Meu nome é Sebastiana Augusta Carvalho Fernandes. Nasci em São José do Calçado, no Espírito Santo, em 28 de outubro de 1959, oficialmente. Porque, na verdade, eu nasci em 26 de outubro. Meu nome de guerra é Tiana.
Eu fiquei sabendo de concurso na Petrobras em 1983. Eu trabalhava na Emater, hoje Encaper, em Linhares. Eu morava em Linhares, estava trabalhando, tranqüila, como auxiliar de escritório, e duas colegas estavam comentando que tinha concurso para a Petrobras. Eu, na verdade, não sabia nem o que era a Petrobras: “Que é Petrobras? O que vocês estão falando?” “Ah, não, é concurso, mas tem que ir lá em São Mateus. De Linhares até São Mateus são 80 quilômetros de distância, mas tem que ir lá para fazer a inscrição.” “Ah não, se vocês vão fazer eu também quero fazer. É tão bom assim, o troço é bom?” “Claro, menina É estatal Poxa, já pensou? Pagam muito bem...” Eu falei: “Então eu tô nessa” Elas eram solteiras e eu era casada e tinha uma filha pequenininha. Eu falei: “Eu vou.” Aí fomos pedir para o chefe liberar as três para sair e fazer a inscrição, e ele acabou deixando. Na época, não pagava para fazer a inscrição, era público, então tinha gente que era um batalhão da cidade. Eu conhecia muito pouco São Mateus, morava em Linhares. A praia mais conhecida, mais próxima, era Guriri, que era em São Mateus. Era o que eu conhecia, de vez em quando ia lá. Aí fiz a inscrição, fomos fazer a prova. Tinha a prova escrita e quem passasse fazia a prova de datilografia – para você ver como é que tem pouco tempo que eu estou aqui Aí fui fazer uma prova escrita, passamos eu e mais uma, teve uma que foi eliminada na prova escrita. Fomos para a prova de datilografia, um monte de gente, aquele barulho de máquina, aquela coisa “tátátátaá”. Eu fiz a prova numa máquina toda quebrada, uma coisa horrível E acabei passando, mas tinha que esperar, não passei em primeiro, foi pelo meio. Foi...
Continuar leituraMeu nome é Sebastiana Augusta Carvalho Fernandes. Nasci em São José do Calçado, no Espírito Santo, em 28 de outubro de 1959, oficialmente. Porque, na verdade, eu nasci em 26 de outubro. Meu nome de guerra é Tiana.
Eu fiquei sabendo de concurso na Petrobras em 1983. Eu trabalhava na Emater, hoje Encaper, em Linhares. Eu morava em Linhares, estava trabalhando, tranqüila, como auxiliar de escritório, e duas colegas estavam comentando que tinha concurso para a Petrobras. Eu, na verdade, não sabia nem o que era a Petrobras: “Que é Petrobras? O que vocês estão falando?” “Ah, não, é concurso, mas tem que ir lá em São Mateus. De Linhares até São Mateus são 80 quilômetros de distância, mas tem que ir lá para fazer a inscrição.” “Ah não, se vocês vão fazer eu também quero fazer. É tão bom assim, o troço é bom?” “Claro, menina É estatal Poxa, já pensou? Pagam muito bem...” Eu falei: “Então eu tô nessa” Elas eram solteiras e eu era casada e tinha uma filha pequenininha. Eu falei: “Eu vou.” Aí fomos pedir para o chefe liberar as três para sair e fazer a inscrição, e ele acabou deixando. Na época, não pagava para fazer a inscrição, era público, então tinha gente que era um batalhão da cidade. Eu conhecia muito pouco São Mateus, morava em