Eu cresci porque eu queria me casar. Meu sonho era esse, ter minha família, ter meus filhos… Era o meu sonho de criança, além de ser professora e de ser aeromoça, eu almejava isso. Porém, meu marido não queria porque nós éramos muito novos, eu tinha 16 e ele 20 anos. Ele falava: "Não, vamos esperar, vamos trabalhar primeiro, construir nossas coisas e depois a gente tem um nenê"; e eu: "Não, eu quero um nenê!". Ele não queria e eu passei a fingir que estava tomando anticoncepcional. Ele pensava que eu estava tomando, mas eu não estava, e assim, nasceu minha primeira filha, a Pâmela, que faz 30 anos agora.
Ele não queria, não, mas na hora que eu contei, ele ficou feliz da vida; e veio a nossa primeira filha, que a gente chamava de “patinha”, porque ela andava e parecia uma patinha… Mas foi legal, para ele que não deve ter sido muito, mas depois que aconteceu e já estava ali, não tinha como voltar atrás, não é?
Depois, quando a Pâmela estava com dois para três anos, eu… Digo eu, porque ele também não queria, mas eu decidi que teria mais um filho. Ele falava que não… E aí, veio a Jéssica. Quando a Jéssica estava com três para quatro anos, ele quis ter um menino, e dessa vez era eu que já não me empolgava tanto, mas como ele queria, eu falei "então, vamos tentar um menino", que era para ser o Renato, só que veio a Renata. Resultado é que “fechamos a fábrica”, "chega, não dá mais para ter nenê".
Agora, ter três filhas é uma realização tremenda, eu sou muito feliz, e eu fiquei ainda mais contente depois que virei avó, porque nada supera ser avó. É a melhor coisa do mundo.
Nós tivemos a Renata, nossa terceira filha… Em sua primeira semana de vida, ela se engasgou e logo voltou ao normal. Na segunda semana, a mesma coisa, outro engasgo. E depois, na terceira, ela engasgou de novo. A gente passou… Nós a levamos ao médico, minha mãe chegou a sugar...
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Eu cresci porque eu queria me casar. Meu sonho era esse, ter minha família, ter meus filhos… Era o meu sonho de criança, além de ser professora e de ser aeromoça, eu almejava isso. Porém, meu marido não queria porque nós éramos muito novos, eu tinha 16 e ele 20 anos. Ele falava: "Não, vamos esperar, vamos trabalhar primeiro, construir nossas coisas e depois a gente tem um nenê"; e eu: "Não, eu quero um nenê!". Ele não queria e eu passei a fingir que estava tomando anticoncepcional. Ele pensava que eu estava tomando, mas eu não estava, e assim, nasceu minha primeira filha, a Pâmela, que faz 30 anos agora.
Ele não queria, não, mas na hora que eu contei, ele ficou feliz da vida; e veio a nossa primeira filha, que a gente chamava de “patinha”, porque ela andava e parecia uma patinha… Mas foi legal, para ele que não deve ter sido muito, mas depois que aconteceu e já estava ali, não tinha como voltar atrás, não é?
Depois, quando a Pâmela estava com dois para três anos, eu… Digo eu, porque ele também não queria, mas eu decidi que teria mais um filho. Ele falava que não… E aí, veio a Jéssica. Quando a Jéssica estava com três para quatro anos, ele quis ter um menino, e dessa vez era eu que já não me empolgava tanto, mas como ele queria, eu falei "então, vamos tentar um menino", que era para ser o Renato, só que veio a Renata. Resultado é que “fechamos a fábrica”, "chega, não dá mais para ter nenê".
Agora, ter três filhas é uma realização tremenda, eu sou muito feliz, e eu fiquei ainda mais contente depois que virei avó, porque nada supera ser avó. É a melhor coisa do mundo.
Nós tivemos a Renata, nossa terceira filha… Em sua primeira semana de vida, ela se engasgou e logo voltou ao normal. Na segunda semana, a mesma coisa, outro engasgo. E depois, na terceira, ela engasgou de novo. A gente passou… Nós a levamos ao médico, minha mãe chegou a sugar o nariz dela e tudo. Fomos ao médico e ele disse que não era nada, que era normal.
