22 de maio de 2020, diário de Eloisa Martins Galvão.
Desde que a quarentena foi decretada no dia 24 de março, não vejo a minha avó materna, Maria. A última vez foi no dia 13 de março, quando colei grau como bacharel em História.
Aos 89 anos, ela está perdendo a memória aos poucos. A memória presente, pois o passado ela lembra como se o estivesse revivendo, aqui e agora.
O mais bonito é quando eu ou os meus familiares contamos algo muito bom que nos aconteceu e alguns dias depois ela nos relata que sonhou com aquele fato. Quando explicamos que não foi apenas um sonho e que ela estava sabendo do ocorrido, minha avó simplesmente nos olha surpresa, sorri e diz: \"Deus, me abençoou, porque através dos meus sonhos e com o meu amor posso tornar as coisas em realidade\". É da esperança dela que eu sinto mais falta.