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Por: Carolina Margiotte Grohmann, 9 de setembro de 2017

Pátrias Amadas

Esta história contém:

Pátrias Amadas

Por mais que a terra fosse grande, a lenha bastasse e a água estivesse sempre pingando, ali não cabia a minha vontade de aprender. Ano após ano, a terra precisaria ser arada, os brotos regados para que as ramas gerassem as batatas. As fileiras precisavam ser abertas, cavadas, as sementes deveriam ali se prostar para depois germinar. A terra dourada suplicava por braços fortes. Era época da colheita. Por mais que a terra nos desse tudo, ela de nós dependia para sua resistência. Não queria entrar nesse ciclo vicioso. Não queria que as raízes das videiras se apossassem de mim e fincassem minhas raízes ali.

A terra se oferecia aos fortes. A batata dava a energia. Os porcos se deitavam para nós. O centeio vendido era farinha branca para nosso pão. A terra era nosso mundo, nossa mãe. Dela dependíamos. Em troca, ela esperava nosso suor. Assim ela foi moldando nossos músculos. Precisava dos filhos fortes para dela cuidar. Éramos vítimas? Queria livrar-me, pois a terra era pouco. Queria alcançar os mares, os céus. Queria aprender.

Então percebi que a terra era nossa dependente. Sua vitalidade dependia da nossa força. Em nossa ausência, ela permanecia. Apenas vivia. Dávamos sentido a terra. Por isso, decidi: vou-me embora.

“Pai, mãe, na próxima carta peço ao João que me mande a carta de chamada. Vou ao Brasil.”

O pai se empenhou como nunca no campo. Precisava de um baú - um bom baú - que coubesse as latas de azeite, os gomos de linguiça, a aguardente. A mãe foi só cuidados com meu enxoval. Coube tudo em cima da burrinha. Assim, fomos todos para Vila Franca das Naves. De lá, o trem me levaria para Lisboa.

Sem o João, éramos em seis: o pai, a mãe, o Manoel, as Maria e eu. Minha família. Fomos juntos mais a burrinha. “Olha filho, até hoje, fui eu quem te governei. De hoje em diante, é com você.”

De lá, as costas me ofereciam a terra de A dos Ferreiros. À frente, a saudade me esperava. E...

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Fregueses amigos

Dados da imagem Quando eu precisava me ausentar do bar (o que aconteceu duas vezes, no nascimento dos meus filhos), quem assumia o caixa eram eles, os fregueses, meus companheiros. Eu estou no centro, segurando uma garrafa de cerveja.

Período:
Ano 1962

Local:
Brasil / Brás

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Quando eu precisava me ausentar do bar (o que aconteceu duas vezes, no nascimento dos meus filhos), quem assumia o caixa eram eles, os fregueses, meus companheiros. Eu estou no centro, segurando uma garrafa de cerveja.

Minha Zezita

Dados da imagem Nosso casamento.

Período:
Ano 1962

Local:
Brasil / São Paulo

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
casamento

Nosso casamento.

Dois anos de Julinho

Dados da imagem Julinho, nosso primogênito, comemorando o aniversário de dois anos.

Período:
Ano 1966

Local:
Brasil / Brás

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Julinho, nosso primogênito, comemorando o aniversário de dois anos.

O primeiro tico-tico

Dados da imagem Lili, minha filha, na nossa casa com o primeiro tico-tico que ganhou.

Período:
Ano 1964

Local:
Brasil / Brás

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Lili, minha filha, na nossa casa com o primeiro tico-tico que ganhou.

Nosso primeiro bar

Dados da imagem Quando nos casamos, compramos um bar no Brás. Na mudança, descobrimos que o quarto ainda não estava disponível, então dormimos por um mês e pouco na cozinha do bar! A Zezita, toda manhã, colocava um plástico em cima da cama para não pingar óleo quente e queimar a cama.

Período:
Ano 1965

Local:
Brasil / Brás

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Quando nos casamos, compramos um bar no Brás. Na mudança, descobrimos que o quarto ainda não estava disponível, então dormimos por um mês e pouco na cozinha do bar! A Zezita, toda manhã, colocava um plástico em cima da cama para não pingar óleo quente e queimar a cama.

