Projeto Memória Identidade Cultura Grupo Pão de Açúcar Depoimento de Adão de Campos. Entrevistado por Carla Vidal. São Paulo, 24/10/2003 Realização Museu da Pessoa Entrevista no. 20. Transcrito por Maria Amendola P1: Boa tarde. R: Boa tarde. P1: Adão, queria que você se apresentasse: seu nome completo, local e data de nascimento. R: Meu nome é Adão de Campos, sou gerente da loja 2410 Campo Limpo, tenho 35 anos de empresa, tá, entrei na empresa em 1968 e nasci em Nova Europa, região de Araraquara. P1: Qual data que você nasceu? R: 2/8/1953. P1: Qual o nome dos seus pais? R: Bom, meu pai é Alcides de Campos, e a minha mãe é Francisca Pinto de Campos. P1: E eles também nasceram em Nova Europa? R: A minha mãe nasceu em Catanduva. Meu pai é da região de Nova Europa também. P1: E qual era a profissão deles? R: Meu pai era ajudante geral, era pedreiro e a minha mãe sempre foi doméstica, né, do lar. P1: E quantos irmãos você teve? R: Só uma irmã, a Eva. Teve outros três, mas faleceu antes. P1: E como foi sua infância em Nova Europa? R: Olha, eu não posso dizer porque eu vim de Nova Europa com 2 anos. Eu vim muito novinho de lá e vim morar na Casa Verde. Eu era bem garotinho, tinha 2 anos. P1: E por que os seus pais vieram pra São Paulo? R: Procura de uma coisa melhor, interior era muita roça naquele tempo, muita cana e o meu pai queria dar um pouco de condição melhor pra gente e veio arriscar a vida aqui em São Paulo. P1: E a tua infância no bairro da Casa Verde como é que foi? R: Eu morei na Casa Verde de 55, por aí, até por volta de 1961, e depois eu mudei pra Cachoeirinha, onde a minha mãe mora até hoje e a minha irmã. Mas eu tive uma infância difícil, né, a gente era de família humilde, né, e tive dificuldades para estudar inclusive. Foi uma infância difícil, mas com bastante carinho por parte da mãe principalmente. Sempre acompanhando, sempre, dentro do possível, dar pra gente o que ela...
Continuar leituraProjeto Memória Identidade Cultura Grupo Pão de Açúcar Depoimento de Adão de Campos. Entrevistado por Carla Vidal. São Paulo, 24/10/2003 Realização Museu da Pessoa Entrevista no. 20. Transcrito por Maria Amendola P1: Boa tarde. R: Boa tarde. P1: Adão, queria que você se apresentasse: seu nome completo, local e data de nascimento. R: Meu nome é Adão de Campos, sou gerente da loja 2410 Campo Limpo, tenho 35 anos de empresa, tá, entrei na empresa em 1968 e nasci em Nova Europa, região de Araraquara. P1: Qual data que você nasceu? R: 2/8/1953. P1: Qual o nome dos seus pais? R: Bom, meu pai é Alcides de Campos, e a minha mãe é Francisca Pinto de Campos. P1: E eles também nasceram em Nova Europa? R: A minha mãe nasceu em Catanduva. Meu pai é da região de Nova Europa também. P1: E qual era a profissão deles? R: Meu pai era ajudante geral, era pedreiro e a minha mãe sempre foi doméstica, né, do lar. P1: E quantos irmãos você teve? R: Só uma irmã, a Eva. Teve outros três, mas faleceu antes. P1: E como foi sua infância em Nova Europa? R: Olha, eu não posso dizer porque eu vim de Nova Europa com 2 anos. Eu vim muito novinho de lá e vim morar na Casa Verde. Eu era bem garotinho, tinha 2 anos. P1: E por que os seus pais vieram pra São Paulo? R: Procura de uma coisa melhor, interior era muita roça naquele tempo, muita cana e o meu pai queria dar um pouco de condição melhor pra gente e veio arriscar a vida aqui em São Paulo. P1: E a tua infância no bairro da Casa Verde como é que foi? R: Eu morei na Casa Verde de 55, por aí, até por volta de 1961, e depois eu mudei pra Cachoeirinha, onde a minha mãe mora até hoje e a minha irmã. Mas eu tive uma infância difícil, né, a gente era de família humilde, né, e tive dificuldades para estudar inclusive. Foi uma infância difícil, mas com bastante carinho por parte da mãe principalmente. Sempre acompanhando, sempre, dentro do possível, dar pra gente o que ela podia, porque como empregada doméstica, ela não tinha uma condição muito boa. Mas dentro do possível, ela procurou fazer o que havia de melhor naquela época. P1: E você estudou onde? R: Eu estudei na Casa Verde no Grupo Escolar José Carlos Dias, estudei até o segundo ano primário e depois quando mudei pra Cachoeirinha, eu continuei no Grupo Escolar Vila Souza, até tirar o diploma do primário. Naquele tempo tinha diploma do primário. E depois parei de estudar porque tinha que trabalhar, né? Eu trabalhei em várias coisas – desde os 11 anos que eu trabalho – banca de jornal, depósito de ferro velho, todas essas coisas eu fiz. Então, com 14 anos e meio, mais ou menos, eu entrei no Pão de Açúcar onde eu fiquei até hoje. P1: Onde você está, né? R: Onde eu estou até hoje. P1: Como é que foi parar no Pão de Açúcar? Você viu algum anúncio... R: Não; através de pessoas que já trabalhavam na empresa. Eu tinha alguns amigos que conseguiram entrar naquele Pão de Açúcar da Rio Branco, que continua lá, a loja 16; e ele entrou e depois de um determinado tempo ele avisou que estava precisando de empacotadores. Aí ele avisou pra gente, nós fomos lá e conseguimos ingressar na empresa. P1: E como é que foi o processo de seleção? Você chegou lá, perguntou se tinha emprego e rolou, ou você teve que fazer algum teste? R: Teve que fazer um testezinho simples, eu não me recordo bem como é que foi o processo de admissão naquela época, mas era tudo aqui na Brigadeiro, e naquela época ainda ia uma pessoa registrar o funcionário na loja ainda, era bem artesanal mesmo. Aquela coisa de uma pessoa pegar a máquina e na loja: “você entrou tal diz, então você vai ser registrado”, tal. Tinha aquele negócio de registrar depois de três meses, aquelas coisas da época. P1: Que que você lembra da loja da Rio Branco, das disposições das gôndolas, o que era a ambientação da loja? R: Ela foi totalmente reformada, ela foi ampliada, inclusive, que ela era estreitinha ali da Rio Branco, depois a empresa comprou um terreno ao lado e ampliou a loja e mudou assim literalmente. Eu acompanhei essa mudança, não lá, mas estive por perto. E deu uma mudada violenta, com a cara nova, virou um Pão de Açúcar bonito ali, e agora é o Supermercado Barateiro. P1: E como é que era o trabalho do empacotador? Era igual o que é hoje, o que era diferente? R: Acho que não mudou muito, né? Um dos fatores principal do empacotador é o atendimento ao cliente, né? É dá um bom atendimento ali na frente do caixa, ajudar as operadoras, levar as compras dos clientes em casa e a gente fazia isso com a maior satisfação, com o maior gosto porque tinha aquele negócio do cliente dar uma gorjetinha e isso ajudava bastante no orçamento. Isso era muito bom. P1: Ganhava muita gorjeta? R: Ah! ganhei! Eu ganhei que cheguei a fazer um pacto com a minha mãe: “mãe, o salário é da senhora, a gorjeta é minha, tudo bem?” Ela