Projeto: Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Rudimar Lorenzatto
Entrevistado por Márcia de Paiva
Rio de Janeiro, 26/06/2008
Realização do Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista PETRO_CB443
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, Rudimar.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar a entrevista pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Rudimar (Andrés?) Lorenzatto, nasci no Rio Grande do Sul, em Passo Fundo, em 6 de janeiro de 1965.
P/1 – Qual é a sua formação?
R – Eu sou formado em engenharia civil, na Universidade Federal de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.
P/1 – E quando você ingressou na Petrobras?
R – Eu entrei na Petrobras em julho de 1987, eu ingressei em Salvador, onde fiz meu curso de formação para engenheiro de petróleo.
P/1 – E você se especializou na parte de produção?
R – É, na época é o que se chamava era engenheiro de produção e eu me especializei na parte de parte de produção e com foco na parte de completação e estimulação de poços, inicialmente. Mas isso foi só no início da minha carreira.
P/1 – Acabado o curso de especialização você foi trabalhar aonde?
R – Bom, eu terminei o curso em Salvador em 88, né, fui para Macaé. Trabalhei cinco anos em Macaé sob regime embarcado, principalmente em plataformas de perfuração e completação de petróleo.
P/1 – Como é que estava Macaé naquele momento que você chegou lá? Macaé, a Bacia...
R – Era bastante diferente da realidade atual, porque 1988, apesar de já existir os primeiros estrangeiros na cidade de Macaé, né, Macaé ainda era uma cidade com uma infra-estrutura bastante carente e as pessoas reclamavam muito. Comparado com a situação atual é bem diferente, é bem diferente, e muitas pessoas foram para Macaé incentivadas pelos desafios que a Petrobras impunha, que a Petrobras colocava para as suas carreiras...
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Depoimento de Rudimar Lorenzatto
Entrevistado por Márcia de Paiva
Rio de Janeiro, 26/06/2008
Realização do Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista PETRO_CB443
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde, Rudimar.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar a entrevista pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Rudimar (Andrés?) Lorenzatto, nasci no Rio Grande do Sul, em Passo Fundo, em 6 de janeiro de 1965.
P/1 – Qual é a sua formação?
R – Eu sou formado em engenharia civil, na Universidade Federal de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.
P/1 – E quando você ingressou na Petrobras?
R – Eu entrei na Petrobras em julho de 1987, eu ingressei em Salvador, onde fiz meu curso de formação para engenheiro de petróleo.
P/1 – E você se especializou na parte de produção?
R – É, na época é o que se chamava era engenheiro de produção e eu me especializei na parte de parte de produção e com foco na parte de completação e estimulação de poços, inicialmente. Mas isso foi só no início da minha carreira.
P/1 – Acabado o curso de especialização você foi trabalhar aonde?
R – Bom, eu terminei o curso em Salvador em 88, né, fui para Macaé. Trabalhei cinco anos em Macaé sob regime embarcado, principalmente em plataformas de perfuração e completação de petróleo.
P/1 – Como é que estava Macaé naquele momento que você chegou lá? Macaé, a Bacia...
R – Era bastante diferente da realidade atual, porque 1988, apesar de já existir os primeiros estrangeiros na cidade de Macaé, né, Macaé ainda era uma cidade com uma infra-estrutura bastante carente e as pessoas reclamavam muito. Comparado com a situação atual é bem diferente, é bem diferente, e muitas pessoas foram para Macaé incentivadas pelos desafios que a Petrobras impunha, que a Petrobras colocava para as suas carreiras profissionais.E isso acho que foi muito bom para a vida familiar das pessoas também, conseguiu conciliar os desafios profissionais com os desafios familiares que a cidade impunha, né?
P/1 – Você foi para morar lá então.
R – Não, os primeiros cinco anos eu morava no Rio de Janeiro e trabalhava embarcado, o regime ainda era o 14 por 14. E aí, cinco anos depois, 88, 93; 92, 93 aí sim que eu vim a fixar residência em Macaé. Eu fui convidado para trabalhar em terra, na parte de equipamentos de poços de petróleo e aí eu em 92, 93 eu vim morar em Macaé e aí fixei residência de lá, fiquei morando lá de 92 até o ano passado, até o ano passado.
P/1 – E aí já, para completar sua trajetória, de lá você voltou para o Rio?
R – É, isso, bom, é que a minha trajetória em Macaé foi bastante longa...
P/1 – A gente vai...
R – A sim, ta... Isso, eu voltei para o Rio de Janeiro, o ano passado eu vim para o Cenpes, trabalhei durante sete meses no Cenpes na atividade de engenharia básica, que é fazer projeto de plataformas e agora tem três meses mais ou menos que eu estou na área internacional como responsável pela parte de produção, suporte técnico de produção para as unidades de negócio da Petrobras, na área internacional.
P/1 – Tem algum foco em alguma área?
R – Na área internacional?
P/1 – É.
R – Não, não, o suporte técnico da área internacional é responsável, ele dá suporte para todas as UN’s, quer seja na área de reservatório, quer seja na área de poço, quer seja na área de logística...
P/1 – No mundo inteiro.
R – É no mundo inteiro, qualquer unidade de negócio fora do Brasil que precise de suporte técnico, que precise de um apoio quer seja do que a Petrobras tem aqui no Brasil, ou quer seja de algum contrato fora do Brasil, é o suporte técnico da área internacional que dá esse subsídio, dá esse suporte, esse apoio, né?
P/1 – Apoio.
R – Isso.
P/1 – Rudimar, vamos voltar para a Bacia.
R – Claro.
P/1 – Chegando lá então, a próprio núcleo da Bacia como é que estava, o quê que você achou? Já tinha Marlim? O que você encontrou lá?
R – Eu cheguei em 1988, por exemplo, o grande campo de Marlim, que depois eu vim a ser gerente, né, estava recém sendo iniciado o desenvolvimento do campo. Ele tinha sido recém-descoberto, então eu cheguei numa fase em que a Bacia de Campos estava dando aquele salto de produção de uma lâmina d’água mais rasa, de 300, 400 metros, para começar a instalar plataformas, perfurar poços em lâminas d’água, mas que na época se chamava lâmina d’água profunda, 700 mil metros, que é onde estão, por exemplo, os campos de Marlim, Marlim Sul, Albacora. Então, quando eu cheguei, eu cheguei exatamente no início dos desafios de viabilização da produção dos campos de lâmina d’água profunda, que naquela época era profunda, hoje já não são considerados campos de águas profundas, porque existem hoje campos produzindo a quase dois mil metros de lâmina d’água, que são os chamados lâmina d’água profunda, hoje.
P/1 – E aí você trabalhou na parte de completação de poços lá em Marlim mesmo, ou...
