Projeto Memórias de Serra Pelada
Entrevista de José Alfredo Pereira Silva
Entrevistado por Vitória Silva (P/1) e Dedison Carvalho (P/2)
Serra Pelada, 29 de agosto de 2024.
Código da entrevista: MSPHV17
Realização Museu da Pessoa
Transcrita por Monica Alves
Revisado por Nataniel Torres
(00:00:32)
P/1 - Seu Zé Alfredo, muito obrigada por ter disponibilizado esse período para estar conversando com a gente, pra gente conhecer um pouco mais a sua história. Eu vou começar lhe perguntando qual é o seu nome, local e data de nascimento?
R - Sim. José, Alfredo Pereira Silva, nasci em 27 de dezembro de 56.
P/1 - Qual foi o local do seu nascimento?
R - Foi em Cajazeiras, no Piauí.
P/1 - Te contaram como foi o dia do seu nascimento?
R - Se eu estou lembrando?
P/1 - Se contaram como foi que o senhor nasceu, que horas foi?
R - Ah, contaram.
P/1 - Como foi?
R - Eu nasci às 05 horas da manhã, minha mãe passou oito dias lá no interior, oito dias, todo mundo estava pensando que ela já tinha…
P/1 - Que o senhor já vinha.
R - É, e que ela não ia resistir, porque já estava com oito dias, sabe? Aí quando foi 05 horas da manhã, eu…
P/1 - Nasceu. Você sabe por que escolheram esse nome pra você?
R - De José Alfredo?
P/1 – Hum hum, por que escolheram?
R - Não, não sei.
P/1 - Não sabe?
R - Não.
R - Mas é um nome muito bonito!
R - Sim, eu gosto
P/1 - Qual é o nome da sua mãe e do seu pai?
R - Minha mãe é Idalina Pereira da Silva, e o meu pai Abdon Moreira da Silva.
P/1 - Qual é a característica deles?
R - Assim?
P/1 - De rosto, qual é a cor da sua mãe, o cabelo dela?
R - Ah, a minha mãe, o cabelo dela é um pouco crespo, o meu pai também. A minha mãe era bonita e o meu pai também.
P/1 - O senhor sabe como eles se conheceram?
R - Como eles se conheceram?
P/1 - Sim, eles dois.
R - É, eles… não, eu não tenho muita…
P/1 - Lembrança no caso, né? O que os seus pais faziam? Quando eles se casaram e...
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Entrevista de José Alfredo Pereira Silva
Entrevistado por Vitória Silva (P/1) e Dedison Carvalho (P/2)
Serra Pelada, 29 de agosto de 2024.
Código da entrevista: MSPHV17
Realização Museu da Pessoa
Transcrita por Monica Alves
Revisado por Nataniel Torres
(00:00:32)
P/1 - Seu Zé Alfredo, muito obrigada por ter disponibilizado esse período para estar conversando com a gente, pra gente conhecer um pouco mais a sua história. Eu vou começar lhe perguntando qual é o seu nome, local e data de nascimento?
R - Sim. José, Alfredo Pereira Silva, nasci em 27 de dezembro de 56.
P/1 - Qual foi o local do seu nascimento?
R - Foi em Cajazeiras, no Piauí.
P/1 - Te contaram como foi o dia do seu nascimento?
R - Se eu estou lembrando?
P/1 - Se contaram como foi que o senhor nasceu, que horas foi?
R - Ah, contaram.
P/1 - Como foi?
R - Eu nasci às 05 horas da manhã, minha mãe passou oito dias lá no interior, oito dias, todo mundo estava pensando que ela já tinha…
P/1 - Que o senhor já vinha.
R - É, e que ela não ia resistir, porque já estava com oito dias, sabe? Aí quando foi 05 horas da manhã, eu…
P/1 - Nasceu. Você sabe por que escolheram esse nome pra você?
R - De José Alfredo?
P/1 – Hum hum, por que escolheram?
R - Não, não sei.
P/1 - Não sabe?
R - Não.
R - Mas é um nome muito bonito!
R - Sim, eu gosto
P/1 - Qual é o nome da sua mãe e do seu pai?
R - Minha mãe é Idalina Pereira da Silva, e o meu pai Abdon Moreira da Silva.
P/1 - Qual é a característica deles?
R - Assim?
P/1 - De rosto, qual é a cor da sua mãe, o cabelo dela?
R - Ah, a minha mãe, o cabelo dela é um pouco crespo, o meu pai também. A minha mãe era bonita e o meu pai também.
P/1 - O senhor sabe como eles se conheceram?
R - Como eles se conheceram?
P/1 - Sim, eles dois.
R - É, eles… não, eu não tenho muita…
P/1 - Lembrança no caso, né? O que os seus pais faziam? Quando eles se casaram e tal?
R - Como é?
P/1 - O que os seus pais faziam de trabalho?
R - Eles trabalhavam de agricultores, ele era agricultor.
P/1 - Ele plantava alguma coisa?
R - É, justamente.
P/1 - Ele plantava, vendia, alguma coisa assim?
R - Vendia.
P/1 - As coisinhas que ele plantava?
R - Hã?
P/1 - As coisinhas que ele plantava, ele vendia na cidade?
R - É, vendia, porque sobrava muito. Ele plantava muito, né.
P/1 - Como o senhor disse, a sua mãe estava lhe esperando no interior, né? Esperando o senhor nascer, lá no interior, o senhor cresceu lá nessa cidade?
R - Foi.
P/1 - Cresceu, né?
R - Foi.
P/1 - Tinha tios, primos perto de você?
R - Tinha, tinha. Família grande.
P/2 - Você lembra da casa onde o senhor passou a sua infância?
R - Lembro.
P/2 - Como era?
R - Era uma casa grande, na época, era uma casa… não construída, era uma casa feita de barro, coberta de palha, sabe? De coco babaçu.
P/2 - Vocês assistiam TV nessa época?
R - Não, nesse tempo não tinha.
P/2 - E rádio, vocês ouviam rádio?
R - Ouvíamos.
P/2 - Vocês tinham um radinho próprio em casa?
R - Tinha, no tempo tinha.
P/2 - E assim, nessa época tinha alguma música que o senhor ouvia, que o senhor lembra hoje?
R - Tinha, mas... (risos)
P/2 - O senhor tinha amigos?
R - Tinha. Eu morava lá, os meus avós moravam em uma fazenda e eu ficava mais lá com eles, justamente eu fui criado pelo avô e avó.
P/2 - Qual é o nome dos seus avós?
R - Meu avô era José Pereira e a minha avó era Maria Caetana.
P/2 - Você falou que foi criado com os seus avós, o que o senhor fazia com eles?
R - Não, eu ficava só mesmo… não, sabe? Quem é criado por avô, é muito… o meu avô, por exemplo, ele era… ele trabalhava para o pessoal da fazenda, ele trabalhava com esse material de couro, fazia aqueles uniformes de couro para o povo da fazenda, ele fazia sapato. Ele era quase um artista nesse tempo, ele trabalhava que você… era uma coisa que… muito bem feita, muito bonito!
P/1 - O senhor ajudava ele? Ficava observando?
R - Ficava observando, mas não ajudava, não. Porque lá eram umas coisas muito finas, que era, na época, era de uns coronéis. E ele trabalhava muito bem, mesmo!
