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História
Por: Museu da Pessoa, 29 de março de 2016

O menino que nadava no Tietê

Esta história contém:

O menino que nadava no Tietê

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No meu tempo a coisa era mais modesta, então a gente nascia em casa. Eu nasci na Avenida Rangel Pestana, número 1035, na casa oito no Brás, me criei no Brás. Saí do Brás pra casar. Nós sempre fomos muito pobres, a gente não tinha muito brinquedo. Os nossos brinquedos nós fazíamos, eu e meus irmãos fazíamos. O que a gente tinha de melhor era um carrinho de rolimã, então era uma briga pra quem ia ficar com o carrinho à tarde. E o resto era uma bola de pano que se fazia, uma meia velha cheia de papel dentro pra poder brincar, esses eram os nossos brinquedos. Um estilingue de vez em quando. Não tínhamos brinquedo como tem hoje essa molecada, que tem tudo o que é eletrônico, bicicletas e motonetas. No nosso tempo não tinha, pelo menos a minha fase não houve, os nossos brinquedos eram feitos por nós mesmos, pedaço de madeira com um furo na ponta servia de carrinho, se colocava uma pedra em cima era um caminhão que estava trabalhando, entendeu? Coisas bem rústicas que a gente próprio fazia. Essa era a vida que nós tínhamos lá. E passar a ter uma coisa mais assim, só já como adulto. Minha primeira bicicleta, por exemplo, eu comprei com 19 anos e eu comprei, eu não ganhei do meu pai, eu comprei uma bicicleta.Mas nós nadávamos no rio Tietê. Aqui na esquina da rua Cantareira tinha uma estaçãozinha de trem ali e a gente entrava naquela estação pra pular no rio Tietê e nadar lá. Isso era fantástico! O momento, era divino aquilo! Eu tive um pouco menos essa atividade de nadar em rio porque eu sempre tive esse trabalho com o meu pai, então eu não podia me expor a muitas coisas porque eu sabia que ele dependia e qualquer acidente que eu tivesse iria complicar a vida dele. Então eu me reservava um pouco e fazia outras coisas como, por exemplo, remar no Corinthians. Eu sou sócio do Corinthians desde 1952, 53. E lá no Corinthians eu remava e a gente tinha um barco de quatro remadores com o patrão, nós descíamos o rio Tietê até aqui...

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Dados de acervo

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P/1 – Doutor João, fala o seu nome completo, data e local de nascimento pra mim.

R – João Antônio Navarro Belmonte. Nascido em São Paulo dia 19 de julho de 1941.

P/1 – Em 41. Você nasceu em que hospital ou não foi em hospital?

R – Não, no meu tempo a coisa era mais modesta, então a gente nascia em casa. Eu também nasci em casa na Avenida Rangel Pestana, número 1035, na casa oito.

P/1 – E como era que o pessoal fazia, o procedimento? Nascia em casa e aí?

R – Eu era muito pequeno, então não consigo te dizer como é que era o procedimento (risos). Eu presumo, pelo que a gente apura hoje, que eram partos normais e eu, toda a informação que eu tive da minha mãe, é que foi parto normal. Todos os filhos dela nasceram de parto normal e foram sete os filhos.

P/1 – Todos em casa.

R – Todos em casa.

P/1 – E qual o nome do seu pai, ele nasceu onde?

R – Meu pai é de origem espanhola, Pedro Navarro Melhado, o nome dele. Ele veio da Espanha em 1910 como imigrante e se radicou aqui no Brasil trabalhando no interior, mais especificamente em Novo Horizonte que é uma cidadezinha perto de Araraquara. Cresceu lá, conheceu minha mãe, casaram e em seguida vieram pra São Paulo, onde todos os filhos acabaram nascendo.

P/1 – O seu pai contou qual foi o motivo dele sair da Espanha?

R – Quem contou não foi meu pai, a mãe dele é que contava isso pra gente. Os velhos tinham muito receio da guerra que se desenvolvia, então meu pai tinha irmãos mais velhos já em idade de servir o exército nosso aqui, lá deve ter outro nome, e consequentemente irem pra guerra. E por receio dessa proximidade é que meus avós paternos resolveram vir pro Brasil porque não tinha guerra.

P/1 – Seu pai tinha quantos anos quando ele veio pra cá, o senhor sabe?

R – Dez anos, um pouco menos de dez.

P/1 – E ele conta como foi a viagem, você se lembra?

R – Essa viagem demorava 40 dias pra chegar aqui. Nesse mesmo vapor em que eles vieram pra cá...

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