R – Não, não, aí , antigamente a estrutura da Bacia de Campos não tinha estrutura de ativos, ela tinha estrutura funcional, então tinha uma divisão na época chamada Divisão Regional de Completação, Restauração e Estimulação de Poços, chamado Dircres, que era responsável por todos os serviços nos poços da Bacia de Campos. Eu fiquei esses cinco anos embarcado e depois; a Dircres ela tinha uma atividade no mar e uma atividade em terra, que cuidava da infra-estrutura dos equipamentos, tinham oficinas, planejamento, o projeto dos poços, então eu fui, eu fiquei durante um tempo como engenheiro responsável pelos equipamentos de sub-superfície, equipamentos como, equipamentos de fundo de poço, como se chama, né, packer, coluna de produção, coluna de perfuração, válvulas de sub-superfície. Então foi uma época muito legal, trabalhando na oficina dessa antiga Dircres, né? E aí, aí depois houve a primeira grande reestruturação na Petrobras, que houve a união das áreas de produção, exploração e perfuração, se não me falha a memória 1995, 96 por aí, que foi quando criaram a Genpo, Gerência de Engenharia de Poço, que fez uma união das atividades de perfuração com as atividades de completação de poços. E aí foi quando eu me tornei pela primeira vez gerente, eu fui gerente da atividade de avaliação, flextubo e equipamentos de sub-superfície dessa antiga gerência chamada Gerência de Engenharia de Poço, também conhecida na época como Genpo. Então esse é mais um pedacinho da minha trajetória na Bacia de Campos; essa época eu já morava em Macaé com casamento e tudo feito, é.
P/1 – E já não embarcava mais.
R – Não, já não embarcava mais. É, não é que eu não embarcava mais, eu já embarcava com uma freqüência muito mais rara do que aquela que normalmente se fazia nos primeiros cinco anos da carreira, né? Então eu embarcava mais como visita técnica, como um embarque de inspeção das atividades das pessoas que trabalhavam lá de uma forma cotidiana. Então essa era a minha freqüência de embarque.
P/1 – Vamos voltar para o seu tempo de embarcado. Qual foi a sua primeira sensação de embarcado, foi para onde, como é que foi?
R – Puxa vida! Foi interessante. Eu cheguei na Bacia de Campos, o Pólo Nordeste da Bacia de Campos que hoje compõe Pargo, Vermelho, Carapeba, estava iniciando a completação dos poços. Precisava-se na época de fiscais, existia uma atividade muito grande e poucas pessoas para dar conta do recado; você vê, hoje a Petrobras está numa situação muito parecida, só que numa dimensão diferente, né? Mas naquela época estava se desenvolvendo o Pólo Nordeste e aí foi muito interessante porque nós chegamos achando que, eu, chegando novo, né, 22 anos, a gente achava que ia chegar lá e – “Bom, pessoal, vocês vão...” – iria ter um estágio de um ano para embarcar com uma pessoa mais experiente e a gente ia adquirir esse conhecimento e essa maturidade para tocar as atividades na Bacia de Campos com a experiência de alguém mais maduro, né? E isso não aconteceu! Existia tanta atividade e tão pouca gente e a recomendação foi: “Não, pega o pessoal que chegou aí e põe nas sondas para tocar a atividade e eles têm plenas condições, receberam um treinamento adequado, tem capacidade e a gente confia neles”. E esse tipo de atitude tem a “cara” da Bacia de Campos. Na época foi uma surpresa para mim, mas hoje, olhando para trás eu vejo que foi uma das formas que me deu mais crescimento como engenheiro, como gerente, até como pessoa para você saber se posicionar, para você saber tomar as decisões nas horas certas, não esperar pelos outros, para poder decidir aquilo que você acha correto. E esse tipo de situação que a Bacia de Campos propiciou fez com que o crescimento das pessoas fosse acelerado, junto com a experiência.
P/1 – Mas aí no seu primeiro embarque você já achou que você...
R – É, no primeiro embarque você sobe um pouco surpreso achando que vai ser tudo muito difícil e você percebe que a medida que as pessoas vão passando a responsabilidade para você, você vai conseguindo dar conta do recado e percebe que o suporte que a Petrobras te dá, apesar de você estar sozinho lá na sonda tocando todo o negócio do poço, no caso, na época foi o que aconteceu comigo, existe, no meu ponto de vista, um cenário, uma infra-estrutura quase que invisível, né, que faz com que você se sinta confiante e cada vez mais maduro para tomar as decisões certas, na hora certa. Para mim essa experiência foi em Pargo, eu lembro até hoje, eu confesso que na época achei que as decisões que eu estava tomando podiam estar erradas, mas eu sempre tive muito suporte do pessoal de terra que me dava apoio, que me dava respaldo naquilo que eu estava decidindo, e isso foi muito bom como início da minha carreira, como “decisor”, vamos dizer assim, isso é uma característica bastante forte na Bacia de Campos e acredito que na Petrobras.
P/1 – Então, desse período qual era a maior dificuldade que você enfrentou, era um menino ainda, recém saído da faculdade, quais eram as dificuldades?
R – Eu acho que a dificuldade, eu acho que a maior dificuldade é o ambiente de confinamento. Quando você chega numa plataforma você percebe que já tem pessoas lá que vivem aquilo com naturalidade e você chega na plataforma e percebe que aquilo ali é um lugar que você vai ficar 15 dias sem, entre aspas, “distante” dos teus familiares, distante das pessoas que você conhece e nos primeiros dias você leva um susto, né? Algumas pessoas demoram mais para se adaptar a isso, alguns não se adaptam, mas eu acho que a maioria das pessoas elas começam a perceber que o ambiente da plataforma é um outro tipo de família, né, porque você tem que montar esse tipo de...; você tem que começar a fazer parte dessa nova família e aí você começa se adaptar e com isso você vai se inserindo nesse novo contexto da tua vida, né, que são 15 dias numa situação de confinamento, completamente diferente, fazendo sempre a mesma... Não é sempre a mesma... Fazendo atividades específicas, diferentes do que você faz durante a tua folga e praticamente com as mesmas pessoas, né? Então isso é um teste que eu acho que quando você trabalha embarcado, e para mim foi, é um teste para a tua personalidade, para o teu jeito de ser, e ao mesmo tempo uma oportunidade de você crescer, crescer como pessoa, como ser social, vamos dizer assim.
P/1 – Como é que foi esse período de adaptação e de integração com essa nova família?
R – Ah, foi ótimo! Eu fui uma das pessoas que rapidamente me adaptei, eu acho que outros colegas meus, confesso que demoraram mais, outros talvez nunca tenham se adaptado e pediram para deixar de embarcar depois de algum tempo. Mas eu fui uma pessoa que me adaptei muito rápido a essa “nova família”, né, e acho que isso tem haver por dois principais motivos: o meu perfil e a forma da Petrobras abraçar as pessoas nesse ambiente “hostil”, vamos dizer assim, de isolamento, que existe lá. A Petrobras é uma empresa muito preocupada com isso e propicia bastante o ajuste entre a personalidade das pessoas e esse novo ambiente social que você tem que enfrentar quando você começa essa vida de embarcado, né? Mas isso foi lá em 1988, eu imagino que a realidade hoje seja um pouco diferente, porque os recursos nas plataformas são bem melhores do que há 19, 20 anos atrás.
P/1 – E você conta que a Petrobras possibilitava esse ajuste entre as pessoas, como é que é isso, como é que funciona isso? Como funcionava pelo menos.