Linhares. A praia mais conhecida, mais próxima, era Guriri, que era em São Mateus. Era o que eu conhecia, de vez em quando ia lá. Aí fiz a inscrição, fomos fazer a prova. Tinha a prova escrita e quem passasse fazia a prova de datilografia – para você ver como é que tem pouco tempo que eu estou aqui Aí fui fazer uma prova escrita, passamos eu e mais uma, teve uma que foi eliminada na prova escrita. Fomos para a prova de datilografia, um monte de gente, aquele barulho de máquina, aquela coisa “tátátátaá”. Eu fiz a prova numa máquina toda quebrada, uma coisa horrível E acabei passando, mas tinha que esperar, não passei em primeiro, foi pelo meio. Foi chamado um grupo de candidatos para a admissão em 1984 – tem até colegas aqui, o Charles (Charles da Vitória Reis) estava nesse grupo que tinha sido admitido – e eu não fui chamada, fiquei para depois. Na próxima etapa eu ia, mas aí o Governo cortou as admissões, estavam fechadas. Eu falei: “Ah, agora dancei Sabia, isso era ilusão pura Esquece isso. Vou continuar aqui na Emater mesmo.” O chefe sabia que eu tinha passado e que poderia sair, assim como a outra que tinha passado também. Eu disse: “Vou acabar não indo.” Um ano depois, em 1985, quando eu não esperava mais, o telefone da Emater tocou, era para mim, eu estava sendo convocada e perguntaram se eu ainda tinha interesse em trabalhar na Petrobras. Se eu quisesse e se tivesse interesse, eu teria que comparecer para fazer exames médicos. Aí fui fazer os exames, quando foi dia 15 de maio, eles me ligam de novo dizendo que eu estava aprovada nos exames admissionais e, se eu tivesse interesse, dia quatro de junho deveria estar em Macaé. Não tinha Departamento Pessoal, não tinha Recursos Humanos em São Mateus para fazer, aí eu tive que ir para Macaé. Fui falar para o meu chefe que eu ia sair e tive que vir para Vitória pedir demissão da Emater, tive que vir para a central para dar baixa. Daqui eu fui para Macaé, no dia quatro de junho eu estava sendo admitida, e voltei à noite para São Mateus. O cara lá do Recursos Humanos falou que no dia seguinte eu tinha que estar em São Mateus, para me apresentar. “Puxa Macaé está lá no norte do Espírito Santo” Fui para casa, cheguei tarde pra caramba, para, no dia seguinte, levantar de madrugada e ir para São Mateus me apresentar. Eu cheguei mortinha de sono. Hoje o meu chefe é o Mauro (Mauro Soares de Almeida) e ele era do setor de recrutamento e seleção, na época. Eu estava caindo de sono quando cheguei lá e fui saber que eu ia para o Transporte. Chegou no final do dia, eu não estava agüentando e ainda tinha que voltar para Linhares, onde eu morava. Mas aí, antes de ser admitida, como já tinham me avisado, me deram 15 dias antes. O meu ex-marido, na época, disse: ”A gente vai embora, vai para São Mateus, porque trabalho lá.” E aí nós tínhamos alugado uma casa em São Mateus, eu cheguei, trabalhei dia quatro, fui no dia quatro a Macaé, dia cinco estava em São Mateus trabalhando. Dia seis de junho eu mudei para São Mateus, era feriado. Na sexta-feira, eu já morava em São Mateus, fui trabalhar mais tranqüila. Então, eu comecei a minha história na Petrobras no dia quatro de junho.
