Nome do Projeto: Memória Petrobras
Depoimento de: Ivanise da Silva
Entrevistado por: Dayse Arosa e Márcia de Paiva
Local da gravação: REGAP
Betim, MG , 26/08/2004
Realização Museu da Pessoa
Código do Depoente: PETRO_CB486
Transcrito por Flávia Penna
P/1 – Boa Tarde. Gostaria que você dissesse o seu nome, a cidade que você nasceu e a data do seu nascimento.
R – Meu nome é Ivanise, eu nasci em Recife. Eu sou do dia dos namorados, nasci no dia de junho do ano mil, posso falar?
P/1 – Claro!
R – Eu tenho hoje 55 anos. Eu sou do ano de 1949.
P/2 – Ivanise, seu nome completo, por favor.
R – Ivanise Maria da Silva. Este é o nome de solteira, né, porque antes eu tinha esse nome e tive mudar novamente, depois de divorciada voltei novamente, mas antes era Ivanise Maria Oliveira e aí eu passei para Ivanise Maria da Silva, nome de solteira.
P/1 – Queria que você contasse pra gente um pouquinho quando que você entrou na Petrobras, como que você entrou, em que lugar, em que função, que contasse a sua história na Petrobras pra gente.
R – Eu entrei no ano de 1985, foi no dia 28 de junho. Na época, eu morava em Fortaleza. Trabalhei na Região de Produção Nordeste Setentrional, Exploração e Produção hoje, que é o E.P. Aliás, essa é uma história muito interessante porque a Petrobras sempre está mudando as suas siglas, de forma geral, internamente, dentro dos seus setores, e até em nível de divisão. Ela sempre está mudando, né? E isso provoca uma certa confusão na cabeça das pessoas até que se desligue do que foi anterior e começar atuar com o nome vigente. Eu tenho uma história muito interessante pra falar sobre isso. Eu estava em Fortaleza, quando eu entrei, poucos dias que eu havia entrado, eu trabalhava no Suprimento, na parte da Secretaria de Suprimento, me entra uma pessoa na sala e me pergunta: “A Senhora sabe me dizer onde é a sala do seu Diguar?” Como eu não sabia, eu era muito recente, não conhecia nada...
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Depoimento de: Ivanise da Silva
Entrevistado por: Dayse Arosa e Márcia de Paiva
Local da gravação: REGAP
Betim, MG , 26/08/2004
Realização Museu da Pessoa
Código do Depoente: PETRO_CB486
Transcrito por Flávia Penna
P/1 – Boa Tarde. Gostaria que você dissesse o seu nome, a cidade que você nasceu e a data do seu nascimento.
R – Meu nome é Ivanise, eu nasci em Recife. Eu sou do dia dos namorados, nasci no dia de junho do ano mil, posso falar?
P/1 – Claro!
R – Eu tenho hoje 55 anos. Eu sou do ano de 1949.
P/2 – Ivanise, seu nome completo, por favor.
R – Ivanise Maria da Silva. Este é o nome de solteira, né, porque antes eu tinha esse nome e tive mudar novamente, depois de divorciada voltei novamente, mas antes era Ivanise Maria Oliveira e aí eu passei para Ivanise Maria da Silva, nome de solteira.
P/1 – Queria que você contasse pra gente um pouquinho quando que você entrou na Petrobras, como que você entrou, em que lugar, em que função, que contasse a sua história na Petrobras pra gente.
