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Por: Museu da Pessoa, 6 de setembro de 2012

O tempo é o senhor das histórias

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O tempo é o senhor das histórias

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A minha árvore para na mãe da minha bisa, porque ela era escrava. Minha mãe diz que a bisa falava que veio da Bahia, e só lembra que passou por um túnel, e depois a vida mudou completamente. E eu fui criada na primeira infância em Casimiro de Abreu, com meus avós. Minha mãe era empregada doméstica no Rio, e depois que eu nasci só pude ficar com ela até o terceiro mês, depois eu tive que ir, porque a patroa dela não deixava.

Eu lembro que meu avô tinha um bar que ficava do lado da rodoviária de Casimiro de Abreu. Nossa infância foi meio ali, porque a gente morava nos fundos do bar. Eu tinha muito medo do meu avô. Ele andava sempre com chapéu Panamá, arrastando o chinelão pelo bar e pela casa, sem sorrir. A minha avó era uma gracinha, muito séria, firme, mas muito doce. Eu lembro da gente sentada na sala vendo TV, de repente vinha a minha avó e dava uma ajeitadinha no vestido. Era o jeito dela de dar carinho.

Minha mãe depois se envolveu com meu primeiro padrasto. Eles namoraram um tempo, e quando a relação tava firme, ele falou: “Traga a sua filha, vamos fazer uma família”. A gente era paupérrimo lá em Casimiro, era uma vida bem limitada, difícil. E quando minha mãe se casa, eu levo um choque cultural, porque eu vou morar numa cobertura em Niterói. Ele era engenheiro naval, chamava Fisher. Depois a gente se mudou pra Teresópolis. Fui estudar num colégio de freiras. E tenho péssimas lembranças. Detesto escola. A minha avó me ensinou a ler e escrever em casa. Eu cheguei preparada pra entrar na primeira série, só que a diretora da escola não acreditava que eu sabia ler e escrever, por questões raciais mesmo. O colégio era grande, muitos alunos, e os únicos negros da escola éramos eu e o filho do porteiro. Lembro que uma vez teve uma festa na escola, de final de ano, e como era um colégio católico tinha aquela representação toda. E a freira entrou na sala perguntando quem da nossa turma queria fazer a...

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Dados de acervo

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P/1 – Tatiana, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Tatiana Tibúrcio da Silva, nascida no Rio de Janeiro, Flamengo, no dia 29 de maio de 1977.

P/1 – Tatiana, seus pais são do Rio?

R – Minha mãe é. Meu pai eu não sei, não conheço. Minha mãe é do Rio, é de Campos.

P/1 – E os seus avós, os pais dela, você conhece a história?

R – Minha avó, minha avó também é de Campos. Isso, minha avó também é de Campos, a mãe dela já era de Minas. Minha bisa era de Minas.

P/1 – Você sabe um pouco a origem, o que eles faziam, sua avó, bisavó?

R – A minha árvore para na mãe da minha bisa, porque ela era escrava, tinha uma irmã, as duas eram do mesmo dono. E a minha mãe diz que a bisa falava que ela veio da Bahia com essa família, e ela só lembra que passou por um túnel, e depois a vida mudou completamente. Ela atravessou o túnel e depois não lembra mais nada, a vida mudou completamente. Uma irmã foi pra um lado e ela continuou com essa família. A irmã foi separada por algum motivo que a gente não sabe qual, e ela continuou com essa família.

P/1 – E sua avó?

R – A minha avó é de Santo Eduardo. Minha avó é de Santo Eduardo. É isso, de Santo Eduardo, interior do Rio. Eu sei tão pouco da minha avó, apesar de ela ter me criado até os sete anos, mas ela morreu quando eu tinha dez anos. Então eu sei muito pouco da minha avó. Minha avó era Zenir Lourenço da Silva, casada com Alcides Tibúrcio da Silva, veio de São... Como é o lugar que eu falei? Veio e depois sumiu.

P/1 – Santo Eduardo.

R – Santo Eduardo. Santo Eduardo. Eu lembro que quando eu morava com a minha avó, a gente morava em Casimiro de Abreu, que é tudo dentro da mesma região, Campos, Macaé, Santo Eduardo, Barra de São João, eles viveram muito tempo por ali. E eu fui criada na primeira infância em Casimiro de Abreu.

P/1 – Por que você foi criada pela sua avó?

R – Porque minha mãe trabalhava, minha...

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