Na minha caminhada para chegar até aqui foi muito difícil e hoje eu tô aqui olhando, vendo as coisas acontecer e hoje eu sou mais focado, eu nasci pra ser cantor, eu sou cantor, tenho orgulho do que faço, bater maracá é o que eu faço na vida, é cantar, eu não sei curar ninguém mas cantar é comigo mesmo, fazer festa do moqueado, mandiocaba, é comigo mesmo, eu tô sempre ali, toda vez a minha família: "rapaz você não cansa"? Não meu filho, vou morrer cantando pessoal, nem que ele não me pague, eu nasci para isso, essa é a minha cultura, eu nunca vou abandonar, nunca vou deixar.
Hoje eu bato nos peitos e digo que sou hoje, a cultura né, eu não copio mais música de ninguém, eu mesmo faço a minha própria música na minha caminhada sozinho e coisa que eu mais gosto é caçar também. Quando meus tios me levaram pro Pará, fui pra casa da minha avó, então chegou lá o tempo de cantoria, aí minha avó me escolheu, me botou junto com o pessoal lá pra aprender, não queria dá ouvido pra cultura, aí minha avó brigava, dava duro comigo.
Foi o tempo que eu cheguei a me dedicar na cultura, a cantar, tinha um homem chamado Moreira, ele se deslocava da casa dele só para me ensinar eu sozinho fora dos outros, ele tirava uma semana só pra ensinar, é muito difícil um cantor se deslocar de sua casa para ensinar um aluno lá na sua casa, ele fazia de tudo para ensinar, então ele cantava e eu era cabeça dura, ele cantava repetida uma música por seis vezes, aí ele dizia: "tu aprendeu"? Não! Então nós íamos de novo, até quando um dia eu aprendi uma música e cantei pra ele.