Organizações culturais que você precisa conhecer em 2025

Da Amazônia às favelas, o Brasil é repleto de organizações que trabalham para preservar memórias e para valorizar a cultura do país em suas mais variadas manifestações. O Museu da Pessoa convidou Naomi Sousa Gonçalves, artista visual e arte educadora formada em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, para compartilhar organizações culturais que devem ser conhecidas pelo público neste ano. Como Agente Cultura Viva, Naomi contribui com o museu para reconhecer e fortalecer organizações culturais do país.

Desde outubro de 2024, o Pontão de Cultura Brasil Memória em Rede II, articulado pelo Museu da Pessoa em parceria com o Ministério da Cultura (MinC) e outros Pontões de Cultura, tem atuado para fortalecer a Política Nacional Cultura Viva. Essa política tem como foco o reconhecimento, a articulação e o fomento às organizações culturais, coletivos, entidades e agentes que produzem cultura em todo o Brasil, incentivando suas produções e promovendo a circulação de seus saberes.

Em colaboração com 20 Agentes Cultura Viva — jovens de diferentes regiões do país — o Pontão de Cultura Brasil Memória em Rede II realizou o mapeamento de mais de 240 coletivos e organizações culturais sem fins lucrativos e de base comunitária, distribuídas pelas cinco regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Esse mapeamento resultou em uma valiosa base de dados, que permite compreender melhor as diversas formas de atuação dessas iniciativas, seus produtos culturais, linhas de trabalho, impacto territorial e outras informações fundamentais para o fortalecimento da Cultura Viva.

Entre tantos coletivos e organizações culturais inspiradoras identificadas nesse primeiro momento, destacamos cinco delas — uma de cada região — que atuam com memória e patrimônio. São trajetórias potentes que prometem ainda mais para 2025. Confira a seguir as indicações de Naomi.

📌 Saiba tudo sobre o mapeamento cultural do projeto 

Organizações culturais inspiradoras de todas as regiões do Brasil

Fórum de Museus da Amazônia

Região Norte – Pará, Amazonas e Amapá

O Fórum de Museus da Amazônia é um ponto de cultura e memória que se define como um coletivo dinâmico, voluntário, autônomo e democrático, criado com o objetivo de fortalecer o movimento museológico amazônico. A iniciativa surgiu após o I Encontro de Ecomuseus, Pontos de Memória e Museus Rurais da Amazônia, e se consolidou em 2018 diante dos ataques à cultura naquele período.

Hoje, o Fórum reúne cerca de 80 participantes dos estados do Pará, Amazonas e Amapá — em sua maioria profissionais da cultura, educação e direitos humanos. Sua filosofia é baseada na Museologia Social e Decolonial, com três principais frentes de trabalho: Museologia Social e Patrimônios Locais, Educação e Práticas Socioculturais, e Políticas Culturais.

Destaque para a exposição virtual “Caminhos Amazônicos: espaços, flores e artefatos”, realizada em 2020 com curadoria colaborativa e aprovada pela Lei Aldir Blanc.

O Fórum se mantém fluindo em suas ações e atividades culturais. Para saber mais sobre o Fórum de Museus da Amazônia, acesse www.fmamuseus.com.

Grupo Belas Artes
Região Nordeste – Ceará

Com sete anos de atuação, o Grupo Belas Artes é uma entidade sociocultural sediada em Jaguaruana, interior do Ceará. Com cerca de 100 integrantes, é uma das organizações culturais que promovem a democratização do acesso à arte, cultura, educação, esporte e assistência social.

A organização desenvolve oficinas de dança, teatro, música e artesanato, além de atividades educacionais e esportivas voltadas à melhoria da qualidade de vida da população. Em 2025, realiza o projeto Maracatu Unidos pelo Batuque, manifestação afro-brasileira e indígena que, além de expressão artística, é espaço de convivência e fortalecimento comunitário.

