Segunda feira, 27 de julho de 2020 - Diário de Bruna Ghirardello de Oliveira
Duas semanas antes do inicio da quarentena e do isolamento social, era carnaval. E eu, que sempre fui fã apaixonada da alegria das fantasias e da fúria desvairada das ruas, parecia adivinhar que seria um carnaval diferente dos outros, com um gosto de fim tão amargo que resultou numa dor de garganta intensa nos dias seguintes.
Olhando para esses dias de sol e suor, fica a confiança de que nunca fui tão livre quanto naqueles dias. Antes mesmo da quarentena, quando víamos o vírus se alastrar pelo frio da Europa, eu sentia que tinha vivido a vida a mil, da forma mais livre e mais completa que se podia imaginar antes.
Quase cinco meses depois, cumprindo isolamento social voluntário dentro da casa dos meus pais, na minha cidade natal, penso que aqueles quatro dias foram um folego para uma vida que ainda tem muito pra viver intensamente. Mesmo precedendo um período de dor, incertezas e insegurança, a vida como potência tem me segurado firme durante esses tempos. Ainda há muito para viver.