IDENTIFICAÇÃO
Meu nome é Roberto Pinheiro, nasci em Petrópolis, no dia 27 de outubro de 1953.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu estou aposentado há três meses e nesse período preparei uma carta de despedida para todos os meus amigos da Refinaria. De uma forma bastante subjetiva eu contei, mais ou menos, como é que eu vim parar aqui. Nessa época eu era militar e trabalhava com dois generais. Eu trabalhei no serviço secreto do Exército, mas eu não me identificava com aquilo e aí eu soube que tinha inscrições abertas para a Petrobras. Eu conhecia um senhor que foi vigilante aqui e ele falou: “Vou te levar pra fazer a inscrição na Petrobras” e assim aconteceu. Quando aqui chegamos, nós íamos fazer inscrição para operador e aí quando eu cheguei no antigo Setre, que era o Setor de Seleção e Treinamento, estavam fechadas as inscrições para operador, só tinha inscrição para auxiliar de segurança. Aí eu falei: “Opa, eu trabalho na área de segurança no Exército, isso também deve servir pra mim.” Fiz a inscrição pra auxiliar de segurança sem sequer saber o que era. Peguei todo material e as informações para o concurso. Estudei um pouquinho e passei, fui uma das pessoas selecionadas. Naquele período nós fazíamos curso à noite na Marinha no Ciaga, Centro de Instrução Almirante Graça Aranha. Era um curso que, pra entrar, só tinha quatro vagas e nós éramos 33 alunos e eu terminei o curso em primeiro lugar. Então eu entrei logo de imediato. Quando eu cheguei aqui fui conhecer o que era auxiliar de segurança. Na verdade é uma atividade, digamos assim, vinculada à segurança industrial, mas é uma atividade específica, como se fosse um bombeiro. E eu não sabia que eu estava realmente sendo abençoado com uma profissão que foi a coisa com a qual eu mais me identifiquei na minha vida. Isso foi em janeiro, entrei em janeiro de 1979.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Eu passei 30 anos dentro do setor de controle de emergência, dentro da...
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Meu nome é Roberto Pinheiro, nasci em Petrópolis, no dia 27 de outubro de 1953.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu estou aposentado há três meses e nesse período preparei uma carta de despedida para todos os meus amigos da Refinaria. De uma forma bastante subjetiva eu contei, mais ou menos, como é que eu vim parar aqui. Nessa época eu era militar e trabalhava com dois generais. Eu trabalhei no serviço secreto do Exército, mas eu não me identificava com aquilo e aí eu soube que tinha inscrições abertas para a Petrobras. Eu conhecia um senhor que foi vigilante aqui e ele falou: “Vou te levar pra fazer a inscrição na Petrobras” e assim aconteceu. Quando aqui chegamos, nós íamos fazer inscrição para operador e aí quando eu cheguei no antigo Setre, que era o Setor de Seleção e Treinamento, estavam fechadas as inscrições para operador, só tinha inscrição para auxiliar de segurança. Aí eu falei: “Opa, eu trabalho na área de segurança no Exército, isso também deve servir pra mim.” Fiz a inscrição pra auxiliar de segurança sem sequer saber o que era. Peguei todo material e as informações para o concurso. Estudei um pouquinho e passei, fui uma das pessoas selecionadas. Naquele período nós fazíamos curso à noite na Marinha no Ciaga, Centro de Instrução Almirante Graça Aranha. Era um curso que, pra entrar, só tinha quatro vagas e nós éramos 33 alunos e eu terminei o curso em primeiro lugar. Então eu entrei logo de imediato. Quando eu cheguei aqui fui conhecer o que era auxiliar de segurança. Na verdade é uma atividade, digamos assim, vinculada à segurança industrial, mas é uma atividade específica, como se fosse um bombeiro. E eu não sabia que eu estava realmente sendo abençoado com uma profissão que foi a coisa com a qual eu mais me identifiquei na minha vida. Isso foi em janeiro, entrei em janeiro de 1979.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Eu passei 30 anos dentro do setor de controle de emergência, dentro da Reduc, sempre aqui dentro. Tiveram várias oportunidades, muitos convites para outras refinarias e plataformas. Eu sempre tive um carinho, uma identificação com a Reduc e também tive muitas oportunidades aqui. É um valor que eu tenho, é imensurável o reconhecimento que eu tenho, das oportunidades que me deram pra mostrar a minha capacidade. Eu entrei na Refinaria talvez num dos níveis mais baixos, era auxiliar de segurança e me aposentei no nível mais elevado que alguém com nível médio pode chegar, além de estar nesse período final, durante os últimos quatro anos na gerência do setor de Segurança Industrial da Refinaria.