P/2 - Você lembra o nome dessa fazenda?
R - Lembro, lembro sim.
P/2 - Poderia me falar o nome da fazenda?
R - Posso sim, era fazenda Curral de Pedra.
P/2 - E a sua avó fazia o quê nesse tempo?
R - Minha avó era uma pessoa que trabalhava em casa, fazia comida muito boa. Quando tinha aquelas festas de casamento, ela era convidada para fazer a comida desse pessoal que ela fazia muito boa. Trabalhava também para o pessoal da fazenda.
P/2 - Você me falou que tinha amigos na infância, né? Você costumava brincar com os seus amigos?
R - Costumava, brincava. Era com o pessoal, por exemplo, os filhos do vaqueiro da fazenda.
P/2 - E quais eram as brincadeiras?
R - Não, a gente… eu andava muito montado, com eles, a gente andava muito montado, porque tinha muito animal e era aquele negócio, tinha que andar para…
P/2 - Nessa época o senhor chegou a estudar?
R - Estudava sim. Era um pouco assim, porque lá era interiorzão, sabe? Mas eu estudava.
P/2 - E como era para o senhor ir para a escola?
R - Lá era perto, a gente ia a pé. Aí ia aquela turma, sabe?
P/2 - E assim, qual era a distância, você sabe?
R - A distância, era uma distância de uns nove quilômetros, mais ou menos.
P/2 - O senhor lembra da escola? Como era a escola que o senhor estudava?
R - Lembro.
P/2 - Poderia me falar um pouquinho?
R - Posso. Lá era, tinha a casa mesmo que a gente estudava, uma casa só pra gente estudar mesmo, era também igual as outras que a gente morava.
P/2 - O senhor tinha quantos professores?
R - Na época era só um, uma professora.
P/2 - O senhor lembra o nome dessa professora?
R - Lembro. Otacília.
P/2 - Ela, no caso, dava aula em todas as disciplinas?
R - É.
P/2 - O senhor estudou até que série?
R - Eu estudei até a quarta série.
P/1 - O senhor falou para mim que a sua avó costumava fazer uma comida muito boa, inclusive em casamentos também, qual era a comida que ela fazia que o senhor mais gostava de comer?
R - Ela fazia sempre, eu não sei nem…
P/1 - Bolo, pudim, alguma coisa assim?
R - Ah, bolo. Era sim, sim.
P/1 - O senhor gostava bastante?
R - Gostava sim. Ela fazia muito bem a comida.
P/1 - O senhor morou com a sua avó e o seu avô quanto tempo?
R - Ah, eu morei com eles muito tempo! Até eles me levaram pra lá, eu tinha seis meses de nascido, e aí eu fiquei até os 19 anos.
P/2 - Seu Zé, a sua mãe contou pra você porque o senhor foi morar…
R - Contou.
P/2 - Com os seus avós? Assim…
R - Sei tudinho.
P/2 - Qual foi o motivo? Conta para nós essa história.
R - Por que eu fui morar com a minha avó? Eu tinha, por exemplo, ela teve outra… uma menina, aí eu fui para lá, para não… porquê já estava… o leite já estava ficando ruim, aí pra tirar, deixar de… aí eu fui, me botou para lá. Aí desse tempo, aí, eles disseram uma brincadeira, se o meu pai e minha mãe deixavam eu morar lá direto. Aí eles autorizaram. E aí até… eu fiquei direto.
P/2 - E assim, quando foi que o senhor começou a sair sozinho?
R - Sozinho? Eu comecei a sair sozinho no ano de 74.
P/2 - Pra onde o senhor foi?
R - Fui para o Maranhão.
P/2 - Qual cidade do Maranhão?
R - Cidade de Governador Archer.
P/2 - O senhor foi há trabalho?
R - Não, eu fui andar e…
P/1 - Passear?
R -É, e aí fiquei.
P/2 - O senhor tinha parentes nessa cidade?
R - Tinha, nesse tempo os meus pais já moravam no Maranhão, pai e mãe.
P/1 - E o senhor foi pra lá para visitar os seus pais, ficar por lá, arrumar algum trabalho?
R - Eu fui visitar, aí gostei e fiquei
P/1 - E foi ficando.
R - Foi, foi.
P/2 - O senhor lembra do seu primeiro trabalho?
R - Lembro.
P/2 - O que era o seu primeiro trabalho?
R - Era roça, roça e horta.
P/2 - O senhor trabalhou por quanto tempo na roça?
R - Na roça eu trabalhei de 77, até nessa data que eu vim para cá.
P/2 - E o senhor lembra qual foi o seu primeiro serviço de carteira assinada?
R - Não, eu nunca trabalhei de carteira assinada, nunca, só trabalhei por conta.
P/1 - Lá onde o senhor foi visitar o seu pai e a sua mãe, acabou começando a morar lá, o senhor arrumou algum emprego por lá?
R - Emprego, não, eu trabalhei por conta.
P/1 - Por conta própria?
R - É.
P/1 - O que o senhor fazia?
R - Eu botei uma roça e depois eu botei uma horta.
P/1 - As coisinhas que o senhor plantava, o senhor tinha pretensão de vender na cidade?
R - Eu vendia na cidade, o pessoal vinha comprar, que era tudo que eu trabalhei, produzi, era muito, sabe?
P/1 - O que o senhor produzia?
R - Era arroz, milho…
P/1 - Tomate, essas coisas?
R - Tomate, tudo que eu fazia era assim, coisas…
P/1 - Na casa da sua mãe e do seu pai, tinham irmãos seus lá? Ou era só eles dois?
R - Não, tinha irmãs, minhas irmãs.
P/1 - Qual era o nome das suas irmãs?
R - Minhas irmãs eram, Filomena, Maria, Helena, Paula e Zé Maria.
P/1 - Então tinha só o senhor e o seu Zé Maria de homem?
R - Só.
P/1 - E o seu pai, né, também?
R - É.
P/2 - Seu Zé, ainda falando sobre sua adoção pelos seus avós, como foi a relação entre você que estava adotado, o senhor, e os seus irmãos? Assim, vocês eram criados ali no meio do local, como foi para o senhor se relacionar sempre com os seus irmãos, teve um tempo que ficou afastado ou sempre ali? Conta essa história pra gente.
R - Teve um tempo afastado, um tempo. Aí depois que eu vim pro Maranhão que a gente conviveu mais, assim, junto.
P/1 - É, então no caso, você falou que trabalhava de roça, de horta, lá no Maranhão, não é isso?
R - Era. Lá no Piauí, nunca trabalhei não.
P/2 -No caso o senhor trabalhava para ajudar a sustentar a família?
R - Lá no Maranhão?
P/2 - Isso.
R - Não, sempre eu trabalhei, era para mim mesmo, porque eles não dependiam assim, sabe, a gente era mais… é tanto que eu falo assim, eu produzia muito, as roças que eu fazia eram grandes, eram 50 linhas. A horta eu botei de cinco, cinco hectares de horta. Tudo era muito, sabe?
P/1 - Qual o seu primeiro dinheiro, que o senhor vendeu as suas plantaçõezinhas, o que o senhor fez com seu primeiro dinheiro?
R - Esse primeiro dinheiro eu deixei quando eu vim pra cá, para Serra, eu deixei bastante dinheiro nas contas, no banco, para ir segurando as despesas, sabe?
