IDENTIFICAÇÃO
Sou Marlene Lucas dos Santos Oliveira, nasci em 19 de novembro de 1958, em Cruzeiro, Vale do Paraíba.
INGRESSO NA PETROBRAS
Entrei na Petrobras em 1989. Até então eu trabalhava no Hospital do Servidor Público, uma extensão do hospital aqui em São José dos Campos. Eu nem sabia que existia Petrobras. Certo dia, o médico que trabalhava comigo me falou: “Marlene, tem um concurso para técnico da Petrobras, você não quer participar? É uma boa empresa.” Eu me perguntei o que seria Petrobras. Quando se falava em combustível, eu pensava em Esso, Texaco. Nunca tinha ouvido falar de Petrobras. Ele me forçou, dizendo: “Você vai sim”, “Doutor, eu acho que não vou”, “Você vai sim”. Ele me trouxe a inscrição, eu fiz o concurso, mas fiquei sem classificação para entrar. Depois, fiz outro concurso para a Replan [Refinaria do Planalto Paulista], também a convite deles; neste acabei entrando. Essa foi a circunstância da minha entrada aqui. Entrei para trabalhar no setor médico, como técnico de enfermagem.
INGRESSO NA REVAP
Em 1992, vim para a Revap [Refinaria Henrique Lage]. Quando entrei na Replan, me transferi com meu marido para Campinas, mas ele não se adaptou à região, porque nós somos daqui do Vale do Paraíba, onde o pessoal é bem diferente; em Campinas, o pessoal é mais fechado. Ele voltou e eu fiquei em Campinas; vinha nas folgas, nos finais de semana. Quando surgiu a possibilidade de me transferi para a Revap, eu falei: “Gostaria de me candidatar.” Uma pessoa se aposentou e eu vim pra cá no seu lugar. Foi muito bom, foi excelente, facilitou muito a minha vida. Essa história de ficar sempre em viagem não me agradava, mas também não podia dispensar um trabalho como o da Petrobras, concursado, por isso pedi transferência e consegui.
REVAP / CARACTERÍSTICAS
Na Revap, o meu pessoal é diferente. É gente do Vale do Paraíba, gente conhecida, com quem se encontra na rua e se pára para conversar. O...
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Sou Marlene Lucas dos Santos Oliveira, nasci em 19 de novembro de 1958, em Cruzeiro, Vale do Paraíba.
INGRESSO NA PETROBRAS
Entrei na Petrobras em 1989. Até então eu trabalhava no Hospital do Servidor Público, uma extensão do hospital aqui em São José dos Campos. Eu nem sabia que existia Petrobras. Certo dia, o médico que trabalhava comigo me falou: “Marlene, tem um concurso para técnico da Petrobras, você não quer participar? É uma boa empresa.” Eu me perguntei o que seria Petrobras. Quando se falava em combustível, eu pensava em Esso, Texaco. Nunca tinha ouvido falar de Petrobras. Ele me forçou, dizendo: “Você vai sim”, “Doutor, eu acho que não vou”, “Você vai sim”. Ele me trouxe a inscrição, eu fiz o concurso, mas fiquei sem classificação para entrar. Depois, fiz outro concurso para a Replan [Refinaria do Planalto Paulista], também a convite deles; neste acabei entrando. Essa foi a circunstância da minha entrada aqui. Entrei para trabalhar no setor médico, como técnico de enfermagem.
INGRESSO NA REVAP
Em 1992, vim para a Revap [Refinaria Henrique Lage]. Quando entrei na Replan, me transferi com meu marido para Campinas, mas ele não se adaptou à região, porque nós somos daqui do Vale do Paraíba, onde o pessoal é bem diferente; em Campinas, o pessoal é mais fechado. Ele voltou e eu fiquei em Campinas; vinha nas folgas, nos finais de semana. Quando surgiu a possibilidade de me transferi para a Revap, eu falei: “Gostaria de me candidatar.” Uma pessoa se aposentou e eu vim pra cá no seu lugar. Foi muito bom, foi excelente, facilitou muito a minha vida. Essa história de ficar sempre em viagem não me agradava, mas também não podia dispensar um trabalho como o da Petrobras, concursado, por isso pedi transferência e consegui.
REVAP / CARACTERÍSTICAS
Na Revap, o meu pessoal é diferente. É gente do Vale do Paraíba, gente conhecida, com quem se encontra na rua e se pára para conversar. O paulista aqui do Vale do Paraíba é muito acolhedor. É muito bom estar aqui, no meio do meu povo. A região de Replan, mesmo sendo dentro do mesmo estado e sendo perto – a Replan e a Revap são bem próximas uma da outra – o pessoal é diferente, é um pessoal mais fechado. Em questão profissional, meu tempo na Replan foi pouco. Trabalho na Revap há 18 anos. Cresci muito aqui, em termos profissionais, pessoais e emocionais. Diferença mesmo não existe, as duas refinarias são muito boas pra se trabalhar.
