Meu nome é Luiz Caetano Trindade Ferreira, nasci em Alegrete, município do estado do Rio Grande do Sul, quase na região da fronteira, em 23 de dezembro de 1963.
Com pouco tempo iniciado em minhas experiências profissionais, apareceu num concurso para a Petrobras em 1987. Foi um concurso que prestei no segundo semestre de 1987. A aprovação se deu por volta de julho ou agosto. Depois da aprovação passei por um processo seletivo, através de um curso de formação, que durou uns três ou quatro meses. Até que em janeiro de 1988 se efetivou a minha entrada na Refap, Petrobras. Diga-se de passagem, só um ano que fiquei aqui numa condição de não empregado. Fiquei como bolsista, porque havia uma determinação do Presidente da República, José Sarney, que as empresas estatais e do setor público, em geral, não poderiam fazer contratações. Em 1989 fui efetivado. Com o passar do tempo, através do sindicato, conseguimos com que fosse retroagida a data de admissão para junho de 1988. Mas estou na empresa desde janeiro de 1988.
É um curso de formação na área técnica, porque prestei concurso para a carreira de operador. Naquela época se entrava como operador estagiário e ia migrando paulatinamente na carreira, conforme o plano de cargos vigente. Antes de entrar na refinaria passávamos por um curso de formação teórica. Tinha um convênio entre a Refap e o Senai, onde se fazia esse estágio de quatro meses. Faziam-se provas, depois de aprovado vínhamos para a refinaria e fazer um estágio probatório teórico-prático aqui. Quem dava as aulas eram os próprios operadores, os mais antigos e capacitados. Depois se fazia uma avaliação e, após isso, era feito um ranking. Os primeiros colocados eram chamados e os demais ficavam no cadastro de reserva aguardando a vacância.
Estou na Refap há 18 anos. Tenho, mais ou menos, 25 anos de trabalho. A maior parte do tempo trabalhei na Refap. Fui admitido para trabalhar como operador e acabei indo para o...
Continuar leituraMeu nome é Luiz Caetano Trindade Ferreira, nasci em Alegrete, município do estado do Rio Grande do Sul, quase na região da fronteira, em 23 de dezembro de 1963.
Com pouco tempo iniciado em minhas experiências profissionais, apareceu num concurso para a Petrobras em 1987. Foi um concurso que prestei no segundo semestre de 1987. A aprovação se deu por volta de julho ou agosto. Depois da aprovação passei por um processo seletivo, através de um curso de formação, que durou uns três ou quatro meses. Até que em janeiro de 1988 se efetivou a minha entrada na Refap, Petrobras. Diga-se de passagem, só um ano que fiquei aqui numa condição de não empregado. Fiquei como bolsista, porque havia uma determinação do Presidente da República, José Sarney, que as empresas estatais e do setor público, em geral, não poderiam fazer contratações. Em 1989 fui efetivado. Com o passar do tempo, através do sindicato, conseguimos com que fosse retroagida a data de admissão para junho de 1988. Mas estou na empresa desde janeiro de 1988.
É um curso de formação na área técnica, porque prestei concurso para a carreira de operador. Naquela época se entrava como operador estagiário e ia migrando paulatinamente na carreira, conforme o plano de cargos vigente. Antes de entrar na refinaria passávamos por um curso de formação teórica. Tinha um convênio entre a Refap e o Senai, onde se fazia esse estágio de quatro meses. Faziam-se provas, depois de aprovado vínhamos para a refinaria e fazer um estágio probatório teórico-prático aqui. Quem dava as aulas eram os próprios operadores, os mais antigos e capacitados. Depois se fazia uma avaliação e, após isso, era feito um ranking. Os primeiros colocados eram chamados e os demais ficavam no cadastro de reserva aguardando a vacância.
Estou na Refap há 18 anos. Tenho, mais ou menos, 25 anos de trabalho. A maior parte do tempo trabalhei na Refap. Fui admitido para trabalhar como operador e acabei indo para o setor de utilidades. Havia quatro setores para irmos: logística, destilação, craqueamento e utilidades. Eu fiz a opção por utilidades por entender que era o setor que eu tinha mais afinidade com atividade.