P/1 - E guardando no caso, né?
R - Era, mas hoje não tem. Mas na época eu fiz poupança no banco do Brasil, de Codó, de 420 mil cruzeiros, sabe? E esse dinheiro ainda hoje está lá, porque quando eu vim pra cá eu nunca…
P/1 - Mexeu.
R - Nunca mexi, sabe?
P/1 - É, então deve tá lá mesmo.
R - Um dia me falaram que esse dinheiro estava grande, aí um tempo desse eu fui e conversei com um advogado em Tocantins, e ele até pegou pra ir, porque estavam liberando nesse tempo, mas aí foi o tempo que eu vim pra cá, aí não vi mais ele.
P/2 - Seu Zé, toda essa roça de 50 linhas que o senhor falou que tinha, então assim, com esse dinheiro que o senhor ganhava, quem que ajudava o senhor?
R - Não, ajudava assim, eu botava gente para trabalhar.
P/2 - O senhor pagava diária?
R - Diária, empreitada, era assim.
P/1 - Quanto que era a diária que o senhor pagava?
R - A diária na... Você acredita que eu nem me lembro do preço, assim, na época, sabe?
P/2 - O senhor chegou a comprar casa com esse dinheiro?
R - Comprei casa.
P/2 - O que mais o senhor comprou?
R - Comprei carro, sabe? A produção era grande, ainda tem as papeladas aí, do que fazia, que eu financiava pelo banco, também, sabe?
P/2 - E os seus irmãos não ajudavam o senhor nessa roça?
R - Não, aqui eram só as meninas. Tinha meu irmão, esse que mora aqui, que é o Zé Maria, mas muito novo, ele nasceu em 79.
P/2 - E o senhor morou por quanto tempo nessa cidade lá no Maranhão?
R - Eu passei muito tempo, porque eu cheguei lá em 74, e sai de lá no tempo que eu vim pra cá. Aí eu ia lá, fui lá umas vezes e tudo. Aí em 70… em 89, 88, 89, eu trouxe os filhos pra cá, que nasceram quatro aqui, que são esses mais novos, a Paula, não, a Paula não, o Aparecido, o Lucas e o Chiquinho, a Joseane, nasceram aqui na Serra.
P/1 - Na sua adolescência, o senhor passou nesta cidade?
R - Eu não.
P/1 - Não, né?
R - Não.
P/1 - Seu José, quem te ensinou a trabalhar na roça?
R - Eu sempre trabalhei, assim, trabalhar mesmo, eu não trabalhava não, eu botava o pessoal pra trabalhar e eu pagava, sabe, assim. Trabalhava muito pouco, eu trabalhei muito pouquinho, só mesmo pra ir só acompanhando mesmo. Mas eu trabalhei muito pouco, botava era o povo para trabalhar, fazia, eu fazia financiamento, financiava no banco, fazia… Eu botava de 80 linhas na roça, financiado pelo banco, tem os papéis todinhos aí guardados. E comprei uma terra no Maranhão, também, a terra. Nós éramos pequenos, aqui eram 25 hectares ainda. Vendi ela um tempo desses.
P/2 - E quem ensinou o senhor a trabalhar de roça?
R - Trabalhar assim, não, eu mesmo pegava, assim, o dinheiro e botava nego para trabalhar. Eu mesmo trabalhava pouco.
P/2 - E assim, Seu Zé, na sua infância, tinha alguma comida que era favorita?
R - Tinha.
P/2 - Qual era a comida que o senhor gostava?
R - Era arroz, feijão, carne.
P/2 - E assim, o que o senhor pensava, o que senhor queria ser quando crescesse?
R - Fazendeiro.
P/1 - O senhor disse que na casa dos seus pais, você não passou a adolescência lá, onde que o senhor passou a sua adolescência?
R - Quando eu vim para o Maranhão, eu tinha 17 anos, sabe? E aí fiquei. Ia lá no Piauí e tal, mas eu fiquei mais no Maranhão. Aí do Maranhão foi que eu vim para cá.
P/1 - Nesse tempo que o senhor estava lá no Maranhão, que o senhor tinha 16 anos, que o senhor mencionou, o senhor gostava de sair para festinha, ver as meninas?
R - Eu nunca gostei de festa, assim, fui em poucas festas, sabe?
P/1 - Qual foi a sua primeira namorada? Assim, com quantos anos? Como que ela era?
R - Ela era moreninha, de cabelo crespo. E só isso mesmo.
P/1 - Qual era o nome dela?
R - O nome dela era… Ela se chamava Antônia Maria.
P/1 - O senhor namorou com ela por quanto tempo?
R - Por um bom tempo. Aí aparece a Creusa, e a Creusa foi ligeiro, só foram seis meses.
P/2 - Assim, seu Zé, por que vocês não deram certo?
R - A Antônia? Foi assim, nós passamos um bocado de tempo, aí no tempo que eu pensei em casar, ela disse que só depois que se formasse, sabe? Aí eu não tive, assim, essa paciência. E aí chegou a Creusa, aí era pra ser ela.
P/1 - Aí o senhor casou com a dona Creusa com quantos anos?
R - 23 anos, que foi quase no tempo que eu vim para a Serra.
P/2 - Seu Zé, conte pra gente como foi o encontro, assim, do senhor e dona Creusa?
R - Rapaz, eles chegaram assim, lá da terra deles lá, que é um pessoal da Bahia, sabe? Chegaram e aí a gente foi… quando é para dar certo tem toda a facilidade, né?
P/2 - Seu Zé, o senhor trabalhava o dia inteiro na roça, é isso?
R - É, por exemplo, lá era perto as coisas, era… eu ficava… porque quem toca serviço assim, tem que acompanhar mesmo de perto, sabe?
P/2 - Que horas o senhor acordava?
R - Eu acordava sempre cedo, sempre cedo.
P/1 - Antes do sol nascer?
R - Era, era.
P/2 - E a comida dos seus trabalhadores era o senhor que levava?
R - Era, muitas vezes era. Outras vezes eles trabalhavam… tem um tipo de trabalhar as despesas deles, assim, que pagava só, mas a maioria levava pra lá, pra eles almoçarem lá no serviço.
P/2 - E o que o senhor fazia nas horas vagas? Quando estava fora da roça?
R - Não, eu andava mesmo ali assim, que lá era um povoado e tinha muita gente, às vezes a gente ficava, às vezes assim.
P/2 - O senhor praticava algum esporte?
R - Praticava, bola, jogava bola.
P/1 - O senhor gostava de jogar bola?
R - Gostava. Aí a gente sempre chegava mais cedo, e de tarde ainda ia dar umas carreiras.
P/2 - E como era, conta um pouquinho para nós. Como era o campo que o senhor jogava?
R - O campo era o mesmo desses, iguais esses daqui. Tinham aqueles torneios e tal, mas só nos fins de semana.
P/2 - E qual era a sua posição no time?
R - Eu jogava na ponta direita.
P/2 - O senhor fazia muitos gols?
R - Fazia. O pessoal me chamava pra jogar até em cidade longe, assim.
P/1 - Quais são as lembranças que o senhor mais tem da sua adolescência?