SEGURANÇA / DÉCADA DE 1970
Era absolutamente diferente [em 1970]. Naquele período nós ainda encontrávamos aquelas pessoas que começaram a trabalhar na Refinaria quando ela foi inaugurada; bons profissionais, enquanto pessoas também, mas pessoas que tinham outro tipo de comportamento (até ex-presidiários nós encontrávamos aqui). Alguns problemas aqui se resolviam até com luva de boxe. Naquele tempo existia isso aqui e o nível de responsabilidade e preocupação... A nossa área de Segurança Industrial era muito diferente. O controle de emergência era volume e heroísmo, esse era o jargão, volume de pessoas; era muita água e muita gente. Hoje é completamente diferente, hoje é tecnologia. Hoje você não expõe as pessoas, são poucas pessoas. É inteligência é planejamento. Eu tive essa oportunidade de acompanhar todo esse processo. Para você ter uma ideia, hoje se num treinamento der um vermelhãozinho no rosto de um colega, aquilo é acidente de trabalho, dá um desdobramento terrível, com análise de acidente, com investigação, com um grupo pra analisar. Naquele tempo não tinha isso. Eu era uma pessoa que tinha uma afinidade muito grande com o campo de treinamento e eu cheguei a queimar seis pessoas num dia só. Mas não dava nada naquele tempo. Isso refletia como se fosse uma coisa positiva: o pessoal tinha pavor de ir para o campo com a gente. Eram valores diferentes, que hoje são completamente diferentes e com toda razão. Eu tive a oportunidade de ver que era tudo no manual. Muito operador na área, tudo na válvula, todos olhando equipamentos, instrumentações. Hoje é tudo moderno, tudo computadorizado. O nível de segurança hoje da Refinaria é infinitamente superior, haja visto que naquele tempo era super normal a gente pegar, pelo menos, duas a três ou quatro emergências por semana. Pegava fogo toda hora na Refinaria. Hoje a gente às vezes completa quase um ano até ter uma emergência, motivo pelo qual nós fazemos muitos simulados pra manter a equipe bem treinada, bem adestrada, bem finalizada com essas situações. Mas foram assim, universos extremos nesses 30 anos. E eu tive essa oportunidade de poder acompanhar isso tudo.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Eu era novinho [quando entrei], então eu vibrava muito. Eu não conhecia bem o trabalho. Eu poderia chamar até de uma benção, cair num grupo de uma pessoa... Aí tem uma história: quando nós chegamos à Refinaria tinha um senhor que se chamava José Maria. Esse homem brincava com fogo. Tinham pavor dele. E tinha [também] outro rapaz que se chamava Wallace, que era chefe do grupo e que também era um terror e o pessoal falava que o Wallace era filho dele, filho do Zé Maria. Eu caí pra trabalhar no grupo desse Wallace e todo mundo tinha um pavor terrível de ir para o treinamento com ele. Todo dia na hora do treinamento o pessoal perguntava: “Quem quer ir”? Ninguém queria ir, eu falava assim: “Eu quero ir” e eu comecei a me identificar com aquilo. Existia uma discriminação dos inspetores de segurança, eram pessoas que tinham um status muito elevado e, como auxiliar de segurança, a gente nem entrava na sala deles. E [quanto] a dar treinamentos de combate a incêndio naquela época, nós dávamos treinamento para fora, para a PUC [Pontifícia Universidade Católica], universidades e tudo, só os inspetores de segurança. Um dia teve um problema na Refinaria e não foi possível [destacar] um inspetor para dar treinamento, aí o Wallace falou assim: “Deixa o Pinheiro dar o treinamento.” Aquilo foi uma coisa assim: “Você está maluco” “Deixa ele dar o treinamento que eu me responsabilizo.” Fizeram isso e a gerência foi assistir depois. Foi o primeiro paradigma quebrado na Refinaria quando eu vim dar o treinamento. Começou dali as minhas passadas mais largas, começaram a me conhecer. Eu sou muito grato pelas oportunidades que tive. O Wallace é uma pessoa que me ajudou muito nesse sentido. Depois eu passei a ser o “neto” do Zé Maria. A gente se identifica muito com as coisas e quando se identifica, faz com amor aquilo que você gosta, você fica bom, não tem como não ficar. Eu gosto muito de combate a incêndios, eu sempre gostei disso. Essa minha vida de 30 anos, essa minha equipe, todos os meus colegas aí, acho que deixei alguma coisa, eles pelo menos falam isso. Recentemente eu dei um treinamento pra toda a gerência nova, pra eles e para os supervisores, nós fizemos coisas que nunca tinham feito lá, fizemos uma árvore de natal com três bicos Para vocês terem uma noção do que a gente faz com uma mangueirinha de meia polegada... A gente ia lá controlar aquilo, as pessoas não conseguem imaginar
CONTROLE DE EMERGÊNCIA