Imagina o seguinte: uma refinaria precisa de insumos para fazer a sua atividade fim, que é o refino do petróleo. O que são esses insumos? Energia elétrica, água tratada, vapor, óleo combustível e ar comprimido. Esses insumos de processo são chamados de utilidades, que são insumos úteis para que o processo de refino ocorra. Sem esses insumos é impossível uma refinaria funcionar. O operador de utilidades é a pessoa que vai trabalhar numa planta industrial onde se produzem esses insumos, para fornecer às demais plantas da refinaria, para que o processo de refino se opere.
Eu fiz a opção por utilidades e desde então trabalho nesse setor. Nunca trabalhei em outro setor do sistema operacional. Da minha entrada para cá, os estágios foram os seguintes: entrei como operador estagiário no nível 224, que naquela época era o menor nível possível; logo em seguida passei a operador I, fiquei um bom tempo, até que houve uma reforma do plano de cargos e acabei, nesse meio tempo, passando pra operador industrial especializado, que seria uma promoção imediatamente superior. Houve essa reforma a posteriori e esse operador especializado passou a ser um operador II. De lá para cá não houve mais mudanças no plano. Está para sair uma terceira mudança, que talvez re-posicione o plano de cargos e salários. Mas hoje sou operador II. Sempre fui de utilidades e nunca passei por outro setor.
Hoje a minha atividade é um pouco mais dinâmica, não fico restrito especificamente às atribuições do operador. A rotina de um operador de utilidades, seja ele I ou II, é basicamente cuidar do sistema da planta através de planejamento, manobras e execução de atividades que envolvam a produção das utilidades. Basicamente é cuidar dos equipamentos. Hoje temos um sistema totalmente automatizado na refinaria. O nosso trabalho, no início, era muito mais braçal, os nossos painéis ainda eram do sistema pneumático. Hoje tudo é por meio eletrônico, fibra ótica e sistema digital de controle distribuído. É um sistema inteligente de operar a planta, o que provocou certa alteração. Começamos a migrar de um trabalho eminentemente manual para um trabalho mais intelectual. É como se você jogasse um vídeo-game, por exemplo, como se estivesse com um joystick na mão e uma tela de computador. Você tem uma série de processos ocorrendo ali e o operador controla aquela planta de uma forma quase virtual. Não é que [a função] tenha se extinguido, mas reduziu sensivelmente. Hoje, por exemplo, tem situações operacionais que envolvem operador de campo e ele tem que ir lá manualmente abrir uma válvula, acender um queimador e um piloto. Isso não deixou de existir, o que houve foi que a grande maioria das tarefas que era executada, hoje, não é mais, porque a tecnologia permitiu a motorização de válvulas, permitiu que os acendimentos sejam quase automáticos. A participação do operador no campo, hoje, é muito restrita, se faz poucas coisas de natureza braçal. Basicamente, se faz uma supervisão do sistema de planos dos controles. É assim: numa situação de emergência, crítica ou de manobra planejada, em que o operador tinha que fazer “n” etapas do ponto de vista braçal, hoje a grande parte dela é planejada e feita através de um sistema. São válvulas controladas por um sistema inteligente que abrem e fecham num determinado momento. É motorizada, não precisa abrir. Muitas coisas que eram de campo acabaram sendo transportadas por um sistema, para uma filosofia de trabalho que usa a computação como ferramenta. Criou-se um sistema que é uma interface entre o homem e a máquina, o sistema de controle distribuído. Hoje você tem o material de computador e a máquina no campo.