falou assim: “tudo bem”. (riso). P1: E quem saiu no lucro? R: Ah, eu! Eu, porque eu tinha todo dia, né? O pagamento naquela época era dia 10, dia 25, se não me falha a memória, e eu tinha meu dinheirinho todo dia pra comprar minhas coisas. E começou a melhorar, né? Levar uma misturinha melhor pra casa, foi bem legal. P1: Como que era a embalagem? R: A embalagem nessa época era de papel grosso, marrom, tinha que bater ele no joelho pra ele estourar ___ moleque era___ gostava dessas coisas. P1: Era saco de papel? R: Era saco de papel naquela época. P1: Você lembra quando foi a mudança, que eles começaram com as sacolinhas? R: Não lembro, sinceramente. P1: Você também não lembra algum comentário dos clientes, se as pessoas comentam essa questão da embalagem? R: Não, porque foi tudo assim, foi questão de estudos. Essa tecnologia ajuda o ramo do comércio, das indústrias em todos os aspectos, né? Verificou-se que aquele papel ficava mais caro, era um papel muito grosso, era mais difícil pro cliente carregar e surgiu essa idéia da sacolinha, né, que no começo deu alguns problemas porque quebrava a alça; às vezes vazava; o cliente colocava a mercadoria, caía. Depois o pessoal se acertou e hoje a sacolinha está em todo o lugar, além do quê, os clientes gostam por causa da utilidade que tem em casa. P1: E hoje em dia tem aquele programa de reciclagem do Pão de Açúcar que todo mundo utiliza, né? R: Exatamente. P1: Como é que era o seu relacionamento com os funcionários da loja, você era enturmado, era amigo de todo mundo? R: Você quer dizer naquela época? P1: Naquela época ainda. R: Ah! Sim, eu sempre fui uma pessoa muito alegre, muito risonha, comigo dificilmente tem tristeza e eu sou uma pessoa muito fácil de fazer amizade com as outras. Graças a Deus eu me identifico bem com as pessoas. Eu tinha muita, mas muita amizade mesmo de pessoas que era empacotador naquela época comigo. Era muito bom, eu sempre fui uma pessoa de fazer bastante amizade, até hoje, graças a Deus. P1: Você lembra de alguma história engraçada, que você tenha vivenciado como empacotador? R: Como empacotador? Eu não lembro, mas eu sei que no primeiro dia que eu cheguei na loja 16 pra trabalhar, o gerente era seu Cláudio, né? Finado Cláudio. E eu cheguei cedo, né, primeiro dia de trabalho eu cheguei 6 horas da manhã na loja e a primeira coisa que ele mandou fazer (como empacotador?) foi passar o pano na loja. Puta, aquilo me deixou... Eu falei: “Caramba, será que eu vou ficar de faxineiro?” (riso). Eu sei que foi uma coisa que marcou, sabe? Porque você veio com uma expectativa e encontrou uma outra. Mas ali era tudo uma tendência de mercado, né? A gente sabe que dentro de uma loja tem que se fazer de tudo. Desde lá eu aprendi que dentro de um supermercado você não pode ser uma pessoa que só faz uma coisa, tem que tentar fazer tudo que for necessário. P1: Então na sua história de Pão de Açúcar você já fez várias coisas? R: Ah, já! P1: Conta então pra mim quais foram as coisas que você já fez. R: Bom, como eu disse, eu entrei como empacotador, eu fui empacotador 9 meses, né, na loja 16. Depois fui pra loja 30, na rua Fernando de Albuquerque. E depois eu gostei da portaria e procurei aprender na portaria. Fiquei pouco tempo na portaria, acho que uns 5 meses como auxiliar de portaria. Depois eu fui pra mercearia, que eu gostava mesmo é de abastecer. Aí, eu fui repositor 4 anos e passei pra encarregado de seção, estagiário encarregado, e aí foi seguindo a carreira até chegar onde eu estou hoje. P1: Como que era o trabalho da portaria? R: A portaria naquela época era bem manual mesmo. A agenda era manual, você recebia tudo, tinha que agendar naqueles bloquinhos na caneta, fazer a soma na maquininha, mas era um trabalho de extrema importância – que lá é que entra a mercadoria e se ela não entrar bem na portaria aí começa a gerar quebra e uma série de coisas. P1: E na mercearia? R: A mercearia é bom porque é ali que você abastece pro cliente, né? Você coloca as mercadorias pro cliente. Eu mesmo me sentia muito satisfeito como repositor quando deixava a minha gôndola toda bonita. Naquele tempo a primeira coisa que o repositor tinha mania era chegar e ia, espelhava a loja. Então, isso já é bem antigo, que é fazer aquela frente, deixar tudo arrumadinho, aí depois começar a abastecer. Era muito gostoso, gostava demais desse tempo. P1: Tinha competição entre vocês pra ver quem deixava mais bonito? R: Nossa, era uma briga! Eu não queria ver meu colega com a seção dele arrumadinha e a minha desarrumada. Então, chegava o caminhão, era aquela briga de cada um para abastecer mais rápido possível e ficar tudo arrumadinho, tudo em ordem. Era muito gostoso, muito vibrante. P1: Quando você define assim: “muito gostoso”, “muito vibrante”, que sentimento além de vibrante, por quê? R: Entusiasmo, né? É bom você saber que você está fazendo bem uma coisa, que você gosta. E depois no final do dia o seu trabalho foi realizado, você vai embora tranqüilo, sabendo que o seu trabalho foi realizado. Então essa é uma sensação gostosa de “ó, chegou o caminhão, nós conseguimos abastecer tudo, legal!” Sabe aquela coisa assim? Muito bom. P1: Do jeito que você olhava se tava bonita, tava ordenada, você olhava pra sua gôndola pra ver se estava vazia e via se tinha saído mais produtos? R: Ah! sim. Aquele tempo a gente ajudava muito o encarregado de seção, né? Porque naquela época o encarregado pegava um bloco de pedido, né, com todos os produtos listado da loja, tudo escrito ali. E o encarregado ia de gôndola em gôndola fazer o pedido junto com o repositor. Então a gente dava muita opinião, muito palpite: “Ó, isso não tá vendendo”, “isso vendeu bem essa semana, você repete, ou reforça”. Então, a gente participava muito também. P1: E você sempre trabalhou na Bandeira do Pão de Açúcar? R: Sempre, até 98 eu fiquei na Bandeira Pão de Açúcar. Depois, comprou o Barateiro e eu vim pro Barateiro para integração e acabei ficando. E estou até hoje no Barateiro. P1: Como foi o seu estágio para gerente? R: Foi bom, foi 4 meses de estágio. Naquela época o treinamento era no Extra Aeroporto, né? Eu, como já tinha 12 ou 13 anos de empresa, a gente já conhecia bem a operação de loja. A gente teve um pouco mais de dificuldade na parte administrativa, na parte gerencial, que aí você teve que aprender mesmo. Mas não tive dificuldade. P1: Descreve pra mim esse treinamento, do que era constituído se tinha atividades práticas, teóricas? R: Tinha prática e teórica, tinha todo um cronograma, você tinha uma cartilha pra você seguir. Por exemplo: “Você vai ficar uma semana, 10 dias, na mercearia”. Tinha algumas lojas já determinadas pelo Recursos Humanos que eram escolhidas pra poder dar o treinamento diferente. Então, “olha, você