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Samuel Feigenbaum

Esta história contém:

Uma grande parte dos casamentos judeus na Polônia eram arranjados com um shadchen, um corretor.

Casamento era coisa decidida pelos pais. Não era a voz do noivo ou da noiva que contava, tinha que agradar as famílias. O que pesava muito, além do noivo ter que conhecer o Talmud ou o Torá era a descendência familiar. Se eram pessoas honestas, se praticavam boas ações. Sem dote ninguém casava, porque era a partir do dote que o noivo começava a luta pela sobrevivência da família.

Era muito raro um filho recusar a decisão dos pais e vou explicar porque: a própria Torá, o Pentateuco, diz que o filho que se rebela contra os pais, esse filho vai desaparecer do mundo. Não que ele vá morrer, mas o seu nome não será lembrado por ninguém. O pai pode expulsá-lo e a comunidade isolá-lo. Ele não vai ter descendência porque ninguém mais irá casar com ele e amanhã, se ele morrer, ninguém chorará a sua morte.

Divórcio se chama guet. Mas quem vai pedir um divórcio ao rabino tem que ter uma justificativa: por exemplo, se o homem maltrata a mulher, se bate nela, ou se a mulher traiu o marido. Mas o rabino não pode aceitar o pedido imediatamente. Ele tem que argumentar com o homem durante trinta dias, depois com a mulher por trinta dias, e por fim, com o casal por mais trinta dias. Se dentro dos noventa dias não houver um acordo entre eles, então o rabino dá o divórcio.

Existe uma anedota sobre o divórcio que é assim: a mulher entrou de repente no rabinato e começou a chorar e gritar: "Rabino!" "O que é que é?" "Eu quero guet, quero me divorciar do meu marido!" "Mas por quê?" "Porque ele briga comigo, me massacra, me bate." "E você, qual é a sua atitude?" perguntou o rabino e começou a sondar a mulher; sentiu logo que quem provocava muitas vezes o marido era a mulher. Então o rabino disse: "Olha, você sabe que não posso dar o divórcio antes de três meses. Vou chamar teu marido para conversar um mês, depois você e depois o...

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Palavras-chave: imigração

Dados de acervo

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Projeto Heranças e Lembranças

Depoimento de Samuel Feigenbaum

Entrevistado por Karen e Diane

17 de setembro

Realização Museu da Pessoa

Entrevista número HL_HV076

Revisado por Gabriela Ramos

R – Nome, Samuel. Data de nascimento, 21 de fevereiro de 1919. Local, Polônia. Cidade... Era aldeia, não era cidade, Spass. O país, já falei, era Polônia. Nome do pai, Mauricio. Nome da mãe, Dina. Na Polônia, o meu sobrenome era Edelstein e, naturalmente, mudei meu nome para Feigenbaum, porque meus avós por parte de meu pai não tinham casado no civil, só no religioso. A minha avó tinha o sobrenome Feigenbaum e o meu avô, Edelstein. O meu pai veio para o Brasil com o passaporte de sobrenome Edelstein, pois quando nós fomos viajar, quer dizer, eu, minha mãe e meu irmão, fomos viajar para o Brasil, na hora de tirar os documentos, tínhamos que apresentar uma certidão que o sobrenome do meu pai era Feigenbaum, sobrenome da sua mãe, minha avó. Assim, passou a ser o meu sobrenome Feigenbaum. Lógico que na Polônia o meu sobrenome de Edelstein constam de todas minhas certidões, de colégio e depois de ginásio. E depois, já no Brasil, encontra dificuldade de assinar Feigenbaum, porque estava acostumado a assinar Edelstein.

P/2 – O senhor teve alguma dificuldade de papéis, de documentos, alguma vez, por problemas legais no Brasil por esses dois nomes?

R – Não, porque no Brasil eu sou Feigenbaum. No Brasil, não me foi exigido apresentar certidões dos cursos concluídos na Polônia. Quando cheguei ao Brasil, resolvi estudar e fiz o então chamado artigo cem, entrando direto no quarto ano ginasial, e por isso que não havia necessidade de apresentar documentos relativos aos cursos que fiz na Polônia. O artigo cem cobria, tornava desnecessária a comprovação do currículo anterior, era a lei do Brasil, foi a razão que não tive dificuldade com o sobrenome.

P/2 – O senhor ainda tem seus documentos?

R – Tenho, claro. Agora, do outro lado, por...

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