Meu nome é Luis Carlos de Abreu Bolina Junior. Eu nasci em Guaratinguetá, aqui no Vale do Paraíba, em 27 de novembro de 1964.
Eu ingressei na Petrobras em fevereiro de 1987, mas essa é a data oficial, porque fiz um curso de formação três meses antes. Fiz o concurso em 1986. Nessa época eu estava em São Paulo tentando concluir um curso de Processos de Produção Mecânica, na Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Foi um curso que eu comecei a fazer porque eu terminei o colegial e fui prestar vestibular para ver como é que era, sem nenhuma pretensão de passar, achei que ia ter que fazer um cursinho, mas acabei passando e ingressando. Fiz a inscrição porque meu irmão estudava lá e eu não sabia o que fazer ainda. Eu era muito moleque ainda e acabei não levando muito a sério. Mas eu fiquei em São Paulo, trabalhava também na área esportiva e acabei não concluindo o curso. Daí surgiu a oportunidade de retornar para São Sebastião, porque eu fui para São Paulo fazer o curso na FATEC [Faculdade de Tecnologia de São Paulo]. Fiquei três anos lá, mas sempre ligado a São Sebastião, não conseguia ficar um fim de semana sem vir para cá.
Eu nasci em Guaratinguetá por acaso, porque a família do meu pai é de lá, mas a da minha mãe era daqui de São Sebastião. Eu tenho um irmão mais velho que nasceu aqui. Quando eu nasci, um ano e meio depois, estávamos em Guaratinguetá, mas logo voltamos para cá, eu tinha um ano e meio de idade. A minha vida toda foi aqui até terminar os estudos do colegial e ir para São Paulo. Em São Paulo sempre tive vontade de voltar para cá, mas a oportunidade de crescimento e de trabalho aqui era a Petrobras. Eu sempre fiquei de olho nos concursos, mas era raro haver concurso na Petrobras, ficou muito tempo sem fazer. Mas apareceu o concurso e eu me inscrevi. Eu estava na faculdade, mas numa fase de muita indecisão, num vai e não vai, foi providencial. Consegui passar e voltei para cá. Fiz um curso de...
Continuar leituraMeu nome é Luis Carlos de Abreu Bolina Junior. Eu nasci em Guaratinguetá, aqui no Vale do Paraíba, em 27 de novembro de 1964.
Eu ingressei na Petrobras em fevereiro de 1987, mas essa é a data oficial, porque fiz um curso de formação três meses antes. Fiz o concurso em 1986. Nessa época eu estava em São Paulo tentando concluir um curso de Processos de Produção Mecânica, na Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Foi um curso que eu comecei a fazer porque eu terminei o colegial e fui prestar vestibular para ver como é que era, sem nenhuma pretensão de passar, achei que ia ter que fazer um cursinho, mas acabei passando e ingressando. Fiz a inscrição porque meu irmão estudava lá e eu não sabia o que fazer ainda. Eu era muito moleque ainda e acabei não levando muito a sério. Mas eu fiquei em São Paulo, trabalhava também na área esportiva e acabei não concluindo o curso. Daí surgiu a oportunidade de retornar para São Sebastião, porque eu fui para São Paulo fazer o curso na FATEC [Faculdade de Tecnologia de São Paulo]. Fiquei três anos lá, mas sempre ligado a São Sebastião, não conseguia ficar um fim de semana sem vir para cá.
Eu nasci em Guaratinguetá por acaso, porque a família do meu pai é de lá, mas a da minha mãe era daqui de São Sebastião. Eu tenho um irmão mais velho que nasceu aqui. Quando eu nasci, um ano e meio depois, estávamos em Guaratinguetá, mas logo voltamos para cá, eu tinha um ano e meio de idade. A minha vida toda foi aqui até terminar os estudos do colegial e ir para São Paulo. Em São Paulo sempre tive vontade de voltar para cá, mas a oportunidade de crescimento e de trabalho aqui era a Petrobras. Eu sempre fiquei de olho nos concursos, mas era raro haver concurso na Petrobras, ficou muito tempo sem fazer. Mas apareceu o concurso e eu me inscrevi. Eu estava na faculdade, mas numa fase de muita indecisão, num vai e não vai, foi providencial. Consegui passar e voltei para cá. Fiz um curso de formação que ao final havia a possibilidade de não trabalhar aqui, poderia ir para outros lugares, dependendo da classificação. Eu por pouco quase que não consegui ficar aqui. Eu entrei como operador.