O problema é que a Renata começou a ser mais “lerdinha” que as outras meninas. Ela demorou para sentar, demorou para andar. Quando ela estava com nove meses, eu a levei a um neurologista e ele falou que era normal, que eu não precisava me preocupar, que cada criança tinha seu tempo. E foi passando o tempo… Com um ano e meio ela começou a andar, mas ela não falava, não balbuciava. Com dois anos e meio, a minha filha mais velha trocava muito as letras e a professora pediu para levá-la ao psicólogo, para poder fazer um tratamento, e eu aproveitei e levei a Renata junto. Lá, eles viram que a Renata realmente tinha um atraso, não sabiam o porquê, mas tinha esse atraso. Pediram para eu colocá-la na escolinha, e ela a começou com dois anos e meio...
Hoje, a Renata tem 23 anos, e ela é uma guerreira, uma lutadora. Ela dá uma força tremenda para gente. Quando pensamos que não vamos conseguir, ela está ali, para te fortalecer e para te ajudar. A Renata estava com nove anos, estávamos num show de patinação – a minha cunhada fazia patinação artística - e ela começou a ter febre, uma febre super alta, quase 39 graus. A gente chegou do show e já fomos direto para o hospital com ela. Chegamos, e o médico falou que era garganta, deu uma Benzetacil nela. Na época, eles gostavam de dar essa injeção, um antibiótico. Voltamos para casa e a Renata não melhorava.
No outro dia, voltei com ela para o hospital, e o médico falou que o problema dela era a garganta, mas o remédio não tinha feito efeito e eles iriam dar outra indicação. Optaram por outro antibiótico e voltamos para casa novamente. Mas a Renata não melhorava, e nisso, a barriguinha dela começou a inchar e ela ficou muito ruinzinha.
Voltamos ao hospital com ela, segunda-feira, e o médico a internou. Disse que não sabia o que ela tinha e que eles iriam investigar, só que ela não poderia ficar naquele hospital, teria que ir para outro, porque lá não tinha vaga. Nos encaminharam para o São Paolo, em Santana. Chegamos lá e os médicos colocaram uma sonda nela porque não estava funcionando seu intestino e por isso a barriga dela estava muito inchada.
Os médicos vinham, examinavam, e não sabiam o que ela tinha. Isso foi na segunda-feira; terça-feira, ela foi para o quarto e lá eles tiveram que amarrá-la na cama porque ela arrancava a sonda. O médico vinha, examinava, e nada. Vinha, examinava, e nada. Aquele monte de médico, monte de exame que faziam, e nada, ninguém descobria o que ela tinha.
E aí veio um médico, ele fez exame de toque nela (retal) e nada, não descobria. Ele era o cirurgião, pegou e falou assim para mim: "mãe, você autoriza a gente a abrir a barriga dela? Porque eu acho que ela está com apendicite. Apesar de ela não demonstrar dor, a gente acredita que ela esteja com apendicite"; eu e meu marido autorizamos e ela foi para a cirurgia, fez a primeira cirurgia dela. Ela entrou no centro cirúrgico, devia ser umas nove, dez horas. Na madrugada, umas duas horas da manhã, o médico veio falar com a gente que tinha feito a cirurgia, que realmente era o apêndice que tinha saturado. Ele mostrou para gente que já estava até gangrenando o apêndice dela. Como ela tomou o antibiótico, mascarou os sintomas e eles não conseguiam descobrir o que ela tinha por conta disso. No hospital, não tinha na época a UTI pediátrica, então, ela teve que ser transferida e foi para o hospital Alvorada lá no Ibirapuera. Lá ela ficou na UTI alguns dias, acho que uns três, quatro dias, e depois foi para o quarto.
Ela estava melhorando, estava boazinha, só que eu achava que ela não estava 100%. Conversamos com o médico e ele falou que precisaríamos ter que esperar mais, que ela teria que seguir um regime e ficar sem comer por um período, só no soro e na sonda, mas que se ela estivesse bem, logo iria embora. Fomos para o quarto, chegamos lá e ela estava melhorzinha. Ele tirou a sonda e falou que se ela continuasse assim, no outro dia já teria alta. No outro dia, o médico chega, a gente conversa com ele, e a barriguinha dela estava inchada de novo. Teríamos que fazer outra cirurgia...
