Eu já morei na Januária, a minha infância mais foi na Januária né, que lá que eu morei lá...muito tempo. Na Januária foi muito bom pra mim, que eu lá morava com um padre, um índio mesmo. Tudo que ele fez, eu aprendi também que ele me ensinou muita coisa. Ele me ensinou a fazer flecha, ele me ensinou a fazer colar, ele me ensinou pescar, inté beber também.
Todas as coisa que nois tem também, tudinho tem dono. Esses mato aí tudinho tem dono, as caça também tem dono também. E nois vamo caçar matar as coisa que nem é nossa, mas nois mata porque quer comer. E tem muita história né, que um índio mesmo, parente nosso, ele foi caçar ele fez uma barrida numa vereda assim, que chama de barriga, ele levou o cunhado dele e deixou ele lá. Aí botô ele lá, fez um foguinho, de lá ele lumiou e viu aquele foguinho assim e pensou que era o olho duma paca e atirou no cunhado dele. Muito complicado, o dono faz isso, mostra coisa na tua vista. Pajé tem desde o começo do mundo, tem pajé tem curador. O pajé faz benzimento, é muito marcante esse negocio aí.
Uma vez numa caçada a onça ele não me pegou porque Deus não quis, ou ela foi muito besta. Porque eu fui debaixo dela, eu tava amarrando minha rede lá, ai escutei derrubando meio mundo de bagulho no chão né, e eu nem....quando eu lumiei moço essa bichona vinha no meu rumo, era bichona, chega as unha dela tava brilhando e ela tava com a barbona assim, muito doida passando bem pertinho de mim. Aí fiquei muito encabulado nesse dia, gritei meu cumpade, ei cumpade...aqui tem uma onça, siô.
Mudou muita coisa, a gente aumentou, essa mudança a gente estudou e já foi outra mudança. O atendimento de saúde mudou, de primeiro era muito pouco era muito devagar e hoje é maior. A educação também aumentou, mois tem colégio grande, muito professor, muito aluno. E assim a gente ta vendo as coisa acontecer assim.
