Projeto Memórias de Serra Pelada
Entrevista de Josivane da Silva Lemos
Entrevistado por Alane Vieira de Souza e Tiana Silva
Serra Pelada, 18 de agosto de 2024
Código da entrevista MSP_HV004
Revisado por Nataniel Torres
P/1 - Primeiramente queremos agradecer a Josivane por estar dando essa entrevista para gente,vai ser um prazer enorme entrevistar você. Qual é seu nome e local de nascimento? Qual seu nome, local e data de nascimento?
R - Meu nome é Josivane Rodrigues da Silva Lemos, nasci em Imperatriz Maranhão, nasci, nasci, posso voltar? Posso? Meu nome é Josivane Rodrigues da Silva Lemos, nasci em Imperatriz do Maranhão, no dia 18 de dezembro de 1980.
P/1 - Te contaram como foi seu nascimento?
R - Sim, eu nasci pela parte da tarde do dia 18, e a minha mãe falou que foi tudo normal, ela disse que eu fui o brilho que nasci na vida dela naquele momento.
P/1 - Você sabe porque ela escolheu seu nome?
R - Eu até comento, porque parece que a minha mãe perguntou o nome para mim, se eu queria esse nome, porque eu acho que ela não poderia ter escolhido nome melhor para mim, porque eu amo meu nome, mas eu não sei assim, eu nunca tive a curiosidade de perguntar o porque Josivane, até mesmo porque eu não conheço outras pessoas com esse nome, né? Não conheço, só conheço eu mesma.
P/1 - Qual é o nome da sua mãe, e como você descreve ela?
R - A minha mãe o nome dela é Gercina, e eu descrevo ela como a mulher mais mágica da face da terra. Eu tenho ela como um dos melhores exemplos humanos para mim do mundo, entendeu? Eu sou admiradora dela, número um. Eu acho que admiradora não é nem só um nome dado ao que eu tenho por ela, é muito amor, muito respeito, muito tudo de bom.
P/1 - Qual é o nome do seu pai e como você descreve ele?
R - O meu pai, o nome dele é João, eu descrevo ele como uma pessoa, que uma das qualidades que eu sempre admirei, foi ele ser uma pessoa honesta, mas eu não posso dizer que ele foi um bom pai.
P/1 -...
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Entrevista de Josivane da Silva Lemos
Entrevistado por Alane Vieira de Souza e Tiana Silva
Serra Pelada, 18 de agosto de 2024
Código da entrevista MSP_HV004
Revisado por Nataniel Torres
P/1 - Primeiramente queremos agradecer a Josivane por estar dando essa entrevista para gente,vai ser um prazer enorme entrevistar você. Qual é seu nome e local de nascimento? Qual seu nome, local e data de nascimento?
R - Meu nome é Josivane Rodrigues da Silva Lemos, nasci em Imperatriz Maranhão, nasci, nasci, posso voltar? Posso? Meu nome é Josivane Rodrigues da Silva Lemos, nasci em Imperatriz do Maranhão, no dia 18 de dezembro de 1980.
P/1 - Te contaram como foi seu nascimento?
R - Sim, eu nasci pela parte da tarde do dia 18, e a minha mãe falou que foi tudo normal, ela disse que eu fui o brilho que nasci na vida dela naquele momento.
P/1 - Você sabe porque ela escolheu seu nome?
R - Eu até comento, porque parece que a minha mãe perguntou o nome para mim, se eu queria esse nome, porque eu acho que ela não poderia ter escolhido nome melhor para mim, porque eu amo meu nome, mas eu não sei assim, eu nunca tive a curiosidade de perguntar o porque Josivane, até mesmo porque eu não conheço outras pessoas com esse nome, né? Não conheço, só conheço eu mesma.
P/1 - Qual é o nome da sua mãe, e como você descreve ela?
R - A minha mãe o nome dela é Gercina, e eu descrevo ela como a mulher mais mágica da face da terra. Eu tenho ela como um dos melhores exemplos humanos para mim do mundo, entendeu? Eu sou admiradora dela, número um. Eu acho que admiradora não é nem só um nome dado ao que eu tenho por ela, é muito amor, muito respeito, muito tudo de bom.
P/1 - Qual é o nome do seu pai e como você descreve ele?
R - O meu pai, o nome dele é João, eu descrevo ele como uma pessoa, que uma das qualidades que eu sempre admirei, foi ele ser uma pessoa honesta, mas eu não posso dizer que ele foi um bom pai.
P/1 - Com a sua mãe, porque você descreve ela dessa forma? Dela ser uma pessoa incrível?
R - Porque ela foi a base nossa, de exemplo, de, como eu acabei de relatar, o meu pai, eu não tenho ele, a imagem como bom pai, e ela soube suprir essa, essa necessidade de nós termos um pai mais presente, mais compreensivo, mais amoroso, e ela soube fazer tudo isso por nós, algo que ele não soube, ela nos ensinou a superar e passar por cima disso, então por isso que eu vejo ela como mais do que só uma simples mãe, eu vejo ela como algo mágico mesmo.
P/1 - Por que você não considera o seu pai como um bom pai?
R - Porque ele não cuidava bem da minha mãe, e também não cuidava bem da gente. Eu acho que nenhum filho é feliz vendo seu pai não cuidar bem da sua mãe, e não foi só isso, ele não cuidou bem dela, e nem cuidou bem da gente. Pelo contrário, ele foi muito cruel, hoje a gente não tem mais ele, mas não é porque a gente não tem mais que eu tenha que dizer que não lembre das maldades, ele foi mau como pai. Mas como eu acabei de falar, uma das coisas que me define muito ele, mesmo ele não tendo sido bom como pai, ele tinha uma grande qualidade, ele era honesto.
P/1 - Como eles se conheceram?
R - A minha mãe, ela foi dar aula, estudou, né? Em Imperatriz, a família dela também era de lá, e ela foi ser professora de uma comunidade ali perto de Cidelândia, no Maranhão, e ela era a única professora e a costureira daquela comunidade, daquela vila, que se chamava Curimatá, e o meu pai já morava lá, com a família dele, tios, né? E ela conheceu eles lá, ela conheceu ele lá, e terminaram se casando, e gerou essa família que eu tenho
P/1 - O que seus pais faziam?
R - O meu pai trabalhava de roça, até antes de vir para cá, na época de 80, para Serra Pelada,e a minha mãe era professora e costureira.
P/1 - Seu pai, o que que ele plantava?
R - Arroz, no Maranhão, né?
P/1 - Ele fazia, o plantio dele era só para alimentação mesmo de vocês ou ele fazia para vender?
R - Para vender e para o alimento próprio, só que quando eu nasci já foi a época que ele já estava para cá, eu já nasci ele já vindo para Serra Pelada, ou então assim, o que eu sei é que ele plantava roça porque a minha mãe fala, não que eu presenciei essa colheita, essa criação de meu pai ser da roça, eu já me entendi como pessoa o meu pai já sendo garimpeiro.
P/1 - Tem algum parente, tio que você gosta muito, ou um parente mais próximo?
R - Tenho, eu tenho, eu tenho as irmãs da minha mãe, os irmãos da minha mãe, masculinos, né? Os irmãos homens, inclusive um que a gente perdeu há 2 anos atrás, eu cresci tendo ele como uma presença masculina boa, aquele tio bom, respeitoso, que sempre nos visitava, que sempre dava aquele apoio de um homem. Porque meu pai veio para cá e a gente ficou praticamente 6 anos, no Maranhão só a gente, e o meu pai para cá, e esse meu tio ele era aquela presença boa, aquela presença que sempre estava nos visitando, que sempre ia na nossa casa no final de semana, que se a gente tivesse tomando banho no quintal ele chegava, ele “estão tomando banho?” “Sim tio, pode entrar.” Mas ele não entrava “Não, termina de tomar banho”. Então eu vejo muito ele como aquela figura de pessoa respeitosa, de pessoa que tem o limite, separa o limite mesmo a gente sendo criança, mas ele sempre foi muito respeitoso. Ele é uma presença masculina boa, só que eu perdi ele há 2 anos atrás.
P/1 - Esse seu tio, esse amor que você sentia por ele, é como se ele tivesse substituindo seu pai?
R - De uma certa forma, eu não vejo bem como uma substituição, porque, em proteção, eu já via mais os meus irmãos masculinos, os meus irmãos homens, não é nem irmão masculino, eu gostaria até que retirasse. Os meus irmãos homens cresceram com a gente, eles dois são mais velhos que eu e minha irmã, e eles sempre foram muito protetores com a gente, ou então para te falar a verdade, a proteção que eu tenho de infância, presente na minha vida, é dos meus irmãos.
P/1 - Como sua mãe falava para você sobre a ausência do seu pai?
R - Ela falava que ele tinha vindo porque precisava trabalhar, era invocado para conseguir uma vida melhor para a gente, porque a minha mãe, ela é de tremenda sabedoria que minha mãe, mesmo meu pai tendo ficado aqui, arrumado outra mulher no período, a minha mãe não falava mal do meu pai, eu nunca presenciei a minha mãe falando mal do meu pai, a gente sabia, porque mesmo a gente sendo criança, a gente percebe as coisas, a gente sabia porque a gente via, porque ouvia as pessoas falarem. Mas, a minha mãe não, a minha mãe não se prestava esse papel de esclarecer para nós o que realmente de errado e de ruim estava acontecendo. Eu sentia que ela protegia muito a gente em relação a esses assuntos, mas a gente sabia.
P/1 - Quais eram os principais costumes da sua família? Comida, cheiro?