Acho que essa é a coisa mais apaixonante que tem e eu sempre falei isso pra todo mundo: existem outros colegas que tem atividades, é claro que não são menos importantes, mas são rotineiras: o operador tem que controlar, a unidade está operando 24 horas por dia, então tem que controlar aquela vazão, aquela pressão, a mesma performance da unidade de acordo com o programado. Nós da área industrial não [temos rotina]. Eu raramente, nesses 30 anos que eu vinha trabalhar, sabia exatamente o que eu ia fazer naquele dia ou então conseguia cumprir rigorosamente a minha agenda. Primeiro que eu não conseguia cobrir, era muita coisa. É de um dinamismo, de uma diversidade muito grande, porque tudo que acontece na refinaria a gente está envolvido, qualquer tipo de trabalho, de acidente, de treinamento, de liberação de trabalho tudo a gente é envolvido. Isso eu acho que é fascinante, não existe rotina pra gente porque você tem que conhecer de tudo e quando você não conhece você tem que buscar conhecimento. As pessoas têm que confiar em você. Quando tem uma emergência você não pode errar. Eu acho que esse é o maior desafio e na verdade é o maior orgulho que a gente tem, porque a gente não pode errar, porque a gente mexe com vidas, mexe com patrimônio, a gente mexe com altas pressões, mexe com coisas muito sérias. Sempre falei para os meus supervisores: “Sempre trabalhem em equipe, sempre tenham muita calma.” Não podemos errar, se errarmos pode ter um preço muito elevado. Talvez esse seja o maior orgulho que eu levo. Nesses 30 anos que a gente trabalhou aqui, eu nunca perdi nenhum colega e nem tive um colega gravemente acidentado num controle de emergência e não foram poucos. Nesses 30 anos a gente participou de muito controle de emergência e de resgate. A gente se especializou. Sou especialista em resgate em altura, resgate confinado, sou instrutor de lancha rápida. A gente se mete em tudo, a gente tem que ser bom em tudo, tem que saber fazer. A gente não aparece, está tudo bem, mas quando aparece você não pode errar tem que ser rápido e eficaz.
SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
Nossa É difícil lembrar [de uma história], porque são tantas. A gente teve histórias bonitas e tristes. Chorei muito na minha carreira, não adianta você salvar dois quando você perde um. Eu participei de resgate de pessoas que realmente foram a óbito. Participei muito de resgate de pessoas por choque elétrico, queimados, tiveram muitos ao longo dessa vida toda. Era diferente e faz parte. [Tornamo-nos] pessoas muito frias, a hora que toca o alarme no setor, aquela gritaria, aquela buzinação, aquele negócio e todo mundo correndo e gritando, você tem que dar aquela respirada fundo. Você se arrepia todo, é normal, os olhos ficam lacrimejando e você tem que ter calma, aí olha para os outros: “Está tudo bem? Vamos lá” Você começa a falar no deslocamento, principalmente a gente que é liderança. Você já vai orientando, vai pensando a direção do vento, como é que você vai chegar, que tipo de produto que é de acordo com a unidade que está pegando fogo ou tem uma emergência. Você já sabe quais são os riscos daquela unidade, os gases que ela trabalha... Já tem que saber chegar sabendo o que vai fazer, como fazer, quais são as prioridades e não pode se envolver emocionalmente. Quando chega de repete dá um pipoco, uma pequena explosão, um negócio assim que mexe, dá aquele taco no teu peito e a vontade de muita gente é... Você não pode parar, você tem que estar consciente, você não pode deixar as pessoas perceberem que você está hesitando quando você dá ordem, a orientação. Você tem que dar aquilo com muita convicção e passar confiança para as pessoas. Esse talvez tenha sido um dos grandes valores que eu aprendi: quanto mais sério o problema que tinha na área, quanto mais perigoso, maior o risco, cada vez mais eu achava que eu não tinha o direito de mandar ninguém ir lá e entrar, eu tinha que ir. E eu escolhia as pessoas que eu sabia que eram mais experientes: “Você, você e você vem comigo.” Eu sempre fui à frente, sempre foi assim. Isso se transformou num valor, as pessoas confiavam em mim. As pessoas olhavam pra mim, só pelo meu semblante, pela forma como eu me comportava, as pessoas já ficavam tranquilas ou não. Eu também não ia expor ninguém. Eu também tenho família, tenho filhos também, não sou maluco. Tenho consciência e eu ia até onde dava pra ir e onde não dava pra ir e naquele tempo a gente não usava nem equipamento. Antigamente você combatia incêndio com a roupa. Hoje a gente trabalha igual na Formula 1, todo “emperiquitado”, não tem calor, não tem mais nada. Naquele tempo não, era a roupa do corpo. Ainda assim nós fazíamos todo esse trabalho muito no heroísmo mesmo.