R – Eu vejo que hoje, hoje a infra-estrutura, a preocupação no que se refere a dar condições de melhor integração, de você estar num ambiente mais adequado com que as pessoas esperam, ele é mais rico de ferramentas, mais rico de preocupação da Petrobras. Mas naquela época eu acho que apesar de todas as dificuldades que a Petrobras tinha de propiciar esse ambiente, as pessoas se superavam nessa dificuldade, se superavam através de, acho que na minha época era natural as pessoas contarem muita piada, era um ambiente muito divertido, existem histórias da Bacia de Campos que, que...
P/1 – Me conta uma.
R – (riso) Me conta!
P/1 – Me conta, quero saber.
R – Não, tem uma história interessante, é de um engenheiro mais antigo que ele recebeu um estagiário na plataforma, numa sonda, numa semi-submersível de completação e tem um equipamento chamado brig plug que a forma de você testar se esse equipamentos é um brig plug ou é um...
P/1 – Como?
R – Brig plug.
P/1 – Brig Plug.
R – É, é o plug do poço, se ele é brig plug ou cement retainer e a forma de você testar tem um buraquinho nesse brig plug, você coloca um cabo de vassoura e você enfia esse cabo de vassoura, se o cabo da vassoura entrar numa proporção correta, aquilo ali é um cement retainer, se entrar menos ele é um brig plug. Aí ele não encontrou um cabo de vassoura e aí ele foi mostrar para o estagiário como é que aquilo era um brig plug com o dedo e não conseguiu tirar mais o dedo desse brig plug, porque inchou, né, e não teve jeito. Ele teve que desembarcar de helicóptero com o brig plug conectado no dedo dele. Tem gente que pensa que isso é mito, mas na realidade é fato, é fato o que aconteceu lá nos idos de 1980, na Bacia de Campos. Então isso é uma das histórias, por exemplo, que eu lembro e que isso transitava muito nas plataformas quando dizia: “Olha, quando você vai mostrar para o estagiário o quê que é um cement retainer, o quê que é um brig plug, você, por favor, não use o dedo, porque já tem essa história e que foi bastante complicado para esse engenheiro desembarcar e ter que tirar o dedo do brig plug na oficina da Dircres”. Essa foi a forma encontrada, porque na plataforma ele não conseguiu, agora, só que esse brig plug ele pesa uns 50 quilos, então desembarcou o engenheiro com o brig plug 50 quilos conectado. Isso foi, é uma das histórias, por exemplo, que eu lembrei agora aqui, que divertia muito o pessoal nas plataformas.(riso) Tem outras histórias, mas é...(riso)
P/1 – E o estagiário passou um trote no veterano.
R – Não, não, ele estava aprendendo...
P/1 – Não, mas foi o engenheiro mais antigo que...
R – É, ixxxi, involuntariamente o estagiário passou um trote no engenheiro mais experiente. Isso mesmo, é, isso mesmo.(riso)
P/1 – Deixa eu e perguntar também: você é um gaúchão, né, como é que era essa diversidade dessa família de origens tão distintas? Cada um de um estado...
R – É, você, você tocou...
P/1 – Como é que era essa...
R – É, é, você tocou...
P/1 – Tinha isso mesmo?
R – Tinha, tinha, eu acho que tem ainda. Isso é uma das características marcantes, né, da Petrobras, que eu acho que a Bacia de Campos ela consegue... A Bacia de Campos; eu acho que qualquer Bacia tem essa característica, mas a Bacia de Campos, como ela fica no centro do Brasil e a Petrobras para desenvolver e para crescer como cresceu na Bacia de Campos teve que trazer pessoas de todos os lugares do Brasil. Então numa mesma plataforma você encontra gaúcho, catarinense, paranaense, paulista, mineiro, japonês, italiano, nordestino, nordestino da Bahia, nordestino da Paraíba, pessoal do norte, da Amazônia, do Maranhão e aí todo mundo conta as suas histórias, cada um tem a sua cultura, cada um tem o seu sotaque e isso faz com que você crie uma cultura multifacetada muito interessante para se analisar, para se conhecer, para se viver. Eu acho que isso é uma experiência também muito rica para qualquer um como pessoa; e, detalhe: como eu falo multi-estados, multi... Numa plataforma você tem pessoas de muitos estados, tem pessoas de várias faixas etárias, você tem pessoas de 17, 18 anos, até pessoas de 50, 55 anos, você tem pessoas de diferentes culturas, como eu falei: japonês, alemão, brasileiro etc e também tem pessoas de diferentes faixas de poder aquisitivo e que faz com que você também conheça o Brasil de uma forma bastante completa, num ambiente, por exemplo, como uma plataforma que tem 100, 200 pessoas a bordo, com essa diversidade de características, vamos dizer assim, é uma oportunidade muito rica para quem gosta de explorar esse tipo de coisa. Para quem não gosta o cara vive e ao mesmo tempo ganha essa experiência também.
P/1 – É um microcosmo do Brasil?
R – Exatamente, é um microcosmo no Brasil. É uma boa, uma boa comparação, isso mesmo. Eu até acho que isso deve dar muitas teses de estudos aí para vários especialistas, imagino eu. (riso)
P/1 – E dos desafios também logo que você entrou, você tinha, você colocava algum desafio para você?
R – Claro, eu sempre fui uma pessoa que gostei de desafios, colocava desafios pessoais para mim... Pessoais para mim?! (risos) Colocava desafios pessoais, a minha intenção, eu percebia que a Petrobras, através da Bacia de Campos ia crescer muito, a gente...
P/1 – Você tinha essa noção?
R – Eu não tinha noção que a Petrobras ia ser o que ela é hoje, né, porque as coisas foram acontecendo muito mais rapidamente do que eu confesso, imaginava, mas eu sabia que a Petrobras tinha muito que crescer e para crescer tinha que superar grandes desafios, desafios de todo tipo, desafios políticos, desafios tecnológicos, desafios de pessoas e isso eu acho que é uma característica excelente do Brasil que está intrincado na Petrobras, que faz com que a gente consiga lidar com esses diversos desafios de uma forma bastante equilibrada. E eu acho que é por isso que a Petrobras ela conseguiu todos esses prêmios e galgar esses degraus pouco-a-pouco ao longo dos últimos 20 anos, né, até chegar no ponto que está hoje. Então eu tinha essa noção de que esses desafios iriam existir e que eu acho que eu deveria fazer parte disso. Eu sempre tive oportunidades, sempre tive oportunidades de vir trabalhar no Rio, mas por conta desses desafios eu via que na Bacia de Campos era o local onde eu poderia ficar mais próximo de onde as coisas iriam acontecer, assim, de uma forma física, vamos dizer. E por isso que eu sempre me interessei em ficar em Macaé durante todo esse tempo. E, para mim, foi muito bom, porque eu consegui ficar próximo dos desafios, aprendi muito e hoje toda e experiência que eu tenho, toda a minha carreira na Petrobras, experiência como engenheiro, como gerente, como pessoa, como pai, tem muito dos desafios que eu participei junto com a Petrobras.
P/1 – Quando você foi morar, você já foi casado lá para Macaé.
