O meu nome é Amara Martins Ramos, eu nasci em General Câmara no dia 19 de março de 1957. Eu sou advogada. No plano de cargos da companhia eu sou advogada, mas há 15 anos que eu encaminhei toda a minha vida para a área de administração e gestão. Hoje, eu me sinto muito mais administradora do que advogada. É uma bela história, da qual eu tenho muito orgulho. Eu entrei na refinaria, na unidade da Petrobras com 20 anos, em 1978. Eu era uma menina. Entrei como auxiliar administrativo, que era o cargo de menor qualificação da Companhia na época. Eu tive a sorte de começar pela área operacional. Eu trabalhava como secretária da Área de Manutenção e isso me deu uma visão muito boa da refinaria. Acho que isso foi importante na minha carreira, esse entendimento da empresa em toda a sua dimensão na área operacional, de manutenção. Depois fiz alguns concursos. Na época, tinha concursos internos e eu fui ser ajudante administrativo. Depois fiz um concurso para advogada da companhia. Eu fui secretária de várias áreas, comecei pela manutenção, depois fui secretária da área jurídica e secretária do superintendente da época. Trabalhei em diversas áreas da empresa. Resolvi fazer o concurso para advogada. Já estava formada. Eu estudei direito enquanto estava na companhia. Fiz o concurso e 1989 assumi como advogada no Departamento Jurídico. Eu fiquei trabalhando como advogada até 1995, quando fui convidada para assumir uma área que se chamava “Divisão de Relações no Trabalho”. Era um desafio novo e me fez pensar muito a respeito, porque eu tinha estudado com bastante dificuldade, fiz o curso de Direito estudando à noite, e tive certo medo de trocar uma área que eu já dominava, conhecia tudo por um desafio que a empresa estava me propondo. Ainda assim tomei a decisão de aceitar esse desafio em 1995 e desde então me encontrei. Descobri que, na verdade, eu fui feita para trabalhar com pessoas e descobri uma outra aptidão, um...
Continuar leituraO meu nome é Amara Martins Ramos, eu nasci em General Câmara no dia 19 de março de 1957. Eu sou advogada. No plano de cargos da companhia eu sou advogada, mas há 15 anos que eu encaminhei toda a minha vida para a área de administração e gestão. Hoje, eu me sinto muito mais administradora do que advogada. É uma bela história, da qual eu tenho muito orgulho. Eu entrei na refinaria, na unidade da Petrobras com 20 anos, em 1978. Eu era uma menina. Entrei como auxiliar administrativo, que era o cargo de menor qualificação da Companhia na época. Eu tive a sorte de começar pela área operacional. Eu trabalhava como secretária da Área de Manutenção e isso me deu uma visão muito boa da refinaria. Acho que isso foi importante na minha carreira, esse entendimento da empresa em toda a sua dimensão na área operacional, de manutenção. Depois fiz alguns concursos. Na época, tinha concursos internos e eu fui ser ajudante administrativo. Depois fiz um concurso para advogada da companhia. Eu fui secretária de várias áreas, comecei pela manutenção, depois fui secretária da área jurídica e secretária do superintendente da época. Trabalhei em diversas áreas da empresa. Resolvi fazer o concurso para advogada. Já estava formada. Eu estudei direito enquanto estava na companhia. Fiz o concurso e 1989 assumi como advogada no Departamento Jurídico. Eu fiquei trabalhando como advogada até 1995, quando fui convidada para assumir uma área que se chamava “Divisão de Relações no Trabalho”. Era um desafio novo e me fez pensar muito a respeito, porque eu tinha estudado com bastante dificuldade, fiz o curso de Direito estudando à noite, e tive certo medo de trocar uma área que eu já dominava, conhecia tudo por um desafio que a empresa estava me propondo. Ainda assim tomei a decisão de aceitar esse desafio em 1995 e desde então me encontrei. Descobri que, na verdade, eu fui feita para trabalhar com pessoas e descobri uma outra aptidão, um gosto, um prazer imenso de trabalhar nessa área de relações humanas. Em 1995, eu iniciei apenas com a sensibilidade, mas em seguida vi que não era suficiente. Precisava ter uma base teórica, uma base conceitual. Fui fazer cursos na área: o curso de administração e o curso de pós-graduação em administração e gestão de recursos humanos. Esses cursos me deram uma formação melhor para atuar na área que eu estava iniciando. A