SEGURANÇA / MUDANÇAS
De uns dez anos pra cá, talvez um pouquinho mais, por aí [houve muitas mudanças na área de segurança]. Hoje eu posso te garantir que nós temos aqui na Reduc, acredito que em toda Petrobras, um corpo extremamente bem treinado. Super bem equipado. Nós temos o que existe de melhor no mundo em tecnologia, recursos e treinamentos. Nós fazemos treinamentos também, como fizemos no Texas. A cada ano eu mandava um supervisor, pra gente reproduzir as técnicas. A gente aprende essas coisaS lá fora, essa troca de informações. Hoje a filosofia mudou. Hoje a gente preserva o elemento humano, quanto menos pessoas tiverem lá é melhor. A gente coloca equipamento para preservar, para fazer a circunscrição, para refrigerar o que for e o mínimo possível de pessoas lá perto. E todas absolutamente equipadas. Hoje nós implantamos aqui, uma coisa que eu tive oportunidade de fazer e que nós chamamos de Seguridad, que é uma coisa que a gente aprende lá, porque o curso é em castelhano: uma pessoa só cuida da segurança da brigada, só cuida da segurança das pessoas. Existe o que a gente chama de zona quente, zona morta, zona fria. A gente cria determinada área que dali para dentro você só pode entrar, só pode estar ali dentro se tiver 100% equipado se não você não pode. A pessoa não deixa você entrar ou então te retiram, que é pra garantir que ali dentro, se acontecer alguma coisa inesperada você vai estar com a proteção mínima necessária para te preservar. Os equipamentos super sofisticados, as performances das neblinas de áreas, de alcance, os equipamentos, os caminhões, antigamente era tudo manuais. Hoje trabalham todos eles com equipamentos com sensores, não chega a ser em nível de computador, mas são todos eletrônicos, operados com botões e tem sistema de alarme, de controle. Tanto que essa função auxiliar de segurança hoje ela é extinta, todas as pessoas que trabalham lá são técnicos de segurança do trabalho. O nível das pessoas subiu. [Para] essas pessoas que não tinham o curso, criamos o programa de desenvolvimento. A gente teve a oportunidade e eles todos fizeram. Alguns não tinham nem segundo grau e aí eles concluíram o segundo grau, para depois fazerem curso de técnico e hoje são todos técnicos de segurança. Isso é uma coisa que nós temos muito orgulho também.
PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA
A segurança, saúde e meio ambiente na Reduc, [o SMS], hoje consegue ter um efetivo superior a mais de uma centena de pessoas. Só na área de Segurança Industrial o nosso efetivo chega a ser acima de 70 pessoas. Não vou dizer pra você que é uma equipe homogênea, claro nem dá pra ser. Mas esse é o nosso grande desafio, principalmente os grupos que trabalham no regime de turno, de revezamento de turno. O grande desafio desse líder, supervisor, é poder identificar os maiores valores, as maiores habilidades de cada um de seus colaboradores, para ele saber, por exemplo, na hora de um resgate quem é o cara melhor de, por exemplo, acessar uma vitima que tiver machucada, quem é o melhor para fazer ancoragem, para descer o pessoal. A gente conhece cada um porque a gente convive. A gente passa mais tempo aqui do que com a nossa própria família, então a gente conhece as pessoas de acordo com os sinais, acontecendo você sabe quem é a pessoa certa pra você mandar fazer aquilo, o tipo de trabalho que tem que acompanhar, um trabalho de risco, ou quando tem que ter um convencimento. A gente conhece, a gente tem a equipe na mão: são oito, dez pessoas por grupo. Você conhece o perfil de cada um, de acordo com a tarefa você sabe quem é o cara mais experiente, se tem que ser um mais novo pra treinar, você manda um mais novo junto com um mais antigo pra ele aprender.