R - A minha mãe sempre foi aquela mãe muito carinhosa, muito cuidadosa, aquela mãe que quando chegava da escola tinha aquele prazer de sentar com nós 4, e fazer aquela comida, nem que fosse aquele arrozinho temperado, por simples que fosse, a minha mãe sentava com a gente, comia com a gente, às vezes botava a nossa comida junto, para nós 4 comermos juntos, dizendo ela que era para que cada dia que passasse a gente ser mais unido. Ou então, eu vejo ela com aquele cuidado de fazer aquela galinha caipira no final de semana, de fazer aquela polentazinha gostosa pros filhos, e é isso, eu vejo a minha mãe como a maior base da minha vida, é assim que eu vejo ela, e muito cuidadosa, muito limpa, e ainda tinha algo nela que me conquistava muito, a minha mãe sempre foi de estar com nós 4 em tudo que ela ia fazer, se ela ia fazer uma caieira, ela levava nós 4, se ela ia cercar o quintal, que ia dar aquele talinho de coco no Maranhão, que as pessoas, quem é maranhense, e principalmente na época mais pobre sabe disso, que cercava de talinho de coco, pois a minha mãe levava nós 4, tanto para tirar os talos, quanto para ajudar a cercar. Ela ia lavar roupa final de semana, ela levava nós 4, então eu acho isso muito amor, muita proteção.
P/2 - Josi, como sua mãe geria, em questão dela saber que seu pai já tinha outra, e ela com os filhos, como foi que ela controlou todo esse ambiente?
R - Ela veio com a gente, e eu lembro que pela segunda vez, quando a gente veio visitar meu pai, na primeira vez não, era ali naquela casa que hoje mora a dona Mineira, ali na Rio Verde, foi a primeira casa que a gente ficou, quando foi em 87, que a gente veio, foi pela segunda vez, quando a gente chegou, que foi ali perto de onde é o seu Ricardão na subida da ladeira, também na rua Rio Verde, a gente chegou a mulher estava em casa. E a minha mãe simplesmente, eu tinha 7 anos, mas eu não esqueço dessa cena, ela simplesmente, a gente chegou, quando a gente chegou eu lembro, com meus 7 anos, mas eu lembro perfeitamente, meu pai estava debulhando o feijão, com ela sentado na mesa, e a minha mãe simplesmente parou com nós 4 na porta, e falou assim: “Cheguei, eu quero saber se é para mim entrar? Porque para mim entrar ela tem que sair”. Eu achei aquela atitude, na época, eu não via como coragem, eu via, somente assim, como algo confuso, mas com o passar do tempo, eu achei muito corajosa, e ela sempre justificou para gente que ela não ia criar a gente sem ele, porque quando a gente crescesse a gente ia realmente saber a verdadeira história, e a gente não ia culpar ela por nada, mas foi muita coragem, foi muito digno da parte dela, muito louvável até. Mas, chegou um tempo que eu falava para minha irmã, a gente já adolescente, já mocinha, e a gente falava “mas antes a minha mãe tivesse criado nós sem nosso pai, porque ela fez tanto, e ele foi tão cruel com a gente” Então, assim, é louvável da parte da minha mãe, mas não foi um erro, ela simplesmente estava fazendo de tudo para acertar.
P/1 - O que você sabe sobre a origem da sua família?
R - Sobre o que?
P/1 - A origem da sua família? A história dos seus avós, se você conheceu seus avós?
R - Eu não conheci meus avós paternos, eu conheci somente meus avós maternos, meus avós maternos. Eu ouvi por várias vezes a minha avó dizer que uma coisa que preocupava e entristecia ela, era pôr a minha mãe ter sido sempre uma boa filha, e a minha mãe não ter tido um bom casamento, eu ouvia minha mãe falando isso com as minhas tias: “Minha filha,as vezes eu não entendo porque…”, que ela chamava minha mãe de Gersa, né? Que o nome da minha mãe é Gercina, ela falava: “ Eu não sei porque a Gersa não vive bem, porque ela sempre foi uma boa filha”. Ou então assim, meu paterno, também viveu muito tempo aqui, materno, meu avô materno, viveu muito tempo aqui em Serra Pelada, a gente era muito próximo, inclusive tem só, meu avô morreu, se eu não me engano, foi em 2017, ou foi em 2018, morando já aqui no Eldorado, que é próximo de Serra Pelada, mas o que eu via neles era muito amor, muito zelo, tanto com a minha mãe, quanto com a gente. Então a gente era muito próximo da família materna da minha mãe. Da família paterna não, a gente, eu nem cheguei a conhecer meus avós, mas já depois da morte do meu pai, eu cheguei a conhecer as irmãs dele, são pessoas muito amáveis, carinhosas, e eu acredito que é uma família muito boa, mas não conheço todos, mas tenho o desejo também de conhecer.
P/1 - Você gosta de ouvir as histórias deles? De ouvir falar neles?
R - Gosto. Eu vejo que as atitudes do meu pai não interferiram tanto na minha cisma em relação a família dele, pelo contrário, eu vejo que eles não tem culpa, foi uma escolha do meu pai, porque só quem poderia ter mudado as atitudes do meu pai seria ele mesmo,e ele simplesmente escolheu não mudar.
P/1 - Você se identifica com alguém da sua família por parte paterna?
R - Eu conheço muito pouco, mais fisicamente, fisicamente eu pareço muito com a família do meu pai. Eu tenho uma tia Maria Helena, que eu vejo ela, eu vejo nela assim, sentimento de gratidão que tem muito a ver comigo, porque eu sou uma pessoa que não sou muito de pedir, eu sou mais de agradecer, porque eu já tenho mais do que um dia eu pensei que poderia ter, então eu vejo que nessa parte paterna, que é a tia que eu ouço mais, assim, falar, né? Eu acho que eu tenho a ver isso nela, desse sentimento de gratidão, porque eu vejo isso na fala dela. Talvez isso.
P/1 - Tem alguma história na sua infância que foi inesquecível?
R - Tem. A minha irmã, o período em que a minha irmã adoeceu, mas foi inesquecível, um inesquecível sofrido, mas que serviu de a gente não desistir, da gente se tornar mais protetor ainda um com o outro, porque a gente tem muito isso, eu não sei se foi o que a gente passou na infância, eu não sei se foi pela sabedoria da minha mãe, a gente é muito protetor enquanto irmãos. E a minha irmã com, eu não tenho bem certeza se foi com 7 anos, 8 anos, ela teve um tipo, na época, parece que se não me engano, eu não tenho bem certeza, mas foi dado o diagnóstico para ela tipo de um começo de paralisia, que teve que tipo correr contra o tempo para a minha irmã voltar a andar, e foi muito sofrido. Eu lembro da minha mãe lutando muito com ela, para ela voltar a andar, e depois disso teve outras fases dela muito doente, e eu sou muito grata a Deus por ela ter passado por aquilo tudo e ter voltado para nós, porque eu não poderia ter irmãs melhores não, eu tenho duas irmãs que são maravilhosas, e ela em especial, porque, ela foi muito sofrida, mas passou por tudo, e pensa em uma mulher de garra, então para mim é inesquecível a história dela.
P/1 - Vocês são quantos irmãos? E como é a relação de vocês?
R - Eu tenho dois irmãos homens, e duas irmãs mulheres. A nossa relação é muito boa. A gente tenta ser o mais cuidadoso possível um com o outro e respeitoso, porque a minha mãe ensinou muito isso, a gente ser respeitoso com o outro, e em questão de proteção, a gente aprendeu isso muito pequeno, a gente sempre foi muito de proteger um ao outro, de proteger mesmo, você sabe o que é aquela pessoa que não mede esforço? De proteger um ao outro, de cuidar, de estar ali presente, a gente é muito assim, e isso para mim é muito bom. Então para mim, eu só tenho a agradecer a Deus pelos meus irmãos.
P/2 - Por que esse sentimento de proteção aflorou?
R - Eu acredito que pela minha mãe, por a minha mãe ser essa pessoa que ensinava muito, que tinha que ter isso, que tinha que ter esse amor. Eu aprendi com a minha mãe, até que, não é porque alguém duvide de você, da sua capacidade, que você tem que deixar aquilo te abater não, o que importa é o que você realmente é, e o que importa é que você tem alguém ali que lhe ama, e que está do seu lado, eu não tem pessoas que mais lhe ame do que a sua própria família.
P/1 - Qual a origem do seu sobrenome?
R - Rodrigues da Silva? Rodrigues é da minha mãe, minha mãe é Rodrigues da Silva e meu pai é Vieira da Silva. Então como sempre pega o último sobrenome do pai, né? E o primeiro sobrenome da mãe, Rodrigues, é da família da minha mãe quase toda com Rodrigues, e do meu pai, eu acredito que do meu avô o Vieira e o Silva da minha avó.
P/1 - Você lembra da casa onde vocês moravam?
R - Sim, ela não existe mais, ela não existe mais, que a primeira casinha que a gente morou era aquela casinha de taipa, aquelas casinhas do Maranhão que a gente rebocava de barro branco, ficava toda lisinha, depois ainda pintava, jurava que era construída, lembro que era um piso vermelhão, todo pintadinho de verde, até hoje eu sou apaixonada por verde, tanto é que a minha casinha, a onde eu moro, na Serra Pelada, mesmo sendo de tábua, mas ela nunca foi pintada de outra cor, só de verde, porque eu acho uma cor bonita para uma casa,entendeu? E eu cresci em uma casinha pintada de verde, e piso vermelhão, e lembro perfeitamente.
P/1 - Naquela época vocês gostavam de ouvir música? De assistir?
R - A minha mãe sempre gostou muito de assistir o Silvio Santos, que inclusive até faleceu ontem, né? Eu cresci vendo a minha mãe assistir o Silvio Santos. Minha mãe gostava demais de assistir o Silvio Santos, ou então assim, na globo era muito pouco que a gente assistia, mas, era o Silvio Santos, Chapolin Colorado, o Chaves, ou então era esse tipo de coisa, Os Trapalhões, que era na Rede Globo.