área já existia, mas essa Divisão de Relações no Trabalho em todas as unidades da Petrobras sofreu várias alterações na sua composição. Quando eu iniciei, ela tinha basicamente a Gerência de Recursos Humanos e a Gerência de Infra-estrutura, que pegava toda a parte de transporte, alimentação, segurança patrimonial. Ao longo do tempo, essa área foi mudando um pouco o seu perfil e mesmo as áreas que a compunham mudaram. A infra-estrutura depois saiu e algumas outras áreas foram agregadas. Isso desde 1995 até 2001 quando foi criada a REFAP, pois aí já é um outro momento histórico da Companhia. Quem trabalha com pessoas, tem desafios novos todos os dias e mudanças muito grandes. A companhia toda passou e passa diariamente, pela sua natureza – uma empresa que lida com tecnologia – por uma modernização. Quem trabalha com a área de recursos humanos tem que ter uma equipe que acompanhe essa evolução da companhia. Eu acho que é o grande desafio e o que talvez mais me apaixone seja essa mudança constante da empresa e esse desafio que é a área de Recursos Humanos. Quem lida com recursos humanos, quem lida com esse patrimônio fantástico que são as pessoas da Companhia tem que manter um quadro adequado, do ponto de vista do número de funcionários, mas principalmente de qualificação para esses momentos novos que a Empresa vem vivendo. Acho que este é um desafio apaixonante e é o ponto fundamental da história. RECURSOS HUMANOS A Empresa sempre teve uma preocupação muito grande com qualificação, com o desenvolvimento das pessoas, mas recentemente isso ficou mais forte, tendo em vista essa agilidade com que as coisas vão mudando. Mais recentemente, com o caso da Refap, a questão da ampliação, as novas Unidades com novas tecnologias, algumas unidades em que teve que se buscar capacitação até fora do país. Então, esses desafios são ainda maiores nessa área de desenvolvimento de pessoal. COTIDIANO DE TRABALHO O maior desafio de trabalhar com pessoas é o entendimento das diferenças. As pessoas são muito diferentes umas das outras e diferentes de ti. Então, quando tu estás trabalhando com pessoas, tu não podes programar uma coisa porque não sabes a reação dessas pessoas. Ás vezes, a gente faz um programa maravilhoso, imaginando que aquilo vai ter uma aceitação fantástica e não é bem assim, não é bem aquilo que a pessoa precisa. Talvez o desafio maior seja o entendimento dessas diferenças, daquilo que as pessoas precisam, além da questão da aprendizagem. É um aprendizado diário. Trabalhar com pessoas é diariamente aprender coisas novas. Eu vim, agora de manhã, de uma reunião com o pessoal da área operacional, discutindo uma questão de ambiência específica, eu saio enriquecida. Eu saio de uma reunião dessas outra pessoa, agregando sempre. Então, são os desafios de quem lida com pessoas, com gente. CONSTITUIÇÃO DA REFAP S.A. A negociação começou bem antes de 2001. Uma negociação desse porte, nesse nível, se dá num âmbito muito estratégico dentro da Companhia. Nós não tivemos dentro da Refinaria, um acompanhamento muito forte na fase de negociação. Só ao final do ano de 2000 é que nós começamos a acompanhar mais de perto. Quando o assunto da parceria já estava mais ou menos encaminhado, nós sentimos a necessidade de colocar uma pessoa da Refap junto das negociações que pudesse trazer as informações do andamento dessas negociações. Essa negociação terminou, no final do ano 2000, com a troca de ativos – foi uma negociação que envolveu não só a Refap, mas também ativos na Argentina, outros ativos da área de Exploração e Produção. Ao final do ano de 2000, fechou-se a parceria e se criou a Refap S.A. A partir de primeiro de janeiro do ano de 2001, foi criada uma empresa com 70 por cento de ações da Petrobras, 30 por cento da Repsol YPF, que entrou no sistema Petrobras como uma de suas empresas controlada. Criou-se uma empresa subsidiária chamada Downstream Participações e, a partir de então, Alberto Pasqualini – Refap S.A. Esse foi um momento extremamente desafiador porque nós convivemos com atividades que desconhecíamos e com uma certa indefinição. Um negócio tratado nesse nível estratégico, na hora em que desce para a base, para o operacional, tem uma série de coisas que não haviam sido pensadas; isso é muito natural num negócio complexo como esse. Então, a todo o