vai pra essa loja”, “você vai pra esse”, “vai pr’aquela”. Então, a gente ficava determinado período em cada loja gerenciando todas as seções: mercearia, carnes e aves, (FLV?), frios e laticínios, bazar, frente de caixa, portaria, e por fim gerência, né? E tinha muita prática e muita teoria. Lá no Extra, uma, duas vezes, ou até mais, a gente tinha reuniões pra aprender a parte teórica da coisa, né? P1: Por exemplo? R: Por exemplo, você lê o objetivo de uma seção, e vinha uma determinada pessoa e explicava pra gente direitinho o que tinha uma mercearia, o que precisava se fazer, qual o objetivo daquilo estar naquele lugar, porque precisava estar. Era bem assim. Então você já ia pra loja com aquele relatório e ia praticar tudo aquilo que você ouviu lá. P1: Esse treinamento que você vivenciou, ele mudou de lá pra cá? R: A empresa muda muito, né? A empresa inova demais e sempre a gente tá tendo reuniões pra tá aprendendo coisa nova. A empresa mostra muita coisa nova até hoje. Eu acho que a nossa vida é um eterno aprendizado, nós vamos ficar a vida inteira aprendendo. P1: E você consegue apontar pra gente algumas mudanças que você considere importantes, que te facilitaram a vida? R: Olha, naquela época não tinha muita tecnologia, vamos se dizer assim. Então, era tudo manual. Por exemplo: descarregava-se um caminhão no ombro, no braço. A especificação era com aquelas maquininhas, aquelas alteração de preço tinha que arrancar a etiquetinha mercadoria por mercadoria, depois tinha que carimbar tudo de novo. Eu me lembro de uma passagem de quando eu era empacotador: acabava a energia, aquelas máquinas de (CR?), mecânica, a moça digitava o valor e você com a manivela do lado pra poder funcionar. Hoje, se você falar em mudança nessa empresa é da água pro vinho. Comunicação, RH e principalmente esses três pilares que o dr. Abílio sempre fala e a empresa emprega que é a tecnologia. Isso é fantástico, né? P1: Que três pilares são esses? R: Um é o pessoal; o outro é um capital firme, um capital seguro. E o outro é a tecnologia. P1: Pessoal, capital e tecnologia. R: É. P1: E como você identifica esses pilares no teu dia-a-dia? R: Eu, como gerente de loja, eu convivo com pessoas todos os dias, né? É treinando, é aprendendo, [e] até [com] o próprio cliente. Então, a gente aprende a valorizar as pessoas. Inclusive tem até o programa de gerência de gente que é pra gente aprender a lidar com pessoas, valorizar as pessoas. E a parte fincanceira é a rentabilidade da empresa, a gente tem que trabalhar, a empresa visa lucro e a gente tem que ter um capital estável. E tecnologia é o que nos ajuda no dia-a-dia em tudo que acontece dentro da loja. A tecnologia nos ajuda desde a portaria até a saída do cliente. Tudo, é uma maravilha. P1: Dentro desses pilares, principalmente essa questão das pessoas é muito forte dentro da loja. Você viveu alguma história relacionada a clientes que tenha te marcado, ou algum caso que tenha sido fora do normal? R: Tem. (riso) Tem uma besteirinha, mas eu vou contar. Eu era (gerente da loja 50 da?) Angélica, inclusive o dr. Luís Antônio Viana contou isso numa reunião e foi só risada, né? Ele é uma pessoa muito legal. Eu lembro que ele tinha uma conhecida dele na Angélica, então ele falava: “Fulana de tal vai vir aqui, você atende ela legal”, eu falei: “legal doutor.” Tudo bem, um dia essa moça foi na loja, fez uma compra e tinha um determinado horário pra entregar e eu avisei a frente de caixa pra que “tem que estar no horário, está marcado”. E eu me lembro que eu cheguei na loja, eu saí pra almoçar ou fazer alguma coisa, voltei e a compra estava lá ainda. Aí eu fiquei bravo, né? Peguei a pessoa e falei: “Como?! Pedi pra entregar no horário, você não entregou.” Parece que ela até ligou perguntando o porquê de estar atrasado, né? Aí eu peguei um garoto e falei: “Vem cá”. Agora me foge o que eu falei, eu sei que eu falei assim com ele: “Olha, você vai lá e leva essa entrega pra cliente porque depois eu vou comer o rabo da pessoa que eu mandei fazer isso e não fez”. E o garoto falou exatamente com essas palavras pra cliente: “Ó, seu Adão mandou eu entregar aqui porque ele vai descobrir quem é que ele mandou entregar e não entregou, que ele vai comer o rabo dessa pessoa”. Aí foi um problema, essa pessoa até ligou pro Antônio Viana... Eu achei até engraçado, né, porque na vontade, na ânsia de você tomar atitude, você fala um besteirol assim mesmo. Escapou. E eu não sabia dessa história, né, ela contou pra ele e ele ficou qüietinho. Um dia numa reunião aí e ele começou a contar. No fim ele parou e falou: “O gerente é um amigo da gente, muito antigo. Eu vou falar o nome dele?” E alguém falou: “Fala, fala!”, “É o Adão”. Nossa, aí foi só risada. Eu só não fiquei vermelho porque eu sou crioulo. (riso) Foi muito legal. Foi muito legal, não! Foi uma coisa interessante, fora do comum você falar uma coisa dessas. P1: E ficou guardada anos. R: Ah, ficou, ficou. Depois ele soltou lá. E eu não esqueço. “Como é que foi que eu fui capaz de...” P1: Como é o trabalho de gerente de loja? O que você tem que fazer durante o dia, quais são suas atribuições? R: Ah, são várias, né? O que ele tem que olhar mesmo, principalmente, é o funcionamento de loja. Uma loja tem que estar arrumada e não é pra mim, tem que estar arrumada pro cliente. Então tem que estar uma loja limpa, uma loja organizada, uma loja especificada, que não pode ter produtos vencidos, uma loja tem que estar preparada, abastecida e ter um bom atendimento. Isso é muito importante. Se você chega na loja e ela está numa desordem parece que você não consegue arrumar o dia inteiro. Então você tem que montar esquema, você tem que arrumar formas de você abre a loja com um bom aspecto organizado, de forma que o cliente se sinta bem dentro da loja. P1: Como foi a sua a sua saída do Pão de Açúcar pra entrar no Barateiro? R: Quando comprou o Barateiro, o Barateiro tinha 32 lojas e ficou algumas pro Extra e as outras ficou com o Pão de Açúcar, e a diretoria resolveu não mudar o nome, né, ficou Barateiro mesmo. E quem veio tomar conta dessa divisão do Barateiro foi o seu Mário Gomes, um ex-diretor que já saiu, e ele trouxe com ele na ocasião o Francisco – que a gente chama de Chico – e o (Vagner Dolegate?), né? E eles tinham que trazer alguém lá do Pão de Açúcar pra ajudar a fazer a integração, pra ajudar a colaborar e aí eu vim no pacote. E foi gerente na loja 1737 na Rua Vergueiro – foi a primeira loja que eu peguei. P1: Como foi essa integração? R: Foi uma integração difícil porque o Barateiro tinha uma linha de produtos totalmente diferente do Pão de Açúcar, né? Uma linha muito grande e era bem diferente. E as pessoas trabalhavam de forma diferente. A forma operacional