R - Na época eu saía muito, assim, às vezes eu saía para uma festa com os meninos lá. Isso aí já era lá no Piauí, sabe? Porque eu achava bom que a gente andava lá, que na época lá não tinha carro, né, mas nós tínhamos os animais, só animais bons, famosos, sabe? Que lá era uma fazenda grande, que tinha muito animal. Aí lá a gente era… ia jogar bola, assim, íamos montados, bem montados. Era assim, igual hoje, que quase todo mundo tem uma moto ou tem um carrinho, e na época lá era animal. Era bom, bom mesmo!
P/2 - Era tempo que o senhor era jovem, atleta?
R - Era, tinha uns animais bons para andar. Quem tinha um animal bom para andar era igual o cara ter uma Hilux hoje.
P/2 - E nessa época o senhor tinha algum apelido?
R - Não, não.
P/2 - Seu Zé, nesse período o senhor já estava com a dona Creusa?
R - Não, não. Nessa que eu tô falando aí, era no tempo da fazenda, lá no curral de pedra. A Creusa foi no ano de… já era aqui no Maranhão.
P/1 - O senhor conheceu a dona Creusa onde?
R - Foi lá no Centro do Rosa, ______, pertinho.
P/1 - Foi o senhor que chegou nela ou foi ela?
R - É assim, eu tinha uma horta que era quase no meio da rua, assim, perto de um açude, uma horta grande, e ela morava, assim, pertinho, ela gostava de ir me ver lá. Eu vou até parar, porque…
P/2 - Não, fique à vontade, porque…
R - Tem muita coisa que…
P/2 - O senhor tem a liberdade de comentar, de falar sobre o que o senhor se sentir à vontade.
R - Mas eu já estou com um bocadinho de anos, não foi muito ruim, graças a Deus, tudo, eu nunca tive assim, dificuldades na vida assim, não. Nunca fui uma pessoa de muita coisa, mas também não foi muito difícil, não.
P/2 - O senhor teve essa sorte para poder, né? Os negócios deram certo?
R - É, eu tinha esses negócios dessas roças grandes, eu tinha muito acesso a fazer financiamento no banco e tudo, graças a Deus.
P/2 - E depois dessas roças, que o senhor falou que trabalhava, quando acabou essas roças pra onde o senhor foi?
R - Não, eu vim pra Serra.
P/2 - Como que o senhor ficou sabendo de Serra Pelada?
R - Não, para Serra Pelada foi na época do começo. Aí o papai veio na frente e eu fiquei colhendo o restante das roças, porque ainda não tinha terminado. Aí ele voltou já com um bom dinheiro e aí já me trouxe logo, nós viemos.
P/2 - O senhor lembra como o seu pai ficou sabendo da notícia de Serra Pelada?
R - É porque na época o comentário foi da Serra, sabe, mexeu com o Brasil, né. Aí todo mundo correu pra cá.
P/2 - Qual foi a reação da sua família quando o seu pai veio pra cá?
R - Não, foi de comum acordo, todo mundo, porque aqui era chegar e voltar com dinheiro, muito. E aí todo mundo queria, fazia tudo pra vir.
P/2 - Ele passou quanto tempo aqui e retornou pra lá?
R - Ele passou pouco tempo, porque ele chegou aqui, aí tinha uns conhecidos dele de lá do Piauí mesmo, e aí ele já encaixou logo nos barrancos que mais deram ouro aqui, que foi no barranco do Zé Maria, tinha o Alcebíades que era lá do Piauí e aí tudo foi fácil, foi ligeiro e voltou com dinheiro.
P/2 - Você sabe qual foi o transporte que ele veio aqui para Serra Pelada?
R - Na época eram aqueles caminhões pau de arara mesmo. Não foi de ônibus, não.
P/2 - Ele retornou pra lá e como foi a chegada dele novamente na família? E quais as notícias que ele vinha aqui de Serra Pelada pra vocês? Qual foi o entusiasmo, qual foi a reação de vocês?
R - Não, ele chegou e voltou logo, porque era pra gente vir. Aí viemos e logo encaixamos em um barranco aí e deu bastante ouro. E aí foi muito bom!
P/2 - Nesse período que o seu pai retornou lá para a cidade de vocês, o senhor ainda estava trabalhando na roça?
R - Não, já tinha colhido. Eu fiquei só terminando, porque não podia deixar também.
P/2 - O senhor ficou animado para vir para Serra Pelada.
R - Fiquei demais! Nós tínhamos que vir, eu era quem vinha na frente.
P/2 - E qual foi a primeira impressão que o senhor teve quando chegou à Serra Pelada? No primeiro dia, assim, o que o senhor imaginou?
R - Eu fiquei prestando atenção, porque as coisas todas eram diferentes, sabe? Diferente, assim, pra gente acostumar.
P/1 - Quando o senhor veio pra Serra Pelada, logo em seguida trouxe a dona Creusa?
R - Não, não. A Creusa, eu trouxe ela em 89, 88, no final de 88.
P/1 - E onde ela ficou?
R - Ficou lá em casa, lá no Centro do Rosa.
P/2 - O senhor sentia saudades dela?
R - É que na época, também, não…
P/1 - O senhor pegou muito ouro aqui no começo da Serra?
R - Pegamos, pegamos bastante
P/1 - Bamburrou?
R - É, o barranco que a gente pegou aqui teve muito ouro, muito mesmo
P/1 - Quantos quilos mais ou menos?
R - Na época lá, o barranco produziu mais de 300 quilos, sabe?
P/2 - Quanto tempo o senhor passou aqui, assim, para o senhor ver a dona Creusa? Quanto tempo o senhor ficou para ir ver a dona Creuza?
R - Eu passei, assim, de seis meses, sabe? Aí eu ia lá, mas voltava ligeiro, rápido. Eu ia e papai ficava, papai ia e eu ficava, porque nós pegamos barrancos demais para tocar, sabe? 22 barrancos.
P/2 - E nesse período de seis meses, o senhor não tinha nenhuma comunicação com ela?
R - Tinha, tinha. Na época tinha o Telepara, a gente ligava naquelas cabines, enfrentava fila para ligar, porque era gente demais.
P/2 - Quanto que o senhor pagava na ligação?
R - Eu nem lembro, assim, a gente comprava o cartão e… não era cartão não, a gente ligava, ia para a cabine, e a moça fazia lá o sistema e a gente ligava. E eu nem me lembro mais, a gente pagava sim, mas não era essas coisas demais, não.
P/2 - E assim, qual era a sua reação quando o senhor ouvia a voz da dona Creuza?
R - Não lembro mais, não.
P/1 - Qual era a rotina de vocês lá? Lá no barranco, que vocês tocavam 22, né? Que o senhor falou.
R - Era.
P/1 - Como que era a rotina?
R - Era, por exemplo, era… Eu fazia, anotar e botava gente pra anotar, que nós botávamos muita gente para trabalhar, sabe? Que nós pegamos ouro logo, ligeiro, mas nós gastamos o ouro no mesmo… Tirava da terra e jogava na terra, porque, 22 barrancos, nós gastávamos um absurdo. Eu mais o papai.
P/1 - Era só vocês dois que organizavam os barrancos?
R - Hã?
P/1 - Era só vocês dois que organizavam os 22 barrancos?
R - Não, não. Tinha muita gente que trabalhava conosco.
P/1 - Aí vocês que pagavam as pessoas? Como que era isso? O senhor pagava as pessoas para trabalhar pra vocês ou o tanto de ouro que eles pegavam, eles podiam ficar com uma porcentagem?