R – Não, não, quando eu fui trabalhar naquela oficina lá da Dircres, da Divisão de Completação, Restauração e Estimulação, eu era solteiro ainda e todo final de semana eu vinha para o Rio de Janeiro na sexta-feira e voltava no domingo, né? Aí, em 199 e... – pô, se a minha mulher... – mas eu acho que foi 1997, né? Aí em 1997, eu casei, né, e ela foi comigo morar em Macaé, gostou também, gostou tanto da cidade e da empresa que depois ela fez concurso para a Petrobras e hoje é engenheira de processamento da Petrobras. Ficou comigo morando lá... Ficou comigo morando lá!? Nós moramos até o ano passado aí agora eu vim para o Rio, ela veio também.
P/1 – Como é que é o nome dela?
R – É Ana Cláudia.
P/1 – Vocês tiveram filhos...
R – Tivemos.
P/1 – Nascidos em Macaé?
R – Não, tivemos dois filhos... Temos, temos dois filhos um tem oito e outro tem 11 anos, o Henrique é o mais velho e o Gustavo é o mais novo. Eles nasceram no Rio de Janeiro, né, a maternidade foi no Rio de Janeiro, mas toda a criação deles foi em Macaé, agora com um com oito e outro com 11 é que eles estão no Rio de Janeiro, depois desse início da vida deles, né, e nosso início do casamento também que tem 14 anos, né?
P/1 –Como é que é o nome dos dois?
R – É Gustavo, o mais novo de oito anos e Henrique, o mais velho de 11 anos. São macaenses de coração, mas de certidão de nascimento eles são do Rio de Janeiro.(riso)
P/1 – Lorenzatto, vamos voltar então para o período. Aí você assumiu uma gerência lá em Macaé.
R – Isso.
P/1 – O quê que mudou, qual era aquele momento...
R – É, eu assumi a gerência que chamava na época (Gropave?), né, que era Grupo de Operações de Avaliação de Poços, e eu acho que eu tive, eu acho que eu me saí bem, eu sempre tive ótimos chefes, na época o Virmondes foi o meu chefe, uma pessoa excepcional que me orientou bastante e me fez crescer nessa fase, né, como gerente e começou a me abrir outros horizontes, né, que são os horizontes da carreira gerencial na Petrobras, do qual eu não saí mais. Então, desde aquela época – tem quantos anos? 15 anos, né, praticamente 15 anos que eu sou gerente e nunca mais saí. E aí eu comecei a perceber quais são os desafios, quais são as características que você tem que desenvolver dentro de você, né, para que você consiga cumprir com o seu papel de gerente.
P/1 – Isso já era um desafio seu?
R – Muito, foi um desafio, eu acho que eu aprendi muito, não tenho dúvida que ao longo dessa minha carreira gerencial eu mudei muito em vários aspectos, mudei pelos erros, mudei pelos treinamentos e mudei pela vivência. Eu acho que isso, e a gente vai se polindo, né, como gerente, sem dúvida, é claro que decisões de alguns anos atrás que eram tomadas num outro cenário, com outra cabeça, hoje tem outro contexto, mas certamente passam por essa experiência que você tem, né, essa melhoria que você tem ao longo da tua carreira gerencial.
P/1 – A Bacia, aí o quê que estava acontecendo?
R – A Bacia, aí quando eu comecei a minha primeira experiência como gerente, né, a Bacia começou a florescer. A Bacia de Campos que era restrita a plataformas de lâminas d’água mais rasa, como Pargo, Namorado, Garoupa, Enchova, né, começou a crescer para a parte de lâmina d’água profunda e começou a crescer muito na parte de Albacora, na parte de Marlim, Marlim Sul. Isso começou a exigir de toda equipe da Bacia de Campos e da Petrobras uma quebra de paradigma. Nessa época que eu me tornei gerente a Petrobras precisou dar aquele, vamos dizer, aquele segundo salto de uma empresa que cuidava de plataformas fixas e de lâminas d’água rasa, para ter que se tornar uma empresa de lâmina d’água profunda, e, detalhe, uma empresa que tinha que se tornar uma empresa de lâmina d’água profunda sozinha no mercado, a Petrobras era vanguardista na produção nessa profundidade e isso fez com que a Petrobras e a Bacia de Campos tivesse que encontrar seus caminhos sozinhas, né? E aí é que veio toda a estrutura da Petrobras, como o Cenpes, como toda equipe aqui do Riode Janeiro para dar esse suporte para que a Bacia de Campos conseguisse crescer como cresceu. Então acompanhei todo desenvolvimento dos campos, dos grandes campos gigantes, né, na época da Petrobras, que foi Albacora e Marlim, no primeiro estágio e depois Marlim Sul, Roncador, Barracuda, Caratinga e foi isso.
P/1 – E da fase de produção você acha que essa foi a mais marcante, qual foi assim desse período que você está acompanhando as Bacias?
R – É porque aí depois que eu passei pela parte de poço aí eu dei uma guinada na minha vida. Aí eu fui convidado para ser gerente da P-19, uma plataforma semi-submersível. Essa eu acho que foi uma das experiências mais marcantes na minha vida, porque eu era um gerente técnico, vamos dizer assim, um gerente que cuidava de equipamentos, poucas pessoas. E aí fui demandado a ser gerente de uma plataforma grande, nova, do Campo de Marlim, uma plataforma que na época era a que produzia mais, com 200 pessoas a bordo e aí eu comecei a descobrir que tinha que me desenvolver noutras áreas.
P/1 – E você era o gerente que ficava na plataforma?
R – Não, eu era o gerente, eu acompanhei a parte final da construção da plataforma no estaleiro e depois eu era o gerente em terra. Na plataforma tem os gerentes de plataformas que são os geplats, que ele se revezam e na época já era 14 por 21, então eles se revezavam em três geplats e tem um gerente em terra que é o responsável por todo mundo, inclusive por esses três geplats que ficam em revezamento, então eu era esse gerente de operação, e junto desses geplats tem toda equipe que fica a bordo, então tem uma equipe que fica a bordo se revezando e uma equipe em terra que dá esse suporte de operação. Então essa foi; eu acho que foi a minha melhor experiência como gerente, onde eu tive um crescimento, uma velocidade de crescimento dentro da Petrobras, enorme, foi muito boa essa experiência que eu tive na P19.
P/1 – Quais são os tipos de problemas que aparecem nessa gerência assim de uma plataforma?
R – Puxa Vida! Problemas de todo tipo. Tem problemas de relacionamento a bordo, de pessoas que não se entendem que você tem que intermediar, existem problemas de alimentação. Você tem um contrato de hotelaria que às vezes o almoço não está atendendo às necessidades das pessoas, então você tem que ter atenção também com essa parte da alimentação das pessoas, você tem que se preocupar com a satisfação dos empregados – lembra daquele sentimento de família, na plataforma ele tem que existir e uma das pessoas, eu acho que a pessoa responsável por garantir que esse sentimento seja catalisado e exista, é o gerente que fica em terra.
P/1 – Mais do que o próprio geplat, que fica ali?