Depois da era Collor, sem fazer juízo de valor da questão política, a Petrobras, com o governo de Fernando Henrique Cardoso, passou por uma série de possíveis transformações. Uma delas, que é de conhecimento público e notório, foi o fim do monopólio. Existia naquela época uma expectativa e um medo muito grande da privatização da Petrobras. Eu, particularmente, que estava dentro daquele processo, olhava para fora e dizia: “Se a Petrobras um dia for privatizada – eu conheci um pouco da realidade de como as empresas privadas funcionam – aquela estabilidade que o funcionário público adquire quando entra através de um concurso público, ficaria simplesmente ameaçada ou poderia desaparecer”. E disse: “Se hoje for para rua, numa hipótese de uma privatização – por uma questão de contingência ou qualquer que fosse o motivo – o que eu faria lá fora? O que eu seria lá fora? Pra que serviria ser um operador de utilidades?”. Verifiquei que não tinha mercado de trabalho para operador no Rio Grande do Sul. Verifiquei que nenhuma empresa que trabalhava com utilidades – que pudesse utilizar os meus conhecimentos adquiridos –, me daria um décimo das vantagens dadas pela Petrobras. Pensei: “Eu preciso ter uma segurança extra, se eventualmente se concretizar a privatização. Se por acaso ocorrer uma demissão, eu tenho como andar por meus meios próprios”. Eu já tinha feito concursos e recebido um toque de um dos professores que era advogado, para fazer direito. Vi mais a fundo o que era o Direito e me despertou um interesse enorme. Resolvi fazer o vestibular, passei, adorei o curso e desenvolvi uma paixão pelo Direito, que fez com que eu levasse a carreira de advocacia em paralelo com a carreira de operador. Como a privatização não ocorreu – e tomará que não ocorra, acho que é uma questão de estratégica, a Petrobras tem que ser da União –, ganhei essa experiência na área do direito. Hoje convivo com as duas profissões. Elas não são conflitantes, porque a atividade de turno me proporciona um horário que eu posso exercer a advocacia por fora. São duas coisas muito interessantes e complementares, porque eu lido com a natureza humana, da profissão, e a natureza técnica dentro da Petrobras. São conhecimentos diferentes, que se inter-relacionam e se completam, porque é muito interessante ter uma experiência com máquinas, sistemas e plantas – coisas técnicas, lógicas e objetivas – e ao mesmo tempo é enriquecedor trabalhar com o elemento humano, especificamente na área do direito. É por isso que eu tenho essa dupla essa dupla função, ou dupla profissão. REFAP S. A. A Refap, até 2003, era uma unidade de negócios da Petrobras. Houve um acerto entre a Petrobras e a Repsol YPF, que transformaram a Refap numa subsidiária da Petrobras, ou seja, numa empresa, numa pessoa jurídica nova, constituída dentro de um sistema totalmente novo. Acho que essa mudança trouxe para nós uma expectativa de crescimento. A Refap como uma empresa nova, do ponto de vista de subsidiária, tinha que ser uma empresa auto-sustentável pra dar um retorno. Ela foi feita para esse objetivo. Como unidade ela fazia parte de um todo. Você não conseguia ver a Refap como uma coisa única, separada do todo. Ela fazia parte de um bolo, da holding. Como subsidiária da Petrobras, ela é uma empresa própria, tem uma existência própria. Ela tem que ter outro tipo de comportamento e de atuação de mercado. Ela tem que buscar outros resultados. Como unidade não era tão forte como uma subsidiária. A ampliação tem uma função e uma finalidade muito clara: a Refap tem que ser uma empresa de sustentação no mercado. Ela tem que buscar novos mercados e horizontes. Ela tem que ser uma empresa que por si só dá resultados e têm que ser auto-suficiente em “n” coisas. Ela vem buscando e alcançando isso. É notório. A ampliação, a capacidade de processar mais produtos e de aumentar sua capacidade de refino atual era uma necessidade, até como meio de sobrevivência e de sustentabilidade no mercado, porque a concorrência é muito forte. A Refap é uma empresa muito nova e, para minha satisfação e alegria, já tem reconhecimento e prêmios dignos de grandes corporações. Achei fascinante e muito bonito. Entendo a ampliação como uma necessidade. Era necessário a Refap passar por esse processo, como uma condição sine qua non, para sobreviver a médio e longo prazo no mercado de petróleo.
REFAP / CARACTERÍSTICAS
Eu conheço poucas refinarias do sistema Petrobras. De diferente [das outras refinarias] a gente pode pegar pela simplicidade. A Refap, na minha avaliação, tem as melhores instalações. Parece uma refinaria que foi planejada. Ela é muito semelhante a algumas outras, mas tem uma área verde e de alimentação destacada. Tem toda uma beleza que eu não vi nas poucas refinarias que conheci. Ela é realmente uma refinaria muito bonita. Do ponto de vista operacional é muito semelhante às plantas das outras. O destaque que eu vejo aqui da Refap, hoje, é justamente a diferença que ela assumiu dentro do sistema Petrobras em relação às demais unidades. Porque no momento em que ela passa a ser uma empresa, tem toda uma cobrança e uma resposta diferenciada de uma unidade. Tem que ser uma empresa lucrativa e sustentável. Tem que ser uma empresa excelente, com visão e uma missão a cumprir. Ela tem que atingir esses objetivos. Isso faz com que tenha um comportamento diferenciado em relação às demais unidades de refino, que são partes de uma fatia maior, que é a Petrobras.