Eu comecei a trabalhar no Transporte e comecei a conhecer a Petrobras, a aprender o que era a Petrobras a partir daí. Eu trabalhei no Transporte como Auxiliar de Escritório. Eu fiquei um tempo lá, depois já estava querendo buscar outras coisas, estava muito devagar, e aí eu pedi ao Chefe da Divisão para mudar de Gerência. E ele me propôs ficar dentro da DIAPO (Divisão de Apoio do Distrito de Produção do Espírito Santo). Eu trabalhava na SETRAN (Setor de Transportes da Divisão de Apoio) da DIAPO e fui trabalhar na SESUP, que era o Setor de Suprimento. Ele perguntou se eu queria ir para lá, aí fui para o Setor de Suprimento no final de 1986, lá eu trabalhei muito tempo. Na Área de Suprimento, eu só não fiz previsão e controle e não trabalhei com diligenciamento. Mas eu conhecia, eu tinha uma visão bem genérica de suprimento. Eu trabalhei na área de armazenamento, recebimento, entrada e saída de materiais e estoques. Eu fui trabalhar como secretária do gerente de suprimento, ou melhor, de vários de gerentes, porque passaram vários – que foi uma pessoa que me marcou muito, que foi muito importante para mim, com quem eu comecei a sobressair mesmo, foi o último gerente que eu tive em Suprimento, que era o Edmar Setúbal. Foi um super colega, ele era maravilhoso, uma pessoa fantástica e um chefe maravilhoso. E foi o primeiro cara que falou comigo: “Eu gosto do seu jeito de ousar. Eu gosto disso, isso é bom, é ótimo porque você busca as coisas, você questiona e isso é muito bom.” E ele falou comigo uma vez: “Olha, você pode ficar tranqüila, se você tomar uma decisão e ela for acertada, poucas pessoas – somente eu, talvez – vão te dizer que você fez muito bem. Agora, se você errar, tomar a decisão e for errada, talvez a única pessoa a te dizer ‘muito bem, você fez ‘ também seja eu. Porque vai ter muita gente para meter o dedo e falar que fez errado, mas ninguém bota a mão para fazer. E aí, quando a gente bota a mão pra fazer e não dá certo...” E aí eu comecei a acreditar nisso e não ter medo de mostrar idéias, de falar, de mostrar o que eu conhecia. Nesse tempo, eu fiquei no Suprimento e ele tinha recebido uma proposta para vir trabalhar em Vitória. Só que ele saía do Espírito Santo, do DIES (Distrito de Produção do Espírito Santo), na época, e passava para Macaé, para ser ligado a Macaé. Ele vinha para cá, para Vitória, com uma proposta de trabalho que era muito melhor e tudo. Aí, eu falei para ele que não queria mais continuar no Suprimento com outro gerente, que eu tinha vontade de sair. Eu já tinha vontade de ir para o Recursos Humanos. Eu achava interessante, era uma área que me atraía, mas eu não saía porque eu gostava dele. Eu nunca tinha pedido e estava super bem. Já que ele ia sair, era a oportunidade que eu tinha de mudar também. Aí ele disse: “Olha, o que eu puder fazer, eu vou fazer sim.” Aí ele conversou com o pessoal de Recursos Humanos e eu fui trabalhar no RH, em 1995. No RH, eu já tinha uma amizade com o Mauro (Mauro Soares de Almeida), que é o meu gerente hoje. Ele era amigo do Edmar (Edmar Setúbal) e a gente tinha um convívio. São Mateus é uma cidade pequena, então, todo mundo conhece todo mundo, você convive. Há muitos anos, a diferença era bem maior. Eu fui trabalhar no RH e o Mauro (Mauro Soares de Almeida), que era Gerente de Treinamento, foi convidado a assumir a GEAD, que era a Gerência de Administração de Recursos Humanos. Eu estava lá, tinha chegado há pouco, estava trabalhando na AMS (Assistência Multidisciplinar de Saúde), e ele me chamou para trabalhar com ele: “A gente já se conhece há muito tempo de amizade e eu já conheço o seu trabalho pelo Edmar, (Edmar Setúbal) que sempre me falava do seu trabalho e gostava. O Edmar (Edmar Setúbal) gostava muito de você, de trabalhar com você, então, eu quero você comigo, para me ajudar, para me assessorar.” E, por enquanto, está dando certo. Dez anos que a gente está junto, sob a gerência dele. Dez anos É uma pessoa maravilhosa, gosto demais.