R – Eu acho que mais do que o próprio geplat, porque o geplat ele fica ali naqueles 15 dias e o que fica em terra ele tem que garantir aquilo de uma forma contínua. Eu só estou me referindo aqui aos desafios humanos, só que existem os desafios técnicos, os desafios de segurança que é muito grande, que as pessoas dormem nas plataformas, a plataforma ela opera 24 horas por dia. Então existem vários desafios, além dos humanos e dos técnicos tem os desafios de segurança, os desafios ambientais e os desafios de saúde, né, porque as pessoas ficam doentes. Você tem que ter recursos para, por exemplo, tirar uma pessoa da plataforma se por acaso acontece uma doença inesperada, então é um cenário bastante completo de diversidade de problemas. Dei alguns exemplos aqui, sem focar em problemas técnicos que eu acho que são também um grande manancial de exemplos aí.
P/1 – É ser prefeito, né?
R – É...(riso) É mais ou menos, né, só que é um prefeito em que você tem todo um suporte da Petrobras para te ajudar, né?
P/1 – É, não é um César Maia também, né?
R – Isso, exatamente.(riso)
P/1 – Mas você conseguia dormir?
R – Não, conseguia, não, você se acostuma, depois você... O telefone toca muito a noite etc, mas depois você se acostuma, começa até a gostar. (riso) Tem muita gente que não consegue abandonar essa vida não, começa a gostar... Tem muita gente ainda hoje lá na Bacia de Campos que faz isso que eu fiz a 15 anos atrás com muito prazer e muita satisfação, eu vejo nos olhos da pessoas que eu tenho contato de vez em quando e faz isso sem ficar chateado com receber telefonema às 9, 10, 5 horas da manhã, tá certo.
P/1 – Vai virar a fita.
R – Ah, tá bom, tá ok. Tô falando demais, né? (pausa)
P/1 – Aí, como você estava falando da P19, a P19 é uma semi-submersível...
R – É. É uma semi-submersível, uma das cinco semi-submersíveis do ativo Marlim, né, e que compõe o Campo de Marlim, né, então são dez plataformas que compõe o campo de Marlim, uma delas é a P-19.
P/1 – E da P-19 você ficou quanto tempo?
R – Eu fiquei durante três anos gerente da P-19 e aí foi quando eu mudei de novo, fui ser gerente de construção e montagem da Bacia de Campos. Fiquei um ano e pouco lá como gerente de construção e montagem, também foi uma experiência muito boa do qual era a gerência responsável pela parte das obras nas plataformas, aí eu já não era responsável só pela P-19, fiquei responsável pela parte de construção e montagem de várias plataformas, ou de todas as plataformas da Bacia de Campos. Então já era um desfio um pouco maior e também foi muito interessante.
P/1 – Mas só para a gente procurar ter uma idéia, você sai de uma gerência de uma P19 e aí vai para uma outra área, você vinha da parte de completação, isso é uma escolha, você ajuda também a escolher, como é que isso acontece?
R – Não, não é uma escolha não. Eu acho que a carreira das pessoas em qualquer empresa ela é muito mais dependente do contexto, do que da pessoa, eu vejo dessa forma, eu acho que você pode tentar direcionar, mas eu acho que a tendência é que a empresa te leve para essas guinadas na vida, vamos dizer assim, no que se refere a você ter essas experiências diferentes. Eu confesso que quando eu entrei na Petrobras eu pensei: “Puxa vida, vou me aposentar na área de poço”. Mas não foi. À medida que eu fui crescendo da área de poço eu migrei para a parte de produção, da parte de produção eu migrei para a parte de engenharia e depois eu migrei para a parte de gerência de ativo, né? Então eu vim para o Cenpes e agora estou na área internacional. Isso tudo eu diria que aconteceu de forma involuntária, não foi, não foi nada assim previsto, eu acho que foi a natureza das coisas vai fazendo com que isso aconteça. E eu acho que isso é bom. Eu acho que isso é bom porque deixa você mais completo, você se sente mais conhecedor da Petrobras. Eu acho que todo mundo que trabalha na Petrobras devia pensar em conhecer a Petrobras de uma forma mais abrangente, ela é muito maior do que você imagina e tem pessoas e atividades com uma diversidade muito grande. É uma oportunidade que as pessoas têm que pensar em utilizar e que poucas empresas dão essa condição, poucas empresas dão essa condição de você ter essa mobilidade dentro de um complexo como é a Petrobras.
P/1 – É uma renovação.
R – Você renova, isso.
P/1 – É uma renovação para a pessoa e para a empresa, né?.
R – Você renova, você não fica sempre pensando nas mesmas coisas, aparecem novos desafios para você e faz com que você queira crescer, que você busque coisas novas para você crescer como pessoa e como profissional.
P/1 – E aí nessa parte dessa gerência de construção de plataforma, o quê que vocês estavam construindo?
R – Não, é...
P/1 – Plataformas...
R – Essa gerência de construção e montagem ela era responsável pelas obras nas plataformas. Vou dar um exemplo: uma plataforma que tinha dois compressores e precisava colocar um terceiro compressor para aumentar a sua capacidade de compressão que apareceu mais gás do que originalmente se esperava no projeto original, você; um exemplo, né, você precisa colocar um terceiro compressor para conseguir manter a produtividade e o resultado da plataforma. Então, essa gerência ela era responsável por, ao mesmo tempo que a plataforma continuava operando com aquelas cento e tantas pessoas a bordo, com óleo, gás, sendo produzido, você tinha que fazer uma obra ali, é como se fosse fazer uma reforma na sua casa em que você precisa ficar morando dentro. Então essa é mais ou menos a atividade da gerência de construção e montagem da Bacia de Campos. Então ela tem uma complexidade bastante alta em relação a uma construção, como se fosse uma casa que ninguém está morando. Esse era o grande desafio dessa gerência que eu fiquei lá durante um ano e meio, mais ou menos.
P/1 – Tem que ter muito jogo de cintura, né?
R – É.
P/1 – Porque não é fácil porque tem pessoas, produção, como é que é isso?
R – Depende de você ter um planejamento muito bom. Esse “jogo de cintura” que você fala eu traduzo em planejamento tem que, antes de você ir para a plataforma para fazer de fato a obra, você tem que planejar tudo certinho para que quando chegue lá na plataforma as coisas se encaixem como um Playmobil, né, como um Lego, para evitar que interferências durante a obra impactem o dia-a-dia das pessoas que estão lá já produzindo óleo e gás e vivendo na plataforma. Esse é o grande desafio. Impactos como de segurança, impactos de interferências de engenharias e assim por diante.
P/1 – E esse planejamento envolve “n” áreas?
R – Envolvia “n” áreas, era um planejamento bastante grande, até hoje se faz muito isso, isso é uma atividade corriqueira na Bacia de Campos, né, e que a Petrobras eu acho que aprendeu muito nos últimos anos e tem muito por aprender com essa atividade de construção e montagem em plataformas já operando.
P/1 – O quê que você reformou lá, quais as que você...?
R – Puxa vida, nossa! Eram tantas, né, eu lembro das paradas de produção, paradas de produção de Pampo, foi uma parada de produção muito grande na época que nós fizemos.
P/1 – Para quem não é da Petrobras e não é da área, o quê que é “uma parada de produção”?
