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Por: , 15 de agosto de 2019

Um Jardim de Papel

Esta história contém:

Um Jardim de Papel

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Por volta de 1999, 2000, eu fui trabalhar em uma penitenciária feminina. Lá eu percebi a precariedade de uma prisão. Comecei a ensinar para as meninas a separação do material, como separar o material e não sei o quê… E comecei a ver que lá não tinha dicionário. Pensei: "Vou fazer uma campanha de recicláveis para que essa penitenciária tenha dicionário".

A ação começou numa avenida aqui na Vila Albertina, botei uma caixa e comecei a pedir. Ali passava muita gente da Serra, e a caixa sempre enchia - enchia tanto de livro, quanto de papel de tudo. Eu continuei fazendo essa campanha, juntava e vendia, juntava e vendia. Quando terminei a campanha, que eu parei, que eu vendi tudo, o governo me mandou os dicionários lá para a penitenciária. “E agora?". Fui lá na 25 de março, comprei uns panos e dei na escola para se fazer as cortinas. Tinha a biblioteca… Não sei se fizeram. Eu dei o pano e deixei para que eles as fizessem.

Aconteceu que o pessoal da Vila me viu fazendo essa campanha, e aí a liderança, a Maria Cristina e a Lobelo, me chamaram para que eu conhecesse um galpão lá no alto da Vila. Olha o tempo que eu já morava no bairro e não conhecia o tal espaço. Elas me levaram para conhecê-lo e falaram: "Dá para gente fazer esse projeto de coleta seletiva aqui, dá para fazer uma cooperativa”.

O espaço dava um campo de futebol. Ainda não era CDC. Gostei do lugar e comecei a escrever um projeto nas férias, foi na mesma época que eu conheci a Gol de Letra, que conheci o Raí -, e comecei a fazer o projeto. Na verdade, o irmão do meu marido tinha sido preso e eu queria ajudá-lo, queria que ele saísse da cadeia e tivesse um lugar onde pudesse recomeçar a vida. Infelizmente, não consegui, porque é muito difícil, ele era viciado e eu não sabia lidar com essa situação antigamente.

Eu peguei meu carro de passeio e troquei por uma “caminhonetezinha”, e assim que comecei, com ele de motorista. Eu...

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Projeto Memórias da Zona Norte

Depoimento de Eva da Silva Ern

Entrevistado por Sandro Silva e Ismael Toledo

São Paulo, 15/08/2019

PCSH_HV_790

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Beatriz Cunha (Solis – Transcrição e revisão de texto)

P/1 – Qual é o seu nome e onde você nasceu?

R – Bom, eu nasci Eva Pacheco da Silva, Paraná, em 1956. Meus pais chegaram no Paraná e ainda era muita mata, em 1954, e dois anos depois eu nasci. A mais nova das mulheres, a penúltima filha do casal. E bem no Norte do Paraná, lá onde tem a divisa de Paraguai, Uruguai e Argentina, bem ali naquela paranaense.

P/2 – Que dia e mês?

P/1 – Dia de nascimento? Qual foi o dia e mês em que você nasceu?

R – Eu nasci de 22 de outubro de 1956. Meu avô registrou errado, dia 30 de outubro de 1956.

P/1 – Você sabe o porquê da sua família ter migrado?

R – Então, minha família… Morávamos em Lupionópolis, e meu pai recebeu um convite de um grande… cara da Ebraim, para ajudar abrir o Paraná. O Paraná era mato. E a família dos Pereiras que meu pai era genro do meu avô -, recebeu a oferta, "são 12 filhos, vamos para o Paraná, vamos abrir o Paraná". O meu avô topou e trouxe os genros, as filhas, as noras, levou para o Paraná, e chegou lá, meu avô comprou 80 alqueires, comprou, ganhou e ficou a família Pereira lá. Era quase que uma gleba só deles, 80 alqueires eram só da família Pereira. Abrindo desde o mais velho, foi e meu avô levou os filhos para lá. Então, para abrir mesmo o Paraná, limpar as terras, que dó, né? (risos)

P/1 – Você chegou a viver nesse lugar?

R – Vivi.

P/1 – Tem lembranças?

R – Sim. De 1956 até 1976. Eu cheguei em São Paulo em 2 de janeiro de 1976, exatamente quase fazendo 20 anos, mas vivi toda minha infância e toda minha juventude lá. Porque eu vim para cá já para casar. Tenho doces lembranças do Paraná, principalmente da roça, do grande frio de lá, e do calor também (risos). O que eu...

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