R - Não, nós pagamos, fazíamos era pagar na produção.
P/1 - No tanto de tempo que eles trabalhavam? Como era, conta pra mim?
R - Não, por exemplo, o tanto de sacos que eles carregavam por dia, a gente pagava, sabe? E só teve dois barrancos que era o que o pessoal ganhava na porcentagem, nós dávamos 10%.
(00:39:56)
P/1 - Naquele tempo, quanto que era 10%?
R - Por exemplo, se o barranco desce 100 quilos de ouro, nós botávamos 10 meia praça. Aí era aquela porcentagem de 10%.
P/2 - A cada meia praça?
R - Era, 5%, depende do lugar, do local.
P/2 - Seu Zé, creio que vocês estavam no Maranhão, vocês estavam produzindo bastante com as plantações, todo esse dinheiro que vocês tinham lá guardado do trabalho, vocês trouxeram para investir em Serra Pelada?
R - É, trouxemos muito pouco. O dinheiro é como eu falei, eu fiz essas poupanças, sabe? Eu tenho essa poupança no Banco do Brasil, de Codó, que lá era onde eu fazia meus financiamentos e eu ganhava dinheiro. Porque eu e mais um fazendeiro lá, nós fizemos um sistema lá, nós pagávamos aquele pessoal, aqueles agricultores. Nós íamos pagar o empréstimo deles, o financiamento deles, aí, ele não tinha o dinheiro todo, aí eu passava de 15 dias lá no hotel, aí eu pagava, dava o dinheiro para o cara pagar lá o banco e tinha um acesso com o gerente, o senhor José Raimundo, para ele liberar duas parcelas logo, aí a pessoa ia e devolvia o dinheiro pra gente com lucro, dava um lucro pra gente. Eu ganhei muito dinheiro também assim.
P/2 - Ainda no Maranhão isso?
R - Maranhão.
P/2 - E como vocês sustentavam aqui, como? Qual a renda que tinha para investir no garimpo, já que o dinheiro ficou depositado em contas poupança.
R - Moço, nós entramos aqui já pegando dinheiro, sabe? Pegando dinheiro. Papai encontrou com esse amigo dele, o Alcebíades, no barranco do Zé Maria, que bamburrou, aí nós já entramos pegando dinheiro. Aí pegamos o barranco do Joaninha, que lá no barranco do Joaninha deu 600 quilos de ouro, nós tínhamos porcentagem lá, e foi, nós entramos com o pé na frente, sabe? Ganhamos muito dinheiro, negócio que eu… A gente teve uma, eu vou falar uma coisa assim, uma ganância, porque assim, pegar 22 barrancos e foi embora o dinheiro, e o dinheiro era de… sabe?
P/2 - O dinheiro que o senhor ganhou, assim, que chegou com os barrancos, foi aplicado novamente?
R - Foi, a maioria foi. Tirando as coisas que nós compramos lá, casa, essas coisas, carro, foi, ficou tudo aqui.
P/2 - Desses 22 barrancos, Seu Zé, teve algum que deu uma produção, assim, de como fala na linguagem de garimpeiro, de bamburro?
R - Quando começou, porque teve uma época que teve, assim, uma base de uns 20 barrancos ali na Serra Velha, que estava chegando no ouro geral, que falam. Aí foi o tempo que quebraram as dragas, que até hoje está a água daquele jeito. Parece que já era uma coisa para ninguém pegar esse ouro, que não deixaram mais e nem deixam.
P/2 - Seu Zé, o que é o bamburro? O que é o bamburro?
R - Bamburro é igual… um dia nós estávamos, eu mais o papai estávamos sentados, um dia de domingo, lá no barraco, já tinha acabado tudo enquanto era de dinheiro e as coisas de fazer as despesas, aí quando foi de tarde, umas 03 horas da tarde, deu 66 quilos de ouro só em pedaços. Aí é que é onde eles chamam… bambúrrio é isso. Aí pronto, nós nunca sofremos, dentro do garimpo mesmo, nunca sofremos sufoco, não.
P/1 - Em que ano o senhor trouxe a dona Creusa pra cá, pra Serra?
R - Em 88, no final de 88.
P/1 - Aí como foi a chegada dela? O senhor já tinha uma casinha aqui pra ela, para vocês ficarem? Como foi?
R - Tinha, tinha, tinha uns barracos pequenos. Aí foi no tempo que eu comprei isso aqui. E aí eu não podia ficar lá pertinho do garimpo, que aqui era mais afastado.
P/2 - Seu Zé, desse tão famoso garimpo que é Serra Pelada, se transformou, hoje conhecido no mundo inteiro, o senhor que chegou na década de 80, aí no início, o que o senhor viu dentro daquele formigueiro humano? O que se passava ali dentro? Quais as histórias que o senhor lembra, que se destacam na sua memória?
R - Rapaz, ali eu vi muita coisa boa, sabe? E ruim também. Vi injustiça ali também, na época, muita, sabe? Vi também muita gente falecer ali dentro, vi muita coisa, não adianta nem…
P/2 - O senhor chegou a presenciar algum desmoronamento lá dentro do garimpo?
R - Vi tanto, bem uns três, sabe?
P/2 - E o que passou na sua cabeça nesse momento vendo as barreiras caindo?
R - Rapaz, a gente… muito… não é bom a gente ver as pessoas soterradas ali. Eu vi, estava na hora, assim, nas horas, porque eu ficava dentro acompanhando as coisas. Eu tive muita sorte de não ter… de estar hoje aqui contando essa história, né? Porque ali se acabou muita gente.
P/2 - E como vocês faziam transportar esse material de dentro do garimpo?
R - De dentro do garimpo, era nas costas do pessoal.
P/2 - Vocês, assim, chegavam a subir alguma escada?
R - Ah, era todo o tempo. Era cheio de escada, moço.
P/1 - Naquele tempo, como o senhor chegou aqui? Alguém lhe ensinou, ensinou você e o seu pai a trabalharem? Ou vocês foram descobrindo sozinhos, foram pegando os barrancos e se virando? Como foi?
R - A gente chegava e aí já pegava o serviço, para ir… Eu ainda trabalhei um pouco aqui no saco. Aí eu peguei, assim, ia só apontar, peguei uns barrancos que eu ia só apontar. Ganhava a porcentagem sem carregar peso.
P/1 - O que era apontar, que o senhor falou agora?
R - Como é?
P/1 - O que era apontar, que o senhor falou agora?
R - É anotar as viagens, porque cada barranco tinha 10 pessoas, aí as viagens eram todas anotadas para pagar eles.
P/2 - E antes do senhor vir para Serra Pelada, o senhor já conhecia ouro?
R - Não.
P/2 - E como foi para o senhor conhecer o ouro?
R - Eu conheci aqui na Serra.
P/1 - Qual foi a sua reação ao pegar na primeira pepita, observar?
R - A gente fica alegre, todo mundo fica olhando, sabe? Porque naquele tempo… Hoje se a pessoa pegar um ouro assim, não pode estar mostrando, porque o povo vem atrás e naquele tempo, não. Por exemplo, teve um vizinho nosso, o seu Bona, seu Bona, ele morava vizinho nosso assim, aí o barranco dele estourou no ouro, aí ele me chamou, o papai, aí aquela baciona cheia de ouro, assim, para mostrar, mostrar assim, mandar a gente pegar no peso. E hoje não pode fazer isso. E lá, o barracão dele era aberto, todo aberto, todo mundo ia olhar, não tinha nada. E hoje não pode fazer isso.