Depois daqueles acidentes no sistema Petrobras, no Paraná e no Rio de Janeiro, toda empresa puxou para si a excelência em segurança. Isso se esparramou para todo Sistema Petrobras. A Refap trouxe essa idéia muito forte e fez parceria com a Dupont, que na época era uma referência área de segurança. Os conceitos de segurança já existentes e a nossa cultura de trabalho, independente da Dupont, eram muito fortes, até pela questão dos riscos eminentes. Isso aqui é uma refinaria de petróleo, que a todo o momento está suscetível a uma grande emergência. Isso faz com que tenhamos automaticamente uma cultura voltada para a segurança, quase que full time. A Dupont veio a somar nesse processo pré-existente dando qualidade. Nós conseguimos atingir níveis excelentes. Tem coisas para fazer? Tem. Nunca vai atingir tudo, 100% daquilo que propõem, mas o resultado foi significativo. Redução do número de acidentes, preocupação maior em relação ao meio-ambiente, a questão da saúde e as questões que envolvem, dentro desse contexto, o que chamamos de SMS. A Refap, nesse aspecto, se envolveu bastante e deu muita atenção para isso. Os resultados a gente está vendo. Tivemos um processo de ampliação findo praticamente agora, no final do ano de 2006 para 2007. Não tivemos nada que fosse desabonatório dentro do processo de ampliação. Numa unidade teve praticamente 15 mil pessoas trabalhando, é quase uma cidade. E passamos por isso, de uma forma ilesa, sobre o aspecto de segurança. Tinham problemas? Claro que tivemos, sempre temos. O trabalho, a cultura deixada pela Dupont, a cultura pré-existente e o sentimento de amor pela empresa, somando esses fatores agregados a outros, tivemos resultados satisfatórios na ampliação.
Recentemente participei da cerimônia da Revista Exame, que agraciou e premiou a Refap, como uma das dez maiores empresas com responsabilidade social. Isso é maravilhoso, porque reflete a realidade da empresa. Dentro do planejamento estratégico da Refap existem vários programas, e entre esses, muitos deles são voltados para a responsabilidade social. Há uma preocupação muito grande com a questão social do fator humano e a Refap investe fortemente em projetos nas suas comunidades ribeirinhas, buscando sempre ser excelente nisso. Temos trabalhado bastante nisso. Faço parte de dois grupos de trabalho dentro da companhia, que focam em ações voltadas para o social. Nós temos uma relação com a comunidade e com os órgãos públicos muito bons. Existe uma forma de trabalhar transparente. Vejo a Refap, nesse aspecto, uma empresa que está cada vez melhor. Ela tem muitas coisas há fazer ainda e vem trabalhando fortemente nesse sentido. É uma empresa que foi reconhecida entre 200 e poucas empresas selecionadas pela revista. Para uma empresa que tem quatro ou cinco anos de existência é algo realmente maravilhoso, algo muito digno de se trabalhar.
SINDICATO
Sou sindicalizado, mas nunca tive uma inclinação para ser sindicalista.
Hoje o nosso governo, pelo segundo mandato consecutivo, é o governo que seria da maioria do povo, o governo popular, do PT. Quem acompanhou a trajetória do Lula, um sindicalista nato, e o caminho que ele trilhou até a presidência, pode ver que ele no poder representa muito os anseios das bases sindicais, a CUT e assim sucessivamente. Naturalmente, a gente percebe uma mudança da posição do sindicato em relação à empresa. Mudou [a relação] nesse sentido, porque é quase um namoro entre o sindicato e a empresa, sob o ponto de vista político. Não que o sindicato tenha simplesmente virado as costas para as reivindicações. Não é isso. Mas mudou, ficou mais cordial essa relação na medida em que os embates não são tão expressivos nem tão agressivos quanto eram quando o governo era do PSDB, PMDB e PFL. A partir do governo PT houve uma mudança de postura e comportamento do sindicato. Eles não ficaram omissos, não é isso que eu estou dizendo, mas ficaram brandos no que diz respeito, principalmente, aos direitos dos trabalhadores, atuação política e greve. Percebemos que há um cuidado permanente em manter os nossos direitos e a melhoria na questão de segurança. Mas é uma forma diferente de trabalhar, como se tivessem ficado mais polidos na relação política entre empresa e sindicato.