P/1 - Na sua infância vocês ouviam música no ambiente familiar?Tinha alguma música que sua família gostasse?
R - Sim, hoje eu acredito que por a minha mãe, a gente muito pequeno, e eu acredito que por a minha mãe ser uma mulher apaixonada, né? A minha mãe ouvia muito Amado Batista, e outra música que eu não lembro, eu não lembro o cantor, mas esses dias eu ouvi ela e fiquei impressionada o quanto é marcante, a minha mãe tinha uma radiola, né? E eu lembro que a minha mãe quando ia limpar a casa ela colocava aquelas músicas de Amado Batista, e ela ficava ouvindo, né? E eram umas músicas muito bonitas, bem antigas, mas muito bonitas, antiga hoje, mas na época não era antiga não, era, eu acho que era o sucesso da época.
P/1 - Você lembra do bairro em que vocês moravam? O nome da cidade?
R - Não era bem um bairro, né? Porque era uma vila no começo, quando a gente era bem pequeno, que era onde a minha mãe dava aula, e onde a minha mãe casou, e depois a gente foi para Imperatriz, e ficou ali na Vila Lobão, em Imperatriz do Maranhão, ficou um bom tempo, até a gente vir para cá em 86, que a gente veio para visitar, e aí depois veio novamente em 87, foi quando a gente já veio mesmo praticamente para ficar.
P/1 - Quais eram suas brincadeiras favoritas quando você era criança?
R - Eu gostava muito de brincar de boneca, mas eu brincava também do queima, daquela dos 7 pecados. A minha mãe nunca foi muito de deixar a gente brincar muito com menino, era muito nós meninas, mas quando a gente brincava de queima, e um pouco mais na rua solto, era com meus irmãos, com os vizinhos, mas era muito bom.
P/1 - Sua mãe era muito rígida para você não brincar com nenhum menino?
R - Não, não era nem assim de não brincar com menino, era, simplesmente ela tinha mais aquele cuidado, ela mesma fez uma casinha de, pequenininha, baixinha, botou mesinha, coisa de menina. Ela era muito cuidadosa para nós brincarmos brincadeiras que oferecessem mais aquela proteção de estar ali no quintal de casa, ou dentro de casa, não era nem questão de não brincar com meninos, desde que meus irmãos estivessem juntos, nós brincávamos à vontade.
P/1 - Vocês tinham muitos amigos?
R - Sim, tínhamos, nossos vizinhos quase todos, primeiro a minha mãe era professora da comunidade, então era aquela coisa assim de todo mundo ser criado junto, muito próximo, não era aquela coisa de dizer “Não vai porque tem menino.” Não, não era isso, era porque ela era muito protetora mesmo, e eu acho isso certo.
P/1 - Você tinha algum amigo ou amiga que vocês tem contato até hoje?
R - É mais, até hoje a gente tem, tem a Mariquinha, tem a Maria de Jesus, são pessoas que cresceram ali próximo da minha mãe, eram alunos da minha mãe, cresceu ali vendo a gente quando criança. E até hoje, quando a gente tem uma oportunidade, que vai na Maranhão, a gente encosta na casa delas,
P/1 - Tem alguma comida que marcou a sua infância?
R - Tem, galinha caipira, até hoje eu sou apaixonada por galinha caipira, eu amava a minha mãe fazer galinha caipira, e para mim até hoje é marcante.
P/1 - O que vocês mais gostavam de fazer quando era criança?
R - Era tanta coisa, deixa eu ver, era muita coisa, mas nós gostaríamos muito de brincar. Eu, assim, a minha irmã nunca foi muito invocada de brincar de boneca, já eu, eu acho que eu sempre tive mais aquela coisa de cuidar da casa, tipo, minha mãe fez uma casinha de, casinha mesmo, cobertinha de palha, com janelinha, porta, toda rebocadazinha para mim, mandou comprar uma patrelheirazinham, com pote pequeno, mesinha, cadeira, ou então, para mim, eu estava em um paraíso, em um palacete dentro daquela casinha, e eu brinquei muito, muito, muito mesmo.
P/1 - O que você queria ser quando crescer?
R - Eu sempre admirei muito a área da psicologia, eu até achava que eu ia ser psicóloga, mas com o passar do tempo, Deus foi, assim, preparando tudo de uma forma especial, e eu passei, mas mesmo nesse período eu ainda falava que ia ser psicóloga, eu gosto muito, passei a gostar muito de vender, de mexer com pessoas, oferecer “Tem isso aqui, isso aqui é bom, isso aqui serve para isso, isso aqui serve para aquilo”. E isso passou a ser algo, que eu passei a amar, e terminei estudando administração, e hoje eu acredito que eu estou completa com o que eu faço.
P/1 - Você não tem mais de estudar?
R - Psicologia? Tenho, mas não é tanto uma, não vejo tanto mais como antes, antes eu sentia que o desejo era maior. Hoje não, se eu tiver a oportunidade, eu acredito sim que eu vá estudar, porque é uma área que eu admiro muito, eu sempre comento com …As pessoas que são próximas de mim sabem, eu tenho essa fala, eu acredito até que só as pessoas inteligentes são capazes de buscar ajuda de um profissional tão capacitado quanto a um psicólogo, eu admiro demais essa profissão.
P/1 - Você lembra a escola que você estudou?
R - Lembro que foi perto da Cidelândia, né? Se eu não me engano, não sei se era “Escola de Jesus” ou algo assim, e depois foi em Imperatriz, que foi o colégio “Rosa Monteiro”, que fica no Bairro vila redenção,e depois disso fui para o Paulo Freire, que já foi quando eu retornei um período de Imperatriz, que eu fiquei só um ano e pouco, e aqui em Serra Pelada mesmo, eu estudei no Joaquim da Diamantina, até da minha segunda série até um pouco do meu ensino médio, e finalizei em Imperatriz no Maranhão, foi só um período curto que eu fiquei lá.
P/1 - Qual a primeira lembrança que você tem da escola?
R - Uma lembrança boa, mas que tinha algo que eu não gostava, eu não gostava de, que às vezes o adulto, que não é compreensivo, ficar relatando “você não sabe isso se você é filha de professora”. E isso para mim não foi legal, e até hoje eu tenho esse cuidado com os meus filhos de não olhar só o que o professor lá, eu gosto muito de ouvir eles, porque não é todos os adultos, e não são todos os professores também não, nossa, principalmente no lugar que nós moramos em Serra Pelada, nós temos professores, cada um mais capacitado e mais top do que o outro. Porém em todo lugar tem as pessoas que não tem o amor pelo que faz, né? E eu tive um pouquinho de má sorte de ter essa professora que me jogava muito na cara: “Por que que tu não sabe isso se você é filha de professora?”, e isso para mim era muito constrangedor.
P/1 - Quais foram as pessoas que mais marcaram a sua vida na escola?
R - A minha mãe, que era professora, e eu queria muito ter a oportunidade de estudar, de ser alfabetizada por ela e eu não fui. Eu queria muito, e eu acho que ela por ser a professora, ela, às vezes botava a gente com outros para não ter aquela coisa de estar com “o filho da professora”, e eu queria muito que tivesse sido ela, que tivesse sido a minha professora.
P/1 - Você tem alguma amizade marcante no tempo de escola?
R - Tenho de época de escola, tem a Fernanda, a Fernanda aqui, a Fernanda Dias, não tem a Fernanda casada com o Nilton? Uma grande amiga minha, eu acredito que nós vamos ficar velhinhas sendo amigas, e tem muitas outras também, mas ela é muito marcante, porque continua ali, presente, sabe? A gente continuou sendo amigas, e para mim ela é, na época de escola, é a mais marcante.
P/2 - Josi, entre tantas pessoas importantes para a sua vida, quais entre elas você destaca assim e fala: “Não, essa aqui realmente foi de uma importância mais relevante”.
R - É, teve várias pessoas que se passaram na minha vida, que eu costumo dizer que tem pessoas que vem para a vida da gente que eles são anjos, que são pessoas que Deus põe na sua vida como anjos, para lhe ajudar, para passar você momentos que talvez você seria muito mais difícil passar só. E uma pessoa que para mim é inesquecível, eu vou citar não só uma, porque tiveram mais, mas uma delas, é a Cristiane, Cristiane Werneck, é uma pessoa que passou várias etapas durante toda a minha vida, porque a gente é amiga desde 92, é uma pessoa que teve momentos que eu passei, que poucas pessoas tinham coragem de chegar, de estar junto, e ela nunca mediu esse esforço, eu vejo ela como aquele exemplo de amiga confiança, sabe? Que eu pude confiar e que em todos os momentos nunca me deixou na mão. Tem a Fernanda também, que a gente estudou, fomos muito amigas, e até hoje a gente tem essa amizade, tem a Damaia também,que eu vejo como, em certos momentos da minha vida também foi anjo, tanto ela quanto a Fernanda. A Leonice do Abraão, é uma pessoa que faz parte também, grandiosa da minha vida, porque trabalhou muito tempo comigo, e me ajudou a cuidar dos bens mais preciosos da minha vida, que é a minha família. E dentre outras pessoas também, mas essas se mantiveram, a amizade, a consideração, nunca tivemos problemas, e isso para mim é prova de uma amizade sincera.
P/2 - Você pode contar algum ocorrido, assim que uma das suas amigas ou amigos te estendeu a mão?