COTIDIANO DE TRABALHO
Sempre trabalhei na área médica, como técnica de enfermagem. Eu faço o turno de revezamento, somos oito técnicos. É uma área muito boa, eu gosto muito do que faço. O fato de trabalhar com gente, nos permite ouvir muito das pessoas. Elas vêm e nos contam suas histórias de vida, seus problemas. Às vezes, uma pessoa que vem verificar pressão acaba por nos contar um monte de história. A gente aprende muito, cresce muito, ao ouvir essas outras pessoas. Eu aprendo muito dos outros, com cada um de seus problemas, da forma como conseguiram resolve-los. Eu assimilo tudo isso e trago para o meu dia-a-dia, para minha vida. Enfim, temos um serviço de atendimento ao público: fazemos exames periódicos, atendemos emergência, fazemos imunização, trabalho no campo e treinamento de primeiros socorros para a turma de brigada. É um serviço bem gostoso, não trocaria por outra coisa. Eu já trabalhei em hospital – não diria que seja ruim, porque na área de saúde sempre se trabalha com gente, o que é muito bom –, mas eu prefiro esse trabalho. Trabalhamos com pessoas saudáveis, sadias e promovemos uma melhor qualidade de vida em temos de saúde: isso é um serviço gratificante, porque vemos o resultado.
SERVIÇO DE SAÚDE
Quando entrei na Petrobras, as pessoas não se interessavam muito em tratar da própria saúde. Quando alguém precisava tomar uma vacina, se eu não fosse atrás dela e dissesse “Você precisa tomar a vacina”, ela não vinha por iniciativa própria. Hoje, o próprio empregado vem, interessa-se e pergunta: “Marlene, a minha vacina está em dia? Eu preciso tomar vacina? Quais vacinas que eu preciso tomar? Como está o meu quadro vacinal? Onde eu posso tomar tal vacina?”. As pessoas, hoje, estão muito mais preocupadas com a saúde. Contribuímos muito para isso, com aquele corpo-a-corpo, falando que é importante fazer o exame periódico, vir ao setor médico, fazer um registro caso tenha tido uma contusão. Meu trabalho possibilitou essa [mudança de comportamento]. Hoje, os empregados valorizam muito o serviço de saúde. A Petrobras favorece esse atendimento ao empregado, ela busca a qualidade de vida do empregado, na parte de educação em saúde. Esse é o meu serviço, meu trabalho do dia-dia. Essa mudança [na postura do empregado em relação à saúde] pode ser percebida também em outras unidades, é uma característica geral da Petrobras, parte de lá de cima da companhia e é disseminado para todas as unidades. É uma preocupação das pessoas, das unidades industriais, do setor médico em si. Tem sido um trabalho muito gostoso; antes, era meio desestimulador dizer “Você precisa fazer tal exame” e ouvir como resposta “Eu não quero fazer, eu não vou”. Para a mulher é muito mais natural cuidar da saúde, enquanto que para o homem isso não é tão freqüente; mas, atualmente, eles estão bem conscientizados. Mesmo fora da empresa a parte de comunicação de saúde tem sido muito grande aí. São conhecidas as conseqüências de um não-exame e os homens tem procurado se cuidar. A resistência tem caído bastante. Verificamos isso no nosso número de periódicos. Trabalhamos em parceria com a área de segurança e com a área de comunicação, porque a gente precisa divulgar os exames periódicos, os programas de saúde.
REVAP / MUDANÇAS
A Revap mudou muito: o próprio aumento da refinaria, a modernização. Temos percebido essa evolução, esse crescimento. Percebo uma grande preocupação com o crescimento e a mudança, não apenas na área operacional e técnica, mas também nas pessoas. A Revap preocupa-se em levar o empregado junto nesse crescimento. Ela empurra o indivíduo para que ele cresça com ela. Incentiva o empregado a fazer um curso, uma faculdade, para ter uma cultura melhor. Eu mesma vim de uma família muito humilde. Como disse, eu nem sabia o que era Petrobras. Minha cultura geral era muito deficiente. Como Petrobras é uma inserida num contexto mundial, acabei por aprender muita coisa. Precisei acompanhá-la, procurei saber do que se tratava essa empresa, entender onde ela se inseria, o quê ela fazia, quais suas parcerias, seus produtos. Ou seja, acabei crescendo. Percebo que esta unidade, no seu dia-dia, acaba por facilitar o desenvolvimento também das pessoas. Ela permite o crescimento profissional e pessoal [dos seus trabalhadores]. Por exemplo, uma pessoa aqui acaba desenvolvendo seu conhecimento financeiro, porque faz um curso na área e logo percebe um retorno. É como uma bola de neve. Não consigo localizar mudanças na unidade, porque não trabalho na área técnica, na área de refino de petróleo, o que percebo, porque faço treinamento do pessoal, é o aumento do número de empregados. Recebemos vários empregados novos, com uma visão diferente daquela do empregado antigo; mais voltada para o crescimento. O empregado antigo ficou muito voltado para o seu dia-a-dia, enquanto o empregado novo tem uma visão maior, vem com outra mentalidade.