Em relação à Petrobras tenho quatro momentos históricos marcantes que eu poderia relatar. Primeiro foi o concurso público. A Petrobras significou um salto de qualidade. Eu tinha 22 para 23 anos, estava na batalha, como a maioria das pessoas, vindo de uma família de uma classe média baixa. Então, o concurso público era uma expectativa de crescimento muito grande. A Petrobras me proporcionou esse salto de qualidade. O segundo momento foi quando houve essa decisão de fazer direito. Estava aquela situação: “A empresa investe no funcionário muito anos para ser um técnico de carreira e, de repente, ele se foca numa área totalmente diferente à qual ele foi admitido, treinado e investido. Qual vai ser o resultado disso?”. Na época não tinha muito interesse que isso ocorresse. Hoje a forma de ver mudou muito. Foi um processo muito difícil para mim, porque estava tentando preservar o futuro e estava em choque com o presente; ao mesmo tempo em que não queria dar impressão de um desleixo ou que não tinha mais foco na Petrobras, também precisava manter meu trabalho com qualidade e fazer algo em paralelo que desagradava o entendimento gerencial sobre o trabalhador. Foi um marco. Tive que me superar bastante para conduzir as duas coisas. Naturalmente, quando você leva duas profissões em paralelo, não consegue levar plenamente uma, porque os tempos são divididos. Houve conseqüências no meu crescimento interno e tive que assimilar isso. Tive que trabalhar bem isso, para poder manter uma relação saudável tanto com a empresa, quanto com a minha atividade externa. Hoje isso está praticamente superado. Uma não atrapalha a outra, é muito bom. O terceiro momento marcante foi a questão da mudança da Refap de uma unidade para uma S.A., um processo que nos pegou de surpresa e sem entender muito bem o que estava acontecendo. Toda aquela situação: “O que vai acontecer? Para quem nós vamos ficar: Petrobras ou Refap?”. As informações eram poucas, embora nosso atual diretor-presidente sempre fizesse um calendário de reuniões para paulatinamente explicar os processos. Até ele mesmo tinha poucas informações sobre o processo como um todo. Isso gerou uma tremenda insegurança. Passada essa fase inicial, eu fui atrás, com um pouco do conhecimento jurídico que tinha sobre isso, fui buscar mais informações. Entendi como ocorreu o processo e me tranqüilizei em relação à Refap. Existe uma cultura de querer ser Petrobras, porque tem toda uma história. Fica difícil assimilar a Refap separada da Petrobras. Na verdade, não é separada. O maior acionista da Refap é a Petrobras. Isso é uma forma de ver as coisas e de conduzir a nova empresa. Esse terceiro marco foi muito importante dentro da minha trajetória. O quarto momento, que estou vivendo atualmente, é poder usufruir conhecimento e ter um crescimento dentro da empresa através de atividades que extrapolam a operação. Além de ser operador, tenho atividades que migram pela gerência corporativa, recursos humanos e comunicação, que são extremamente enriquecedoras. Elas permitem que eu possa ver a coisa de uma forma macro. Se você é admitido para ser um operador hoje, a sua tendência é ser operador a vida inteira até se aposentar. Essa é a tendência natural. A situação de cargos e salários hoje, o plano em si, te conduz àquela realidade e você pode ficar a vida inteira fazendo aquilo. Mas se você quer mais, quer conhecer a sua empresa, necessariamente tem que migrar para outros órgãos. Como não se pode trocar de função, nem de cargo, tem que fazer trabalhos temporários e agregados a um princípio maior da companhia. A Cipa é um caminho. Esses trabalhos corporativos são outros caminhos que se tem. Você vai fazendo parte de um programa maior, o programa da companhia, em várias frentes de trabalho, e isso vai dando um tremendo enriquecimento. O quarto momento seria esse, o de hoje: a possibilidade de crescer e de enxergar a empresa como algo maior. Não é só ter uma visão microscópica, mas ver a empresa de uma forma macro, entendendo as diferenças, as formas de atuação, a inter-relação dos setores e a inter-relação gerencial. Como a diretoria enxerga a companhia? Como traçam objetivos, projetos e planos? Onde estamos ou onde queremos ir? Onde queremos chegar? Se envolver com isso é algo fantástico. Acho que está sendo um salto de qualidade. Estou há 18 anos aí dentro e posso com tranqüilidade dizer que é a primeira vez que estou tendo um gás, um plus e uma energia positiva muito boa para conhecer melhor a empresa através dessas múltiplas facetas. Eu acabo assumindo em função dessas tarefas extras. Acho que são quatro etapas da empresa, marcantes, dignas de ser registradas.
