Facebook Informações Ir direto ao conteúdo
Personagem: Mauro Malin
Por: Mauro Malin, 13 de abril de 2025

“Homicídio recíproco” na Vila Militar

Esta história contém:

“Homicídio recíproco” na Vila Militar

Corria o ano de 1969. Ditadura terrorista (não é pleonasmo, é ênfase: depois do AI-5, de dezembro de 1968, a violência homicida do regime se intensificou muito). Eu era repórter do Jornal do Brasil, editoria de Cidade. Tinha 22 anos de idade e três anos de profissão.

Num sábado, dia de plantão, fui designado para cobrir um caso policial. De acordo com uma emissora de rádio, dois oficiais do Exército tinham praticado um “homicídio recíproco” na Vila Militar. Na caminhonete do jornal, dirigida talvez por um veterano que havia sido amigo de Noel Rosa na juventude, Luís, se não me engano, íamos eu e um fotógrafo mais experiente, Hamilton, se não me engano.

Fomos recebidos no quartel por um sargento muito mal-encarado, magro, grisalho, revólver na cintura, portanto fora do coldre.

“O que vocês querem saber?”

“Fomos informados de que um capitão matou um major e foi por ele morto, num tiroteio”.

“Foi. Os nomes dos dois são Fulano de Tal e Beltrano de Tal. Os corpos já foram removidos para o Instituto Médico Legal”.

Agradecemos e, acabrunhados, entramos na caminhonete para voltar à sede.

O fotógrafo, logo que saímos do quartel, disse: “Vale a pena passarmos pela delegacia de polícia de Realengo, onde o caso obrigatoriamente terá sido registrado”.

E para lá rumamos.

Fomos recebidos por um delegado de polícia veterano, de terno branco de linho, desses que há muito não se usam, barriga algo proeminente, cigarro à mão.

“No quartel nos confirmaram que houve um ‘homicídio recíproco’ e que ambos os oficiais usavam pistolas calibre 45. O que o senhor pode nos dizer?”

“Meu filho, você já viu o efeito que um tiro de 45 provoca num corpo humano?”

“Nunca vi, delegado”.

“A pessoa, se estiver de frente para o atirador, cai de costas”.

“Hã...”.

“É impossível que os dois tenham se matado com tiros de 45”.

“Mas o que houve, então?”

“O capitão e o major foram mortos por um...

Continuar leitura
Fechar

Redação do Jornal do Brasil, década de 1960

Dados da imagem Dia normal de trabalho. A história relatada ocorreu num sábado.

Período:
Década 1960

Local:
Brasil / Rio De Janeiro / Rio De Janeiro, Então Estado Da Guanabara.

Imagem de:

História:
“Homicídio recíproco” na Vila Militar

Dia normal de trabalho. A história relatada ocorreu num sábado.

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Histórias que você pode gostar

Construção social e desenvolvimento local
Texto

Vera Lúcia Campos Germano

Construção social e desenvolvimento local
Silva Telles, minha paixão
Texto
Por muitos mares
Vídeo Texto

Amyr Khan Klink

Por muitos mares
Texto

Adam Edward Drozdowicz

"Eu sou um sobrevivente, óbvio"
fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.