do Barateiro era diferente. E a gente teve que, com jeitinho, começar a conversar com as pessoas, tentando introduzir... E tá aí o Barateiro até hoje. P1: E agora tem um novo desafio. R: É. Mudou a diretoria, saiu seu Mário, entrou seu (Andraus?) e aí deu segmento, teve virada, um monte de coisa. P1: O que é isso: “virada”? R: É o que a gente chama de “virada do Barateiro”. Isso aí foi há 2 ou 3anos atrás, que a gente precisava dar uma nova cara, um novo formato pro Barateiro. E a diretoria se reuniu, as pessoas projetaram um novo estilo Barateiro com cores novas, um slogan, aquela florzinha do lado e foi feito tudo isso em todas as lojas, foi feito todo o esquema de dar uma reforma nas lojas, dar uma geral, mudar mesmo a cara da loja. Teve (cultura?) no Barateiro. As diretorias foram passar o novo conceito do Barateiro pra todos funcionários. E teve um dia que a gente chamou de “grande virada” e foi um sucesso tremendo. O Barateiro tem melhorado dia-a-dia e hoje está incorporando a Rede Compre Bem junto com o Barateiro; lá no Rio ganhou o (ABCBarateiro?), foi uma rede que comprou há um tempo atrás. Então o Barateiro hoje é muito forte e é uma das redes, uma das bandeiras com uma tendência muito grande de crescimento daqui pra frente. P1: O Pão de Açúcar tem uma inovação que a gente falou até pouco aqui que foi a contratação, a incorporação de idosos nas lojas. Um trabalho de responsabilidade social. Você teve pessoas da terceira idade trabalhando com você em alguma loja? R: Tive na Angélica. Teve uma época que de 30 operadoras de caixa que eu tinha, tinha umas 10 ou 12 tudo gestante, né? E aí dá aquela coisa porque depois quando tem que sair tem que sair tudo, fica 5 meses afastado. E a gente pensou bem: “Por que não dá oportunidade pra essas pessoas já?”, por exemplo, acima de 30, 35 a 50, 60 anos? E aí nós tivemos algumas. Deu bastante certo fazer isso daí. São pessoas bastante responsáveis também, que já passaram por muita coisa nessa vida e olham pro outro e conseguem dar um bom atendimento, conseguem conversar. É muito bom. P1: Que outras iniciativas o Pão de Açúcar teve nessa área social que você se recorda? R: Ish, tem bastante. E agora pra recordar? P1: Nas suas lojas tinham coleta seletiva? R: Não, naquela época não. Agora, sim. Projeto social eu tenho na minha loja que é um negócio recente. Eu faço um baile de terceira idade uma vez por mês, eu tenho no estacionamento espaço reservado pra terceira idade. Duas vezes por semana elas têm aula de ginástica. Agora a prefeitura do Campo Limpo vai montar uma estrutura perto... Há 15 dias atrás nós tivemos uma feira de Fuscas usado, carro usado, aqueles carros bem antigos. Tudo isso é um projeto que ajuda. P1: E é da tua loja? Por que eu não conhecia esse tipo de trabalho. R: É, tem. Tudo isso junto com o marketing, o pessoal dá apoio e a gente tem feito. P1: E você sente retorno dessas ações? R: Ah, sente, porque o pessoal de bairro é muito carente de divertimento, às vezes não tem um shopping por perto... principalmente homem, né? Você monta uma feira de carro, pronto! É uma paixão que os caras gosta. Ah, temos também aos sábados uma roda de capoeira, o pessoal fica ali 1 hora ali por perto fazendo umas capoeira e a criançada gosta. Tudo isso incentiva, tudo isso é muito bom. P1: E na parte de comunicação, nos comerciais, na forma de divulgar as lojas, de divulgar as marcas, o que o Pão de Açúcar evoluiu? Você lembra de algum jingle, alguma música de comercial? R: Ah, tem uma muito antiga que é essa que voltou pro Pão de Açúcar de novo que é “Pão de Açúcar é lugar de gente feliz”. E isso já é uma coisa bem lá atrás e voltou de novo. P1: Ah, é? R: É. E hoje a empresa está mais prática, ela inovou muito, ela está muito focada, está mais fácil dela assimilar pro cliente do que ela quer passar. P1: E você tem alguma questão ligada à mudança, à inovação, pioneirismo do Pão de Açúcar que você acha que vale a pena registrar? R: Pioneirismo do Pão de Açúcar que eu posso me recordar é os hipermercados, né? Que pro nosso ramo foi um mártir, uma coisa assim que marcou muito os hipermercados. O Jumbo Eletro... Na época era só Jumbo, depois é que veio a aquisição da Eletro, que era um hipermercado que vendia de tudo, né? Essa pra mim foi um marco dentro dessa empresa. Depois vieram os outros, né, seguindo aí. P1: Você tem alguma história, alguma questão referente a seu Valentim? R: História assim, não. Mas a gente tem do seu Valentim, uma pessoa muito querida, uma pessoa que até hoje ele vai nas lojas, ele faz questão de cumprimentar os funcionários, muito doce, é uma figura sensacional. Ele é um paizão de todo mundo, paizão no bom sentido, né? É uma pessoa muito querida, todo mundo gosta dele. Pra mim, é um ser humano fantástico. Além de tudo, um vencedor na vida, brigou aí e está onde está. P1: E sobre o Abílio Diniz? R: O dr. Abílio pra gente é o nosso grande líder, né? Eu que estou nessa empresa há muito tempo, desde 68, vi essa empresa passar por momentos difíceis, momentos bons e momentos de conquista, como foi 88, 89, 90, quando dr. Abílio passou a ser majoritário e ele com a sua garra, com a sua liderança, com a sua força reuniu o grupo, não mediu esforços e fez um monte de coisa que tinha que se fazer na época: lojas foram fechadas, saíram muitos funcionários, mas olha, depois de um certo tempo essa empresa se reergueu de novo. Muita luta, muita batalha e está aí essa potência que é hoje. Então, é difícil encontrar palavras pra descrever o que é o dr. Abílio como profissional, como líder da gente. Ele é fantástico. P1: E você, Adão, o que você faz, quem é a sua família, o que você gosta, quem é o Adão que também não trabalha? (riso) R: Eu gosto muito de música, qualquer tipo de música e cada um em cada momento. Eu sou ainda muito partidário das músicas antigas, lá atrás, eu gosto de samba, pagode de vez em quando, gosto de rock. Eu adoro música. E na medida do possível eu vou pegar uma prainha porque eu preciso conservar a cor. Gosto muito de ir pro litoral. Adoro futebol, sou grosso, mas eu gosto de futebol. Sou Corinthiano, né? Eu acho que eu sou um pai muito legal com meus filhos. Às vezes a gente tem pouco tempo porque a gente trabalha bastante e tem que se dedicar ao trabalho, mas acho que quando a gente tá junto a gente se diverte bastante e eu acho que eu sou um pai legal; eu imagino. P1: Você tem quantos filhos? R: Três: duas meninas e um menino. P1: Você tem algum sonho que você ainda está correndo atrás? R: Olha, sonho a gente tem. Todo mundo tem o seu sonho. O meu sonho é que os meus filhos terminem os estudos e todos eles consigam se formar; a minha filha se forma nesse final de ano. O sonho que a gente tem é saúde, a gente pedir a Deus muita saúde