a ocasião dava ele e fazia um verso, mas não foi propriamente dedicado só à poesia , né?

P- Você nasceu, foi em hospital ou foi dentro de casa?

R- Não. Eu nasci na fazenda Boa Vista, que é dos parentes da gente, ali vivi até 7 anos de idade, mas nasci na mão de parteira na mão de Dona Maria Caju que já morreu há muitos anos.

P- Como é que era a Terra assim, a sua casa na sua infância?

R/- Bom, eu saí aí da fazenda com 3 anos de idade. Fomos tomar conta de uma fazenda de um parente da gente. E vez por outra, eu despertei pra poesia, porque meu pai dado a ser poeta

É porque meu pai, dado a ser poeta, tinha muita amizade com uns cantadores. E vez por outra, era visitado por Pinto, por Lourival Batista, Antônio Marinho...

P - Você lembra...

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