Eu conheci a Petrobras lá em São Mateus, naquele mundinho. Aí, você começa a abrir, depois que eu vim para Recursos Humanos, eu comecei a conhecer outras áreas da Petrobras ligadas a Recursos Humanos e outras empresas dentro da Empresa. E aí você vai passando por algumas histórias interessantes, tem muitas histórias. Nesse tempo todo, a gente vive muitas histórias, muitas saudades, a gente tem perdas muito grandes. Uma delas é um amigo da época do Transporte, eu trabalhei com ele e ele morreu de repente, novo. Ficou muito marcado isso, o Felix (Felix Dalapícola Piva) era aquela pessoa que você sente que já conhece há muito tempo, como irmãos. Então, a gente se dava super bem, eu e ele, a minha família com a dele. A gente convivia bem, irmãos, então quando eu o perdi, em 1990, foi muito doloroso. No Suprimento, eu tive uma perda, que era um colega. Você está trabalhando, de tarde, e sai – eu estava grávida do meu segundo filho e todo dia o Caetano brincava comigo dizendo que era uma “Petrolina”, eu falava que era homem e ele falava que era menina. E aí, você pega uma carona com o cara para ir embora para casa, de tarde: “Você me dá uma carona?” “Ah, pra barriguda eu dou.” Te deixa na porta de casa: “Tchau, até amanhã” “Até amanhã” E você chega no outro dia, de manhã, para trabalhar e tem um monte de gente olhando para você, porque: “Tiana tá perto de ganhar neném, esse barrigão...” Eu estava nos últimos dias de ganhar o bebê e todo mundo me olhando, a enfermeira me esperando chegar para me levar para uma sala de enfermagem para acalmar e dar a notícia de que ele faleceu durante a noite. É um golpe violento, você estar com a pessoa o dia todo e de repente... Então, são coisas que me marcaram muito. E a perda do Edmar (Edmar Setúbal) foi a terceira perda que eu tive na Petrobras. Foi o cara que, até hoje, foi um gerente que me marcou bem e perder ele de repente... Eu já estava morando aqui em Vitória, em 2001, ele tinha estado na sala em que a gente estava trabalhando, lá na UFES (Universidade Federal Do Espírito Santo), começando ainda a vir o pessoal para cá. Ele chega na sala, uns poucos dias antes, brincando, vendo todo mundo, matando a saudade dos colegas: “Agora que você está aqui, agora você aparece...” E ele: “Poxa, Tiana, vamos Vamos jantar.” Era um jantar beneficente que ele estava promovendo. “Poxa, não vai dar” Era véspera de Dia das Mães e eu ia viajar para ficar com a minha mãe. E disse: “Olha, eu te prometo, da próxima vez eu juro que vou. Mas agora eu vou ficar a minha mãe, já combinei” Ele: “Não, você já está mais do que justificada. Vai ficar com a sua mãe Na próxima, então, eu vou trazer um convite e você vai” E eu fui para a casa da minha mãe passar o final de semana lá. Ainda comentei com ela que ia ter uma festa beneficente: “Se não tivesse vindo para cá, eu ia para uma festa e tal.” E aí, no domingo de manhã, a Regina (Regina Buzetti Meneghelli) – ela não tinha conseguido falar comigo no sábado – liga para me falar que ele tinha falecido na sexta-feira à noite. Eu quase caí dura. Eu no telefone e a mamãe: “O que foi, o que foi?” Eu comecei a chorar. Sabe, é horrível Eu já tive outras perdas, a gente vai perdendo amigos, mas que estão doente, em estado grave, e a gente sabe – é uma morte anunciada – que não vai ter mais essa companhia, mas vai se preparando para isso. Mas quando acontece de uma forma brusca, é muito difícil. Mas acho que o mais engraçado que a gente tem para lembrar é olhar para as fotos do passado. De vez em quando, a gente lembra e pega da gaveta e vê o Mauro (Mauro Soares de Almeida) de bigode, magrelo de bigode, é muito engraçado “Gente como você era magro” “Gente, olha isso aqui...” “Cara, olha essa roupa Eu não acredito Eu já usei bota desse tipo, não dá para acreditar” Essas coisas assim, a gente tem tantas situações engraçadas no dia-a-dia Eu adoro o que eu faço, gosto do meu trabalho, adoro o grupo que eu trabalho, mas acho que não lembro assim...