R – Eu entrei no ano de 1985, foi no dia 28 de junho. Na época, eu morava em Fortaleza. Trabalhei na Região de Produção Nordeste Setentrional, Exploração e Produção hoje, que é o E.P. Aliás, essa é uma história muito interessante porque a Petrobras sempre está mudando as suas siglas, de forma geral, internamente, dentro dos seus setores, e até em nível de divisão. Ela sempre está mudando, né? E isso provoca uma certa confusão na cabeça das pessoas até que se desligue do que foi anterior e começar atuar com o nome vigente. Eu tenho uma história muito interessante pra falar sobre isso. Eu estava em Fortaleza, quando eu entrei, poucos dias que eu havia entrado, eu trabalhava no Suprimento, na parte da Secretaria de Suprimento, me entra uma pessoa na sala e me pergunta: “A Senhora sabe me dizer onde é a sala do seu Diguar?” Como eu não sabia, eu era muito recente, não conhecia nada ali, fiquei um pouco chateada pra dar essa resposta pra ele. E aí falei: “O Senhor pode esperar um pouquinho?” Olhei pro lado e percebi que o meu chefe imediato tava com 3 pessoas em reunião e eu não queria entrar pra atrapalhar. Saí, olhei no corredor, não vi ninguém. E eu queria dar uma de entendia, né, de que sabia, pra ele não notar que eu era novata e que eu não sabia responder onde era a sala do Senhor Diguar. Então, eu tive que, realmente, optar pra entrar na sala onde estava o meu chefe imediato. Aí eu perguntei se eles poderiam me informar onde era a sala do Senhor Diguar, para eu poder passar aquela informação pra pessoa que estava na minha sala, a espera, né? E notei que os três se entreolharam, riram, mas riram mesmo, sabe? E eu fiquei meio chateada com aquilo, assim, “será que foi o meu sotaque? Não sei” Eu tinha vindo recentemente de Recife, tava lá em Fortaleza, podia ser o meu sotaque. “Será que eles estavam rindo de mim? O que é que foi?” Eles não deram a resposta logo assim e riram, mas eles riram até parar de rir e me pedir desculpa e finalmente me explicar que a (Diguar?) era a Divisão daquela área toda, que foi e que não era mais (Diguar?), toda aquela região do Rio Grande do Norte e Fortaleza, aquela bacia lá de perfuração em terra e mar, a Bacia Potiguar, era chamada Diguar. E eu também fiquei muito chateada, mas eles estavam explicando. E eu voltei pensando: “como que eu vou dizer agora pra ele também que não é o Senhor Diguar e sim uma Divisão?” Mas, na verdade, a divisão não era mais (Diguar?), e sim Região de Produção Nordeste Setentrional – R.P.N.S., que já havia mudado. Só que, quando ele chegou à portaria, as pessoas não tinham ainda largado o Diguar: “procura aí no Diguar”. É o mesmo que eu ter falado assim: “procura aí na Jaqueline, aí na Maria”, né? Ele fez essa comparação: no Diguar, no Seu Fulano; então ele achou que seria no Senhor Diguar e falou dessa forma e eu também passei por essa daí. Paguei o mico, não é, porque a gente novata tem que sempre pagar mico. Fiquei muito chateada, passei o dia todo, quase não dormi nessa noite, esperando passar essa bobagem da minha cabeça, que a gente quando é novata tem passar por vergonha. Mas me serviu de lição, porque hoje, eu lido, por exemplo, com pessoas como são os nossos estagiários, né, eu lido com essa clientela, essa população, e procuro ter sempre aquele cuidado de passar pra eles a informação de que, essas siglas, o que é que são, dizer o nome exatamente, e dizer logo em seguida a sigla, ou antes ou depois, mas sempre procuro explicar. Porque comumente, normalmente aqui a gente da Petrobras: “ah, vai lá no I.E, vai lá P.M.E.E.”. Agora, você imagine que enrolação na cabeça de uma pessoa que tá chegando de novo. Então eu tenho esse cuidado, aprendi a ter esse cuidado, de tratar agora todas as pessoas que chegam, meus colegas novatos, e outros que chegam, que sejam os estagiários, e de procurar dar essa informação mais detalhada, para poder evitar que pessoas passem pelo que eu passei.
P/2 – E aí você trabalhou em Fortaleza alguns anos e depois saiu de lá, foi para outro lugar?
