O Cordel de Felipe Valente
Em Umuarama, terra do Paraná, No ano de dois mil e treze, a história se dá.
Andréia, mãe valente, um fardo a carregar, com gêmeos na barriga, a dor a lhe apertar.
Seis meses de gestação, a luta era cruel, A bolsa se rompeu, qual rasgar de um papel.
Correu para o doutor, com preces e aflição, Tentaram segurar a vida, em dura provação.
No sétimo mês, o destino se cumpriu, um par de vidas veio, mas uma sucumbiu. Um menino valente, a vida a respirar, O nome de Felipe Valente, veio a ganhar.
Cresceu em lar humilde, a vida, bem escassa, Com dois irmãos no peito, sentindo a desgraça. O prato quase vazio, a dor de não ter pão, Na infância a miséria batia no portão.
Aos cinco anos de idade, a vida mudou, Seu pai e sua mãe a rota separou. O trauma da partida no peito a machucar, A falta de carinho que o fez desmoronar.
Com asma e bronquite, o peito sempre em guerra, Um corpo a lutar contra a dor que o aterra. Na escola, na rua, em todo lugar que ia, O bullying era a sombra de sua agonia.
Aos seis, a dor maior, a mancha, o ultraje, Na casa do namorado da irmã, sem coragem De gritar ou fugir, sofreu a vil maldade.
A infância roubada, ferida sem piedade.
Com dez anos, o pavor de ser aprisionado, um sequestro vivido, o medo implantado. Um ano de terapia, pra alma acalmar, Os nós do sofrimento que havia de desatar.
Aos onze, a mudança, pra escola integral, Um mundo diferente, com tudo bem novo e tal. Estranho no ninho, sem saber como agir, Mas a força da vida o fez logo prosseguir.
Aos doze anos, hoje, o menino resiliente, Transforma a sua dor num verso pungente. Pois a arte do cordel a alma vem curar, Felipe Valente segue a sua história a contar.