e força e disposição pra poder trabalhar, né? Esse é o que eu mais peço pra Deus hoje é isso: saúde e disposição pra trabalhar. E ter minha família unida como eu tenho hoje. E trabalhar na empresa mais uns anos, se a gente está aqui há 35 anos é sinal que é uma empresa excelente. É muito gratificante pra mim. P1: O que você achou desse papo aqui sobre Memória do Pão de Açúcar, sobre a sua história no Pão de Açúcar, você gostou? R: Ah, muito bom, muito bom. Pude falar de algumas coisas que eu não tinha comentado ainda, né? E deu pra gente colocar muita coisa pra fora, falar da empresa, o que foi a empresa, o que é hoje. Foi muito bom. E é bom a gente participar de uma entrevista dessa, que a gente desinibe um pouco – eu sou um cara meio inibido, sabe? Meio acanhado, meio tímido, mas é bom pra ajudar a evoluir profissionalmente. P1: Então muito obrigada, foi um prazer te conhecer. R: Prazer foi meu. E obrigado pela oportunidade. P1: Só tem gente maravilhosa aqui, né? Vou mandar meu currículo pro RH. R: Posso sair de cena? FIM DA FITA. P1: Boa tarde. R: Boa tarde. P1: Adão, queria que você se apresentasse: seu nome completo, local e data de nascimento. R: Meu nome é Adão de Campos, sou gerente da loja 2410 Campo Limpo, tenho 35 anos de empresa, tá, entrei na empresa em 1968 e nasci em Nova Europa, região de Araraquara. P1: Qual data que você nasceu? R: 2/8/1953. P1: Qual o nome dos seus pais? R: Bom, meu pai é Alcides de Campos, e a minha mãe é Francisca Pinto de Campos. P1: E eles também nasceram em Nova Europa? R: A minha mãe nasceu em Catanduva. Meu pai é da região de Nova Europa também. P1: E qual era a profissão deles? R: Meu pai era ajudante geral, era pedreiro e a minha mãe sempre foi doméstica, né, do lar. P1: E quantos irmãos você teve? R: Só uma irmã, a Eva. Teve outros três, mas faleceu antes. P1: E como foi sua infância em Nova Europa? R: Olha, eu não posso dizer porque eu vim de Nova Europa com 2 anos. Eu vim muito novinho de lá e vim morar na Casa Verde. Eu era bem garotinho, tinha 2 anos. P1: E por que os seus pais vieram pra São Paulo? R: Procura de uma coisa melhor, interior era muita roça naquele tempo, muita cana e o meu pai queria dar um pouco de condição melhor pra gente e veio arriscar a vida aqui em São Paulo. P1: E a tua infância no bairro da Casa Verde como é que foi? R: Eu morei na Casa Verde de 55, por aí, até por volta de 1961, e depois eu mudei pra Cachoeirinha, onde a minha mãe mora até hoje e a minha irmã. Mas eu tive uma infância difícil, né, a gente era de família humilde, né, e tive dificuldades para estudar inclusive. Foi uma infância difícil, mas com bastante carinho por parte da mãe principalmente. Sempre acompanhando, sempre, dentro do possível, dar pra gente o que ela podia, porque como empregada doméstica, ela não tinha uma condição muito boa. Mas dentro do possível, ela procurou fazer o que havia de melhor naquela época. P1: E você estudou onde? R: Eu estudei na Casa Verde no Grupo Escolar José Carlos Dias, estudei até o segundo ano primário e depois quando mudei pra Cachoeirinha, eu continuei no Grupo Escolar Vila Souza, até tirar o diploma do primário. Naquele tempo tinha diploma do primário. E depois parei de estudar porque tinha que trabalhar, né? Eu trabalhei em várias coisas – desde os 11 anos que eu trabalho – banca de jornal, depósito de ferro velho, todas essas coisas eu fiz. Então, com 14 anos e meio, mais ou menos, eu entrei no Pão de Açúcar onde eu fiquei até hoje. P1: Onde você está, né? R: Onde eu estou até hoje. P1: Como é que foi parar no Pão de Açúcar? Você viu algum anúncio... R: Não; através de pessoas que já trabalhavam na empresa. Eu tinha alguns amigos que conseguiram entrar naquele Pão de Açúcar da Rio Branco, que continua lá, a loja 16; e ele entrou e depois de um determinado tempo ele avisou que estava precisando de empacotadores. Aí ele avisou pra gente, nós fomos lá e conseguimos ingressar na empresa. P1: E como é que foi o processo de seleção? Você chegou lá, perguntou se tinha emprego e rolou, ou você teve que fazer algum teste? R: Teve que fazer um testezinho simples, eu não me recordo bem como é que foi o processo de admissão naquela época, mas era tudo aqui na Brigadeiro, e naquela época ainda ia uma pessoa registrar o funcionário na loja ainda, era bem artesanal mesmo. Aquela coisa de uma pessoa pegar a máquina e na loja: “você entrou tal diz, então você vai ser registrado”, tal. Tinha aquele negócio de registrar depois de três meses, aquelas coisas da época. P1: Que que você lembra da loja da Rio Branco, das disposições das gôndolas, o que era a ambientação da loja? R: Ela foi totalmente reformada, ela foi ampliada, inclusive, que ela era estreitinha ali da Rio Branco, depois a empresa comprou um terreno ao lado e ampliou a loja e mudou assim literalmente. Eu acompanhei essa mudança, não lá, mas estive por perto. E deu uma mudada violenta, com a cara nova, virou um Pão de Açúcar bonito ali, e agora é o Supermercado Barateiro. P1: E como é que era o trabalho do empacotador? Era igual o que é hoje, o que era diferente? R: Acho que não mudou muito, né? Um dos fatores principal do empacotador é o atendimento ao cliente, né? É dá um bom atendimento ali na frente do caixa, ajudar as operadoras, levar as compras dos clientes em casa e a gente fazia isso com a maior satisfação, com o maior gosto porque tinha aquele negócio do cliente dar uma gorjetinha e isso ajudava bastante no orçamento. Isso era muito bom. P1: Ganhava muita gorjeta? R: Ah! ganhei! Eu ganhei que cheguei a fazer um pacto com a minha mãe: “mãe, o salário é da senhora, a gorjeta é minha, tudo bem?” Ela falou assim: “tudo bem”. (riso). P1: E quem saiu no lucro? R: Ah, eu! Eu, porque eu tinha todo dia, né? O pagamento naquela época era dia 10, dia 25, se não me falha a memória, e eu tinha meu dinheirinho todo dia pra comprar minhas coisas. E começou a melhorar, né? Levar uma misturinha melhor pra casa, foi bem legal. P1: Como que era a embalagem? R: A embalagem nessa época era de papel grosso, marrom, tinha que bater ele no joelho pra ele estourar ___ moleque era___ gostava dessas coisas. P1: Era saco de papel? R: Era saco de papel naquela época. P1: Você lembra quando foi a mudança, que eles começaram com as sacolinhas? R: Não lembro, sinceramente. P1: Você também não lembra algum comentário dos clientes, se as pessoas comentam essa questão da embalagem? R: Não, porque foi tudo assim, foi questão de estudos. Essa tecnologia ajuda o ramo do comércio, das indústrias em todos os aspectos, né? Verificou-se que aquele papel ficava mais caro, era um papel muito grosso, era mais difícil pro cliente carregar e surgiu essa idéia da sacolinha, né, que no começo deu alguns problemas porque quebrava