REDUC / EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA
A gente também entendeu o seguinte: hoje, isso eu sempre falo em todas as oportunidades, só existe uma forma de a gente ficar cada vez melhor, cada vez atender melhor, a gente precisa treinar, treinar e treinar. A Reduc é a única refinaria que tem uma plataforma de resgate, por exemplo, in door, que eu fiz toda coberta dentro do garajão, para treinar o tempo todo. Eu coordenei um grupo no projeto de liderança em SMS, que era justamente o grupo de captura e resgate, salvamento e resgate. Trabalho em altura, trabalho em espaço confinado, salvamento e resgate. Nós desenvolvemos uma viatura que só existe na América do Sul uma similar e nós fizemos 11 viaturas dessas e entregamos uma em cada unidade da Petrobras, um custo superior a 900 mil reais cada uma. Tem mais de 700 itens de resgate dentro dessa viatura, para atender qualquer situação, tanto em estrutura colapsada, espaço confinado, vazamento de gás, uma coisa fantástica. Eu tive a oportunidade de coordenar esse grupo também com amigos que são especialistas, como o Roque da RPBC [Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão], que ficou no meu lugar na coordenação, o Aurélio da Rlam [Refinaria Landulfo Alves de Mataripe], o Parreira da Regap [Refinaria Gabriel Passos], que são pessoas que gostam desse negócio, porque desse negócio tem que gostar. O produto saiu uma coisa assim que, realmente é uma referência mundial a nossa viatura e o pessoal vibra com isso. A gente faz muito simulado, pelo menos de combate e emergência, vazamento de gás e essas coisas todas, pelo menos uns 30 por ano. De resgate, no mínimo uns 30 também. Sempre que eu encontrava alguma situação em que eu achava [possível]: “Caramba pra tirar o cara daqui vai ser difícil pra chuchu”. Aí eu me fazia de vitima, sem ninguém saber, pra ver como os caras fariam e fazia isso acontecer com os cinco grupos. Quando acabava eu deixava o negócio ficar bem ruim mesmo, aí eu combinava com eles assim: “Olha, vou pedir só uma coisa pra vocês, não falem nada com o outro grupo, porque eu quero que eles passem pelas mesmas dificuldades, pra ver como eles vão se virar.” Eu estou falando assim de ficar dentro do vaso, com boquinha de 25 centímetros e ter que me passar, eu estou [simulando que estou] desmaiado, todo mole. Tem técnicas pra fazer isso, tem procedimentos. Se o cara caiu lá dentro, tem alguma coisa errada, então você não pode chegar e ir entrando, tem que fazer avaliação de gás, de oxigênio, de tudo. Botava gente pra observar isso tudo. Vocês nem imaginam, eles me machucavam muito, ralavam muito, tinha vezes que eram dois caras do lado empurrando e outros do outro lado puxando igual lingüiça, pra eu passar por um buraquinho pequeno, porque não usavam as técnicas corretas. Eu deixava acontecer. Tinha gente treinada que me tirava com 15 minutos e tinha gente que com 45 não tirava. A gente crescia muito com isso. Depois a gente conversava. Não tinha crítica pejorativa, pelo contrário: a gente ia aprender ”Vamos ver o que a gente fez de bom e o que a gente fez de ruim”. O pessoal vibrava com isso. O pessoal gostava disso.
HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS
Rapaz, histórias engraçadas tem muitas e muitas. No passado tinha muita brincadeira. Ultimamente não, ultimamente tinha muito trabalho não tinha tempo pra nada. Mas existem alguns fatos gozados, de pessoas, de comportamento, de forma de reagir. Por exemplo, uma coisa que a gente fazia também muito era pegar animais, todos os animais quem pegava era a gente. Eu peguei muito jacaré, tenho fotografias de jacarés enormes. Tinha um período também que tinha muita cobra. Então tem gente que tem medo de cobra, a gente dava susto. A gente ria muito com essas coisas. Marimbondo, abelha, tudo quanto era animal e tudo que era coisa ruim. A segurança que tem que ajudar: tem um corpo boiando a gente vai identificar para chamar a polícia, pra poder remover e essas coisas todas, como eu falei. Então isso vai fazendo a gente ficar assim, muito frio com as coisas. A gente passa a ver o mundo com naturalidade. E eu sempre passo isso para o meu pessoal, eu falo assim: “Você imagina o seguinte: um médico entra numa sala do pronto socorro, aquilo pode estar cheio de gente machucada, sangrando, gritando como é que deve se comportar um médico? Absolutamente natural, não é verdade? Ele não pode ser emocional, a mesma coisa é a gente, a gente pode chegar numa unidade pode estar um fogão danado, pode ter gente caída, queimada, morta, a gente tem que continuar absolutamente estável, equilibrado”. Já pensou ver um amigo no chão, aí falar: “Ah, meu amigo...” Você se bloqueia todo e o troço continua pegando fogo, continua precisando de medidas racionais e imediatas. A gente tem que ser muito frio, naturalmente e a gente só consegue isso treinando, treinando e repetindo muitas vezes.