R - A Cristiane, era aquela amiga que em momentos tão difíceis, que eu estava com um medo tremendo dentro de mim, pelo fato da situação que eu passava familiar, dentro da minha casa, ela sempre esteve ali, disposta. No momento que as vezes eu estava trabalhando, eu tinha a certeza, a consciência, que ela estava com a minha irmã, enquanto eu estava trabalhando, a minha mãe estava trabalhando, a Cristiane não media esforços de ir lá no bairro Açaizal, e ficar sendo companheira da minha irmã até o momento de eu chegar, e isso para mim é inesquecível, inesquecível, esse cuidado, esse amor que ela tinha, não só para comigo, mas para com a minha irmã, isso para mim é inesquecível, é só gratidão que eu tenho.
P/1 - Você tinha, ou tem alguma matéria preferida?
R - E, eu sou ruim de matéria, mas eu sempre admirei muito a questão de geografia, não é que seja a minha matéria preferida, porque eu não sou boa também em geografia, mas é mais fácil falar qual não era a preferida para mim, do que a preferida, viu.
P/1 - Você se lembra como você ia para a escola?
R - Lembro. A minha mãe gostava de fazer para a gente umas mochilinhas de tecido, né? Usada, de retalho de calça jeans que ela cortava e fazia bermuda para os meus irmãos, e ela amava fazer essas mochilas, mas eu amava também não ir com elas, sempre quem ia era minha irmã, eu sempre gostava de lavar meu caderno em mão mesmo, as vezes ainda levava uma embalagem de plástico, dobradinha dentro, para se tivesse uma chuva, alguma coisa eu por dentro, mas eu gostava muito de levar meus cadernos em mão, porque, eu não sei porque, eu não gostava de mochila, mas eu lembro perfeitamente como eu ia, na dificuldade, no sofrimento, mas tudo muito bom, muito verdadeiro, sabe? É o que a vida naquele tempo nos proporcionava para viver, e eu acho que eu vivi da melhor forma, aproveitando sem reclamar.
P/2 - Na sua comunidade, onde você estudou, como você define essa questão da qualidade de ensino, da qualidade dos professores, da escola?
R - Eu defino como boa, eu sempre gostei do ensino, estudei muito pouco no Maranhão, né? Meu estudo praticamente completo foi aqui em Serra Pelada, mas eu sempre gostei muito, eu sempre vi muita dificuldade em questão de apoio. Na época para os professores, na época de apoio para eles mesmos poderem oferecer algo melhor para a gente, a dificuldade para eles também era muito grande, a gente tinha dificuldade até para carteira na época que eu estudava. Eu lembro como se fosse hoje, que a gente, o Ageu era meu colega, o Ageu e o Luiz do seu Carlito, eram meus colegas, de guardar carteira para mim, eles iam primeiro e eles eram grandes, e conseguiam chegar primeiro na sala do que os outros, eles sempre guardavam carteira para mim. E eu lembro perfeitamente do pai da Dulcineia, seu Ribeiro que até já faleceu, eu ficava impressionada do tanto de filho que ele tinha, mas ele tinha um cuidado de fazer uma cadeira para cada filho, e eles tinham as cadeiras deles, e nós não, nós não tínhamos. Mas era muito difícil para os professores naquela época também, mas mesmo assim eu vejo como um, como eles, como uns guerreiros, sabe? E para mim foi bom, não sou uma pessoa inteligente, o culpado não foram eles não, isso pertencia a mim mesma.
P/2 - E os professores que você estudou em Serra Pelada, qual que uma grande liderança, que você vê na educação?
R - Para mim, na época, uma professora muito marcante, porque era muito carinhosa comigo, a professora Dissemi e a professora Lindalva, até hoje, na minha época de primário. Elas duas são marcantes na minha vida. E na época de ginásio, a professora Marileide, eu sempre fui muito admiradora dela, do português dela, a professora Yolinda também, mas foi muito pouco que eu estudei com ela, mas essas professoras são muito marcantes, a professora Lúcia também que foi minha professora de matemática, a irmã do professor Nonato, apesar que eu tenho muita dificuldade em matemática, mas a forma com que ela passava matemática, me ajudava muito, era uma forma diferenciada.
P/1 - Da sua infância, você estudou ou você trabalhou?
R - Na minha infância eu estudei e trabalhei, porque eu sempre fui muito de ajudar a minha mãe em tudo, em casa, meus dois irmãos eram os mais velhos, porém eu era a irmã mais velha mulher, e eu achava que era papel meu ajudar a minha mãe a cuidar de tudo, e cuidar das coisas dos meus irmãos, porque meus irmãos trabalhavam às vezes vendendo alguma coisa aqui ao redor do garimpo, a minha mãe sempre foi de fazer coisas para eles venderem e tudo. Então eu sempre fui muito de fazer as coisas também dentro de casa, e preparar as coisas para os meus irmãos, eu achava lindo meus irmãos andarem arrumados, e eu sabia que eu contribuia para isso.
P/1 - Você ajudou também a trabalhar na roça?
R - Não, eu nunca trabalhei na roça, mas eu comecei a trabalhar muito cedo em casas de família.
P/1 - Quando você começou a sair sozinha com algum amigo?
R - Eu nunca fui muito de sair sozinha, e até os meus 18 anos, para eu vir para a igreja, eu vinha com a irmã Marilene. Meus pais nunca deram aquela liberdade assim, de estar saindo sozinha não, para eu ir para uma reunião de mocidade, que a primeira vez que eu fui para uma reunião de mocidade foi em 97, eu já tinha 17 anos, que foi em Canaã, mas eu lembro como se fosse hoje, o Mauristel foi pedir para o meu pai, lá na minha casa, foi que meu pai deixou eu ir, e eu fui, mas eu achava isso super normal, para mim isso não era errado, para mim é certo, entendeu? Você ter esse respeito, se o pai disser que não é para ir, se a mãe disser que não é para ir, você não ia, para mim isso é zelo, é amor. E eu só aceitei isso muito de boa, de boa demais, graças a Deus.
P/1 - Quando você trabalhou na casa de família, qual serviço você fazia?
R - Eu comecei a trabalhar, eu tinha 12 anos, e a primeira casa que eu trabalhei, foi a casa da Dalva do fuscão, não foi bem assim um trabalhar de casa, né? Foi aquele serviço de menino, ela convidou para minha mãe deixar eu dar aquele apoio, na época a dos Anjos trabalhava lá. Então eu era aquela pessoa que ajudava, quem estava tomando conta da casa, fazendo alguma coisa, olhando aquela roupa, limpando aquele chão, levando aquela roupa para… Ou então assim, foi de ajudar o serviço de casa mesmo, isso com meus 11 anos de idade, 12 anos de idade, perdão. E depois, a segunda casa que eu trabalhei, que foi em casa de família, foi na casa do seu Alfredo, ali, que era onde o Tairon tem a oficina hoje, que na época ele era casado com a dona Toinha, trabalhei tomando conta da casa dele mesmo assim, limpar a casa, cuidar da roupa, fazer a comidinha, da forma que pedia para fazer, isso, era serviço de casa mesmo, porém, como sempre o serviço de uma menina, uma pessoa que estava crescendo ali, mas tinha responsabilidade de fazer o que era pedido para fazer.
P/2 - O que você fazia para se divertir?
R - É, eu não tinha muita diversão não, como eu falei agora a pouco, a segunda casa que eu trabalhei foi a casa da Dona Toinha, e a segunda casa que eu trabalhei foi a casa da dona Bilu, que eu trabalhei 5 anos e 6 meses. Então não tem como eu dizer que uma pessoa que trabalhou, começou a trabalhar com 12 anos, e trabalhou um pouco na casa de um, trabalhou a segunda casa trabalhei quase um ano, e na outra eu trabalhei 5 anos e 6 meses, não tem como eu dizer que eu fui uma adolescente que tinha tempo para estar passeando, não tinha, porque só quem trabalha em casa das pessoas sabe que você passa o dia todinho trabalhando em ainda tem serviço, as pessoas que eram misericordiosas comigo de fazer somente o que eu dava conta de fazer, mas quem é dona de casa sabe que serviço de casa não acaba. Ou então, assim, mas eu tive a sorte grandiosa de trabalhar com pessoas boas, por exemplo, a dona Bilu, a onde eu trabalhei 5 anos e 6 meses, eu tenho ela como a pessoa que mais me ensinou, a pessoa que me ensinava, não era só porque ela queria que eu fizesse para ela não, ela me ensinava porque ela realmente queria que eu aprendesse. Ela me ensinava a fazer a comida toda bonitinha, certinha, me ensinava a fazer o frango, me ensinava a fazer o bolo, me ensinava a fazer a sobremesa, tinha 3 crianças dela, e eu trabalhava nessa casa com 3 crianças, que era Rayna Cassia, Rayane e Raylane. Então só nessa casa eu trabalhei 5 anos e 6 meses, não tem como eu dizer que eu tive uma adolescência de passear não, a minha era trabalhar de dia, estudar de noite, e no outro dia de novo serviço. Todo mundo que mora aqui nessa rua Rio Verde sabe que eu passava todo santo dia de manhã ali, e eu acho que a minha infância não foi muito de passear não, mas não tenho do que me reclamar disso, que isso só me fez crescer como pessoa, e valorizar tudo que Deus tem me proporcionado.
P/2 - Qual foi o aprendizado que você teve trabalhando?