Não sou, já fui sindicalizada, logo que entrei na Empresa.
Em São Mateus, pequenininha, todo mundo se conhecia. Porque quando eu entrei em 1984, a Petrobras ainda estava em São Mateus, a gente era distrito de produção, era o DIES (Distrito de Produção do Espírito Santo), estava crescendo. Estava estabilizando o crescimento naquela época, os lances engraçados eram que: “Festa de fim de ano vai ter, mas tem a participação financeira do empregado.” “Ah, isso é um absurdo As coisas estão mudando mesmo na Companhia. As festas, a Petrobras é que pagava. Agora a gente tem que pagar” “Ah, está no tempo das vacas magras...” Eu ria muito com isso, e começou uma fase que, a cada ano, todo mundo dizia que a Petrobras ia fechar. “A Petrobras vai fechar em São Mateus, a Petrobras vai fechar. Está caindo a produção Vai fechar, vai fechar.” Todo ano tinha isso de que não durava muito, mais dois anos, mais cinco anos, e foi vindo. Então, eu passei por essa fase de você diminuir mais ainda do que já tinha: de 900 empregados, foi caindo, caindo, e diminuindo a Unidade, o Distrito. Na época, tinha três distritos dentro de São Mateus: o DIES, que era o Distrito de Produção, o DPSE, que era ligado a Macaé, que era o Distrito de Perfuração, e a gente tinha o DEX, que era o Distrito de Exploração. Cada um deles tinha um Gerente Geral. Aí veio a unificação, já tinha a história de que ia fechar e ainda fazer a unificação, para as pessoas, então, aquilo estava mais caracterizado que estava acabando. Com a unificação, transformou em E&P - Exploração e Produção do Espírito Santo. Aí, a gente passou a ter um Gerente Geral e, em cada um, a gente tinha Gerência de Exploração, Gerência de Produção, Gerência de Perfuração, foi tendo gerências ligadas a um único gerente. “Ah, tá acabando mesmo” As coisas foram caminhando e não se descobria mais nada lá em São Mateus. Aí a gente passou por outra estruturação que mudou tudo de novo. Não era mais E&P, agora tudo vai ser Unidades de Negócios e São Mateus é uma Unidade de Negócios. Só que, nessa estruturação, saiu uma conversa de que nós amanhecemos sendo uma Unidade e anoitecemos já não sendo mais, sendo extinta. No dia seguinte, já tinha tudo voltado ao normal, era Unidade de Negócios de novo. Isso também criava uma certa ansiedade nos empregados e, na Área de Recursos Humanos, ficava esse bombardeio, era muito complicado, a ambiência estava muito complicada. Depois que se transformou em UN-ES, aí troca, muda o Gerente Geral, vai embora. “Fulano vem para cá para fechar. O Menezes (Luiz Siqueira de Menezes) veio pra fechar. O Monte (Osvaldo Luiz Monte) veio para fechar.” Então, cada troca de Gerente Geral era que o que estava chegando tinha a finalidade de fechar. E não foi bem isso. Aí, foi se aplicando outros conhecimentos, outras técnicas, foi trabalhando e foi crescendo. E também a visão política, mudança política, econômica, social, vai tudo mudando. Aí, em 2000, começa-se a falar na Sede vir para Vitória. Eu já tinha tido umas propostas do meu gerente, se eu queria vir trabalhar num atendimento aqui em Vitória, porque estava uma demanda muito grande de empregados em Vitória, precisando de Recursos Humanos aqui e a gente lá em São Mateus ficava muito longe. Porque de São Mateus para Vitória são 240 quilômetros, é considerável, a estrada perigosa e tudo o mais. Aí eu pesava, pesava, não ia dar. Um monte de filho pequeno, dois filhos pequenos ainda, uma maior, não dava. Por duas vezes eu falei que não dava para morar em Vitória. Aí, chegou em 2000, reestruturação de novo, muda tudo novamente, novas gerências etc. E agora nós vamos mesmo para