COMBATE A INCÊNDIO
Se você passa muito tempo sem fazer as coisas, quando você faz, você tem um determinado tipo de reação, então se você faz aquilo sistematicamente, é natural. O maior exemplo é o combate a incêndio, a gente passa muito tempo no campo. A gente faz no combate a incêndio aqui o que ninguém faz, eu te garanto: entrar debaixo de fogo contra o vento como a gente entra, dizem que é proibido. Eu só treino contra o vento. arvore de natal com três bicos, é uma coisa que ninguém faz e a gente faz. Árvore de natal é o seguinte, imagina um sistema pressurizado, ele simula um vazamento no seio de uma bomba, eu tenho um sistema em que eu imagino uma tubulação reta, com quatro braços, na extremidade de cada braço disso aí, tem uma torneira que é o bloqueio e ali tem uma peça chamada tunizador. Ela permite a pulverização e eu jogo ali diesel com um produto mais leve, por exemplo. Então ele é pressurizado ali a dez quilos de pressão e põe fogo naquilo, aquilo faz uma bola de fogo que você não consegue ficar 50 metros sem uma roupa de proteção, você não aguenta por causa da radiação. O objetivo é você ir lá junto desse bico, onde tem uma válvula pra fechar esse registro. Quer dizer, você tem que criar [condição], com a água, com a neblina, fazer uma proteção e ir caminhando com a equipe, criar condição para a pessoa meter a mão lá e fechar. Isso com um bico, eu faço até com três. Esse negócio com um bico eu vou lá sozinho, boto a mangueira numa mão vou lá e fecho para o pessoal perder o medo. É [muita] confiança que a gente tem. A gente fez com três bicos só com supervisores também, só com um pessoal muito bem treinado. Dava a impressão de que era uma bomba atômica e quando acendeu aquilo, era a coisa mais linda do mundo, com aquele “cogumelo” subindo e você pensa: “Como é que você vai com uma mangueirinha desse tamanho controlar aquilo tudo?” Até a placa que tinha, para controle, envergou tudo, de tanta radiação. Minha roupa pegou fogo aqui do lado, uma bobeirinha que eles deram entrou radiação para o lado assim, na minha roupa de incêndio.
EMERGÊNCIA NO ENTORNO
Hoje, com a concessionária aqui na estrada, qualquer tipo de acidente eles mesmos têm o sistema de resgate. Eles automaticamente se comunicam e fazem o atendimento. No passado isso não existia, era muito normal, quando tinha qualquer coisa aqui na [rodovia] Washington Luís, nós éramos solicitados a dar apoio. A gente prestou muito apoio, não só ao resgate de vitimas como também incêndio na estrada. Isso acontece até hoje. Nós temos aqui na porta o grupamento de produtos perigosos, eles são acionados aqui pra trabalhar nessa região e sempre que eles precisam de algum tipo de apoio, como autoridade eles podem fazer isso, eles nos solicitam e a gente vai dar apoio. Isso acontece principalmente quando tem aqui esses depósitos de produtos perigosos e armazenamentos de produtos perigosos e eu já peguei pelo menos umas duas ou três vezes incêndio nessa... Eu não vou falar o nome da empresa, mas de acabar tudo, explodir, tambores voando e tal e tem que evacuar a comunidade e aí chamam o nosso apoio.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Eu entrei como auxiliar e aí com dois anos abriu o concurso pra inspetor de segurança, naquela época não existia, como hoje, esse negócio de você ter um determinado estágio. Fiz a prova e passei e fui fazer o curso de formação de inspetor. Era um curso muito bom, de 36 matérias, todas elas eliminatórias. Nós éramos nove pessoas pra disputar duas vagas e eu também terminei em primeiro lugar. Aí passei a inspetor, naquela época a gente aqui na Petrobras recebia aquele negócio de letra, [ou seja, depois de] um ano, se você fosse muito bem avaliado, você receberia uma letra. Eu sou daquela promoção, ganhei 21 letras, eu nem sabia o que ia fazer com o dinheiro. Realmente foi assim uma alavancada muito grande na minha vida. Mas é como eu disse, sempre tive muitas oportunidades, eu gostava do que eu fazia e as pessoas deixavam eu mostrar o meu trabalho. Eu era sempre muito curioso, eu não me limitava a ver uma coisa, eu perguntava: “Por que você faz assim”? Eu era auxiliar de segurança e, naquela época tinha subinspetor. Eu o ajudava durante a noite, a preencher os certificados, eu ficava lendo com ele. Então, de manhã, eu ganhava o dia quando a gente ia fazer inspeções. Eu negociava com meu supervisor pra eu fazer a minha [inspeção] sozinho, no escuro, para de manhã, quando eu fosse lá pra fazer minha inspeção, eu poder sair com esse outro inspetor pra ele me mostrar... Ele ia inspecionar cada ponto desse e ele ia me respondendo porque ele me escreveu aquilo, porque ele fez aquelas recomendações e eu ia aprendendo. Eu sempre tive muita vontade de aprender, essas coisas facilitaram a identificação com a área.