Para ficar por dentro das novidades do Grupo Belas Artes, acesse grupo-belas-artes.webnode.page.

Casa Amarela – Museu de Arte Urbana (MuAU)
Região Centro-Oeste – Mato Grosso do Sul

A Casa Amarela é um espaço cultural localizado em Campo Grande (MS), que surgiu a partir do ateliê do artista Guido Drummond, em parceria com a arte-terapeuta Tatiana De Conto. Hoje, é uma das organizações culturais mais ativas da região, reunindo arte urbana, memória ferroviária e práticas sociais em um ambiente colaborativo.

O projeto Memórias do Trecho resgata narrativas de trabalhadores da ferrovia por meio de intervenções artísticas nos muros e na paisagem urbana da cidade. A iniciativa conta com a participação de artistas locais e internacionais.

O projeto Memórias do Trecho e outras atividades culturais continuam a todo vapor na Casa Amarela MuAU. Acompanhe pelo Instagram @casa.amarela.muau.

Museu de Favela (MUF)
Região Sudeste – Rio de Janeiro

O Museu de Favela é uma das mais emblemáticas organizações culturais do Brasil. Fundado em 2008 por moradores dos morros Cantagalo, Pavão e Pavãozinho, o MUF é um museu de território que valoriza a memória viva da favela como acervo cultural.

Com quase duas décadas de trajetória, realiza exposições, oficinas, apresentações, ações de leitura com biblioteca itinerante, atividades ambientais e outras práticas culturais. O MUF também produz publicações — como as revistas “MUF 15 anos” e “Memórias LGBT” — e possui a Lojinha do MUF, com produtos artesanais feitos por moradoras da comunidade.

O Museu de Favela tem uma rica e extensa trajetória, e não pretende parar por aqui. Para saber mais sobre o museu e ficar por dentro das próximas ações e atividades, acompanhe o site museudefavela.org.

Museu Comunitário Engenho do Sertão
Região Sul – Santa Catarina

Localizado em Bombinhas (SC) e gerido pela OSC Instituto Boimamão, o Museu Comunitário Engenho do Sertão atua há 26 anos na preservação da memória local. Como ponto de memória, é uma das organizações culturais que desenvolvem ações de revitalização de engenhos de farinha, rodas de tradição oral, valorização do patrimônio alimentar e da literatura popular, sempre com participação da comunidade.

Durante a pandemia, criou a websérie “Farinheiros Digitais” e o documentário “Vidas de Engenho“, ambos voltados ao registro e valorização do patrimônio local. Atualmente, também mantém o podcast “PodMemórias“, que compartilha histórias e saberes de Bombinhas.

Bateu a curiosidade de saber mais? Acesse o canal do YouTube Engenho do Sertão.

Organizações culturais em análise: o próximo passo do projeto

Esta breve seleção de organizações culturais é apenas uma amostra da rica e diversa produção cultural existente em todo o Brasil. Como agente Cultura Viva, conhecer essas trajetórias durante o mapeamento foi uma experiência inspiradora — e reforça o compromisso com a valorização da cultura em suas múltiplas formas.

E não para por aqui! Agora seguimos para a fase de diagnóstico dos coletivos e organizações culturais, que certamente trará novas descobertas e oportunidades de fortalecimento da Cultura Viva em todo o país.

Sobre a autora

Naomi Sousa é artista visual e arte educadora, formada em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, onde pesquisa as ciências da educação e seu próprio processo artístico por meio de linguagens como desenho, cerâmica e modelagem e costura de roupas.

Já trabalhou como arte educadora no ensino formal e não formal, em instituições como SESC-SP, Fábrica de Cultura e Memorial da América Larina, e na EMEF Cacilda Becker como professora residente

Essa ação integra o edital de Seleção Pública MINC – Nº 9, de 31 de agosto de 2023, Cultura Viva – Fomento à Pontões de Cultura – A Política de Base Comunitária Reconstruindo o Brasil.