Até acostumar, demora!

Dados da imagem Logo quando começamos a morar nessa casa, eu tinha um pouco de receio de entrar com o carro na garagem. Então, um dia, fui ao posto (ao lado de casa) e pedi:

Período:
Ano 1973

Local:
Brasil / Alameda Dos Guatás

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Logo quando começamos a morar nessa casa, eu tinha um pouco de receio de entrar com o carro na garagem. Então, um dia, fui ao posto (ao lado de casa) e pedi: "O senhor, por favor, enche o tanque? Mas aproveita e pega meu carro lá na garagem, faz favor!" - Sim, risquei algumas vezes! Da direita para a esquerda: Julinho (filho), Mario (sobrinho), Beto (sobrinho) e Rogério (sobrinho).

Nossas conquistas

Dados da imagem Foram dois anos para construir a casa dos nossos sonhos: da Zezita e meu. O corcel vermelho foi meu primeiro carro.

Período:
Ano 1975

Local:
Brasil / Rua Capitão Caetano João Batista, Bairro Saúde/sp

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Foram dois anos para construir a casa dos nossos sonhos: da Zezita e meu. O corcel vermelho foi meu primeiro carro.

Final de expediente

Dados da imagem Bar e Lanches O Texano, na Avenida Jabaquara.
Da esquerda para direita: o freguês professor José, Luiz (sobrinho), eu, funcionário e meu sócio/cunhado José Pereira.

Período:
Ano 1976

Local:
Brasil / Avenida Jabaquara

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Bar e Lanches O Texano, na Avenida Jabaquara. Da esquerda para direita: o freguês professor José, Luiz (sobrinho), eu, funcionário e meu sócio/cunhado José Pereira.

Namorados

Dados da imagem Minha esposa e companheira: Wilma Celestino. Estamos juntos desde 2007. Quando a vi caminhando ao meu lado, tive que inventar qualquer coisa. O que me veio na cabeça: perguntar se ela conhecia a rua da minha casa. Desde então, nunca mais nos desgrudamos.

Período:
Ano 2016

Local:
Brasil / Barra Do Una

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Crédito:
Carolina Margiotte Grohmann

Tipo:
Fotografia

Minha esposa e companheira: Wilma Celestino. Estamos juntos desde 2007. Quando a vi caminhando ao meu lado, tive que inventar qualquer coisa. O que me veio na cabeça: perguntar se ela conhecia a rua da minha casa. Desde então, nunca mais nos desgrudamos.

Período:
Ano 2016

Local:
Brasil / Praia Grande

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Crédito:
Carolina Margiotte Grohmann

Tipo:
Fotografia

Meus netos queridos: André, Rafael, Daniel e Lucas.

Caixa única

Dados da imagem Minha família, os quatro juntos.

Local:
Brasil / Brás

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Minha família, os quatro juntos.

Todos juntos

Dados da imagem Minha família: Rose, Julinho, Roseli, Ailton, Wilma e meus netos. Meu maior orgulho.

Local:
Brasil / São Paulo

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Minha família: Rose, Julinho, Roseli, Ailton, Wilma e meus netos. Meu maior orgulho.

A terra

Dados da imagem Arando a terra: uma das nossas atividades em família, com a burrinha sempre presente. Conceição, minha irmã caçula, lidera o trio, seguida pelo meu pai e minha mãe, ao fundo.

Período:
Ano 1964

Local:
Brasil / A-dos-ferreiros

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Arando a terra: uma das nossas atividades em família, com a burrinha sempre presente. Conceição, minha irmã caçula, lidera o trio, seguida pelo meu pai e minha mãe, ao fundo.

Período:
Ano 1973

Local:
Brasil / A-dos-ferreiros

Imagem de:
Agostinho Julio Arrifano

História:
Pátrias Amadas

Tipo:
Fotografia

Minha primeira volta para Portugal junto com a minha família. Estamos em frente a casa onde nasci. Na janela, de costas, está a Zezita. Roseli e Julinho estão na burrinha.

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