Naquela época todo o sistema era bem diferente do que é hoje. Nosso trabalho era de recebimento de petróleo pelos navios e envio para as refinarias. O nome do cargo era Operador de Transferência e Estocagem. Eu passei por vários locais aqui dentro do Terminal. Eu trabalhei um tempo no píer, mas eu não gostava de trabalhar lá, apesar de eu gostar muito de mar por conta de eu ter crescido aqui. Mas ainda assim eu preferia ficar trabalhando em terra. No píer quando o navio está chegando você tem que fazer os contatos para você já ir preenchendo a documentação, depois, quando chega, vai a bordo para recolher as amostras do produto. Tem todo um trabalho de preparação para depois iniciar a descarga. Antes, isso tudo era bastante manual, bem diferente do que é hoje. Já havia até uma parte que era automatizada, mas no geral era bem manual o trabalho, tínhamos mesmo que ir lá bater marreta e tal (risos). Havia um trabalho pesado, não havia tanta preocupação com SMS [segurança, meio-ambiente e saúde]. Carregávamos umas peças pesadas na mão e eu não tenho um porte físico tão avantajado, eu tinha certa dificuldade e achava que era puxado demais. Aqui em terra, apesar de ter muitas outras atribuições, eu acho mais tranqüilo.
A Petrobras, felizmente, sempre teve a preocupação de colocar as pessoas onde elas se adaptam melhor. Atualmente quando há algo muito pesado para ser pego, utiliza-se o guindaste. Tudo é feito hoje para minimizar o esforço físico, mas até por uma questão de ergonomia. Ergonomia é uma palavra que antigamente nem ouvíamos falar. Hoje você não pode ter um esforço físico que possa prejudicar tua saúde. Antigamente até havia um controle de nível do produto nos tanques, havia um sistema eletrônico onde você digitava lá o número do tanque e ele fazia um barulho tec tec tec (risos), depois disso aparecia o nível do tanque, mas era falho, não era confiável. Não tinha a segurança que tem hoje, não havia a certeza de que era aquilo mesmo que o equipamento indicava. Para minimizar a possibilidade de acidentes, por conta dessa falha, era comum ter que ir de madrugada, com temporal caindo, lá em cima do tanque, com uma trena e ficar medindo o enchimento do tanque. Às vezes o instrumento não estava funcionando, ou mesmo estava quebrado e por conta disso ficávamos lá esperando o navio chegar num nível para dar o aviso: “Agora para e troca para outro tanque.” Era assim o trabalho, e isso às vezes, o ano inteiro, 24 horas. Havia dias que isso era uma delícia fazer. Você pegava uma manhã naqueles dias de céu super estrelado, quando amanhece e o sol começa a nascer, quer dizer, tem esses dois lados que você não tem hoje. Eu vivi momentos que eu pensava o seguinte: “Nossa, que coisa maravilhosa”, porque você está ali trabalhando, mas ao mesmo tempo está vendo uma paisagem maravilhosa, o sol nascendo e tal. Tem o outro lado também que é estar numa frente fria de inverno, aquele frio desgraçado (risos), você encapotado lá com a capa e tentando acompanhar o nível. Era divertido, você acabava fazendo. E hoje é bem diferente. Hoje existe um sistema eletrônico, que é muito mais confiável. E existe também um trabalho de subir no tanque, mas que é feito para fazer medições e calibração do instrumento. Normalmente isso é feito durante o dia por uma pessoa que é especializada. O trabalho é feito controlando na sala, existe um alarme que avisa se alguém deixar de ver. É bem diferente. É mais tranqüilo.
No trabalho da operação, além do trabalho operacional de transferência, estocagem e de operação de equipamentos, existe também o trabalho da manutenção associada a essa operação, tanto pode ser uma manutenção preventiva, que é periódica, quanto uma manutenção corretiva, que se faz quando quebra um equipamento. Para colocar um equipamento em manutenção, seja preventiva, corretiva, a operação tem que disponibilizar esse equipamento de manutenção com segurança, por quê? Você tem uma bomba que hoje é operada remotamente, ela está lá sozinha e você está passando do lado, está parado, mas de repente vê que ela está operando. É pela sala de controle que se dá o comando para ela trabalhar, em algumas situações, é possível que do Rio de Janeiro o cara aperte um botão lá e dê o comando para essa bomba que está aqui em São Sebastião comece a funcionar. E aí o que acontece? A manutenção vai lá trabalhar na bomba, se não forem tomadas as medidas adequadas de preparação desse equipamento, pode ocorrer um acidente, porque o cara está lá olhando e de repente põe a mão no equipamento no momento em que esse está parado, mas se ele ligar pode causar um acidente.