R - Eu tive um aprendizado muito bom. Como eu falei agora a pouco, eu tive muita sorte de trabalhar em casa de pessoas boas, pessoas que me respeitavam como ser humano, e isso só me ensinou a ser uma pessoa respeitosa cada dia mais, e também como eu trabalhava na casa dessas pessoas, de família, eu trabalhei em 3 casas de família, uma não foi um trabalho assim, de eu cuidar das coisas, eu só ajudava alguém, que no caso era a finada dos Anjos, né? Se não fosse trabalhar com elas, eu não tinha aprendido tanto, porque as vezes em casa, talvez eu não teria oportunidade de aprender a fazer tanta coisinha diferente, como eu tinha na casa delas, por terem uma condição financeira maior de me ensinar a fazer uma comida melhor, uma comida diferente, sobremesas, bolos, essas coisas. E tudo eu aprendi com elas, ou então, principalmente com a dona Bilu, que inclusive eu perdi, eu e a família dela toda, perdemos ela agora, no dia primeiro de junho, foi uma perda muito grande. Para mim, foi assim, de alguém que eu amo mesmo, de verdade, foi a perda dessa minha ex patroa. Porque você trabalhar 5 anos e 6 meses com uma pessoa e continuar amando ele respeitando, é porque ele é uma pessoa boa. Então, eu tenho um aprendizado grande com elas, de praticamente de quase tudo de cuidar de uma casa, de ser respeitosa com as pessoas que eu trabalho, porque elas também me respeitavam. E é isso, para mim foi um aprendizado de respeito mesmo.
P/2 - Quais são as lembranças mais marcantes da sua adolescência?
R - Deixa eu ver. Eu não consigo lembrar, mas, não consigo lembrar, mas eu tive muitas lembranças marcantes, pode ser assim, quase passando da adolescência? Tem uma fala que uma pessoa fez para mim, que me marcou muito, não tem quando alguém lhe parabeniza, que talvez ele lhe parabeniza porque ele realmente está feliz ali por você, mas ele não tem, às vezes, consciência do quanto aquilo vai lhe impactar? Isso aconteceu comigo. Eu estava vindo um dia, só eu e Deus sabemos o quanto eu estava vindo angustiada da minha casa nesse dia, tinha sido um ato de muita coragem minha, quando a dona Bilu, essa minha ex patroa foi embora para Eldorado, ela até terminou conversando comigo e me convencendo a comprar a lojinha na mãe dela. E foi um ato de muita coragem minha comprar, porque eu comprei para pagar parcelado, mas nesse dia eu estava vindo tão angustiada da minha casa, e quando eu cheguei aqui, para cá do Polo da mentira, sempre um ônibus ficava parado ali, perto de Zé Domingos, acho que todo mundo sabe disso, né? E quando eu fui chegando ali perto do ônibus a professora Lindalva, isso na época de 98 para 99, a professora Lindalva falou assim para mim: “Parabéns, eu estou sabendo que você comprou a lojinha, eu estou muito feliz por você, parabéns, estou feliz mesmo”. No dia que ela me deu esse parabéns, ela me deu uma energia tão grande, ela naquele dia, eu acho que ela nem, ela não faz ideia, de como aquele dia eu estava me sentindo, e aquele parabéns dela foi inesquecível para mim, foi um parabéns encorajador, e que naquele momento eu ergui a minha cabeça e falei: “Eu vou dar conta de pagar, e eu vou ficar sim com essa lojinha, e essa vai ser um dos primeiros dos meus negócios”, e foi. Então assim, é marcante esse parabéns que ela me deu, é muito marcante para mim
P/2 - Por que você e sua família se mudaram?
R - Para Serra Pelada? A gente veio por causa do meu pai que estava aqui, e a gente ficou de… Veio para, para, minha mãe já sabia que ele estava com uma pessoa, como relatei há um tempo atrás, e ela veio para conviver com o pai dos filhos dela, e não abrir mão da família dela, e foi isso que aconteceu, e a gente ficou um bom tempo. Quando foi na época de 99, já para entrar 2000, a gente estava em uma situação muito difícil com meu pai, e a gente teve que ir embora, mas a gente só ficou um ano e pouco lá fora, mas a gente teve que ir, porque estava muito difícil a convivência com o meu pai, muito difícil mesmo, a gente foi como um ato de sobrevivência. Não tem quando você sabe se você não for embora dali você, algo de ruim vai acontecer? E foi isso que a gente fez, a gente foi embora com a cara e a coragem para Imperatriz, de volta. E pela graça e a misericórdia do Senhor o meu esposo, aquele que hoje é meu esposo, na época não era, se ele já era insistente para namorar comigo quando eu estava aqui, quando eu fui embora ele foi muito mais, e através dele eu voltei de novo, graças a Deus por isso, viu? Porque se não eu tinha perdido.
P/1 - O seu pai ele… Conte-nos um pouco sobre ele, como foi a vinda dele para cá , tudo que ele desenvolveu aqui dentro.
R - Ele veio para cá na época de 80, que foi quando eu nasci, foi na época da abertura do garimpo, né? Ele veio em busca da riqueza, como todos vieram, mas o meu pai, ele não foi aquela pessoa que veio em busca e conseguiu a riqueza não, ele trabalhou muito, meu pai era muito trabalhador, e ele trabalhou muito, mas nunca conseguiu pegar aquele rec bamburrado, mas que dava para viver. E meu pai ficou aqui, que o sonho da vida do meu pai era isso aqui se resolver. Mas terminou o meu pai falecendo em 2012, e terminou não vendo resultado disso aqui, que é o resultado que todos os garimpeiros esperam, que um dia vai resolver. Mas o meu pai veio em busca de uma vida melhor, e através dessa busca de uma vida melhor veio todos nós. E realmente foi uma vida melhor, porque graças a Deus a gente está bem, da forma que Deus quer, mas a gente está bem, então isso para mim é só agradecer.
P/2 - Quando ele veio, ele quis trazer a família?
R - Não, quando ele veio, eu acho que meu pai não tinha planos de nós virmos não, nós é que fomos teimosos e vimos atrás. A minha mãe sabia que ele não ia voltar, porque eu acredito que se a gente não tivesse vindo a nossa história seria talvez igual dessas outras pessoas que não vieram e terminou o esposo ficando para cá, a esposa para lá com os filhos, e todo mundo criando separado, eu acho que teria sido, a nossa vida teria sido assim se a mãe não tivesse vindo, porque eu acho que nem ele ia nos trazer, nem ia ter plano também de voltar. Porque todos aqui que vieram para, com aquela esperança que ia bamburrar, eles não voltavam não, eles ficavam sempre aventurando, não é isso?
P/1 - Como foi a viagem de vocês?
R - Foi uma viagem muito boa, eu lembro que era aquelas pau-de-arara, né? Atoleiro na estrada que tinha do 16 para cá, mas foi muito bom, mas eu lembro que foi uma viagem longa, eu lembro que a gente ainda parou na estrada, esperou um tempo, a gente custou muito do 16 para cá, para chegar em Serra Pelada, porém eu lembro como se fosse hoje, que a gente chegou em um dia chuvoso, mas foi difícil, mas foi bom, é menino, eu acho que menino não anda achando nada ruim, tudo é uma diversão, né?
P/1 - Quando vocês chegaram aqui, como foi a recepção dele?
R - A primeira vez que a gente veio, que foi quando ele morava ali naquela casa da mineira, que ele estava só com um barracão que tinha muito homem e tudo, foi muito boa, mas já a outra foi desagradavél, quando a gente veio pela segunda vez em 87, porque a gente chegou, encontrou meu pai com outra mulher, aí a outra mulher, nós tivemos que ficar do lado de fora esperando a outra mulher sair, para depois nós entramos, não foi agradável, mas não há nada que a gente não supere, né? Porque, por exemplo, a minha mãe, ela depois pegou a gente, foi lá embaixo dar banho na gente, como que, nós ali entendendo tudo, vendo tudo na nossa forma de menino, porém minha mãe não frustrava a gente com aquilo, foi lá: “Vamos todo mundo tomar banho, e não sei o que”. E depois entrou todo mundo para dentro, e se teve a conversa foi muito particular com meu pai, porque depois não conversava conosco sobre isso.
P/2 - Como você se sentiu vendo isso do seu pai com outras mulheres?
R - Muito triste, porque eu via a minha mãe sofrer, por muito que ela não falava, mas a gente via ela sofrer, e filho sofre em ver os pais sofrerem, tanto faz ser o pai, quanto a mãe, e a gente sofria, e a gente conversava entre irmãos, sabe? Que não gostaríamos daquilo, que achávamos errado meu pai fazer aquilo, mas era aquela coisa que nós não podíamos fazer nada. A gente quando é criança, a gente não, a gente só pode ir lá, passar a mão na cabeça da mãe, perguntar porque que está chorando, mas fazer a gente não pode fazer muito, a não ser dar carinho para ela, é só isso, porque é frustrante a gente ver a mãe da gente chorando, e a gente de uma certa forma estar vendo o que está acontecendo, mas a gente não pode fazer nada.
P/2 - Qual foi a primeira impressão que você teve quando chegou aqui?
R - Maravilhosa. Gente, eu amei a Serra Pelada, a primeira vez que eu vi, a minha mãe é que sempre fala, que parece que eu sempre gostei de gente, desde pequena, minha mãe sempre fala isso, que eu sempre gostei de gente, eu acho um máximo estar perto de gente, eu acho que é por isso que eu gosto tanto de estar dentro do meu comércio, porque é muito bom estar perto de gente. Quando eu vejo, meu esposo é um, dos que dizem que preferem ficar na roça, cuidando de animais, do que cuidando de gente, já eu não me canso com gente, eu me decepciono, né? Acho que todo mundo se decepciona, mas eu gosto mesmo é de gente. E quando eu cheguei aqui que eu vi aquele vuco vuco de tardezinha de gente, e de manhãzinha aquele monte homem, e minha mãe trouxe a gente na beira dessa casa, que na época não era assim, eram homens trabalhando, aquele areial, aquele monte de motor perto, aqueles barulhos de motor funcionando, eu achei aquilo um máximo, aquele lugar que todo lugar que você ia era muita gente, você ia no comércio era muita gente, você ia trocar um gás era muita gente, tudo era muita gente, Meu Deus, era um máximo, o cinema aqui, eu achava um mágico demais, aquele negócio de por uma bolsa ali e estar guardando a sua vaga para de noite, Meu Deus, aquilo era, era um lugar de moral, ou sim, não era? Porque tinha tanta gente, mas tinha ordem, então eu gostei de Serra Pelada, foi assim amor à primeira vista, desde eu menina, eu sempre gostei, e até hoje.