R – É. Talvez essa pergunta você tenha feito porque já está aqui, né, e eu esqueci de passar mais adiante. Na verdade, quando eu saí de Fortaleza, eu voltei para Recife, né? Eu voltei, deixei o R.P.N.S., que era a produção, e fui trabalhar em Terminal, no (Detenech?), em Recife. Voltei pra minha cidade. E lá, enquanto minha mãe estava muito doente, eu precisei solicitar essa transferência pra ficar junto da minha mãe. E aí fui para Recife pra tomar conta, ficar mais de perto da minha mãe, lá. E depois de Recife, eu fui para o Rio Grande do Norte, porque o meu esposo, na época eu era casada, e ele havia sido transferido para Mossoró, que é um interior também, onde tem a parte de perfuração em terra, onde tem a maior bacia, vamos dizer, a bacia de exploração em terra no país, que é lá no Rio Grande do Norte, lá em Mossoró. E ele foi pra lá.
P/2 – Seu marido também é da Petrobras?
R – Na época, ele também era da Petrobras, não é? E, como meus filhos precisavam de escolas mais avançadas e em Mossoró não tinha, eu teria que levar os meus três filhos, que eram duas meninas e um rapazinho – na época eles ainda estavam muito novos, mas precisavam de bons colégios – eu preferi fazer a minha transferência para Natal. Porque ficava perto do meu esposo, fim de semana ele ia em casa, e, ao mesmo tempo, eu dava melhor condição para os meus filhos estudarem. E aí eu para Natal. De Natal, a região estava fazendo um enxugamento, estavam oferecendo vagas para diversas partes do país; e eu já estava separada do meu marido, né, a gente terminou, a coisa não deu certo, o meu casamento desandou, então resolvi entrar nesse programa de pessoas que poderiam possivelmente ser chamadas para outras regiões. Um dia eu vi Belo Horizonte pela televisão, de manhã, naquele horário cedo da manhã, na reportagem: “Belo Horizonte amanheceu de frio”. E eu tinha loucura por cidade fria. E eu fiquei muito apaixonada, assim, olhar aqueles prédios, aquela cidade escura, porque estava frio e tal, e digo: “é pra lá que eu vou. É ali que eu vou ficava e fazer a minha vida com meus filhos.” Para poder ficar um pouco mais sossegada, assim, em relação à vida com meus filhos, ficar um pouco mais distante do meu marido porque eu estava separada. E, finalmente, eu vim para aqui no escuro. Eu não conhecia Belo Horizonte. Mas eu cheguei aqui e vesti a camisa. Eu gosto muito de Belo Horizonte. Eu amo esta cidade.
P/2 – Você chegou quando, na Regap?
R – Eu cheguei em 1996. Na verdade, eu cheguei em janeiro de 96, mas como eu estava em período de férias, eu ainda fiquei uns dias no hotel, procurando uma localização pra minha família e pra mim, e só assumi em fevereiro.
P/1 – E, aqui na Regap, você passou a fazer o quê, então, você veio trabalhar aonde?
R – Eu já vim direto para o Recursos Humanos, né? Na época quem estava como Gerente de Recursos Humanos era o Mário Russo. Hoje é ele quem está na parte de saúde, C.S.M.S. Olha aí as velhas siglas. Então, ele está na área de saúde, gerenciando, coordenando a área de saúde e, na época, ele quem estava coordenando a parte de setor pessoal. Eu fui para lá; até conversei muito com ele antes, para poder fechar bem essa parte da transferência. Vim, e estou até aqui, no Recursos Humanos; e mudou, era (Cedep, Cedap, Cepal?), até que virou Gerência de Recursos Humanos.
P/1 – E, desse período que você tem estado aqui na Regap, você tem algum caso interessante pra contar gente, alguma coisa que te marcou?