SERVIÇO DE SAÚDE / MUDANÇAS
Nossos procedimentos melhoraram de acordo com os novos cursos que fizemos, na área de saúde, de treinamento em traumas, treinamento em primeiros socorros. Sempre temos feito cursos de reciclagem. A melhoria também se dá pela compra de novos materiais, de nova tecnologia que surge no mercado. A Revap acompanha essas novidades, com tecnologias novas para o dia-dia de trabalho. Isso certamente melhora o atendimento e o empregado usufrui desses benefícios. Antes, a gente fazia o exame periódico e o básico. Hoje, são vários outros exames de qualidade de vida do empregado: aumentou muito o número de exames e programas de saúde. Por exemplo, não tínhamos ginástica laboral, nem quick massage – hoje temos uma empresa que fornece isso para os empregados. Antes, éramos apenas nós, os técnicos de enfermagem, que fazíamos as audiometrias e enviávamos os gráficos para análise; hoje, temos uma fonoaudióloga aqui. Vários programas foram agregados, o que favoreceu uma mudança positiva. Nossos serviços cresceram tanto que nosso prédio está pequeno para o atual número de profissionais. Foi comprada uma ambulância mais equipada, com uma maca mais leve, retrátil. Enfim, buscamos adquirir esses novos materiais, disponíveis no mercado, e procuramos treinamento adequado para colocá-los em uso.
SEGURANÇA DE TRABALHO
Em todo esse tempo em que eu trabalho aqui na refinaria, graças a Deus, nunca tive um acidente grave, fatal. O perfil dos acidentes mudou muito: são queimaduras pequenas, contusões, coisas bem pequenas. Temos um programa de segurança imenso, que dá respaldo para isso. Trabalha-se com segurança, tranqüilo, sem a ocorrência de tantos acidentes. Entre os ocorridos, lembro-me de uma recente queimadura de empregado; utilizamos um material de suma importância que garantiu um atendimento excelente e uma ótima recuperação. O médico deu retorno, até parabenizou a equipe pelo atendimento feito. Pela qualidade do atendimento e do material utilizado, evitamos a necessidade de se fazer vários enxertos [no paciente]. Normalmente, fazemos o primeiro atendimento na unidade, depois enviamos para o hospital. Essa seqüência de atendimento é bem integrada: do primeiro atendimento, do encaminhamento para o hospital e do acompanhamento até o retorno desse empregado para a refinaria. Isso oferece segurança para o nosso trabalho e garante confiança do empregado no serviço médico; ele confia na empresa, confia na equipe de trabalho.
PARADAS DE MANUTENÇÃO
Conheço muito o pessoal do meu grupo de trabalho. Estou nesse grupo há bastante tempo. Conheço o pessoal do horário administrativo e dos outros grupos, conheço os mais antigos e os mais novos que encontramos no dia-dia. Mas eu sou ruim pra guardar história, às vezes acho uma história engraçada, mas não consigo me lembrar depois. O que nos marca muito são as Paradas de Manutenção, nas quais costumamos montar um posto médico avançado, na área operacional, para esse trabalho como o pessoal da segurança. Para o posto médico, contratamos médicos de fora para trabalhar com a gente, técnicos de enfermagem. Às vezes eles ficam muito apavorados, com medo da área operacional, medo de um vazamento, um incêndio. A gente que trabalha aqui há bastante tempo, sabemos que a segurança é grande e, mesmo sendo uma empresa de risco, este é diminuído pelo aparato, pela equipe, pelo profissionalismo do pessoal. O pessoal que vem de fora não sente isso. Certa vez, estávamos, à noite, com o médico, em plantão para possíveis atendimentos. O pessoal da segurança vinha e jogava um monte de pedra em cima do container. O pessoal ficava apavorado, pensavam ser uma explosão. São histórias engraçadas. Lembro de uma época, durante um simulado em uma área de muitos empregados contratados. Teve um vazamento numa canaleta que deu uma pequena explosão. O pessoal contratado, que era em muitos, devido ao medo, saiu correndo e atropelando todo mundo da unidade. Era comum acontecer isso. Mesmo com toda a orientação e com toda a integração, o pessoal de fora e os terceirizados sentem aquele receio de trabalhar aqui dentro, por medo de uma explosão.