P/1 - Josi, mesmo toda essa situação que seus pais se encontravam sua mãe conviveu a vida com ele até os últimos dias?
R - Não, quando minha mãe suportou tudo isso, não é que superou, mas sobreviveu a tudo isso, e de uma forma muito sábia, que minha mãe não reclamava, né? Para nós filhos, na verdade eu acho que minha mãe não reclamava para ninguém, e sofria, mas sofria sem falar mal, né? E ela ficou com ele até 99, quando já estava um caso extremo de agressividade, estava um caso que já estava insuportável, a gente já estava vendo que poderia uma hora acontecer uma tragédia. Foi quando, graças a Deus, meus irmãos já homens, e vendo que a situação não estava fácil nos deu todo apoio e nos tirou daqui, e a gente ficou, foi quando eu fui para fora, e terminei voltando, que quando eu já voltei, eu voltei casada.
P/1 - Quando você retornou ele ainda estava aqui? Seu pai, já separado da sua mãe?
R - Sim, ele estava, meu pai estava, e meu pai tentou agir de formas diferentes, eu não nego que quando eu casei, mesmo já estando casada eu não tinha me conscientizado que meu pai não tinha mais aquele domínio sobre a minha vida, eu não tinha me conscientizado disso, eu tinha medo do meu pai. Quando ele chegava no comércio eu tinha aquele temor - “Será que ele vai me fazer vergonha igual fazia antes? Será que ele vai me xingar igual ele xingava antes? Eu não tinha me conscientizado do poder de eu ter um homem na minha vida que era meu esposo, que eu ter uma pessoa na minha vida ali, hoje eu ser uma pessoa casada, aquilo mudava a relação dele sobre mim, né? Em questão de me humilhar, né? Mas eu não me conscientizei disso no começo. Eu só me conscientizei disso com o decorrer do tempo, uma coisa que me surpreendeu foi quando eu dei a benção para o meu pai, depois de eu casada, o meu pai disse para mim um: “Deus te abençoe”, de uma forma carinhosa, e para mim aquela foi a primeira vez, porque eu não lembro na infância daquele “Deus te abençoe” de uma forma carinhosa, aí eu imediatamente vi aquilo: “Meu Deus, será que isso é verdadeiro?”. Aí quando foi um dia, eu em oração, eu conversando com Deus assim, no íntimo do meu coração, e me veio aquela lembrança assim, você passou tantos anos pedindo isso, e hoje você recebeu e está achando estranho. E a partir daquela lembrança que eu realmente pedia uma mudança no meu pai, ouvir um “Deus te abençoe” daquela forma, e porque agora eu estava tendo, e eu estava achando que era um ato falso? Aí a partir daquele dia eu não passei mais a ver como um ato falso, eu passei a ver como algo que Deus estava me dando, e eu passei a receber de bom grado. Não sou muito de me preocupar com o que as pessoas acham, se eu fazia ou deixava de fazer, eu sei o que eu fazia, e eu sei o quanto eu cuidava, ele que não se permitia a gente se aproximar tanto por causa das atitudes, por causa do vício, da cachaça. Mas para mim, o que vale é o que eu sei no íntimo do meu coração de que forma eu agia, então é isso.
P/1 - O que você entende que culminou em toda essa questão da violência? De tratar os filhos, a esposa de uma forma tão brusca, o que agravou?
R - Eu não, eu acho que ele sempre teve uma personalidade muito forte, né? — Ele nunca foi respeitoso com a minha mãe, desde quando casou com ela, terminou vindo para cá, deixando a gente para lá, então ele mostrava todos esses sinais, eu acho que a minha mãe que foi muito insistente, de querer viver. E chegou um momento em que ele só foi demonstrando mais ainda, e com o vício da cachaça, o desespero de as coisas não darem certo, eu acho que isso só foi, mas eu acho que talvez isso fosse dele mesmo.
P/2 - Quando sua mãe chegou em Serra Pelada, ela continuou sendo professora?
R - Não, ela ficou um tempo sem dar aula, porque meu pai decidiu que ele ia assumir toda a responsabilidade, que era para ela ficar quieta um tempo, porém não funcionou muito bem. O garimpo em si já não estava funcionando bem, passou só um tempo, já começou a não funcionar bem. Talvez também o comprometimento do meu pai não era tão grande assim para manter aquele compromisso, aquela responsabilidade com a família. Aí logo passando uns anos ela começou a dar aula particular, dando aula particular em casa, e tinha muito aluno, e sempre dando aula particular. Depois ela conseguiu uma oportunidade para trabalhar no setor público mesmo, aí ela voltou sim a dar aulas, que foi quando as coisas melhoraram um pouco.
P/2 - Com quanto tempo de casada sua mãe se separou do seu pai?
R - Meu irmão já tinha 20 e poucos anos, eu acredito que, eu não sei se foi mais de 25 anos, eu acho que foi mais, mas eu não lembro exatamente a quantidade de anos. Porque a minha mãe casou, depois, quando a minha mãe separou do meu pai, eu já tinha 19 anos, e meu irmão mais velho já tinha 20 e pouco anos. Então eu baseio que foi com uns 25 anos ou mais, mas eu não tenho certeza.
P/2 - Sua mãe trabalhou lá, na educação, aqui em Serra Pelada, por quanto tempo?
R - Foi por um bom tempo, da época de 92, 94, mais ou menos, até 99, que foi o período que a gente retornou a Imperatriz, que foi quando ela separou do meu pai.
P/1 - Josi, e em relação a sua vida, já após a adolescência, como você conheceu seu esposo e tudo isso aconteceu?
R - Eu trabalhava em uma casa próxima a onde ele tinha uma loja de roupa, e ele foi aquele, aquela pessoa insistente, que sempre estava procurando uma oportunidade para me pedir em namoro, tinha vezes que ele me pedia duas vezes por dia, e graças a Deus, viu? Ele foi muito insistente, porque eu era muito cautelosa, e ele foi insistente a ponto de continuar insistindo, e eu “não, não dá certo”, até mesmo porque eu já estava na igreja, e ele não, mas na verdade não era nem só por isso, é porque eu achava ele muito danadinho, mas graças a Deus, ele foi muito insistente, porque quando a gente retornou para imperatriz, em 99, se ele já insista quando eu estava morando aqui em Serra Pelada, ele passou a ser mais insistente ainda, e ainda bem, porque se não fosse eu tinha perdido um ótimo marido. Aí ele foi em Imperatriz, e tudo, e eu terminei aceitando o namoro com ele, logo nos casamos, e eu retornei para Serra Pelada, que foi em 2002. Eu fiquei só um ano e pouco em Imperatriz, que eu casei em junho de 2002, fiquei 1 ano e 6 meses lá, e casei e voltei casada, mas ele me falou quando foi para eu ir ele falou: “Você vai voltar de Imperatriz casada comigo.” E eu: “Só se for da permissão do Senhor.” E foi da permissão do Senhor, porque eu voltei , estou casada com ele, e sou feliz da vida por isso.
P/2 - A gente poderia te perguntar, como vocês se conheceram?
R - A gente se conheceu aqui porque eu trabalhava na casa da dona Bilu, que é próxima a loja dele, que ele tinha uma loja de roupa na época, e a gente se conheceu através da dona Bilu, minha ex patroa, porque ele é amigo dessa família, e através dele, eles iam na casa, e terminou me conhecendo e já foi logo assim, quase que imediato me pedindo em namoro. Mas não deu certo na época não, só deu certo bem depois.
P/2 - Como foi o desenrolar da vida aqui na Serra Pelada?
R - Foi, não foi fácil, mas foi possível, até mesmo porque, na época quando eu fui embora, eu já, durante o período que eu trabalhava com a Dona Bilu, eu trabalhava na casa dela, mas eu também ajudava ela na lojinha, então ela sempre me ensinou, foi através dela que eu peguei essa boa vontade de vender, de negociar, e também na época que ela foi embora eu terminei comprando a lojinha para mim, depois quando foi para eu ir para Imperatriz, eu terminei devolvendo tudo para ela novamente, ela ficou novamente, comprou da minha mão de novo, né? E quando eu voltei, casada de Imperatriz, foi com meu esposo, que já tinha um comercinho pequeno, e a gente foi batalhando. Não falo que foi fácil, não foi fácil, mas eu tenho como uma grande conquista, desde a cestinha do meu cliente por uma mercadoria dentro, até o ponto de eu ter chegado a construir o meu comércio, porque eu sei do que eu abri mão para para poder comprar o primeiro carrinho, eu sei do que, do meu esforço, da minha dedicação para comprar a primeira cestinha. Os meninos até falam assim:”Meu Deus, mas tu é tão cuidadosa com as tuas coisas”. Mas eu sou, porque eu quando comecei, a gente não tinha nenhuma cestinha para o cliente por uma mercadoria, eu lembro que essas caixinhas, durinha, arrumadinha, para mim era uma maravilha, para eu arrastar dentro do comércio, e meus clientes pondo a mercadoria dentro, e eu às vezes anotando em um caderno de costinha de arame, então, Deus foi abençoando o nosso trabalho, aí eu consegui comprar umas cestinhas de metal, que é aquelas de ferro, para mim foi uma maravilha, Meu Deus Deus sabe o quanto eu lavava elas, na hora que estava empoeirada eu estava lavando, de tanto cuidado que eu tinha com elas para não acabar, e depois pude comprar os carrinhos, e fui melhorando, depois fui trocando minhas prateleiras que eram todas de madeira por uma prateleira de metal, e depois, Deus foi abençoando, consegui construir meu comércio, e hoje eu só tenho a agradecer e trabalhar, para Deus ir abençoando cada dia mais.