Essa entrega do equipamento da operação para a manutenção tem que ter uma preparação. E dependendo do tipo de manutenção é necessário até uma análise de risco, porque além de ter a parte de ligar, tem produto pressurizado e produto tóxicos. Toda uma série de medidas de controle deve ser feita. Alguns trabalhos de manutenção são padronizados e você tem procedimentos, é mais fácil seguir e tal. Mas também, mesmo assim, você tem que controlar, tem que ter evidências, tem que documentar. Essa parte de entrega era feita pela operação, normalmente pelo pessoal de turno. O pessoal do turno fazia isso, em alguns lugares é assim, mas o que ocorre? O turno está mais envolvido com a operação, então ele acaba não pegando uma experiência nesse trabalho de preparo para a manutenção, então você às vezes tem um atraso prejudicando a entrega. Há uns 15 anos um operador teve uma idéia de colocar um cara fixo para fazer isso. Todo dia de manhã, por exemplo, ele se propôs a ficar só no horário administrativo fazendo esse tipo de trabalho de autorizar. Existe um documento que se chama Permissão para Trabalho, que é o documento que formaliza essa entrega do equipamento da operação para manutenção. Ali vão detalhadas todas as medidas necessárias para o cara trabalhar com segurança.
Eu tinha interesse em fazer esse serviço de autorização e permissão de trabalho, um pouco por causa do trabalho, mas também eu queria sair do turno. Uma questão difícil para o trabalho na operação em turno é o turno. Não é algo fácil de se adaptar, porque você entra hoje meia noite, amanhã às oito, depois entra às quatro, sai meia noite etc. Tem gente que começa a fazer turno e depois não quer saber de voltar para o horário normal, para o horário administrativo, acha que é ruim, porque tem muita gente e tal. No meu caso, eu realmente sentia dificuldades no turno. Não que fosse impossível, fiquei um tempão no turno, quase dez anos, mas eu vi essa possibilidade de voltar para o horário administrativo e numa função que eu achava interessante. Surgiu a oportunidade e eu entrei no lugar da outra pessoa que saiu. Fiquei nessa função me envolvendo mais com essa interface entre operação e manutenção. Esse trabalho que faço, por força até das certificações, depende também de tratar a questão segurança, meio ambiente e saúde de uma maneira adequada. O trabalho que eu faço está diretamente ligado a isso, porque ao fazer um planejamento de manutenção, se preocupando em evidenciar, documentar adequadamente, você evita que ocorram os acidentes. A maior parte dos acidentes que acabam causando algum dano, ou seja, vazamento, é causada por alguma falha no planejamento, na manutenção.
Hoje existe a manutenção preventiva e existe uma manutenção que é a tendência atual, que é a preditiva. A preditiva analisa, por exemplo, o ruído que o equipamento está fazendo e aí vai ao computador verificar como ele está trabalhando. É diferente da preventiva porque antigamente você ia lá e trocava a peça, mas às vezes essa estava boa e podia rodar muito mais tempo. É como os dutos hoje. Antigamente havia uma estimativa de vida dos dutos de 20 anos, mas não existia tecnologia para inspecionar. Quando ele começava a furar trocávamos tudo. Hoje a tecnologia existente te dá um controle maior e com um instrumento adequado é possível saber onde está furado e se é num trecho pequeno ou grande. Ele faz um raio-x de toda o duto e desse modo troca-se somente onde é necessário. Com essas novas tecnologias aumentou-se muito o tempo de vida dos equipamentos como um todo. A manutenção preditiva, apesar de ser uma tecnologia cara, aumentou a vida útil do equipamento. Eu não faço verificação de dutos, mas acabo me envolvendo nesse tipo de manutenção, porque no trabalho de entrega para a manutenção você acaba vendo todo esse processo. Quando a inspeção vai passar o PIG Instrumentado [sistema de inspeção de dutos], existe uma interface com a operação, a fim de fazer uma análise do risco do trabalho que será feito de passar o equipamento, algumas vezes é preciso limpar o duto, injetar nitrogênio. Sempre que houver a necessidade de sair das condições de operação normal entra a equipe de gestão de mudança, que também é outro termo que antigamente não se usava. Mas sempre que houver um risco associado deve existir uma análise, e desse modo, acabo participando.
