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Por: Museu da Pessoa, 19 de setembro de 2013

Retrato de um artista

Esta história contém:

Retrato de um artista

Meu nome completo é Jorge Francisco de Carvalho Melo. Nasci no interior do Piauí, em Piripiri, no dia 27 de novembro de 1948. Depois da minha mãe também ter juntado um dinheirinho por ser funcionária pública federal, foi que ela disse: “Olha, com meu casamento vão me transferir aqui da cidade, já me falam isso demais, só não me transferem porque eu moro com meu pai, minha mãe velhinha também. Vão me transferir daqui. Pra cidade que a gente for a gente vai montar uma estrutura fixa pra você, que é um comércio”. Então juntou o dinheirinho deles tal e eles foram pra Batalha, que é uma cidade perto, também uma cidadezinha de dois, três mil habitantes. To falando de vilazinhas, e lá papai investiu na atividade comercial, montou uma quitanda, uma bodega. Bodega é aquele lugar onde você compra um cigarro, ela vende de um a um cigarro, você compra 100 gramas de arroz, porque é o que o cara pede. Fumo, pedacinho de fumo de um, dois dedos, dá praquele cidadão. É uma bodega. Mas também tem, pensando assim hoje, de chinela japonesa à acordeão. Cofre a fumo, entendeu? É um empório, tem tudo. Papai teve isso a vida toda. A casa do meu pai era um quintalzão imenso perto do centro da cidade, quer dizer, no miolo da cidadezinha de Piripiri, uma casa grande com um quintalzão imenso cheio de fruteiras. Porque o meu pai por ser um cabra do interior e sem formação, ele não tinha contatos com aquela coisa formal que a gente chamava os ricos da cidade, os doutores, o filho do médico, tal tal, com quem eu jogava bola. Mas minha mãe tinha porque a função dela é uma função social de empregada pública, mas de papai foi sempre de bodeguerão bruto lá do mercado. Sempre aquele bodeguerão. Nunca bebeu, era ele que abria e fechava a igreja cinco horas da manhã, minha mãe fechava à noite, religiosíssimos os dois, e de uma ética ímpar. Os circos que vinham no interior que se armavam tinha um terreno vazio e o nosso...

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P/1 – Jorge, você pode começar falando o seu nome completo, o local e data de nascimento?

R – Claro! Meu nome completo é Jorge Francisco de Carvalho Melo. Nasci no interior do Piauí, em Piripiri, no dia 27 de novembro de 1948

P/1 – Seus pais são de Piripiri?

R – São

P/1 – Seu pai e sua mãe?

R – Papai e mamãe nunca saíram de lá e viveram em Piripiri toda vida. Já velhinhos foram pra Fortaleza por todos os filhos terem saído e eles iam ficar sozinhos

P/1 – Seus avós maternos e paternos são de Piripiri?

R – Todos de Piripiri, apenas o paterno, do lado do meu pai, o seu Domingo Borges, ele não tinha endereço fixo determinado. Ele era um cigano, andava com um bando de cavalos comprando mercadorias na região litorânea e vindo pelo interior vendendo tudo aquilo, por isso ele foi deixando filhos por onde ele passava. E essa circunstância dos Borges criou para o papai um problema, que eu não sou Borges, meu pai é Raimundo Borges, por quê? Porque pelo velho pai não aparecer, ele foi criado desde pequeno por uns tios, irmãos da mulher dele, da minha avó. E esses irmãos da minha avó, o seu Aureliano, virou meu pai na cidade. Dos 25 irmãos que papai tem, ele é o único que foi morar em cidade, na cidade era Piripiri, uma vilazinha de nada. Todo o restante, os 24 outros irmãos de papai permanecem e permaneceram até morrer no mato mesmo, mato fechado. Nenhum deles foi pra cidade

P/1 – O que seu avô paterno fazia?

R – Ele comprava mercadoria como os grupos de ciganos fazem, eles fazem isso naturalmente, compram mercadoria no litoral. Por exemplo, se fossem ciganos de hoje, chinela japonesa, relógios, remédios e vendem naqueles interiores onde não têm essa mercadoria. E lá eles adquirem material que o interior tem como animais, bois, cabras, cavalos e levam para vender nas regiões de mercado que são as cidades maiores, litorâneas. Isso hoje. Naquele tempo, nas histórias que meu pai conta, é que meu avô...

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