Vitória, a Unidade de Negócios vai ficar instalada em Vitória. “Putz, e agora?” O meu chefe, que é o Mauro (Mauro Soares de Almeida), conversou comigo, com Edílson (Edílson de Menezes Esteves), que é outro colega do RH, e a Adriana Silvia (Adriana Silvia dos Santos Merlim), que hoje está em São Mateus, se a gente topava ir para Vitória porque estavam precisando de gente. Quem quisesse ir, seria muito bem-vindo, porque ele ia precisar mesmo. Aí eu: “Tá bom.” O Edilson, a Adriana e eu aceitamos o desafio de vir para cá. Eu pensei muito antes, pensei bastante. Fiz contas pra caramba, porque morar em Vitória de aluguel, o custo de vida aqui é mais alto do que no interior. Falei: “Não, chefe, se eu não for...” “Não, claro que se você não quiser ir, lógico que vai ter onde ficar aqui. Ninguém vai ser obrigado.” Eu disse: “Mas eu vou ficar longe de você, chefe. Ah, não. Eu vou” E começamos a rir muito. Agora, quando acontece alguma coisa de falar que ele vai para outra gerência: “Ah, não. Você só vai se eu for junto. Sozinho você não vai” E aí a gente acabou vindo pra cá, trabalhar aqui.
Na época que eu entrei para a Petrobras, eu entrei para o Sindicato, me sindicalizei e tal. Era muito novinha, eu tinha 20 e poucos anos quando entrei na Empresa, estava começando a viver. Tinha uma filha só, pequenininha, aí fui participar do Sindicato e achava a teoria maravilhosa, acabei participando da diretoria do Sindicato, fazendo parte do Sindicato. Mas, depois de um tempo, começou indo de encontro com as minhas convicções, com os meus valores. Não era bem o que eu acreditava. Respeito totalmente quem é sindicalizado, respeito o Sindicato, tenho ótimos amigos no Sindicato, pessoas que eu admiro muito. Mas não é o meu caminho, não é por aí, não era pra mim. Aí, eu preferi sair. Eu saí do Sindicato, já me convidaram: “Agora mudou muito” Mudou, realmente mudou muito, muito, muito nesses últimos 12 anos que eu estou fora. Mas não, deixa eu quietinha. Ainda não Eu só digo para eles: “Ainda não, dá um tempo.”
Eu achei o projeto muito interessante. Acho que a gente precisa realmente disso. Têm colegas que têm depoimentos maravilhosos, têm histórias fantásticas. Essa Empresa é gigantesca e a gente acaba não conhecendo nem um décimo do que tem. Eu acho que é uma oportunidade maravilhosa para a gente estar dizendo o que sente, o pensa, o que acredita. Eu amo trabalhar na Petrobras É de verdade Eu gosto muito do eu faço. Eu falo sempre que sou uma privilegiada porque trabalho onde eu gosto, faço o que eu gosto, faço com prazer. Eu não consigo imaginar trabalhar por obrigação, simplesmente porque eu preciso ganhar dinheiro. Claro que eu preciso do salário que eu ganho Preciso até mais. Mas trabalhar aqui, trabalhar no Recursos Humanos, trabalhar aqui na UN-ES, trabalhar na Petrobras, para mim, é maravilhoso. Eu gosto e gosto muito. Oportunidades fantásticas de desenvolvimento que ela me deu, como pessoas que eu tive aqui dentro, oportunidades de conhecer outros lugares, ter outras visões. Você expande, você tem uma visão muito maior de mundo, de tudo. De vez em quando, eu viajo, eu vou para o Rio, eu estou participando de encontros, eu estou participando do Projeto de Sinergia do Recursos Humanos, eu estou participando o tempo todo. Eu gosto desses desafios. Eu gosto da adrenalina, de estar sempre em movimento. Eu não consigo ficar parada e o meu trabalho me proporciona isso, a Petrobras me proporciona isso. Eu acho isso aqui fantástico. Tem mais é que ter essa memória registrada sim, porque vale a pena. Obrigada a vocês pelo convite.
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