R – Uma parada de produção você pode comparar com um carro. Quando você comprar um carro, você não vai andar com ele 30, 40 mil quilômetros sem você parar de vez em quando, levar para uma concessionária para fazer uma revisão geral, trocar óleo, verificar pastilhas, toda aquela exigência que o fabricante faz com um carro. Se você não fizer isso você corre o risco de ficar na rua, quebrar o carro de forma imprevista, o que é ruim. Então uma plataforma de produção, de uma forma bastante, numa outra dimensão, vamos dizer, ela vive mais ou menos uma mesma realidade, ela produz 24 horas por dia, agora, ela tem uma vida útil, ela tem um tempo em que você precisa dar uma parada e fazer uma reforma nessa plataforma, limpar vasos, limpar separadores, limpar permutadores, substituir linhas, fazer calibração de válvulas, para que você consiga manter a mesma performance dessa plataforma como se ela fosse nova. Então parada de produção é o que se faz em média de três em três anos, de quatro em quatro anos, ou até de dois em dois anos, dependendo da plataforma, para que você consiga fazer com que ela continue operando. O quê que é operando? Produzindo óleo e Gás com a mesma performance como ela fosse novinha.
P/1 – Mas a produção não pára?
R – Não, parada de produção a produção pára.
P/1 – Pára, fica parada?
R – Para, a produção pára exatamente para você abrir os vasos e fazer as limpezas, as inspeções que você precisa. Isso é um dos grandes desafios das paradas de produção é você fazer tudo que tem que ser feito, no menor prazo possível, ou seja, da maneira mais bem planejada possível para que você consiga a menor perda de produção possível, porque durante a parada a produção fica lá no reservatório, o óleo fica no reservatório, não vem para aqui, para os terminais da Petrobras.
P/1 – Então vamos continuar.
R – Claro.
P/1 – Então você dentro dessas reformas você pegou várias, me diga uma assim mais que tenha sido marcante.
R – Eu lembro dessa parada de produção de Pampo foi, eu acho que foi na época, né, foi um grande desafio, Pampo é até hoje a maior plataforma da Petrobras em termos de tamanho, em número de pessoas também, e foi...
P/1 – Pode dar um pouco essas dimensões?
R – Sim, Pampo deve ter hoje 250 pessoas, durante a parada precisou-se colocar 350 pessoas a bordo da plataforma. Eu lembro que os módulos de Pampo eu acho que devem ser os mais; eu não lembro do peso exato, mas são talvez os módulos mais pesados que já foram içados na Bacia de Campos. É uma plataforma que fica em lâmina d’água rasa e pela quantidade de pessoas, pelo tamanho, pela complexidade dessa plataforma, eu lembro que essa parada de produção foi um marco na época que eu passei lá nessa parte de, na Geicom, né, que é a Gerência de Engenharia Industrial Construção e Montagem, que era o nome, né?
P/1 – E deu para acomodar essas pessoas que vieram de fora também?
R – A parada de produção, o planejamento incluiu também acomodações adicionais para você ter essas pessoas adicionais durante aquele tempo pequeno da parada.
P/1 – Tá, então vamos continuar.
R – Claro.
P/1 – Eu queria que você me contasse, você é um bom contador de história, quero outra história.
R – (Riso)
P/1 – Também dessa fase aí.
R – Pôxa vida, agora eu não estou lembrado!
P/1 – Não precisa ser necessariamente dessa fase.
R – Ah, tá!
P/1 – Me conta alguma outra.
R – (pausa) Vou ficar te devendo agora. Daqui a pouco aparece.
P/1 – Daqui a pouco aparece. Vamos continuar.
R – Eu não estou lembrado não.
P/1 - E aí, nesse período a gente está mais ou menos em que ano?
R – Nós estamos em 2000, mais ou menos em 2000 já. Foi nessa época que houve uma outra grande reestruturação na Petrobras, que foi a reestruturação que se criou a atual UN-BC, Unidade de Negócios da Bacia de Campos, criou-se a UN-Rio, então pegou a grande Bacia de Campos e dividiu em unidades de negócios e foi nessa reestruturação que se criaram os “ativos de produção”. Na época a Petrobras entendeu que os ativos de produção seriam uma boa solução de gestão para melhorar os resultados.
P/1 – O que é um ativo de gestão?
R – O que é um ativo de produção.
P/1 –Produção, perdão!
R – Um ativo de produção é o que são as... Por exemplo, Marlim foi considerado um ativo de produção. Então é como se você pegasse a Bacia de Campos, a parte mais rasa da Bacia de Campos chamasse de Unidade de Negócios da Bacia de Campos e dividisse em áreas geográficas. E nessas áreas geográficas você criou os ativos de produção, que eram os responsáveis pela produção daquelas áreas geográficas. E aí na época criaram-se os ativos sul, ativo norte, ativo centro, ativo nordeste, ativo Marlim e ativo Albacora, na UNBC. E aí foi nessa época que eu mudei de novo, saí lá da parte de construção e montagem e fui para ser gerente do ativo sul, que foi...
P/1 – Só um minutinho. Esses ativos todos eram UNBC ou UN-Rio?
R – Não, UNBC. Porque aí toda a Bacia de Campos tinha a parte mais nova e a parte mais velha, vamos dizer assim. Toda a parte mais nova da Bacia de Campos e por coincidência mais profunda, veio para UN-Rio, que está aqui no Rio de Janeiro. E a parte mais antiga, mais madura, ficou no...
P/1 – Garoupa...
R – Isso, Garoupa, Pargo...
P/1 – Enchova...
R – Enchova, Pampo...
P/1 – Aí é UNBC?
R – E na época Marlim e Albacora ficaram com a UNBC. Então a UN-Rio ficou com os ativos de Roncador, Marlim Sul, Marlim Leste, Albacora Leste, Barracuda, Caratinga. E a UNBC com os ativos que eu citei agora. Então se dividiu a grande Bacia de Campos em duas unidades de negócio e essas unidades de negócio eram compostas por ativos de produção. Eram não, são até hoje compostas por ativo de produção e que cada ativo tem um gerente que é responsável por tudo, ele é responsável não só pelas plataformas, como também pelas atividades de poço, pelas atividades submarinas, pelas atividades de reservatório, pela gestão de segurança, pela gestão ambiental, pelo pessoal, pelas equipes todas, pelos resultados de custo, resultados de produção de óleo, resultado de produção de gás e assim por diante. Então, é como se o gerente do ativo fosse o responsável pela aquela área e prestasse contas para o gerente geral. Então essa foi a grande reestruturação. E foi nessa época que eu me tornei gerente do ativo sul, que corresponde a parte mais rasa da Bacia de Campos, que, por coincidência é Pampo, Linguado, Badejo, Trilha, Bonito, Enchova, Enchova Oeste e Bicudo. São esses oito campos, que foi o ativo sul, ali eu fiquei três anos como gerente do ativo sul e aí eu saí de um mundo assim de; tu vê: poço, depois operação, depois construção e montagem e agora como responsável de várias atividades na liderança de um ativo. Então isso, isso foi de novo um marco, uma guinada na minha vida, né, que fiquei durante três anos, até 2003, é isso, até 2003 como gerente do ativo sul. Foi muito compensador para mim também.
P/1 – E aí é um mundo, né?