P/2 - Seu pai veio para cá por causa do garimpo, depois sua mãe veio por causa dele, no período que o garimpo fechou, como foi que vocês fizeram para sobreviver?
R - Foi uma fase muito difícil, porque era a fase que a minha mãe ainda não estava dando aula assim mesmo para ter uma renda melhor, e a gente, eu ainda muito pequena, porque a partir do momento que eu comecei a trabalhar, a gente passou a ajudar também, tipo assim, meus irmãos vendiam coisas nas lontras, que a gente chamava lontra, que é onde tinham as máquinas trabalhando, os britadores, minha mãe sempre fazia doce, coisas para eles venderam, e depois eles conseguiram um emprego na padaria, né? E tudo era assim, quando eu falo que a gente aprendeu a se cuidar, um do outro, porque mesmo a gente sendo criança, mas o que a gente conseguia era para nós, não tinha aquela coisa individual, tipo meus irmãos, se eles traziam o pão, era para todos nós, o dinheirinho que pegava era para comprar coisas para nós, aí eu também foi o período que eu também já comecei a trabalhar nas casas de família, né? Mas até chegar esse momento que a gente ficou maiorzinho para ajudar a minha mãe, de uma certa forma os meus pais, a gente passou necessidade. Na época, eu acho que, foram poucas as pessoas aqui que não passaram necessidade da época de 94, 95, 96, acho que talvez até 98. A gente passou necessidade, 98 não, porque de 96 mais para frente já estava aquela fase que meus irmãos já rapazinhos, eu já mocinha, já trabalhava, já ajudava, mas o período de 93, 94, 95, não foi fácil não, a gente passava necessidade mesmo, aquela de você amanhecer e não ter, de a minha mãe ralar aquela macaxeira e fazer aquele grolado ali para poder ser o alimento, ou o café ou o almoço. E algo que eu lembro perfeitamente, a Elma tinha açougue, da família Mororó, e o meu primo, o Diego, ele tinha aquele cuidado de muito, muito cedo, para ganhar aqueles, aqueles ossos, que é o chambaril, né? Que é a canela lá, que eles desossam, mas fica aquela cartilagem e de uma certa forma fica um pouquinho de carne, e ele sempre tinha cuidado para ganhar aquilo e levar para a gente cozinhar e de uma certa forma ser uma mistura, e foi difícil, mas não foi um difícil que a gente passou reclamando, sabe? A gente, como eu já relatei várias vezes, a gente teve uma base muito boa, que era o acolhimento da minha mãe, que era isso que fazia a gente ter, porque ela fazia com tanto amor, sabe? Aquilo, e servia para a gente como se fosse a coisa mais gostosa da fase da terra, e aquilo fazia a gente realmente se sentir satisfeito, e é isso. Foi difícil, mas eu acho que difícil mesmo é se a gente não tivesse tido a mãe que a gente teve
P/2 - Vocês passaram por toda essa dificuldade, por que você decidiu continuar morando em Serra Pelada?
R - Porque eu voltei casada, pela graça e a misericórdia do senhor, eu casei com uma pessoa que, no caso já estava com um comercinho pequeno, mas estava aqui em Serra Pelada, e porque na verdade eu sempre gostei daqui, quando foi para eu ir embora daqui, as pessoas que são próximas de mim sabem, que eu fui, mas eu fui chorando, eu fui pela situação, eu fui porque era naquele momento era uma sobrevivência, ou a gente ia, ou talvez a coisa se complicaria mais, né? Porque estava uma situação já grave em relação ao meu pai. Mas, eu sempre gostei daqui, eu gosto daqui demais, das pessoas daqui, eu até sempre falo que as pessoas daqui, desse lugar, foram que me fizeram ser comerciante, me fizeram ter condições financeiras de hoje, estar pondo meus filhos para estudar, de arrumar as coisas da forma que eu desejo, então eu sou grata a esse lugar, e a comunidade de Serra Pelada.
P/2 - O que te mais marca aqui em Serra Pelada?
R - Eu acho que é o fato de eu morar aqui desde criança, e de eu sempre ter gostado mesmo, eu gosto daqui. O que me marca aqui é ser um lugar bom, para mim é um lugar bom, e eu sempre falo para mim irmã, que é porque eu amo demais aqui mesmo.
P/2 - Você construiu sua família aqui?
R - Isso, construí minha família aqui em Serra Pelada, meus filhos, que hoje eu sou casada, tenho 22 anos de casada, tenho 3 filhos, uma menina, Victória, tenho o Paulo César, e tenho o Paulo Victor de 12 anos, a Vitória já tem 20 anos, o Paulo César tem 19, e o Paulo Victor tem 12, então não tem como eu não amar esse lugar não, e essas pessoas, né?
P/1 - Josi, conta para gente assim, um fato marcante da sua vida, algo que você leva para sempre em sua memória?
R - Marcante, tem muitas coisas marcantes, mas uma delas foi quando a minha mãe nos presenteou, assim, nos agraciou em ter a coragem de nos dar outra irmã, que eu nunca vou esquecer desse dia. Foi 17 de dezembro de 95, a minha mãe chegou, com uma felicidade muito grande, disse que tinha ganhado um presente maravilhoso, e o que nós achávamos dela ir buscar esse presente, e ela nos falou que esse presente era uma menina, a gente ficou numa felicidade tão grande, mas tão grande, aguardando a minha mãe chegar, que a gente encontrou ela quase no meio do caminho, e para mim esse dia é inesquecível, até mesmo porque Deus só nos abençoou, e nos agraciou até hoje com a presença dessa pessoa maravilhosa que faz parte da nossa vida, e que é a minha querida irmã Joyce.
P/1 - Você como pioneira aqui de Serra Pelada, cresceu por aqui e se tornou comerciante, para você qual foi o melhor período para o seu comércio aqui em Serra Pelada?
R - O melhor período? Teve outros, mas eu vou lembrar de um muito nítido, do mais recente, foi na época de 2011 até 2013 na época da Colossus. Na época da Colossus foi uma época muito boa para o comércio, porque todos estavam trabalhando, todos tinham seu salário, então isso é dar liberdade para as pessoas comprarem o que realmente querem comer, ir no comércio sem aquela limitação de “meu dinheiro só dá tanto.” E na época da Colossus as pessoas estavam assim, eram assim, eles iam para o comércio, compravam o que eles realmente queriam, porque tinha a condição financeira, então para o comerciante, a comunidade em si estando bem financeiramente, o comerciante também vai estar bem.
P/2 - Quem era a Colossus?
R - Colossus era uma empresa que tinha aqui trabalhando, né? Inclusive ela ficava aqui por de trás da cava, e eu não sei explicar bem de quem era realmente o dono, só sei que era uma empresa de mineiro, né? Que estava com a abertura de um projeto muito, muito grande aqui em Serra Pelada, e muito bom, e gerando muita renda para a comunidade, que foi no período nesse período de anos, que foi o período que alavancou o projeto e foi muito bom.
P/2 - Você sente saudade de algum lugar ou de alguma pessoa daquela época?
R - Da época em que estava bom?
P/2 - Não, da época do garimpo, assim, que você veio…
R - É, uma família que a minha mãe era muito amiga, e perderam o contato total, era a Dalva do Fuscão, era muito amiga da minha mãe, uma pessoa muito boa, que nos ajudou muito, em tudo assim, não tem aquela pessoa que é amiga da sua mãe, mas que lhe ajuda no alimento, no lençol, em tudo, em tudo, que tem amizade, que lhe proporciona, lhe ajuda também. A dona Dalva do Fuscão era essa pessoa, então uma pessoa que eu sinto saudade, e que eu tenho muita vontade de reencontrar ela, por ela ser muito amiga da minha mãe, e por ela ter sido tão acolhedora com a minha família.
P/2 - Por que você escolheu esse local para ser entrevistada?
R - Porque, como eu já falei, eu amo Serra Pelada, e eu acho que não tinha algo que identificasse Serra Pelada melhor do que a cava, porque não tem como não olhar para cá e não se localizar que está em Serra Pelada, e por esse motivo.
P/2 - Você falou do seu primeiro emprego, como você se sentiu no seu primeiro dia?
R - A foi maravilhoso até mesmo, porque a Dalva do Fuscão, não era bem um primeiro emprego, era como se eu… Mas, era um primeiro emprego, né? Porque às vezes a ajuda de menino não é tão vista como um emprego, é só como um apoio, e a Dalva do Cuscão além de ser muito amiga da minha mãe, a dos Anjos, que é mãe do Baixinho e do Gegê,né? Que inclusive já faleceu, ela era muito amiga da minha mãe também, e era ela que estava trabalhando na casa da Dalva do Fuscão, então eu ia lá para ajudar aquele apoio de, essa menina vai ajudar a dos Anjos, entendeu? A dos Anjos precisava de um tempero cortado “Josi corta isso aqui, Josi leva essa roupa para ali, Josi, limpa aqui minha filha”. Então, eu era esse apoio para ela, então eu me senti maravilhada, em ter uma oportunidade de estar ali ajudando e sem contar que para mim aquilo me gerava o prazer de ter aquele dinheirinho para comprar alguma coisa para mim, entendeu? Isso é muito bom.
P/2 - Como você se sentia, você teve seu primeiro emprego, aí como foi, como você se sentia, você teve outro emprego?