a alça; às vezes vazava; o cliente colocava a mercadoria, caía. Depois o pessoal se acertou e hoje a sacolinha está em todo o lugar, além do quê, os clientes gostam por causa da utilidade que tem em casa. P1: E hoje em dia tem aquele programa de reciclagem do Pão de Açúcar que todo mundo utiliza, né? R: Exatamente. P1: Como é que era o seu relacionamento com os funcionários da loja, você era enturmado, era amigo de todo mundo? R: Você quer dizer naquela época? P1: Naquela época ainda. R: Ah! Sim, eu sempre fui uma pessoa muito alegre, muito risonha, comigo dificilmente tem tristeza e eu sou uma pessoa muito fácil de fazer amizade com as outras. Graças a Deus eu me identifico bem com as pessoas. Eu tinha muita, mas muita amizade mesmo de pessoas que era empacotador naquela época comigo. Era muito bom, eu sempre fui uma pessoa de fazer bastante amizade, até hoje, graças a Deus. P1: Você lembra de alguma história engraçada, que você tenha vivenciado como empacotador? R: Como empacotador? Eu não lembro, mas eu sei que no primeiro dia que eu cheguei na loja 16 pra trabalhar, o gerente era seu Cláudio, né? Finado Cláudio. E eu cheguei cedo, né, primeiro dia de trabalho eu cheguei 6 horas da manhã na loja e a primeira coisa que ele mandou fazer (como empacotador?) foi passar o pano na loja. Puta, aquilo me deixou... Eu falei: “Caramba, será que eu vou ficar de faxineiro?” (riso). Eu sei que foi uma coisa que marcou, sabe? Porque você veio com uma expectativa e encontrou uma outra. Mas ali era tudo uma tendência de mercado, né? A gente sabe que dentro de uma loja tem que se fazer de tudo. Desde lá eu aprendi que dentro de um supermercado você não pode ser uma pessoa que só faz uma coisa, tem que tentar fazer tudo que for necessário. P1: Então na sua história de Pão de Açúcar você já fez várias coisas? R: Ah, já! P1: Conta então pra mim quais foram as coisas que você já fez. R: Bom, como eu disse, eu entrei como empacotador, eu fui empacotador 9 meses, né, na loja 16. Depois fui pra loja 30, na rua Fernando de Albuquerque. E depois eu gostei da portaria e procurei aprender na portaria. Fiquei pouco tempo na portaria, acho que uns 5 meses como auxiliar de portaria. Depois eu fui pra mercearia, que eu gostava mesmo é de abastecer. Aí, eu fui repositor 4 anos e passei pra encarregado de seção, estagiário encarregado, e aí foi seguindo a carreira até chegar onde eu estou hoje. P1: Como que era o trabalho da portaria? R: A portaria naquela época era bem manual mesmo. A agenda era manual, você recebia tudo, tinha que agendar naqueles bloquinhos na caneta, fazer a soma na maquininha, mas era um trabalho de extrema importância – que lá é que entra a mercadoria e se ela não entrar bem na portaria aí começa a gerar quebra e uma série de coisas. P1: E na mercearia? R: A mercearia é bom porque é ali que você abastece pro cliente, né? Você coloca as mercadorias pro cliente. Eu mesmo me sentia muito satisfeito como repositor quando deixava a minha gôndola toda bonita. Naquele tempo a primeira coisa que o repositor tinha mania era chegar e ia, espelhava a loja. Então, isso já é bem antigo, que é fazer aquela frente, deixar tudo arrumadinho, aí depois começar a abastecer. Era muito gostoso, gostava demais desse tempo. P1: Tinha competição entre vocês pra ver quem deixava mais bonito? R: Nossa, era uma briga! Eu não queria ver meu colega com a seção dele arrumadinha e a minha desarrumada. Então, chegava o caminhão, era aquela briga de cada um para abastecer mais rápido possível e ficar tudo arrumadinho, tudo em ordem. Era muito gostoso, muito vibrante. P1: Quando você define assim: “muito gostoso”, “muito vibrante”, que sentimento além de vibrante, por quê? R: Entusiasmo, né? É bom você saber que você está fazendo bem uma coisa, que você gosta. E depois no final do dia o seu trabalho foi realizado, você vai embora tranqüilo, sabendo que o seu trabalho foi realizado. Então essa é uma sensação gostosa de “ó, chegou o caminhão, nós conseguimos abastecer tudo, legal!” Sabe aquela coisa assim? Muito bom. P1: Do jeito que você olhava se tava bonita, tava ordenada, você olhava pra sua gôndola pra ver se estava vazia e via se tinha saído mais produtos? R: Ah! sim. Aquele tempo a gente ajudava muito o encarregado de seção, né? Porque naquela época o encarregado pegava um bloco de pedido, né, com todos os produtos listado da loja, tudo escrito ali. E o encarregado ia de gôndola em gôndola fazer o pedido junto com o repositor. Então a gente dava muita opinião, muito palpite: “Ó, isso não tá vendendo”, “isso vendeu bem essa semana, você repete, ou reforça”. Então, a gente participava muito também. P1: E você sempre trabalhou na Bandeira do Pão de Açúcar? R: Sempre, até 98 eu fiquei na Bandeira Pão de Açúcar. Depois, comprou o Barateiro e eu vim pro Barateiro para integração e acabei ficando. E estou até hoje no Barateiro. P1: Como foi o seu estágio para gerente? R: Foi bom, foi 4 meses de estágio. Naquela época o treinamento era no Extra Aeroporto, né? Eu, como já tinha 12 ou 13 anos de empresa, a gente já conhecia bem a operação de loja. A gente teve um pouco mais de dificuldade na parte administrativa, na parte gerencial, que aí você teve que aprender mesmo. Mas não tive dificuldade. P1: Descreve pra mim esse treinamento, do que era constituído se tinha atividades práticas, teóricas? R: Tinha prática e teórica, tinha todo um cronograma, você tinha uma cartilha pra você seguir. Por exemplo: “Você vai ficar uma semana, 10 dias, na mercearia”. Tinha algumas lojas já determinadas pelo Recursos Humanos que eram escolhidas pra poder dar o treinamento diferente. Então, “olha, você vai pra essa loja”, “você vai pra esse”, “vai pr’aquela”. Então, a gente ficava determinado período em cada loja gerenciando todas as seções: mercearia, carnes e aves, (FLV?), frios e laticínios, bazar, frente de caixa, portaria, e por fim gerência, né? E tinha muita prática e muita teoria. Lá no Extra, uma, duas vezes, ou até mais, a gente tinha reuniões pra aprender a parte teórica da coisa, né? P1: Por exemplo? R: Por exemplo, você lê o objetivo de uma seção, e vinha uma determinada pessoa e explicava pra gente direitinho o que tinha uma mercearia, o que precisava se fazer, qual o objetivo daquilo estar naquele lugar, porque precisava estar. Era bem assim. Então você já ia pra loja com aquele relatório e ia praticar tudo aquilo que você ouviu lá. P1: Esse treinamento que você vivenciou, ele mudou de lá pra cá? R: A empresa muda muito, né? A empresa inova demais e sempre a gente tá tendo reuniões pra tá aprendendo coisa nova. A empresa mostra muita coisa nova até hoje. Eu acho que a nossa vida é um eterno aprendizado, nós vamos ficar a vida inteira aprendendo. P1: E você