As histórias da ditadura militar no Brasil ainda ecoam com força no presente. Mais do que relatos do passado, elas são vozes que insistem em ser ouvidas para que nunca mais se repitam os silêncios impostos pelo autoritarismo. Com esse objetivo, o projeto 1964 até hoje – Registre uma biografia, do Núcleo Museu da Pessoa Democracia da Memória, transforma memória em ação, escuta em resistência e lembrança em compromisso democrático.
Este projeto se insere como um gesto de reparação simbólica, um instrumento pedagógico e uma ação política de memória. Ao dar voz às histórias daqueles que enfrentaram a repressão em nome da liberdade, o projeto reafirma o valor da democracia e do direito à memória, como práticas fundamentais para a construção de um país mais justo e plural.
Histórias da ditadura ganham novas vozes com cabine interativa
Inspirado no livro Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a partir de 1964, o projeto leva uma cabine de gravação itinerante a museus, centros culturais, universidades e espaços públicos. A proposta é simples, mas poderosa: permitir que qualquer pessoa entre na cabine, escolha uma das mais de 350 biografias de vítimas da ditadura do livro e grave, em vídeo ou áudio, a leitura e reflexão sobre essa história de vida.
Essas histórias da ditadura são de pessoas que lutaram por democracia, liberdade e justiça social. Ao serem lidas e gravadas por visitantes, elas se multiplicam em novas interpretações e conexões. O Coletivo compartilha essas gravações nas redes sociais, ampliando o alcance das memórias e unindo diferentes gerações em torno do direito de lembrar.
Onde visitar a cabine de histórias da ditadura
📍 A cabine de gravação está disponível no Memorial da Resistência, em São Paulo, até o dia 28 de julho. O espaço funciona de quarta a segunda, das 10h às 18h.
O Memorial da Resistência é um museu dedicado à preservação das memórias de resistência e da repressão política no Brasil. A participação é totalmente gratuita e aberta ao público.
Quem estiver fora de São Paulo também pode participar! Basta acessar o livro com as biografias, escolher uma história e enviar sua gravação (em vídeo ou áudio) pelo WhatsApp: 14 98171-6916.
O coletivo que transforma histórias da ditadura em ação social
O projeto 1964 até hoje é desenvolvido pelo Coletivo Democracia da Memória, criado em 2020. Desde então, o grupo registra e difunde histórias de vida de pessoas que se dedicaram à defesa dos direitos humanos e da democracia. Integrando a Rede de Núcleos do Museu da Pessoa, o coletivo realiza oficinas, rodas de conversa, exposições e ações interativas.
A cabine de gravação é uma dessas ações. Com ela, o coletivo leva as histórias da ditadura a públicos diversos, incentivando a escuta ativa e o diálogo intergeracional.
Além disso, o coletivo participa de eventos como a Semana Nacional de Museus, a Primavera dos Museus e a campanha Sonhar o Mundo. Em 2025, foi selecionado como ponto de exibição da 14ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, reafirmando seu compromisso com a dignidade humana e a memória coletiva.
Como funcionam os Núcleos Museu da Pessoa
O Museu da Pessoa oferece um curso prático para quem deseja registrar histórias reais e transformá-las em produtos culturais com impacto social. Após a formação, os participantes podem criar um Núcleo Museu da Pessoa, com autonomia para conduzir entrevistas, desenvolver projetos e valorizar as memórias locais.
Dessa forma, os Núcleos já deram origem a exposições, livros, documentários, podcasts e outras ações culturais.
📌 Acesse o Relatório da Rede de Núcleos 2024 para conhecer os projetos já realizados
Participe da próxima formação de Núcleos
As inscrições para a nova edição do curso estão abertas até 20 de julho. A formação é online e oferece aprendizado prático sobre entrevistas, produção cultural e uso da memória como ferramenta de transformação social.
Núcleos em Ação: histórias da ditadura e outras memórias em destaque
Núcleos em Ação é uma série mensal do Museu da Pessoa. A cada mês, um Núcleo é destacado, revelando trajetórias inspiradoras, temas urgentes e produtos culturais nascidos a partir de histórias de vida.
No mês anterior, o destaque foi o Núcleo Vozes Daqui de Parelheiros, que apresentou como a produção audiovisual pode fortalecer o pertencimento e celebrar as memórias de comunidades da zona sul de São Paulo.