Comecei alimentando-a aos poucos, no início de forma tímida, paulatina, com os poucos recursos que a vida me proporcionava. Meu sonho era engrandecê-la, igual àquelas que eu via nos filmes, nas novelas, em fotos e lugares que eu visitava. Mas eu não tinha condições, e o alimento principal para que ela ficasse forte era, é caro, requer disposição financeira abastada, nem todos conseguem ter acesso. É ouro, é valioso, transforma a vida das pessoas. É privilégio de poucos, e eu sinto muitíssimo por isso. Mas eu os queria, como eu os queria. Eu ainda sempre os quero. O alimento é múltiplo, tem várias vertentes, alimenta a alma, a vida, te faz viajar para lugares diferentes, te alimenta de geografias, histórias, portugueses, experiências outras.
Jamais abandonaria-a. Hoje, depois de muito esforço para alimentá-la, ela está linda. Tem frutos por todos os cantos, coloridos, de diversos tamanhos e formatos, respiram, faz do meu comodo um lugar especial, um lugar único do meu lar. Um lugar de esperanças, de alegrias nas tristezas, de alivio nas aflições, de diferentes cheiros, de certeza que o mundo tem salvação. Esse objeto, que tanto me enche de felicidade e que eu tenho tanto orgulho de ter, e para onde eu sempre vou levar comigo, é a minha pequena biblioteca de livros. Meu refúgio em dias solitários, e a grande salvação nesse momento de isolamento, das saudades das pessoas que eu amo, dos abraços que não podem ser dados. Jamais abandonaria-a.