**Cordel do Menino Passageiro**
Num sertão de céu azul
Vivia um menino sonhador,
Seu nome era Zé da Luz,
Com alma de sonhador.
Era menino de andar ligeiro,
Com os pés sujos de chão,
Sempre tinha um jeito aventureiro
De correr pelo sertão.
Zé da Luz, menino passageiro,
Vivia a vida a saltitar,
Entre montes e coqueiros,
Sem nunca parar de olhar.
Ele não tinha destino,
A vida era só caminho,
Viajante de um só divino,
Seu coração era sozinho.
Cresceu na beira do riacho,
Com a brisa a lhe contar
Histórias de um mundo largo,
Que ele só queria alcançar.
Dizia que o vento falava
Com vozes de além do mar,
E que a lua, vez em quando,
Vinha só pra lhe beijar.
Zé da Luz não tinha medo,
Atravessava os matos,
Com seus olhos sempre abertos,
Para os mistérios e os relatos.
E, em cada passo que dava,
Ia deixando sementes,
Nos corações que cruzava,
Com palavras de correntes.
O menino passageiro
Vivia sem nunca parar,
Coração aberto, o mundo inteiro
Era o que ele queria amar.
Dizem que um dia Zé partiu,
Rumo ao horizonte distante,
Deixando o sertão vazio,
Com seu sorriso constante.
Mas quem o viu, por um segundo,
Sabe que o menino, de fato,
Foi mais que sombra, foi luz do mundo,
Que nunca deixou de ser um ato.
E o sertão, até hoje, chora,
Mas sempre com alegria,
Pois o menino passageiro
Fez da vida poesia.