P/2 - Quais os tipos de ouro que existiam naquela época no garimpo?
R - Quantos tipos?
P/2 - Quais os tipos de ouro?
R - Tinha o ouro amarelo, tinha o ouro bombril, tinha o ouro branco, o ouro paládio, sabe? Os que eu vi, né?
P/2 - Seu Zé, entre tantas riquezas, tanto ouro que o senhor viu em Serra Pelada, teve alguma pepita que chamou atenção?
R - Não, por exemplo, que eu peguei mesmo, meu, assim, só de meio quilo, assim, meio quilo e trinta gramas eu peguei mesmo, assim. Peguei, assim, de 300 e poucas, sabe? Mas aquele ouro que a gente vê no barranco, assim, que a gente tem só uma participaçãozinha, aí é mais difícil. Nesse barranco mesmo, que deu 600 quilos, foi o barranco do Joaninha, nós só tínhamos 2,5%, eu mais o papai, mas dá muito dinheiro.
P/2 - Serra Pelada produziu muitos quilos de ouro?
R - Produziu, muito mais do que a conta que o povo conta, muito!
P/2 - Por que?
R - Porque houve um desvio de ouro muito grande, sabe? Pro cara não pagar o imposto e nem vender no preço da Caixa, porque tinha um desconto muito grande.
P/2 - E como vocês faziam para vender esse ouro?
R - Não, a gente vendia aqui mesmo, na Caixa, na Caixa Econômica.
P/2 - Já tinha Caixa Econômica aqui?
R - Desde quando começou.
P/2 - Quem trouxe aqui a Caixa?
R - A Caixa Econômica quem trouxe foi o Governo Federal, era a Caixa Econômica Federal.
P/2 - Através de quem, seu José?
R - Através do Curió.
P/2 - Quem era Curió, seu José?
R - Curió era um coronel, coordenador da Amazônia, na época.
P/2 - Da Amazônia?
R - Sim, de todos os garimpos da Amazônia ele era o coordenador, botado pelo João Batista Figueiredo.
P/1 - E por que naquele tempo a Caixa Econômica veio para cá? Qual era o motivo dela ter vindo para cá?
R - Era para o Governo receber os impostos e ter aquele ouro, ir para o Banco Central.
P/1 - Como o senhor mencionou, o Curió era dono dos garimpos era? Ao redor?
R - Coordenador.
P/1 - Coordenador. Por que ele era o coordenador?
R - Porque ele era uma pessoa do Governo. Ele era concunhado do presidente da República, na época.
P/1 - E aí ele foi mandado para ser coordenador?
R - É.
P/1 - O que ele fazia no garimpo junto com vocês? Ele ia visitar? O que ele fazia por lá?
R - Ele vinha sempre, não ficava aqui direto, sempre ele vinha. Quando ele chegava que tinha uma coisa que o povo estava achando ruim, ele consertava tudo, sabe? Tem muita gente que às vezes fala que ele era ruim, não sei o que, não, ele foi um cara muito justo, muito! Pra mim ele foi a pessoa mais honesta que pisou aqui, pra mim, que conheci. É tanto que mesmo depois do garimpo parado, até um tempo desses, quando ele estava sendo prefeito aqui, e eu trabalhando direto, trabalhando pegando ouro, só em um lugar ali, fora do garimpo, eu peguei 12 quilos de ouro, durante esses tempos, agora aqui, o garimpo parado. E aí tinha uns que iam lá, “Curió, para aquele homem! Aquele homem está pegando o ouro todinho da Serra, não sei o que! Para aquele homem!”. E ele dizia assim: “Vão trabalhar igual ele está trabalhando para criar a família dele, que vocês pegam. Ele pegou uma pepita de 530 gramas, vocês vão pegar é uma de quilo”. Até que eles largaram de mão. Tinha muita gente que achava ele ruim. E ele chegou a me passar de 400 litros de óleo para eu botar nos motores. Aí eu nunca o achei ruim, por isso.
P/2 - Seu Zé, esse trabalho que o senhor fala, ele já foi depois que o garimpo fechou?
R - Foi, foi em um tempo desse.
P/2 - Conta para nós como é esse trabalho que o senhor desenvolvia aí, ele é no barranco também?
R - É, no barranco.
P/2 - Mas dentro da cava?
R - Na borda. Ali no FMI, ali naquele buraco, ainda hoje está lá.
P/2 - O senhor que fez aquele buraco?
R - Comecei ele em 81, tirei muito ouro de lá.
P/2 - Ele chegou a quantos metros?
R - Até 25 metros, porque ele tinha a abertura para não embarreirar.
P/2 - E aí a classe garimpeira queria parar o seu trabalho?
R - Queriam, um pouco, uma parte assim, uma minoria, sabe? Eu não tinha outra coisa para fazer, tinha que trabalhar.
P/2 - E o Curió sempre…
R - Sempre me deu apoio.
P/2 - Qual a sua visão sobre o Curió, com tudo que desenvolveu e Serra Pelada? Assim, como você vê a pessoa dele? Qual histórico que ele deixou para o garimpeiro de Serra Pelada?
R - Rapaz, pra mim, pra mim, ele foi uma pessoa muito… porque se hoje ele não tivesse registrado isso aqui, nós não estávamos mais aqui não, e nem sonhávamos com alguma coisa que pode ainda acontecer.
P/2 - Então foi tudo trabalho do Sebastião Curió?
R - Foi, foi.
P/2 - Seu Zé, quando ele chegou aqui em Serra Pelada, como era o garimpo? A questão da organização do garimpeiro sem ter essa autoridade enviada pelo Governo Federal?
R - Por exemplo, a pessoa tirava a carteira, a carteira amarela, para vender ouro documentado e pagar o imposto, sabe?
P/2 - Quem tirava essa carteira para vocês?
R - A Receita Federal.
P/2 - Antes da Caixa Econômica vir para cá, vocês vendiam o ouro onde?
R - Aqui entrou junto, sabe? Porque o ouro… Quando começou os primeiros, o povo levava para vender em Marabá, descobrir, quando descobriram, mas aí já entrou junto, sabe?
P/1 - Essa carteirinha que o senhor mencionou, essa carteira fazia o quê? Era um tipo de documento?
R - Era um documento.
P/1 - E servia para quê?
R - Pra gente vender o ouro. Quem não tinha aquela carteira, não vendia.
P/2 - Essa Carteira, ela servia também para que o garimpeiro tivesse algum direito legal dentro do garimpo? Ou só mesmo para serventia de venda do ouro?
R - Não, era pra ter o direito, sabe? Porque teve época que se você não tivesse a carteira, eles pegavam e botavam você lá fora.
P/2 - O senhor ainda tem essa carteira?
R - Tenho, eu tenho tudo guardado.
P/2 - Quem confeccionava a carteira era alguma instituição aqui de Serra Pelada?
R - Era a Receita.
P/2 - A Receita Federal?
R - É.
P/1 - Hoje em dia essa carteira ainda funciona?
R - Não, hoje ela é um documento, uma prova. Porque aí quem substituiu foi a cooperativa em 84, quando a Caixa saiu daqui.
