Hoje é um dia de glória, pois hoje nasceu meu primogênito - 25 anos. Um divisor de águas na minha vida. Mas Pedro não está mais fisicamente ao meu lado há 22 meses. Então é um dia de tensão, de ansiedade. Meu copo dói. Esta retesado. Tenho fome de "doce", do aconchego de um chocolate. Tive insônia esta noite. Hoje pretendo dormir bem cedo. Não me culpo e não sinto que perdi um filho. Meu filho está em paz e por ter esta certeza me tranquilizo, mas não tê-lo comigo ao meu lado, os abraços, o carinho... me atormenta. Me emociona. Não consigo chorar e sair do controle. Há 22 anos vivo no controle. Não ouso. Não me arrisco. Tenho medo de perder o chão. Medo do desconhecido. Então, não ouso em deixar a dor fluir, chegar e colocá-la para fora. Deixo meu corpo ficar dolorido. Meu pescoço ficar duro, minha mordida travada. Fico quieta. Quero minha cama. Não sei continuar...