consegue apontar pra gente algumas mudanças que você considere importantes, que te facilitaram a vida? R: Olha, naquela época não tinha muita tecnologia, vamos se dizer assim. Então, era tudo manual. Por exemplo: descarregava-se um caminhão no ombro, no braço. A especificação era com aquelas maquininhas, aquelas alteração de preço tinha que arrancar a etiquetinha mercadoria por mercadoria, depois tinha que carimbar tudo de novo. Eu me lembro de uma passagem de quando eu era empacotador: acabava a energia, aquelas máquinas de (CR?), mecânica, a moça digitava o valor e você com a manivela do lado pra poder funcionar. Hoje, se você falar em mudança nessa empresa é da água pro vinho. Comunicação, RH e principalmente esses três pilares que o dr. Abílio sempre fala e a empresa emprega que é a tecnologia. Isso é fantástico, né? P1: Que três pilares são esses? R: Um é o pessoal; o outro é um capital firme, um capital seguro. E o outro é a tecnologia. P1: Pessoal, capital e tecnologia. R: É. P1: E como você identifica esses pilares no teu dia-a-dia? R: Eu, como gerente de loja, eu convivo com pessoas todos os dias, né? É treinando, é aprendendo, [e] até [com] o próprio cliente. Então, a gente aprende a valorizar as pessoas. Inclusive tem até o programa de gerência de gente que é pra gente aprender a lidar com pessoas, valorizar as pessoas. E a parte fincanceira é a rentabilidade da empresa, a gente tem que trabalhar, a empresa visa lucro e a gente tem que ter um capital estável. E tecnologia é o que nos ajuda no dia-a-dia em tudo que acontece dentro da loja. A tecnologia nos ajuda desde a portaria até a saída do cliente. Tudo, é uma maravilha. P1: Dentro desses pilares, principalmente essa questão das pessoas é muito forte dentro da loja. Você viveu alguma história relacionada a clientes que tenha te marcado, ou algum caso que tenha sido fora do normal? R: Tem. (riso) Tem uma besteirinha, mas eu vou contar. Eu era (gerente da loja 50 da?) Angélica, inclusive o dr. Luís Antônio Viana contou isso numa reunião e foi só risada, né? Ele é uma pessoa muito legal. Eu lembro que ele tinha uma conhecida dele na Angélica, então ele falava: “Fulana de tal vai vir aqui, você atende ela legal”, eu falei: “legal doutor.” Tudo bem, um dia essa moça foi na loja, fez uma compra e tinha um determinado horário pra entregar e eu avisei a frente de caixa pra que “tem que estar no horário, está marcado”. E eu me lembro que eu cheguei na loja, eu saí pra almoçar ou fazer alguma coisa, voltei e a compra estava lá ainda. Aí eu fiquei bravo, né? Peguei a pessoa e falei: “Como?! Pedi pra entregar no horário, você não entregou.” Parece que ela até ligou perguntando o porquê de estar atrasado, né? Aí eu peguei um garoto e falei: “Vem cá”. Agora me foge o que eu falei, eu sei que eu falei assim com ele: “Olha, você vai lá e leva essa entrega pra cliente porque depois eu vou comer o rabo da pessoa que eu mandei fazer isso e não fez”. E o garoto falou exatamente com essas palavras pra cliente: “Ó, seu Adão mandou eu entregar aqui porque ele vai descobrir quem é que ele mandou entregar e não entregou, que ele vai comer o rabo dessa pessoa”. Aí foi um problema, essa pessoa até ligou pro Antônio Viana... Eu achei até engraçado, né, porque na vontade, na ânsia de você tomar atitude, você fala um besteirol assim mesmo. Escapou. E eu não sabia dessa história, né, ela contou pra ele e ele ficou qüietinho. Um dia numa reunião aí e ele começou a contar. No fim ele parou e falou: “O gerente é um amigo da gente, muito antigo. Eu vou falar o nome dele?” E alguém falou: “Fala, fala!”, “É o Adão”. Nossa, aí foi só risada. Eu só não fiquei vermelho porque eu sou crioulo. (riso) Foi muito legal. Foi muito legal, não! Foi uma coisa interessante, fora do comum você falar uma coisa dessas. P1: E ficou guardada anos. R: Ah, ficou, ficou. Depois ele soltou lá. E eu não esqueço. “Como é que foi que eu fui capaz de...” P1: Como é o trabalho de gerente de loja? O que você tem que fazer durante o dia, quais são suas atribuições? R: Ah, são várias, né? O que ele tem que olhar mesmo, principalmente, é o funcionamento de loja. Uma loja tem que estar arrumada e não é pra mim, tem que estar arrumada pro cliente. Então tem que estar uma loja limpa, uma loja organizada, uma loja especificada, que não pode ter produtos vencidos, uma loja tem que estar preparada, abastecida e ter um bom atendimento. Isso é muito importante. Se você chega na loja e ela está numa desordem parece que você não consegue arrumar o dia inteiro. Então você tem que montar esquema, você tem que arrumar formas de você abre a loja com um bom aspecto organizado, de forma que o cliente se sinta bem dentro da loja. P1: Como foi a sua a sua saída do Pão de Açúcar pra entrar no Barateiro? R: Quando comprou o Barateiro, o Barateiro tinha 32 lojas e ficou algumas pro Extra e as outras ficou com o Pão de Açúcar, e a diretoria resolveu não mudar o nome, né, ficou Barateiro mesmo. E quem veio tomar conta dessa divisão do Barateiro foi o seu Mário Gomes, um ex-diretor que já saiu, e ele trouxe com ele na ocasião o Francisco – que a gente chama de Chico – e o (Vagner Dolegate?), né? E eles tinham que trazer alguém lá do Pão de Açúcar pra ajudar a fazer a integração, pra ajudar a colaborar e aí eu vim no pacote. E foi gerente na loja 1737 na Rua Vergueiro – foi a primeira loja que eu peguei. P1: Como foi essa integração? R: Foi uma integração difícil porque o Barateiro tinha uma linha de produtos totalmente diferente do Pão de Açúcar, né? Uma linha muito grande e era bem diferente. E as pessoas trabalhavam de forma diferente. A forma operacional do Barateiro era diferente. E a gente teve que, com jeitinho, começar a conversar com as pessoas, tentando introduzir... E tá aí o Barateiro até hoje. P1: E agora tem um novo desafio. R: É. Mudou a diretoria, saiu seu Mário, entrou seu (Andraus?) e aí deu segmento, teve virada, um monte de coisa. P1: O que é isso: “virada”? R: É o que a gente chama de “virada do Barateiro”. Isso aí foi há 2 ou 3anos atrás, que a gente precisava dar uma nova cara, um novo formato pro Barateiro. E a diretoria se reuniu, as pessoas projetaram um novo estilo Barateiro com cores novas, um slogan, aquela florzinha do lado e foi feito tudo isso em todas as lojas, foi feito todo o esquema de dar uma reforma nas lojas, dar uma geral, mudar mesmo a cara da loja. Teve (cultura?) no Barateiro. As diretorias foram passar o novo conceito do Barateiro pra todos funcionários. E teve um dia que a gente chamou de “grande virada” e foi um sucesso tremendo. O Barateiro tem melhorado dia-a-dia e hoje está incorporando a Rede Compre Bem junto com o Barateiro; lá no Rio ganhou o (ABCBarateiro?), foi uma rede que comprou há