momento, nós nos colocávamos em situações em que não tinhamos quem nos orientasse. Tivemos que ir à luta mesmo, testar, fazer. Erramos um pouco, acertamos muito, mas está aí essa belíssima empresa, fantástica, um orgulho para o Estado [RS], um orgulho para os nossos empregados. O empregado sente e, muitas vezes, relata uma certa perda pela questão da marca Petrobras; uma marca muito forte, muito querida e que sempre nos trouxe um grande orgulho. De repente, entrou uma nova marca, que é a REFAP. Temos trabalhado isso com os empregados, demonstrando que é uma empresa que tem o controle acionário e que segue todas as diretrizes da Petrobras; nossas normas de relações pessoais são as mesmas do sistema Petrobras, o plano de benefícios é o mesmo, a tabela remuneratória é a mesma. Então, não houve qualquer perda para os empregados, a não ser essa perda sentimental de certa desvinculação, mas que também, na verdade, não existe por sermos uma subsidiária com controle majoritário da Petrobras. Hoje eu estou como Gerente Corporativa. Quando se estruturou a REFAP S.A., ela ficou com uma estrutura, claro, muito diferente de outras refinarias. Nós passamos, naquele momento, a ter outras áreas que outras refinarias não têm, como: desenvolvimento de produtos, desenvolvimentos de mercados, comercialização, uma área financeira muito forte – que uma Unidade não tem, mas numa empresa é necessária. Então, a nossa estrutura é diferenciada, é uma estrutura de empresa. Essa área que foi criada, a Gerência Corporativa, ela é ligada diretamente ao diretor-presidente, e engloba três gerências: a Gerência de Comunicação, a Gerência de Segurança e Meio Ambiente e a Gerência de Recursos Humanos. No início, foi uma experiência nova, mas que também se mostrou bem sucedida porque são áreas extremamente afins, como o nome diz, são áreas corporativas que têm que atuar olhando toda a Refinaria. Hoje, nós vemos essas três áreas extremamente integradas. Não vemos nenhuma dificuldade, acho até que já passamos esse modelo para algumas outras empresas dentro e fora do sistema Petrobras. Aqui mesmo, no Rio Grande do Sul, sabemos de outras empresas que acabaram unindo essas três áreas. Então, essa junção das três áreas começou aqui em 2001, na estruturação da Refap S.A. Na década de 1990, um pouco antes de 2000, começou esse entendimento mais forte e um trabalho mais estruturado no sistema de gestão integrada de segurança, saúde e meio-ambiente. Tem pessoas que podem falar melhor do que eu, mas acho que o marco dentro da nossa companhia foram aqueles dois grandes acidentes que nós tivemos na Baía da Guanabara e depois no Paraná. Foram marcos na Companhia. Ela saiu desses acidentes com um aprendizado muito grande. Hoje nós temos esse sistema de segurança que também é um modelo para outras empresas. Nossa refinaria tem uma história de SMS muito boa, muito tranqüila, não tivemos nunca um grande acidente nem fatalidades; temos acidentes de pouquíssima gravidade. O grande marco foi a criação da Refap S.A. Foi esse trabalho da criação de uma empresa, da construção de uma empresa. Eu costumo dizer até para as minhas filhas que criar uma empresa é o sonho de muita gente. Eu tenho na minha história a oportunidade de ter ajudado a criar uma empresa. E não é qualquer empresa, não Nós criamos a maior empresa do Estado e uma empresa de destaque no país, que já foi classificada como a maior do ranking de maiores e melhores da Revista Exame. Ela ficou entre as 150 melhores empresas para se trabalhar da Revista Exame e está entre as 10 empresas tidas como modelo em cidadania, também da Editora Abril. É uma belíssima, uma grande empresa. Ter atuado na criação, trabalhado, ajudado a consolidar essa empresa é um marco na vida de qualquer pessoa. E é um aprendizado. É mais do que um MBA, é talvez uma formação completa de trabalho. Para mim, REFAP e Petrobras são uma coisa só. É fantástico, é difícil explicar para quem não é da Companhia, para quem não é do sistema Petrobras – porque eu me considero uma empregada do sistema Petrobras. Eu fiz concurso na Petrobras, fiz a minha carreira dentro da Petrobras. Ela é uma empresa diferenciada, é única. E a preocupação que a Empresa tem com as suas pessoas... Quando nós falamos que o nosso patrimônio maior são as pessoas, não é discurso. Se houve isso toda hora, só