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Capítulo 1

A Primeira Escolha Que Eu Achei Que Era Minha

Eu não entrei pro crime porque passava fome. Em casa, nunca faltou o básico. Meu pai e minha avó sempre fizeram o corre deles pra sustentar a gente. Trabalhadores, batalhadores, faziam o que podiam pra garantir a sobrevivência da família.

Minha mãe era a mulher da casa — firme, presente. Cuidou da gente como pôde. Mesmo sofrendo com a violência do meu pai, ela foi guerreira. Se manteve forte pra cuidar de nós.

Meu pai tinha um problema com a bebida, e isso, às vezes, trazia problemas pra dentro de casa. A nossa convivência familiar era abalada em vários momentos. Posso dizer que isso também foi uma das coisas que me empurraram pro mundo do crime. Mas não foi só isso.

Claro que, em boa parte, foram minhas escolhas. Mas hoje eu também consigo ver que o Estado tem sua parcela de culpa por não promover uma justiça social eficaz nas favelas.

Faltava oportunidade — não só por parte do Estado, mas da sociedade como um todo. Eu via os outros com chance de fazer seu dinheiro. Quando tinha festa, baile na quebrada, eu queria ter grana pra sair com as gatas — e não tinha. Queria roupa de marca, tênis da hora. Queria curtir, sair, ter acesso às coisas que meus pais, com todo esforço, não podiam me dar. Não porque não queriam, mas porque o mundo sempre pesou demais sobre os ombros deles.

O crime apareceu como um atalho. Rápido, sedutor, cheio de promessas. Aos 13 anos, com a mente ainda em formação, eu me deixei levar. A primeira vez que botei um dinheiro no bolso vindo do corre, senti que o mundo tava mais leve. Curtindo do jeito que dava, saí pela quebrada com o peito estufado. Mas era só ilusão.

Aos poucos, fui entrando mais fundo. O que começou como uma forma de ganhar dinheiro pra diversão virou rotina, vício, dependência. Eu já não sabia mais viver longe daquela adrenalina. Me sentia alguém. Me sentia respeitado. O crime me deu isso — mesmo que...

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