um tempo atrás. Então o Barateiro hoje é muito forte e é uma das redes, uma das bandeiras com uma tendência muito grande de crescimento daqui pra frente. P1: O Pão de Açúcar tem uma inovação que a gente falou até pouco aqui que foi a contratação, a incorporação de idosos nas lojas. Um trabalho de responsabilidade social. Você teve pessoas da terceira idade trabalhando com você em alguma loja? R: Tive na Angélica. Teve uma época que de 30 operadoras de caixa que eu tinha, tinha umas 10 ou 12 tudo gestante, né? E aí dá aquela coisa porque depois quando tem que sair tem que sair tudo, fica 5 meses afastado. E a gente pensou bem: “Por que não dá oportunidade pra essas pessoas já?”, por exemplo, acima de 30, 35 a 50, 60 anos? E aí nós tivemos algumas. Deu bastante certo fazer isso daí. São pessoas bastante responsáveis também, que já passaram por muita coisa nessa vida e olham pro outro e conseguem dar um bom atendimento, conseguem conversar. É muito bom. P1: Que outras iniciativas o Pão de Açúcar teve nessa área social que você se recorda? R: Ish, tem bastante. E agora pra recordar? P1: Nas suas lojas tinham coleta seletiva? R: Não, naquela época não. Agora, sim. Projeto social eu tenho na minha loja que é um negócio recente. Eu faço um baile de terceira idade uma vez por mês, eu tenho no estacionamento espaço reservado pra terceira idade. Duas vezes por semana elas têm aula de ginástica. Agora a prefeitura do Campo Limpo vai montar uma estrutura perto... Há 15 dias atrás nós tivemos uma feira de Fuscas usado, carro usado, aqueles carros bem antigos. Tudo isso é um projeto que ajuda. P1: E é da tua loja? Por que eu não conhecia esse tipo de trabalho. R: É, tem. Tudo isso junto com o marketing, o pessoal dá apoio e a gente tem feito. P1: E você sente retorno dessas ações? R: Ah, sente, porque o pessoal de bairro é muito carente de divertimento, às vezes não tem um shopping por perto... principalmente homem, né? Você monta uma feira de carro, pronto! É uma paixão que os caras gosta. Ah, temos também aos sábados uma roda de capoeira, o pessoal fica ali 1 hora ali por perto fazendo umas capoeira e a criançada gosta. Tudo isso incentiva, tudo isso é muito bom. P1: E na parte de comunicação, nos comerciais, na forma de divulgar as lojas, de divulgar as marcas, o que o Pão de Açúcar evoluiu? Você lembra de algum jingle, alguma música de comercial? R: Ah, tem uma muito antiga que é essa que voltou pro Pão de Açúcar de novo que é “Pão de Açúcar é lugar de gente feliz”. E isso já é uma coisa bem lá atrás e voltou de novo. P1: Ah, é? R: É. E hoje a empresa está mais prática, ela inovou muito, ela está muito focada, está mais fácil dela assimilar pro cliente do que ela quer passar. P1: E você tem alguma questão ligada à mudança, à inovação, pioneirismo do Pão de Açúcar que você acha que vale a pena registrar? R: Pioneirismo do Pão de Açúcar que eu posso me recordar é os hipermercados, né? Que pro nosso ramo foi um mártir, uma coisa assim que marcou muito os hipermercados. O Jumbo Eletro... Na época era só Jumbo, depois é que veio a aquisição da Eletro, que era um hipermercado que vendia de tudo, né? Essa pra mim foi um marco dentro dessa empresa. Depois vieram os outros, né, seguindo aí. P1: Você tem alguma história, alguma questão referente a seu Valentim? R: História assim, não. Mas a gente tem do seu Valentim, uma pessoa muito querida, uma pessoa que até hoje ele vai nas lojas, ele faz questão de cumprimentar os funcionários, muito doce, é uma figura sensacional. Ele é um paizão de todo mundo, paizão no bom sentido, né? É uma pessoa muito querida, todo mundo gosta dele. Pra mim, é um ser humano fantástico. Além de tudo, um vencedor na vida, brigou aí e está onde está. P1: E sobre o Abílio Diniz? R: O dr. Abílio pra gente é o nosso grande líder, né? Eu que estou nessa empresa há muito tempo, desde 68, vi essa empresa passar por momentos difíceis, momentos bons e momentos de conquista, como foi 88, 89, 90, quando dr. Abílio passou a ser majoritário e ele com a sua garra, com a sua liderança, com a sua força reuniu o grupo, não mediu esforços e fez um monte de coisa que tinha que se fazer na época: lojas foram fechadas, saíram muitos funcionários, mas olha, depois de um certo tempo essa empresa se reergueu de novo. Muita luta, muita batalha e está aí essa potência que é hoje. Então, é difícil encontrar palavras pra descrever o que é o dr. Abílio como profissional, como líder da gente. Ele é fantástico. P1: E você, Adão, o que você faz, quem é a sua família, o que você gosta, quem é o Adão que também não trabalha? (riso) R: Eu gosto muito de música, qualquer tipo de música e cada um em cada momento. Eu sou ainda muito partidário das músicas antigas, lá atrás, eu gosto de samba, pagode de vez em quando, gosto de rock. Eu adoro música. E na medida do possível eu vou pegar uma prainha porque eu preciso conservar a cor. Gosto muito de ir pro litoral. Adoro futebol, sou grosso, mas eu gosto de futebol. Sou Corinthiano, né? Eu acho que eu sou um pai muito legal com meus filhos. Às vezes a gente tem pouco tempo porque a gente trabalha bastante e tem que se dedicar ao trabalho, mas acho que quando a gente tá junto a gente se diverte bastante e eu acho que eu sou um pai legal; eu imagino. P1: Você tem quantos filhos? R: Três: duas meninas e um menino. P1: Você tem algum sonho que você ainda está correndo atrás? R: Olha, sonho a gente tem. Todo mundo tem o seu sonho. O meu sonho é que os meus filhos terminem os estudos e todos eles consigam se formar; a minha filha se forma nesse final de ano. O sonho que a gente tem é saúde, a gente pedir a Deus muita saúde e força e disposição pra poder trabalhar, né? Esse é o que eu mais peço pra Deus hoje é isso: saúde e disposição pra trabalhar. E ter minha família unida como eu tenho hoje. E trabalhar na empresa mais uns anos, se a gente está aqui há 35 anos é sinal que é uma empresa excelente. É muito gratificante pra mim. P1: O que você achou desse papo aqui sobre Memória do Pão de Açúcar, sobre a sua história no Pão de Açúcar, você gostou? R: Ah, muito bom, muito bom. Pude falar de algumas coisas que eu não tinha comentado ainda, né? E deu pra gente colocar muita coisa pra fora, falar da empresa, o que foi a empresa, o que é hoje. Foi muito bom. E é bom a gente participar de uma entrevista dessa, que a gente desinibe um pouco – eu sou um cara meio inibido, sabe? Meio acanhado, meio tímido, mas é bom pra ajudar a evoluir profissionalmente. P1: Então muito obrigada, foi um prazer te conhecer. R: Prazer foi meu. E obrigado pela oportunidade. P1: Só tem gente maravilhosa aqui, né? Vou mandar meu currículo pro RH. R: Posso sair de cena? FIM DA FITA.
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