R – É um mundo, eu lembro que o ativo sul são 700 pessoas, o ativo sul todo compunha 700, a lotação do ativo sul 700 pessoas e a diversidade de problemas aumenta bastante, né, porque aí você ao invés de cuidar só de construção e montagem, só de operação, só de poço; claro que você tinha uma equipe para te ajudar, né, em baixo do gerente do ativo tem outros gerentes, é todo uma organização, mas você fica ali responsável por todos aqueles resultados já com uma atividade multidisciplinar daí, né, você já não é só de uma área, você é responsável por várias áreas que compõe o resultado daquele negócio. E eu acho que isso foi uma grande decisão da Petrobras em ter essa gestão de ativos, fez com que a Petrobras crescesse bastante no que se refere à produtividade.
P/1 – O quê que você acha, o que mudou nessa estrutura nova, uma forma operacional...?
R – Não, é porque eu acho que as pessoas ficaram mais responsabilizadas pelo resultado, eu acho que esse é o ponto marcante na minha visão, todo mundo ficou mais, o espírito de equipe dentro do ativo faz com que você foque mais no resultado, se sinta mais responsável por aquele pedaço que você está sendo cobrado. Então esse é o grande motivo, eu acho, da melhoria.
P/1 – E desse período teve algum fato marcante também, ali nessa gestão dessa iniciativa?
R – É, foi nesse período, apesar de não ser da minha área, né, foi nesse período que aconteceu aquele problema da P36, foi um fato bastante marcante na Bacia de Campos, eu acho que foi um aprendizado muito grande para todo mundo, eu vivenciei tudo isso lá, e como gerente de um outro ativo, né, que não era o da P-36, mas eu acho que a experiência ganha com tudo que aconteceu, foi marcante para mim, para a Bacia de Campos e para a Petrobras, né? Então esse foi um marco, foi bem na época que eu era gerente do ativo sul.
P/1 – Vocês foram convocados?
R – Sim, todo mundo foi convocado.
P/1 - Como foi?
R – É, isso é uma característica assim excepcional na Petrobras, que apesar do problema estar acontecendo num ativo, ou num campo, existe uma mobilização enorme dentro da Petrobras para poder dar conta daquela demanda enorme que a Petrobras estava tendo naquela época, né? E que eu acho que hoje, olhando para trás a gente percebe que a Petrobras ela tem uma força muito maior do que ela imagina para poder superar esse tipo de desafio e que não foi um pequeno desafio o que aconteceu.
P/1 – Quais foram às lições que vocês aprenderam?
R – A lição de como trabalhar em equipe, lição de contingência, a Petrobras cresceu muito nos seus procedimentos de segurança, seus procedimentos ambientais, na sua forma de abordar o problema, eu acho que isso não só a Petrobras, como a indústria de petróleo também. Em resumo seria esse o aprendizado.
P/1 – E aí dessa parte toda, até 2003, seguindo a sua trajetória...
R – Ah! Sim, aí uma outra mudança foi quando eu fui convidado para ser gerente ao Ativo Marlim, que era o, era ou é, não sei se é ainda, o maior ativo de produção da Petrobras. O Campo de Marlim hoje é o que mais produz na Petrobras, produz 400 mil barris e eu era gerente do Ativo Sul que produzia 80 mil barris na época, deve estar produzindo ainda 80, 70, não sei. Aí fui convidado para ser gerente do Ativo Marlim, que na época produzia 500, 600 mil barris, né, então era uma outra dimensão de produção, uma outra responsabilidade, uma outra visibilidade dentro da empresa, e, só para ter uma idéia, enquanto o Ativo Sul eram 700 pessoas, o Ativo Marlim era 1600 pessoas. Então o tamanho das coisas aumentaram, a responsabilidade aumentou, o número de gerentes aumentou. Trabalhavam comigo (pausa) nove gerentes, passei a ter 15 gerentes a baixo de mim e isso mexe contigo, mexe com toda a tua noção de responsabilização, de preocupação com negócio, de crescimento, e aí foi... Aí passei de novo, aí eu fiquei até o ano passado, então, foram quase quatro anos praticamente no Ativo Marlim, como gerente do Ativo Marlim. Foi uma experiência excepcional também, eu diria que a fase que eu fui gerente deste Ativo foi tão rica quanto a minha época de gerente de operação lá da P19, vamos dizer assim. Se eu fosse escolher hoje é difícil saber quais são as duas fases mais marcantes na minha vida, né, mas como gerente foram essas duas: gerente do Ativo Marlim e gerente da P-19, cada um com as suas peculiaridades, mas foram bastante marcantes.
P/1 – Me conta aí um momento marcante aí dessa parte de Marlim.
R – É, deixa eu ver. Um momento marcante foi o início da produção da P-47. Marlim eram nove plataformas e nós tivemos que construir uma nova... Construir não, nós tivemos que adaptar uma nova plataforma chamada P47, ela foi adaptada aqui no Rio de Janeiro e em 2006 ela entrou em produção. A entrada em produção da P-47 foi um desafio enorme que eu achei que ia ser um desafio enorme e que pela força da equipe, pela organização e pelo planejamento, a plataforma entrou em produção sem todo aquele impacto que eu achei que ia ter no que se refere às dificuldades de entrar em produção, graças ao planejamento e a nossa capacidade de realização.
P/1 – Era uma plataforma a mais então.
R – É, essa foi a décima plataforma do ativo, isso mesmo, eram nove plataformas, com a décima plataforma entrou a P-47, que ficou do lado da P-32, da Petrobras 32, né, então a P-47 é Petrobras 47.
P/1 – Você pode me explica, porque você estava botando uma plataforma nova no campo, a décima plataforma e como é que você faz a seleção, como é que é arranjar uma tripulação toda nova para uma plataforma...
R – É...
P/1 - Os técnicos, da onde sai esse pessoal, essa tripulação ?
R – Essa é um dos trabalhos interessantes que tem que se fazer na composição, na montagem de uma plataforma, né? Quando você fala montar uma plataforma, criar uma plataforma, não é só aço e é muito menos aço, é muito mais as pessoas, né? E isso se faz não só para a P47, isso faz para todas as outras plataformas, P50, 51, 52, 53 e aí você não pode colocar pessoas recém admitidas sozinhas numa plataforma nova. E aí é que vem a capacidade, a perspicácia da Petrobras, de saber selecionar nas plataformas antigas quais são as pessoas certas que vão fazer um mix adequado com as pessoas novas para conseguir fazer com que aquela plataforma opere de uma forma segura e rentável, vamos dizer assim. Então, essa arte...
P/1 – E quem faz esse bordado?
R – Pois é, são os gerentes de operação, com a sua visão, ajudados pelos geplats, pelos gerentes de plataforma, que vão ser os comandantes das plataformas. Eles é que buscam, selecionam, indicam pessoas nas plataformas mais antigas, para poder compor a equipe deles, como se fosse um técnico escolhendo um time, com lateral, centro-avante, meio campo, goleiro, adequado para compor o seu time, agora, donde ele vai tirar? Ele vai ter que tirar de outros times. E não é um processo tranqüilo, porque o cara que sede lá também não vai ficar alegre de perder o melhor goleiro, o melhor lateral, então essa é uma relação que é conflituosa, mas necessária para o crescimento da Petrobras e é um dos segredos do sucesso, na minha opinião, de se ter uma plataforma segura e ter uma plataforma com produtividade e uma plataforma com um ambiente de trabalho bom, essa composição certa do time, né? Quem faz isso é o geplat e o gerente de operação, com sua experiência e capacidade. Já tô falando demais!(riso)
P/1 – Não, a gente já está encaminhando já.