SER PETROLEIRO
Eu acho que a Petrobras é fabulosa, só não sobe dentro da Petrobras quem não quer. Eu tenho inúmeros amigos ali e todas as pessoas que se dedicaram, se esforçaram, conseguiram chegar a algum lugar. [Ser petroleiro] é um negócio muito especial, isso está no sangue, a gente tem que adorar, tem que amar, tem que gostar disso, tem que vibrar, tem que ter orgulho. É muito difícil de falar. Mas eu fico até assim um pouco triste, não sei se o termo seria esse, hoje eu vejo muita gente nova entrando na Petrobras, tipo assim: “Estou entrando...” Só pra dizer que entrou na Petrobras, como se fosse um trampolim, alguma coisa. Isso não é ser petroleiro. Petroleiro é uma coisa que a gente tem que gostar do que a gente faz, tem que vibrar. Você vê resultado. A gente faz coisas fabulosas, coisas difíceis que você nem imagina ver em um projeto. “Será que vou conseguir o planejamento?” Como o pessoal é capaz Quando a gente se junta, muitos grupos, muitos funcionários, pega as especialidades de cada área para gente planejar um trabalho, depois você vê aquilo feito é uma recompensa indescritível. Nós somos marcados por desafios, ser petroleiro é gostar de desafio. É ser um vencedor e a gente não perde, a gente é muito competente.
APOSENTADORIA
Além de ser muito dedicado ao meu trabalho, de gostar, eu também sempre fui muito estressado e eu acredito que esses últimos anos em que eu estava na gerência, por conta de toda a empresa também, eu vim passando por um processo de mudança. Acho que eu estava exigindo demais de mim, pra você ter uma ideia, em seis meses eu perdi 18 quilos sem fazer dieta, sem tomar remédio, sem nada, só por estresse do trabalho. Então eu vi que alguma coisa não estava indo bem e aí veio essa possibilidade de chegar à aposentadoria. Eu conto essa história e o pessoal acha até muito legal: eu sempre viajei muito, nesses trabalhos externos, assessoria, e assistindo uma vez uma palestra em Belo Horizonte no GCPE – que é o Grupo de Controle de Emergência da Região do Sudeste, que eu representava pela Petrobras –, um rapaz, que nem eram tão interessante, num determinado momento falou uma coisa que foi marcante na minha vida. Ele perguntou se a gente conhecia a história do profeta e eu fiquei olhando pra ele e ele falou que esse profeta tinha mais ou menos uns 50 e poucos anos, aí o rapaz novo chegou pra ele e falou: “Profeta quantos anos você tem”? O profeta olhou pra ele assim e falou: “Eu? Uns 15, 16 anos” “Você está brincando? Eu estou perguntando qual a sua idade?” “Idade, o que interessa a minha idade? O que passou já passou, você não consegue fazer mais nada com isso, eu tenho que pensar no que falta. Se eu tenho 55, 56 a idade média do brasileiro é 70 e poucos, então eu tenho uns 16, 17 anos. É nisso que eu tenho que pensar, o que passou não interessa”. Esse negócio foi tão marcante que eu fiquei pensando muito nisso. Não é pra entrar em desespero: só falta 15, 16 anos, não é isso, mas você vê que grande realidade que é isso. Eu fico com muita pena de ver alguns colegas aí que tem oportunidade de ter um complemento de vida diferente e continuam trabalhando, se aposentam e voltam, por causa de PLR [Participação nos Lucros e Resultados], PLR nem tem mais, mas porque não se aposentam ou então porque precisam arrumar mais dinheiro, pra quê? Tem pessoas que não precisam de dinheiro. Então eu acho que no meu caso eu preciso só de uma coisa: saúde. Eu quero viver, eu tenho minhas filhas, graças a Deus muito bem criadas. Eu tenho duas filhas, uma delas, inclusive, é dentista aqui na Reduc, terceirizada. A outra está casada, está em Florianópolis e passa em vários concursos. A última que ela me aprontou agora: ela está na Academia de Polícia, é detetive de polícia. Mas são duas meninas fantásticas, então eu tenho minha vida resolvida. Então o meu projeto agora é esse. Eu tive inúmeros convites pra trabalhar agora, até no exterior. Não preciso, graças a Deus, eu preciso ter qualidade de vida. Reformei a minha casa de praia agora, eu tenho três poodles e o meu sonho – eu escrevi isso aí e o pessoal gostou muito – é de manhã todo dia caminhar na praia com meus cachorrinhos, vou ter minha academia, vou fazer yoga pra controlar um pouco a ansiedade. E uma coisa que eu não abro mão é trabalhar num projeto filantrópico, não sei ainda se é com criança, se com pessoas idosas, nada pra ganhar dinheiro, só pra eu crescer como pessoa e espiritualmente também. E quero engajar minha esposa nisso e isso eu vou fazer, só não estou fazendo ainda porque eu tenho um cunhado que a gente ajuda também, ele sofreu um acidente, é dependente, e eu não ia deixar meu outro cunhado tomando conta dele sozinho. Então eu estou ajudando lá, todo dia de manhã é banho, é higiene, alimentação, curativo pra se recuperar, porque ele fez uma cirurgia e botou três pinos na bacia. Mas assim que ele acabar de se recuperar, aí eu vou para o projeto, falta pouco. Por hora é isso, não sei o que vai ser o futuro. Mas eu não pretendo voltar àquele regime de trabalho de cinco e meia estar no chuveiro, isso não, eu posso até fazer, como eu sempre fiz, a gente faz alguns trabalhos, eu dou aula em uma universidade, dou aula no Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], faço trabalhos pra empresas, monto brigadas, faço planos de fuga. Essas coisas eu até faço porque gosto de fazer, mas voltar a ter um regime de trabalho como eu tinha, acredito eu que não preciso mais e não quero, eu quero ter tempo pra ajudar os outros, ajudar meus amigos e as pessoas que precisam.