COMUNIDADE
Hoje, existe uma maior integração do pessoal da região com a Refinaria. Qualquer fumaça ou qualquer vazamento, eles logo ligam para saber e o pessoal da segurança vai e esclarece ou verifica se realmente houve algum problema, se caiu uma nuvem de fumaça ou se teve alguma chuva da refinaria. O relacionamento com a população está mais tranqüilo. Tem um programa de visitas para o pessoal da cidade, eles vêm à refinaria. Esse medo da comunidade acaba sendo amenizado. Em São José dos Campos, tem uma unidade de queimados que mantém uma parceria com a Revap, com a Petrobras. Isso favorece toda a região do entorno. Essa unidade atende nossos empregados, mas atende também a população local. A Petrobras mantém algum patrocínio com uma escola e algumas outras coisas que eu não sei muito bem. Sei que a Petrobras tem um bom trabalho com o pessoal, com a Vista Verde e com São José, aqui atrás.
GRIPE A H1N1
O pessoal quer esclarecimento. Fazemos vacinação para gripe todos os anos. Neste ano, eles perguntavam: “Vai ter vacinação pra gripe novamente? O que é essa nova gripe?” A gente esclarece tête-à-tête, da forma como aparece. Nesta vacinação a gente não sentiu medo, nem curiosidade ou preocupação. Ninguém disse: “Não quero tomar vacina”. Não tivemos problemas com essa nova gripe.
MOVIMENTO SINDICAL
Sempre fui sindicalizada, desde que entrei na Petrobras. Participo de assembléias, mas não tenho uma participação [expressiva]. O sindicato mudou bastante. Hoje, eles estão mais preocupados com a situação do empregado, chega a ser uma parceria, embora muita gente não ache isso e pense que isso seja demagogia ou besteira. Não tem mais aquela briga. A empresa está aberta para o sindicato. Vemos o presidente em conversa com o pessoal do RH [Recursos Humanos]. Hoje, teria uma assembléia de manhã e o presidente do sindicato dizia que foi pedido para que não tivesse assembléia de manhã, para que ela ocorresse à tarde. Antigamente, isso geraria um conflito: “Mas por quê?” e o outro lado acharia ruim, a empresa bateria o pé e chegaríamos a um conflito. Hoje não, isso é mais aceito. O sindicato, os empregados e a empresa conseguem sentar, conversar e entrar num consenso, o que não existia há tempos. Antes, durante uma greve, o empregado que queria entrar pra trabalhar era muito massificado, era chamado de pelego. Hoje, isso não é tanto assim; cada um respeita a posição do outro. Sindicato, empresa e empregado conseguem se respeitar. Isso evoluiu bastante nos últimos vinte anos. Em vários movimentos, eu tive problemas pra entrar no trabalho, o que não ocorre mais. Não temos mais esse atrito.
SER PETROLEIRA
Eu sinto orgulho de [ser petroleira]. Fico emocionada em falar disso, porque trabalho numa empresa que empurra as pessoas pra cima, oferece opções e oportunidades de crescer. Aqui, o indivíduo só não cresce se não quiser. A empresa dá essa oportunidade, sem demagogia, falo isso do fundo do coração. Eu cresci bastante e vejo o crescimento de outras pessoas. Então, ser petroleira é um orgulho, trabalhar na Petrobras é um orgulho. Às vezes, eu falo para os meus colegas que passei a ter mais orgulho da Petrobras quando visitei o Cenpes [Centro de Pesquisa de Desenvolvimento da Petrobras]. Ao ver o centro de pesquisa, o trabalho de projeto e tudo o que tem lá dentro, dá orgulho de termos uma empresa como essa dentro do nosso país. Em outras empresas, às vezes, o empregado não tem essa oportunidade. Não falo de benefício próprio, falo de forma mundial, de benefício para o mundo inteiro. É um orgulho estar aqui dentro.
MEMÓRIA PETROBRAS
Sou uma pessoa muito fechada, gosto de ficar no meu canto, por isso perguntei pra Tânia: “Tânia, quem que me achou aqui?”. Você vê que eu tenho até uma dificuldade de expressão, porque gosto de ficar quieta e de fazer o meu serviço. Gosto de ser técnica de enfermagem, de estar no meu posto. Então eu falei para mim mesma: “Bom, deixa-me aparecer um pouquinho e falar o que sinto em relação à minha empresa e ao meu trabalho?” Essa entrevista foi uma forma de falar do meu sentimento pela empresa. Farei 51 anos. Acho que meu aposentarei rapidamente; daqui a três ou quatro anos. O tempo passa rápido e essa é uma oportunidade de falar o que eu sinto, de falar das oportunidades que a empresa me deu. Sou muita grata pela empresa. Sou muito grata a Deus e a todos, por estar aqui dentro.
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