R – Hã.
P/1 – Só queria saber da sua entrada, lá em 88 até...
R – 87, é 87. 88 foi na Bacia de Campos.
P/1 – 87, mas na Bacia de Campos mesmo, 88, o quê que mudou, antes de você vir para o Rio, me diga uma mudança que você olhe e fala: “Nossa, como isso é diferente!”
R – Eu vou falar duas coisas que me chamam muita atenção de 1988, quando eu cheguei em Macaé, para hoje ou 1988 a Petrobras... Uma, é a cidade de Macaé, que eu acho que ela mudou muito, para melhor, apesar de ainda continuar com uma fama ruim. Então eu acho que isso é algo que me chama muita atenção. A cidade claro que poderia ser muito melhor do que ela é, mas ela melhorou muito nos últimos anos, nos últimos 15 anos. E uma outra coisa, outra coisa que chama muita atenção são as condições de segurança hoje nas plataformas da Bacia de Campos. Eu lembro que na época que eu cheguei o entendimento da Petrobras; e não era só da Petrobras, da indústria de petróleo ou até do mercado de trabalho, para o aspecto de segurança era um, hoje é outro. E o fato da Petrobras estar trabalhando num ambiente hostil, num ambiente com alto grau de risco, como é a Bacia de Campos, e ter os resultados de segurança que tem, isso é algo super-significativo na história da Bacia de Campos. Claro que isso não é do nada, não sai do nada, né? Existem marcos, existe toda uma história que fizeram com que a Petrobras e a Bacia de Campos tivessem esses resultados que tem hoje. Então eu diria, são duas coisas que me chamam bastante atenção.
P/1 – Me diz um dos marcos dessa história para você.
R - Marcos, por exemplo: o desenvolvimento do Campo de Marlim é um marco, a Petrobras recebeu prêmios no mundo inteiro; o próprio evento da P-36 foi um marco de aprendizado muito grande; o uso de FPSO’s de unidades de produção a partir de navios tanque da antiga Fronape foi também um salto que hoje a indústria de petróleo toda está utilizando – e quem começou isso foi a Petrobras, na Bacia de Campos, pela sua demanda que tinha de produzir os campos em lâmina d’água profunda. Eu acho que a cobrança interna que a Petrobras tem para ela mesma, a auto-cobrança que existe dentro da Petrobras e o comprometimento das pessoas em entregar o que promete, faz com que a Petrobras seja uma empresa que se impõe desafios e faz de tudo para conseguir superá-los, isso é algo que; eu só trabalhei na Petrobras na minha vida, mas pelo o que eu ouço falar é difícil encontrar uma empresa que tenha esse driver, vamos dizer assim, essa vontade de superar desafios como tem a Petrobras.
P/1 – Rudimar, você se acha um petroleiro?
R – Ah, claro, sem dúvida!
P/1- Qual é a alma do petroleiro, como é que é essa alma?
R – Puxa Vida!
P/1 – O quê que seria essa alma?
R – A alma do petroleiro define... Eu diria que é trabalho em equipe. Se eu fosse resumir assim: “que é ser petroleiro?” Ser petroleiro é trabalho em equipe, e isso é uma das coisas que a Petrobras sabe fazer muito bem, em qualquer nível, nível operacional, nível gerencial, nível de diretoria. O trabalho em equipe faz com que a Petrobras consiga unir as forças para superar aquilo que aparece pela frente. Então é isso.
P/1 – A gente vai terminando, eu queria saber se você gostaria de deixar algo registrado que eu não te perguntei, que a gente não falou.
R – Não, eu acho que uma coisa importante é que eu gostaria de agradecer a Petrobras, né, porque ela...(pausa)
P/1 – Rudimar, deixa eu também te perguntar...
R – Só gostaria de agradecer a Petrobras, só isso.(choro)
P/1 – Só para fechar para fechar a sua trajetória, como é que foi, você está gostando da área internacional?
R – Não, tô gostando sim. Para aí, deixa eu superar essa fase.
P/1 –Quer parar um minutinho?
R – Quero, quero. Não, não, já me superei. Já me recuperei. É que são 20 anos de Petrbras e que significou muito na minha vida pessoal, profissional, significa muito, né? Então isso... É difícil de você separar o lado racional do emocional nessa hora, quando você falou “se tu quer agradecer, quê que tu quer falar?” Agradecer a Petrobras por tudo, eu acho que tudo que eu tenho na vida, né passa pela Petrobras. (choro)
P/1 – Corre petróleo na veia?
R – (riso) Tá certo.
P/1 – Mas é isso aí mesmo. Rudimar, só também para fechar a sua trajetória, como foi a sua passagem para a área internacional, porque a gente só falou da rápido?
R – Ah, não, isso eu estava lá no Cenpes, na Engenharia Básica e a Área Internacional estava precisando de uma pessoa com experiência na parte de produção para poder passar um pouco dessa experiência da área doméstica para as unidades de negócios da Área Internacional. E aí eu fui convidado, aceitei, eu estou vendo grandes desafios, né, claro que é uma nova área, nova vida e eu acho que tudo que eu aprendi até agora, principalmente na Bacia de Campos, está me ajudando muito nessa nova fase na área internacional, para eu poder contribuir com os colegas da Área Internacional, que eu acho que tem melhorias, né, tem coisas boas que a gente pode trazer da área doméstica para a área internacional. É isso.
P/1 – Tá viajando muito?
R – Já viajei, já viajei, é. Eu ia até viajar semana passada, mas com o problema da doença eu não viajei.(riso) Mas vou viajar ainda, tô viajando bastante.(riso)
P/1 – Dessa dengue?
R – Pois é, é verdade...(riso)
P/1 – Essa não é a dengue?
R – Não sei se é dengue, se é virose, mas peguei. Mas estou me recuperando.
P/1 – Rudimar, olha, queria perguntar também se você gostou de ter participado do projeto memória.
R – Claro, gostei, nossa, você me emocionou, como é que eu não vou gostar, pô! (riso) Já viu alguma coisa que te emocione que você não gosta? Hem? (riso) Eu não conheço, então. Tô gostando, gostei muito. Acho que é uma iniciativa excelente das pessoas terem oportunidade de colocar de uma forma franca, tranqüila e aberta, contar um pouquinho da sua história, das suas experiência, para deixar isso para quem um dia quiser sentar e ouvir, e ouvirmos, né, as pessoas mais antigas, tentar tirar disso que a gente está falando boas lições para o futuro.
P/1 – Tá certo. Queria agradecer por ter vindo aqui...
R – Claro.
P/1 – Ter disponibilizado o seu tempo para nos ajudar, muito obrigada.
R – Nada, que é isso, eu que agradeço.
(Fim da Fita CB_MBAC_129)
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