P/2 - Cooperativa? O que era a cooperativa, seu Zé?
R - Hã?
P/2 - O que era a cooperativa?
R - A cooperativa foi quem substituiu a Receita, a Caixa Econômica.
P/2 - Quem criou a cooperativa?
R - Quem criou a cooperativa foi um grupo aqui de garimpeiros.
P/2 - O senhor participava desse grupo?
R - Eu, assim, eu tirei a carteira, a minha carteira. Quando foi no dia que surgiu isso aí, eu fiquei um pouco assim, aí eu tirei a minha só depois que já estava… que a gente já ficava com medo de alguma coisa, né. A minha é a número 600 e pouco. Eu deixei andar, andar, não deixei inteirar as mil não, pra hoje, quem é 36 mil, ela foi quase uma das primeiras, né?
P/2 - Essa cooperativa, ela elegeu em seguida um coordenador, um presidente?
R - Um presidente.
P/2 - Quem foi o presidente?
R - O presidente foi o Zequinha Rocha.
P/2 - Ele foi o primeiro presidente?
R - Foi o Zequinha Rocha, deixa eu ver, não estou lembrado, foi o Zequinha Rocha mesmo.
P/2 - Todos os garimpeiros se filiaram a essa cooperativa?
R - Quase todos, só não aqueles que foram embora.
P/2 - Seu Zé, quantos garimpeiros tinha aqui nessa época?
R - Aqui, na época, teve 116 mil garimpeiros, na época do quente mesmo do garimpo.
P/2 - Tinha algum atrito entre os garimpeiros?
R - Não, aqui não. Aqui era a coisa mais… aqui era de um jeito… Uma vez eu e o papai, nós dormíamos ali no baixão do Azogo, em um barracão aberto, nós dormimos com 13 milhões de cruzeiros dentro de uma borocona “desse tamanho”, ninguém tirou um real dela. Aqui tinha ordem, tinha união, não tinha…
P/2 - A polícia passava por aqui, as autoridades federais?
R - Direto, moço, direto. O povo respeitava.
P/2 - Antes da chegada do Curió, quais eram os órgãos que faziam a segurança do garimpo?
R - Aqui era a Federal mesmo, direto tinha a polícia Federal.
P/2 - Qual era a rotina do garimpeiro?
R - Rotina, assim?
P/2 - O que o garimpeiro fazia antes de ir para o garimpo cedo?
R - Os garimpeiros, eles iam assistir ao hino nacional. Tinha deles que desciam antes, mas o certo mesmo era assistir ao hino nacional, aí descer. Depois que todo mundo merendava e tudo, desciam para dentro da cava.
P/2 - Como era a alimentação dos garimpeiros?
R - A alimentação era muito forte, muito boa.
P/2 - O que vocês comiam?
R - Era carne, muita carne, arroz, feijão, muita coisa assim, verduras. Tinham as melhores lanchonetes, muitas que tinham aqui. Era bom demais!
P/2 - Você falou em carne, né? De onde que vinha essa carne?
R - Tinham os açougues aqui dentro. Tinham açougue aí que cortavam 20 bois, quando dava 10 horas, não tinha mais nada e não era só um não.
P/2 - Seu Zé, o senhor falou dessa questão da carne, de onde que vinha essa carne?
R - Tinha os fazendeiros que vendiam, sabe? Tinha muitos açougues.
P/1 - Então os alimentos vinham desses fazendeiros?
R - Não, só a carne. Tinha uns supermercados aí, grandes, que tinha de tudo. Aí o povo comprava, fazia os lanches e levava para os barracos. Tinha as pessoas que cozinhavam, eram homens, que nesse tempo só tinha homem mesmo aqui.
P/1 - Eram vocês mesmo que faziam os lanches de vocês? Juntava o pessoal?
R - Era, a gente comprava, aí o pessoal que trabalhava, por exemplo, trabalhava no barranco, meu, aí iam levar, eles levavam, saía aquele mesmo trabalhador, garimpeiro, que levava.
P/2 - E vocês pagavam essa carne com ouro?
R - Não, com dinheiro.
P/2 - O senhor sabe quantos bois um açougue desse matava por dia?
R - Eu sei que tinha açougue que tinha 20 bois, matava 20 bois e quando dava 10 horas não tinha mais nada, sabe? Vendia tudo, já estava tudo limpinho ali as coisas, os barracões ali tudo. E não era só um açougue não, tinham vários açougues.
P/1 - Nesses açougues que o senhor falou que vendiam, eles vendiam somente a carne para vocês ou para outras pessoas ao redor também, cidades próximas? Ou não existia cidade próxima?
R - Não, não. Era só mesmo para o garimpo, para os garimpeiros.
P/1 - Especialmente para vocês.
R - Era.
P/1 - E o supermercado? O senhor disse que tinha um supermercado que vocês faziam compras. Onde ele era?
R - Ali onde hoje é o… tem ali a Currutela hoje. Era Currutela, se chamava Currutela na época. Era um mercado de um lado e de outro, as lojas, farmácias, era tudo ali. A gente ia andar lá de noite, assim, às vezes de noite íamos andar, faltava era… se perdesse um de vista, assim, só achava quando chegava no barraco, que era gente demais, 116 mil pessoas é muita gente em um lugar pequeno, sabe? Não tinha esse espaço que tem hoje aqui não, grande, não, era pouco.
P/2 - E essas lojas, esses comércios, tinham nomes específicos?
R - Tinha, tinha.
P/2 - O senhor lembra de algum nome?
R - Eu lembro. Eu tinha, eu comprava.
P/2 - O senhor poderia falar para nós os nomes que o senhor lembra das lojas?
R - Rapaz, eu não… era Pepita de Ouro, o que eu comprava. E aí tinha um outro… eu comprei, assim, em três supermercados, comprava, sabe? E agora eu tô lembrando só de um, que é o Pepita de Ouro, agora no momento. Era bom.
P/1 - Na dormida de vocês, como era a dormida dessas 116 mil pessoas? Como se organizavam para dormir todo mundo?
R - Era uns barracões assim, era tudo em redes.
P/1 - Todo mundo dormia em redes.
R - Era, em redinhas fininhas, a garimpeira mesmo. Se você trouxesse uma rede dessas grossonas, aí era uma mangofa danada.
P/1 - Ninguém queria rede grossa?
R - Não, era difícil. Porque a rede, essa rede garimpeirinha, fininha, era boa até pra pessoa lavar ela, enxuga na mesma hora. Era uma coisa tudo…
P/2 - E quando foi que o garimpo fechou, seu Zé?
R - O garimpo fechou mesmo foi já em 88, por aí assim. Pra fechar mesmo foi em 89, que em 88 ainda trabalhava uma boa parte, subindo.
P/1 - Antes que o garimpo fechasse, quando foi a entrada das mulheres? Que o senhor disse que a dona Creusa não veio logo com o senhor, veio só depois.
R - Ela entrou aqui em 88.
P/1 - O senhor sabe me dizer por que as mulheres… por que que vocês garimpeiros resolveram que as mulheres deveriam entrar também aqui? Por qual motivo?
R - Já foi um pessoal da política que orientou para entrar, porque naquele tempo era proibido. Eles diziam que era pra não haver brigas, essas coisas. A cachaça tinha, mas era escondido também, porque se tivesse mulher, tivesse cachaça liberada, aí era um perigo, né?