Evidente que me considero um petroleiro. Acho que ser funcionário de uma empresa como a Petrobras, ainda que Refap S.A. seja subsidiária, é uma oportunidade única. A Petrobras é digna de “n” elogios. Como toda e qualquer empresa tem muitas coisas a serem melhoradas, isso é uma coisa que é normal, mas o saldo é positivo. É muito bom ser da Petrobras. É muito legal poder sentir orgulho da sua empresa. Adoro a Petrobras, sempre adorei. Ser Petrobras é muito bom. É uma empresa estruturada, que dá oportunidade de crescimento e uma remuneração compatível com o mercado. Ela te dá uma estrutura de saúde boa, que proporciona uma tranqüilidade para os familiares e para os dependentes diretos. Permite um crescimento sobre todos os aspectos; a questão é saber onde você quer chegar e o tipo de crescimento que você quer ter. As oportunidades existem, mas tem que trabalhar um pouco e saber se quer ficar sempre na mesma função ou se quer galgar uma situação melhor na empresa. A forma de transição de uma situação para outra é por concurso público. Não consigo deixar de ser o que sou hoje para ser o que bem entender, eu tenho que me submeter às regras do concurso público. Mas as oportunidades estão em volta e aparecem. É muito legal se sentir parte desse todo. Quando tem um comercial ou uma mídia da Petrobras é muito bom ver e saber que você faz parte daquilo. Na micro-engrenagem do sistema, você move toda aquela outra engrenagem maior. Quando vê um combustível sendo utilizado numa equipe de fórmula I, e vê aquilo sendo valorizado – porque acaba sendo fruto do seu trabalho - é muito bom. Pode ser que existam outras empresas assim, mas eu diria que 90% dos brasileiros gostariam de estar trabalhando na Petrobras.
Foi uma surpresa Não esperava o convite. Eu acho extremamente positivo registrar isso. É uma iniciativa excelente. Temos que ter uma memória ativa do sistema Petrobras, e não aquela passiva, que você guarda pra si e morre com ela. As pessoas têm que saber da empresa, conhecer e ter uma noção do que é a Petrobras, a importância que ela tem para o país. Hoje é uma empresa que deixou de ser meramente refinadora, é uma empresa voltada para a energia. Sabemos que o mundo, de uma forma globalizada, é um potencial consumidor de recursos e a matéria energética é uma questão muito preocupante. A Petrobras, no momento em que se foca para isso, vem como uma alternativa sólida de ser mais uma das contribuirão para a sustentabilidade do planeta. É muito bacana, se você olhar do ponto de vista macro. É fascinante, porque não tem limites em matéria de energia. Iremos onde pudermos, buscando sempre a sustentabilidade. Vejo esse procedimento como uma forma muito bonita de – através da história – fazerem da Petrobras algo presente nas pessoas. É uma coisa viva, que todo mundo pode acessar e ler os depoimentos. E não é aquele rótulo, que muitos anos perduraram, de que a Petrobras era um banco de “marajás”. Aquele lado negro do funcionalismo público, que muitos anos perduraram, e acabou permeando alguns órgãos da companhia. Desde que eu entrei aqui, em 1988, nunca presenciei isso. Nunca vi favorecimento de ordem alguma, nunca vi nenhum tipo de nepotismo, algo que depreciasse a imagem da companhia. Só que agora, com projetos como esse, por exemplo, é possível dizer para as pessoas: “Olha, não é assim. A Petrobras é muito maior do que isso. É digna de todo brasileiro. É uma empresa do povo brasileiro. É uma empresa essencial para a existência do povo brasileiro”. Conhecer o cara lá fora, o estudante, o universitário, o professor, o técnico; poder entender essa empresa através desse projeto e de outros, é magnífico. Não tem o que dizer, é uma oportunidade única.
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