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Por: Museu da Pessoa, 22 de março de 2010

Rocinha: a morada de um compositor pescador de sonhos

Esta história contém:

Rocinha: a morada de um compositor pescador de sonhos

P/1 – Douglas Tomás.

R – Edgar Vieira do Rosário.

P/1 – Senhor Edgard, eu vou pedir, pra gente começar a nossa entrevista, que você diga o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Meu nome é Edgar Vieira do Rosário, nascido em 04 de abril de 1931, morador aqui da Rocinha desde 1956. Sou o compositor mais velho da Rocinha.

P/1 – Senhor Edgar, onde é que o senhor nasceu?

R – Ramos (bairro na zona norte do município do Rio de Janeiro).

P/1 – E em que lugar o senhor mora hoje? Com é que é lá? Que lugar aqui da Rocinha que o senhor mora?

R - Olha, minha casinha é uma partezinha de 16 metros quadrados, dois andares e ainda tenho em cima um lugar onde eu coloco minhas roupas pra secar, tá entendendo? É pequena, mas eu tenho meu computador, tenho telefone de recado e comprei um fax com sacrifício, mas comprei porque eu larguei a Oi porque a Oi tava me cobrando mais do que eu podia pagar. Então larguei a Oi, tô passando fax. Vou passar fax até pro presidente da república. Eu me sinto à vontade. Meu acervo musical tem mais de 280 músicas, serestas, poesias, só não tenho funk, mas tenho hinos. Tenho dois hinos que eu vou dar pra Guanabara agora pro governador, pro prefeito. Governador não, ele tá fora do meu esquema. O governador tá fora do meu esquema, nunca me ajudou em nada, dei sempre voto a ele, nunca me ajudou em nada, tô passando fome. Tô passando fome, tô comendo batata doce e aipim e tomando chá de capim-limão. Muitas vezes passei por isso, tá entendendo? Passei por isso e de vez em quando eu passo. Eu compro toda semana dois quilos de batata, dois quilos de aipim pra não ficar passando fome dentro de casa porque o governador não me ajudou em nada. Tô recebendo um salário base de 157 reais, era 151, o governador deu um aumento monstro pra nós, seis reais! Estamos com um salário base de 157 reais. Eu recebo 600 reais porque tenho um cargo de chefia, que eu fui...

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Dados de acervo

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Projeto: Memória de Habitantes

Entrevistado por: Douglas Tomás

Depoimento de: Edgar Vieira do Rosário

Local: Rio de Janeiro

Data: 22/03/2010

Realização: Instituto Museu da Pessoa

Código: FUS_CB002

Transcrito por: Ana Carolina Ruiz

Revisado: Bruna Melo dos Santos Duque Estrada

P/1 – Senhor Edgard, para começar a nossa entrevista, peço que me diga o nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Meu nome é Edgar Vieira do Rosário, nascido em 04 de abril de 1931, morador aqui da Rocinha desde 1956 (?). Sou o compositor mais velho da Rocinha.

P/1 –Onde o Senhor nasceu?

R – Ramos.

P/1 – Em que lugar o Senhor mora hoje? Como é o lugar da Rocinha que o Senhor mora?

R - Olha, minha casinha é uma partezinha de 16 metros quadrados, dois andares e ainda tenho em cima um lugar onde eu coloco minhas roupas pra secar, tá entendendo? É pequena, mas eu tenho meu computador, tenho telefone de recado e comprei um fax com sacrifício, mas comprei porque eu larguei a Oi, porque a Oi tava me cobrando mais do que eu podia pagar. Então larguei a Oi, tô passando fax. Vou passar fax até para o presidente da república. Eu me sinto à vontade.

Meu acervo musical tem mais de 280 músicas, serestas, poesias, só não tenho funk, mas tenho hinos. Tenho dois hinos que eu vou dar pra Guanabara para o governador, para o prefeito. Para o governador não! Ele tá fora do meu esquema. Nunca me ajudou em nada, dei sempre voto a ele, nunca me ajudou em nada. Tô passando fome! Tô comendo batata doce e aipim e tomando chá de capim-limão.

Muitas vezes passei por isso, tá entendendo? Passei por isso e de vez em quando eu passo. Eu compro toda semana dois quilos de batata, dois quilos de aipim pra não ficar passando fome dentro de casa, porque o governador não me ajudou em nada. Tô recebendo um salário base de 157 reais, era 151, o governador deu um aumento monstro pra nós, seis reais. Estamos com um salário base de 157. Eu recebo 600 reais...

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