R - Depois da Dalva do Fuscão, eu fui trabalhar com a Toinha do seu Alfredo, que é o que eu falei que morava ali perto ali da irmã Judete, onde é a oficina do Tairon, ali foi a segunda casa de família que eu trabalhei e gostei demais, trabalhei com eles, era muito bem acolhida. O Sr. Alfredo é uma pessoa maravilhosa, até hoje eu olho para ele, e eu nunca vou deixar de admirar, porque até hoje para mim continua sendo aquela mesma pessoa respeitosa, onde me vê me comprimenta, e é isso. E depois dele eu fui trabalhar na casa da dona Bilu, que foi onde eu trabalhei 5 anos e 6 meses, onde eu me senti acolhida por demais, e que até hoje são pessoas inesquecíveis na minha vida.
P/2 - Você falou do seu casamento, da sua família que você construiu aqui, eu quero que você me fale qual foi a sensação de ser mãe?
R - A sensação mais maravilhosa que já existiu, que eu presenciei, que eu senti, foi ser mãe. Eu nunca vou esquecer a primeira vez que eu vi a minha filha, é algo que se fosse para eu fazer um retrato falado agora, mesmo tendo passado 20 anos, eu faria, porque foi muito mágico eu ver a minha filha pela primeira vez, foi no dia do meu aniversário, quando eu cheguei com o Dr Guimarães, que ele falou assim: “Josivane, você não vai voltar para a casa, a menina já está asfixiando, você está perdendo líquido”. E eu não estava sentindo dor, não estava sentindo nada. “Então, você já vai ficar aqui, que a gente vai ter que fazer uma cesariana urgentemente”. Foi um susto, mas um susto que eu já estava ali mesmo no hospital, né? Mas aquela sensação de eu ver a minha filha pela primeira vez, foi mágica demais, eu me sinto feliz da vida, de Deus ter me dado esse privilégio de ser mãe.
P/2 - O que é ser mãe para você?
R - Ser mãe, primeiramente para mim é gratidão a Deus, e para mim ser mãe é o amor em forma real, é o amor em forma de pessoa, porque você tem algo ali que é o amor, mas é um amor que você está vendo ali vivo, que você está tocando. Isso para mim é ser mãe.
P/2 - Como é seu dia a dia?
R - Meu dia a dia é bem corrido, porque hoje eu também não sou só comerciante, né? Eu também sou funcionária pública. Graças a Deus eu tenho pessoas que trabalham junto comigo que são pessoas maravilhosas, que eu confio plenamente, que me ajudam demais, mas mesmo assim na minha casa hoje eu não, eu não trabalho só com meu comércio, de uma certa forma eu fico muito de atendimento ao público, eu dou esse apoio, sabe? Assim, da comunidade em si precisar de alguma coisa, que esteja ao meu alcance, eu estou ali disposta para ajudar no que foi possível, então é bem corrido, mas é um corrido satisfatório, porque eu estou trabalhando com o que eu realmente gosto, que é com pessoas.
P/2 - Como é o fato para você de gerir, estar na geração de uma comunidade que você ama tanto?
R - Para mim é algo gratificante, por muito que eu não consigo agradar a todos, como ninguém consegue agradar, para mim foi muito difícil no começo eu entender isso, que eu não iria conseguir agradar mesmo às vezes fazendo o certo, mesmo tentando ser o mais justa possível. Porque as pessoas, não todos, mas as pessoas em si são muito insaciáveis, eles são assim, se algo é do perfil dele, e você abraça ele naquela situação, ele fica agradecido, mas se algo não é no perfil dele, ele na mesma hora, ele não gosta de você, ou então, mas isso não me incomoda, porque, para mim, o fato de eu estar hoje em uma função, que de uma certa forma, para mim ajudar a comunidade, para mim o gratificante é, é eu fazer o certo, é eu tentar ser justa com as pessoas que realmente precisam, né? Não é questão de ser justa, é não tirar o direito de um para dar para outro, isso para mim é muito gratificante, porque, é muito bom você deixar o direito das pessoas chegarem até ele, e eu me sinto como se eu estivesse tentando fazer esse serviço, não agrado todos, não, porque é igual eu acabei de falar, muitas pessoas, mesmo o direito não sendo para elas, elas querem, a questão do social, a questão do social, tem pessoas que elas não tem necessidade, mas ela quer porque quer, porque ela acha que ela precisa, mesmo não sendo, ela não estando no perfil, de ser abraçado, porém eu quero continuar fazendo esse trabalho, tentando não tirar, e fazendo de tudo para não tirar o direito de um para dar para outro.
P/2 - Na sua gestão, que você representa nossa comunidade, e junto com a prefeita da comunidade, quais as conquistas que trouxeram para cá, para Serra Pelada?
R - Muitas, uma das primeiras, não estou dizendo que foram todos os direitos assistidos, mas muitos direitos foram assistidos, e isso para mim é muito importante. Eu gostaria de responder a pergunta que o Carinho me fez novamente, o Carlinho me perguntou “qual a importância que eu acho da minha função na comunidade, enquanto comunidade que eu tanto amo?” E a importância que eu acho é ajudar para que o direito dessas pessoas seja chegado até elas, essa é a minha resposta. Eu acho que uma da grande importância, e um dos meus grandes desejos são esses, que seja chegado a quem é de direito, o que realmente é o direito dele. Não agrada não, não agrada a todos, mas esse é o meu desejo de tentar continuar fazendo esse trabalho, que as pessoas sejam mais assistidas no que é de direito deles.
P/1 - Você consegue listar as maiores conquistas?
R - Ai, são muitas. Uma é a educação melhor, espaços de educação realmente com qualidade, que a gente tem, tem muitas coisas ainda, que com certeza vão melhorar mais, mas para mim, essas conquista de nós chegarmos em Serra Pelada hoje, sem ser cheia de poeira, na época do atoleiro a gente não estar com atoleiro, com poeira, que a vida toda a gente teve isso, isso para mim é uma das conquistas grandiosas que a gente teve na comunidade, eu sou muito feliz com isso. Tirando a educação que eu coloquei em primeiro lugar, porque eu acredito que o ser humano que tem uma educação de qualidade, tudo para ele é diferente, até para ele se cuidar, ele tendo uma educação de qualidade é tudo mais fácil, e depois, uma delas é a estrada. Isso é maravilhoso.
P/2 - No seu momento, no seu momento de lazer, o que você mais gosta de fazer?
R - Você me acredita que antes eu gostava muito de ir para a minha roça, para a minha roça, era o melhor lugar de Serra Pelada, para mim, era estar na minha roça. Só que no momento, no momento, você nem acredita que é assistir dorama?
P/2 - O que lhe fez entrar para trabalhar na gestão política?
R - Foi um convite. A forma que a prefeita me convidou para participar com ela, foi uma forma muito especial, e foi uma forma muito verdadeira, e eu vi nela realmente a boa vontade de fazer a coisa acontecer. Eu vi na Mariana a sinceridade daquele plano de governo dela não ficar só no papel, e isso me fez ter coragem de abraçar a causa de estar, e eu não tenho nenhum pingo de arrependimento, porque eu vejo nela isso, essa boa vontade.
P/2 - O que você deseja para o futuro de Serra Pelada? E como você vê o futuro daqui?
R - Eu vejo, o que eu desejo primeiro para o futuro de Serra Pelada, é, tem um amigo meu que deseja essa mesma coisa, é que o desejo das pessoas, é que o direito das pessoas seja realmente chegado até elas, esse é um grande desejo que as pessoas realmente sejam assistidas com o que é delas, e também é que Serra Pelada se torne uma cidade assim, mais organizada, mais limpa, que ofereça uma qualidade de vida melhor para a gente, esse é o meu grande desejo também assim, e eu sonho que Serra Pelada ainda vai ser aquela cidade de você entrar assim de ponta a ponta toda limpinha, toda organizada, todo mundo tendo uma moradia construída, eu não estou falando só uns não, todos, todos mesmo, é que tenha aquela morada de conforto, que a gente tenha uma educação cada dia com mais apoio do que o que a gente tem hoje, e é isso, aquela cidade organizada.
P/2 - Quais são as coisas mais importantes para você hoje? Tanto na sua vida pessoal quanto na sua vida de trabalho?
R - Na minha vida pessoal é manter a paz que eu tenho no meu lar, para mim isso é o mais importante, eu acho que nenhum ser humano consegue ser feliz sem ter a paz no lar, e eu quero manter, meu grande desejo é permanecer essa paz que eu tenho no meu lar, essa harmonia que eu tenho, por simples que seja o meu lar, mas tem amor, e isso para mim, eu não quero perder nunca, essa é a maior riqueza que eu tenho. E profissional, que Deus me capacite cada dia mais para eu saber lidar com as pessoas, saber entender e que me capacite para ser um ser cada dia melhor, tanto no meu trabalho quanto em tudo que eu for fazer na minha vida.
P/2 - Qual seu sonho?
R - O meu sonho é ver os meus filhos todos estabilizados e realizados, e realizados com os desejos com o que eles escolheram para a vida deles. Esse para mim vai ser um grande realizar de sonho.
P/1 - Gostaria de acrescentar algo mais na sua história?
R - Não, está bom para mim, achei as perguntas bem inteligentes, bem criativas, e é isso, eu só estou agradecida por terem me convidado para fazer parte.
P/2 - Como foi contar um pouco da sua história?
R - Foi muito bom, eu gostei, eu busquei coisas que vieram aqui na minha memória, coisas que eu tipo, estava adormecido. E através das perguntas você vive um filme, por exemplo hoje, eu lembrei perfeitamente do dia que a professora Lindalva me parabenizou, e isso para mim foi maravilhoso. Lembrei da minha filha, do dia que ela nasceu, perfeitamente. Então foi muito bom, é maravilhoso.
P/1 - O Museu da Pessoa agradece, Josivane, pela entrevista.
R - Brigada.
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