que aqui não é discurso. Realmente essa preocupação é genuína, a transparência com que ela trabalha suas questões de segurança, saúde e meio-ambiente, os nossos acidentes, a forma como nós lidamos com isso, a transparência que temos quando falamos sobre isso, o que nós aprendemos, as lições que nós tiramos desses acidentes e incidentes, isso não é para qualquer empresa. Só realmente uma Empresa com essa estrutura e com esses valores pode ter. Somos petroleiros, sem dúvida, com muito orgulho. O petroleiro é um povo extremamente competente, exigente consigo mesmo. Ele está sempre em busca de fazer o melhor, com garra com competência, com orgulho, com um orgulho imenso desse trabalho, da dimensão da empresa. E, ultimamente ainda mais, nossa empresa é um destaque. Onde se fala em Petrobras, ela é conhecida, te abre portas é, realmente, uma referência. Eu gosto muito de pessoas. Então, eu gosto muito de andar pela área e conversar com aquelas pessoas que entraram comigo na Refinaria, que ainda estão nas oficinas, na operação. Encontrar essas pessoas pra mim é sempre muito gratificante. Acho que eles também vêem um exemplo na minha história, porque uma pessoa que entrou como auxiliar administrativo e hoje, quase ao final da carreira, chega a um posto em que poucas pessoas chegaram... Eu não tenho vergonha de citar isso e fico honrada quando posso mostrar para as pessoas que estão entrando aqui na Refinaria em posições também iniciais de carreira e dizer: “Eu também comecei assim” Tem essa característica, de poder se transformar, de crescer dentro da Empresa, junto com ela. A Empresa te dá essa oportunidade. Eu acho que a família é a base para tudo. Eu tenho uma família muito gostosa, muito bonita. Eu sou casada há 30 anos. Quando eu entrei na companhia estava recém-casada. Tive minhas filhas trabalhando aqui. Acho que tenho essa oportunidade de poder passar para elas todos esses valores que eu aprendi aqui, esse desenvolvimento que eu alcancei; eu passo para elas algo positivo. A Empresa foi fundamental na formação e no desenvolvimento da minha família também. Eu tenho essa clareza, meu marido e minhas filhas também. Foi difícil conciliar o trabalho com a família e com o estudo. Na época, eu estudava, fazia faculdade. Mas quando a gente quer e prioriza dá certo Quando a minha filha mais velha nasceu, ela tinha uma incompatibilidade com o leite e eu tive que amamentá-la por muito tempo. Então, à noite, eu dava de mamar antes de ir para escola e, às nove horas, o meu marido a levava na Universidade para eu amamentar na hora do intervalo. Ele ficava me esperando no carro para a gente voltar para casa depois das 11 horas. Foi assim e deu tudo certo, muito tranqüilo. Acho que isso também foi importante para elas e para mim também Ter essa segurança e um marido muito bacana, que ainda ficava em casa cuidando enquanto eu estudava. Ele me apoiava dessa forma. Não tenha dúvida que se não fosse esse apoio do marido e esse carinho e atenção com as crianças, eu também não teria conseguido. Quando eu entrei na Refap, eu fui a primeira mulher a trabalhar na área de manutenção. Eu fui ser secretária nas oficinas de manutenção. Na época, não tinha nem banheiro feminino lá. Eles tiveram que reservar um sanitário para eu usar. Quando eu usava, o pessoal ficava fora: “Oh, não entra que ela tá aqui.” Mas eu acho que essas coisas são importantes, esse pioneirismo. Isso faz parte dessa trajetória da mulher nesses 30 anos. Eu nunca senti nenhum preconceito, ao contrário, eu sempre senti um apoio muito grande daquelas pessoas, das mais simples da oficina e um cuidado muito forte comigo. Então eu não tenho absolutamente nada pela questão do gênero em relação à minha carreira. Nada. Eu acho uma honra, uma honra. Eu tenho quase trinta anos, já tenho mais do que tempo para aposentar – eu comecei a trabalhar muito cedo, com 16 anos, tenho 34 anos de contribuição previdenciária. Mas eu não penso em me aposentar porque eu amo de paixão o que eu faço. Participar nesse momento talvez me emocione mais. Quando tu tens 30 anos de trabalho, as questões de aposentadoria fazem parte do teu plano de vida. Ter a oportunidade de, nesse momento, com 30 anos de Empresa, poder falar no trabalho sobre a memória dessa Empresa é muito bom.
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