O progresso é inevitável, não há como você dizer. Se a Petrobras não tivesse aqui hoje, talvez tivéssemos uma, sei lá, é difícil saber. Talvez tivéssemos um paraíso aqui, uma praia maravilhosa aqui na frente, ou tivesse uma favela, é difícil saber. Mas o que a Petrobras traz hoje é visível, ela traz qualidade de vida também para as pessoas. Traz dinheiro e emprego, porque todo mundo precisa dessas coisas para viver. Em relação ao meio ambiente ela está cada vez mais preocupada. O impacto é cada vez mais minimizado. Existe um rebocador que fica 24 horas aí. Se gasta um milhão por mês numa embarcação que fica 24 horas ali de prontidão, caso haja um derramamento de óleo. Tem pessoas que até questionam se é preciso isso tudo. Você pode até achar um argumento demonstrando que não precisa, mas o passado mostra que uma resposta rápida, em alguns casos, minimiza muito o impacto. Essa preocupação com o meio-ambiente também é compartilhada com a comunidade, porque existe o treinamento dos agentes ambientais. É algo positivo porque ela se sente também parte integrante e percebe que a Petrobras está fazendo alguma coisa e não está esperando acontecer para correr atrás.
O meu trabalho de manutenção está restrito ao Terminal. Existem projetos de ampliação da capacidade do Terminal. Nós temos participado das reuniões, fizemos uma reunião anteontem que discutiu a ampliação da capacidade de energia elétrica do Terminal, para poder operar equipamentos que virão. Existe também a previsão de ter um novo píer. Eu tenho algumas informações, participei até de algumas reuniões, mas eu não estou diretamente no grupo que está definindo isso. A tendência futura é que cada vez mais aumente a movimentação de produtos.
Sou sindicalizado desde que eu entrei, mas nunca fiz parte de diretoria. Eu acompanho a atuação do sindicato, mas não sou ativo. Acho muito importante o trabalho que eles fazem.
Como história marcante eu posso falar algo da minha participação no grupo da estrutura de resposta, que é a emergência do grupo de contingência. É um grupo de pessoas do Terminal que durante uma emergência de qualquer tipo é acionado e cada um assume a sua função. Eu faço parte desse grupo na parte de monitoramento ambiental. Por quê? Por conta de conhecer bastante a região, a parte do mar principalmente, porque eu pratico vela no canal. Eu conheço o canal como a palma da minha mão. Há algum tempo nós tivemos uma ocorrência, acho que em 2000, não me lembro o ano agora, foi há vários anos... Na ocasião ocorreu um vazamento no píer que acabou se estendendo. Havia uma correnteza muito forte e chegou até a Ubatuba. É maravilhoso você ver essa água do mar limpa. Eu tenho, por conta disso, muito mais preocupação em fazer com que não ocorra nenhum tipo de vazamento, evitando ao máximo, qualquer tipo de acidente. Mas esse acidente foi um navio que derrubou, quer dizer, a gente não teve... Apesar de que existe também uma inspeção no Terminal, mas ocorreu. O grupo foi acionado e eu participei dessa operação. A minha função envolvia sobrevoar o canal, anotar as coordenadas, registrar as manchas e fazer relatório fotográfico. É muito triste ver essa imagem. Em uma semana já havíamos recolhido praticamente tudo. Mas foi muito triste ver as consequências do impacto causado pelo vazamento, tanto aqui, quanto mais para frente, pois atingiu praias de Ubatuba, praias virgens praticamente. Foi emocionante ver o final de todo o nosso trabalho, até fico emocionado... Quando estava tudo limpo... Houve um trabalho muito grande, tanto em mar quanto em terra, mangues etc. É lógico que houve áreas em que teve um trabalho mais demorado. Mas essa visão geral de ver que aquilo tudo estava limpo foi emocionante.
Ser petroleiro é ajudar a construir o Brasil (risos). É fazer parte da família Petrobras. É isso.
É muito legal e interessante, porque é um registro dessa história toda, que não pode passar em branco. Acho muito legal
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