P/1 - E aí depois que foi autorizada a entrada das mulheres, o garimpo já fechou logo de uma vez?
R - Não, não, foi…
P/1 - Ainda funcionou?
R - Funcionou, funcionou um bocado de tempo.
P/2 - Por que o garimpo fechou, o senhor sabe me dizer?
R - Eu até que sei, mas… é porque, é o seguinte, esse garimpo, ele tem uma cota, que ele tem ouro demais, que inclusive estava chegando nessa cota, que tinham 20 barrancos que estava chegando, e era pra chegar no ouro geral. Aí desde esse tempo que nunca mais, só se vê aquela água.
P/2 - O que é essa cota, seu Zé?
R - Hã?
P/2 - O que era a cota?
R - A cota é uma medida, que não podia passar dali. Tu já pensou, 20 barrancos, 3/2, topar no ouro geral, só o puro ouro? Como era que ia ficar?
P/2 - Quando o garimpo fechou, vocês já estavam se aproximando dessa cota?
R - Estávamos aproximando, estávamos nos aproximando do jeito que se trabalhássemos uma semana…
P/2 - Chegava.
R - É.
P/2 - Quem impediu de chegar na cota?
R - Rapaz, aí é uma coisa que ninguém pode falar.
P/2 - E depois que o garimpo fechou, seu Zé, como que o senhor fez para sobreviver com a sua esposa?
R - O que eu fiz para sobreviver, o garimpo foi indo, indo e a água subindo, aí eu sabia de um filão, que era ali no Buraco da Viúva, eu sabia que ele entrava ali, né, aí eu medi 24 metros, assim, aí fui furar um poço lá na frente pra eu acertar nele, que eu sabia que ele tinha entrada ali. E eu errei um pouco, dois metros, menos de dois metros, porque ele é… aí pra topar no geral mesmo, embaixo, eu tinha… Estava faltando... Eu furei o buraco, esse poço, eu furei, e furei 154 metros, 151 metros, e ele estava com 155 pra chegar no corte. E aí aconteceu umas coisas que aí eu não pude mais levar pra frente, sabe?
P/2 - Esse buraco está próximo do garimpo, por acaso?
R - Está a 24 metros de onde eu tinha tirado três quilos e pouco de ouro. Aí a água topou aqui, a água da cava. Aí eu digo: “Mas eu vou pegar ele ali na frente”. Aí eu furei aqui, 24 metros na frente.
P/2 - Furou quantos metros?
R - 151.
P/2 - Nesse buraco o senhor pegou muito ouro?
R - Eu comecei a chegar nele, mas aí proibiram. E eu tenho documento que era autorizado pela cooperativa e tudo. Aí eles vieram, botaram uma proposta, era irrecusável, mas eu não sabia do que podia acontecer. Aí eu pedi 10 dias de prazo, aí ele disse: “Dou três”. Mas aí eu estava tocando esse serviço, estava com 72 pessoas trabalhando, dia e noite, 24 horas, eram três turnos. Toda semana eu comprava uma vaca, bem aí nesse Zé Domingo, que era para o povo, que 72 pessoas a despesa é grande, né? Todo sábado eu pagava eles, lá mesmo no serviço, a produção. Aí aconteceu isso.
P/2 - Quem colocou a proposta, seu Zé?
R - Quem colocou a proposta foi a Colossus.
P/2 - Quem é a Colossus.
R - Colossus eu não sei dizer quem é não.
P/2 - Era uma instituição, uma empresa?
R - Eu não queria falar as coisas aqui, porque eu nem gosto de privar de falar uma coisa que eu gostaria de falar e não posso falar, sabe?
P/1 - Tá bom, a gente entende. A gente vai mudar um pouco para o nascimento dos seus filhos. Aí o senhor chegou aqui na Serra, com a dona Creusa, em que ano foi que os seus filhos foram nascendo? O garimpo já tinha fechado?
R - Já, já.
P/1 - Todos eles nasceram aqui na Serra mesmo?
R - Não, nasceram quatro aqui na Serra.
P/1 - Quais são eles?
R - Nasceu o Francisquinho, Francisco José, nasceu a Joseane, nasceu a Aparecida, foram quatro.
P/2 - Ao todo o senhor tem quantos filhos?
R - E o Lucas. Eu tenho 10 vivos e sadios.
P/1 - Seu Zé, a gente já está quase terminando a nossa entrevista. Eu queria lhe perguntar, o que o senhor faz hoje em dia?
R - Hoje, de 90… como é? De 2022 pra cá, eu estou parado. Eu faço uns negócios aí, e às vezes… Eu tinha, tinha não, eu tenho um maquinário aí em uma região, trabalhando, que era do que eu estava sobrevivendo. Mas aí queimaram umas máquinas, não queimaram, lá nessa região que eu tenho essas máquinas, eles não queimam, eles prendem. Aí eles prenderam umas máquinas lá, aí os meus motores estão parados, porque eu não posso... com medo deles queimarem, que o prejuízo é grande. Isso aí que me deu renda até uns sete meses.
P/1 - E quais são as coisas mais importantes para você hoje?
R - Hoje? Eu nem sei, não sei dizer não.
P/1 - O senhor ainda tem sonhos para realizar?
R - Eu tenho.
P/1 - Qual?
R - Eu tenho umas coisas aí que em breve eu vou realizar.
P/1 - Vai realizar, né?
R - É, em breve.
P/1 - O senhor gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Alguma história que o senhor não contou?
R - Eu gostaria, mas não vou contar.
P/1 - Tudo bem, a gente entende.
R - Não é porque vocês não merecem, não, é porque tem coisa que se eu contar, injustiça, se eu contar faz mal a alguém, sabe?
P/1 - Entendi, entendi.
R - Alguém que avisou pra eu ficar na minha, que não volta mais o... Eu quero só que vocês entendam.
P/1 - Tudo bem.
R - Eu fiz tudo pra não dar essa entrevista, que o que mais eu tinha vontade de contar eu não posso contar. Que me deixou um mal muito grande, esse negócio, sabe? Inclusive com a família.
P/1 - Mas a coisa mais importante pra gente, é a gente estar aqui sentados ouvindo a sua história de vida, de como foi a sua adolescência, sua infância, até hoje em dia. E eu gostaria de acrescentar uma última pergunta, como foi contar a sua História pra gente?
R - Hã?
P/1 - Como foi contar a sua História pra gente?
R - Pra mim foi muito bom! E eu agradeço muito!
P/1 - A gente também agradece.
R - Só tem uma ferida que não… Que está aqui, que é ruim, mas é isso mesmo, é coisa da vida, né. Ainda vou contar para o Carlinhos uma hora, pra ele não ficar assim…
P/1 - Pensando?
R - É. Inclusive até o próprio Carlinhos já me chamou e tudo, mas eu… como eu assinei e tudo, eu não conto. Por que? Porque tem pessoa, amigo meu que é autoridade.
P/1 - Várias coisas, né, seu José?
R - É.
P/2 - Seu Zé, muito obrigado por contar a sua história para nós, foi muito gratificante, mesmo, ouvir a sua história, de como foi a sua infância, a sua adolescência. Para nós foi um prazer imenso ouvir o senhor. Muito obrigado mesmo!
R - Eu agradeço também vocês!
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