MEMÓRIA PETROBRAS
Quero agradecer essa oportunidade de participar desse projeto, porque eu acho que é um negócio muito legal deixar ratificado aqui o que eu já falei para as pessoas. Eu sempre tive um orgulho muito grande [disso tudo]. Eu fui uma pessoa abençoada de ter vindo trabalhar na Petrobras e tudo que eu tenho e que eu sou eu devo a essa empresa e eu também sempre passei isso pra minha equipe. As pessoas só dão valor depois que perdem as coisas. Então as pessoas não podem deixar perder, as pessoas têm que reconhecer e a nossa empresa é uma empresa maravilhosa que dá oportunidade, que reconhece e na qual as pessoas devem se sentir muito bem, devem se entregar mesmo a isso aqui. É uma empresa que não mede esforço também pra tratar o empregado dela bem. Eu só tenho lembranças boas, eu não tenho lembranças ruins da Petrobras, eu só tenho lembranças boas, tudo que eu precisei dessa empresa nas horas, nos momentos, nas oportunidades, eu sempre tive a resposta a tempo e a hora. E também outra coisa que eu levo daqui que eu acho que também é um dos maiores tesouros que eu posso levar são as amizades. Nesses 30 anos aqui eu não consigo me lembrar de ter tido inimigos. Tive sim, algumas pessoas que depois falaram que tinham pavor de mim, mas era por causa dos treinamentos. Mas eu sempre tive muitos amigos, haja visto que nesses 30 anos na minha passagem de aposentadoria eu nunca vi acontecer o que fizeram comigo. Eu falei: “Vocês vão me matar do coração.” Era surpresa, fizeram um DVD com uma mensagem pra mim, fizeram um coffee break de manhã e chamaram todo o pessoal da Refinaria, toda gerência. O gerente geral da refinaria foi lá me entregar uma placa, fizeram um evento pra mim Nós alugamos um hotel fazenda, fechamos um hotel fazenda e chamamos [todos], inclusive os amigos antigos que já estavam aposentados. Todo mundo de surpresa apareceu, passamos dois dias num hotel fazenda com brincadeiras, com tudo, porque foi comigo e as pessoas queriam participar, a ideia foi deles. Então eu falei: “Gente eu acho que não mereço isso” e eles falaram: “Se a gente está fazendo é porque você merece” e isso me dá essa satisfação. Pelo menos dizem que eu contribuí para a história da Reduc e eu acho que um pedacinho eu contribuí: nas coisas que a gente conseguiu mudar, conseguiu deixar nas referências com as pessoas, no relacionamento. Aprendi muito, mas também acho que consegui passar um pouquinho das coisas que acreditei. Hoje está lá, o setor continua andando muito bem, têm outras gerências, mas a gente está sempre conversando, os amigos estão sempre aí. E sempre que eu venho ao Rio, saímos, vamos almoçar juntos e temos uma relação de amizade, de um carinho muito grande, a gente se chama até de irmão, estamos sempre trocando e-mails e de vez em quando ainda [me] pedem um conselhozinho. Eu fico muito grato com essas coisas, então eu só tenho a agradecer.
Eu gostei muito Eu recebi o telefonema da Claudinha da Comunicação, a gente jogava vôlei na hora do almoço, ela é fantástica Aliás, em todo lugar eu tenho muito amigo e na Comunicação também, só tenho amigos lá. Ela falou que ia ter esse projeto, se eu me importava de participar, eu falei que não, pelo contrário, eu tenho um orgulho muito grande, uma satisfação muito grande. Eu até agradeço, como eu já disse. Estou ratificando aqui a oportunidade de participar desse projeto, eu acho que é um projeto muito legal mesmo, eu acho que várias pessoas merecem essa oportunidade e com certeza vão ter informações, vão contribuir muito para o acervo do projeto, para valorizar esse projeto tão maravilhoso. Eu agradeço.
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