Ela saiu da cirurgia e foi para a UTI direto, e só foi piorando, a barriga foi inchando, os pés foram inchando… Eu olhava desesperada para o meu marido. Minha mãe, meu pai, meu irmão, todo mundo lá ajudando a gente, dando força. E ela só foi piorando, piorando, piorando. Naquela noite, eles tinham que ir embora e eu fiquei lá na UTI com ela. Eu liguei - era 4 horas da manhã, mais ou menos - para eles e falei "corre porque a Renata vai morrer". O médico que tinha feito a cirurgia não estava mais no hospital, tinha ido para uma conferência, acho. Eles chegaram, foram falar com a enfermagem e chamaram outro cirurgião. Na hora que esse outro cirurgião chegou, falou assim: "Olha, a gente vai tentar salvá-la, não vou garantir que vamos conseguir, mas a gente vai tentar, não vou dar esperança para vocês, se agarrem na fé de vocês". E ela foi para a cirurgia de novo, a terceira cirurgia em menos de 15 dias...
Ela estava muito fraca no centro cirúrgico, tinha que tomar sangue, ela sofreu muito e estava bastante inchada. Eu não conseguia mais permanecer com ela no hospital, eu não tinha condições, não tinha mais forças para continuar com ela, e foi minha mãe que ficou naquela noite. Minha mãe conta que ficou rezando, pedindo a Deus e virando ela. E toda vez que minha mãe a virava, disse que saía uma sujeira. Minha mãe ficou a virando a noite inteira, pedindo força com as orações que ela fazia, e graças a Deus, a Renata se recuperou. Só que foi um período muito difícil. Isso foi em agosto e a gente ficou com ela até dezembro nessa corrida de ir para o hospital e voltar para casa. Chegava no hospital, ela ficava internada, porque eles colocavam a sonda de novo, porque o intestino dela grudava, não tinha passagem, e tudo que ela comia, voltava.
A gente ficou nessa luta com ela seis meses: ia para o hospital, ficava internada e voltava para casa. Uma vez, nós a levamos para internar e a gente foi falar com o primeiro médico que a tinha operado, ele estava de plantão. Nisso, ele falou que teria que operá-la novamente, e aí meu marido questionou: “Mas por quê? E como você vai fazer isso? Vocês vão operá-la até quando?". O médico virou para ele e disse assim: Até quando não der mais". Então, quando a gente chegava no hospital e víamos que ele estava lá, a gente nem entrava. Eu falei com a enfermagem: “Eu não quero mais que esse médico chegue perto dela, não quero mais ele aqui"; e aí, foi o segundo médico que havia a operado, na segunda cirurgia lá nesse Hospital Alvorada, o doutor José Armando, que continuou tratando dela. Ele que internava a gente, ele que liberava, porque eu ficava um período e começava a entrar em pânico. De madrugada, eu ligava chorando para o meu marido contando: "ai, ela vomitou", "ai, ela fez alguma coisa diferente", e eu não o deixava dormir. Ele não dormia e nessa época também ficou doente, começou a ficar com pressão alta por conta do nervoso que a gente passou com ela.
Em dezembro, graças a Deus ela começou a melhorar e passou. Só que quatro anos depois da Copa do mundo, ela ficou ruim de novo, ela teve novamente bridas – esse processo de grudar o intestino é chamado de bridas. Só que a gente já tinha uma noção melhor. Fomos para o hospital São Camilo e o mesmo médico que operou a Renata pela primeira vez, foi o que a operou nessa última. Ele perguntou como que tinha acontecido e viu como o intestino dela tinha grudado novamente… Grudou tudo no… Eu não sei como se chama, é uma membrana que tem dentro da barriga e tinha grudado todo o intestino. Ele não sabia dizer o que tinha acontecido, mas ele a operou novamente e, graças a Deus, ela nunca mais teve nada. Está gorda e forte agora. Ela é uma guerreira.
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