R – Não, aqui na Regap tem algumas coisas interessantes. Agora, no momento, eu me lembro de algumas coisas. Eu fiquei junto a uma colega minha que, hoje a gente além de amiga, é muito colega mesmo, Ivete. E tem uma diferença muito grande. Ivete é branquinha, os cabelos lourinhos. E eu, alta, na época eu era morena bem escura, porque eu sou descendente de índio, o cabelo preto bem liso, batendo pela cintura, aquela coisa esquisita, né? O nome dela é Ivete e o meu é Ivanise, e as pessoas costumavam falar pelo telefone: “eu quero falar com a Ivanete”. E eu “quem é Ivanete? E agora, o que que eu posso fazer pra saber quem é Ivanete aqui dentro?” E, por fim, eu vim descobrir que Ivanete era Ivete junto com Ivanise, ou seja eles juntaram o nome Ivanise. Eles não sabiam chamar meu nome, não sabiam distinguir direito, colocaram Ivete com Ivanete. Então eu achava muito interessante, terminava, muitas vezes, gargalhando as duas. Quando as pessoas ligavam, procurando falar com a Ivanete, Ivete dizia: “é eu ou Ivanise?” E eu também dizia: “é eu, Ivanise, ou Ivete?” A gente brincava muito quando as pessoas chamavam de Ivanete. Então isso é muita coisa bem interessante. Ainda hoje, nós somos bem ligadas, a Ivete com a Ivanise, que virou Ivanete. Recentemente houve uma festa dos supervisores, bem recente mesmo, eu estava em casa com esse frio, a noite, e aquela preocupação: “como é que a gente faz pra se vestir num dia de frio e que a gente não quer botar aquela roupa pesada por cima daquela roupa bonita?” Aí, eu peguei o telefone e liguei para a Ivete: “Ivete, como é que você está? Você já chegou?” E ela: “já estou aqui faz tempo, Ivanise.” “Como é que você está?” “ Não está fazendo frio não. Pra você ter idéia, eu estou de alcinha, com um xale por cima”. Eu digo: “então ótimo. Eu vou fazer a mesma coisa.” Aí, pus um vestido de alcinha e um xale por cima. Quando eu vou subindo as escadas, que chego lá no hotel e dei de cara com a Ivete, que olhei pra ela, ela estava com um vestido verde, da tonalidade do meu, de alcinha, com xalinho um pouco amarelo. A diferença era só o xale. Nós estávamos quase que idênticas. Foi interessante porque a primeira coisa que o rapaz que foi tirar foto foi: “oh! Vocês duas estão iguais! Deixa eu bater foto de vocês duas!” E foi interessante porque, na foto, ficou a mesma tonalidade, não era exatamente, mas ficou a mesma tonalidade, os vestidos tinham quase os mesmos detalhes. Eu não combinei com ela de ir de verde. Hoje, a gente tem uma festa, ela já falou: “vamos nós duas?” Aí eu falei: “menos de verde, né?”
P/1 – E me diz uma coisa, nesse tempo de história da Petrobras, agora nesses 51 anos, o que você destacaria, não só da sua vivência, mas do que você conhece da Empresa, o que você destacaria sobre isso?
R – O que eu destacaria foi o grande ensinamento que eu tive e que eu ganhei. Eu acho em toda a minha vida na Petrobras, a Regap foi a Empresa que mais me ensinou. Onde eu aprendi mais. Eu tinha um costume de sempre, quando eu vim lá da Região de Produção - eu não sei se talvez pela idade porque a gente vai amadurecendo, vai se adaptando mais às coisas – mas eu tinha mania de dizer assim: “ah, mas lá na R.P.N.S não era assim, não. Ivete: “Ivanise, você está aqui. Você não está na R.P.N.S” “ ah, porque lá na R.P.N.S. não é assim.” “Ivanise, você não está na R.P.N.S. Você está aqui. Olha, põe o pé no chão. Você está aqui.” Então, eu sempre estava tendendo a fazer comparações. E a gente não pode fazer comparações. Porque cada local onde a gente trabalha, na Petrobras, tem as suas diferenças. Você trabalhar, mesmo sendo dentro de um Setor de Pessoal, no Recursos Humanos, mas você trabalha de maneira diferenciada. Por muito que hoje a gente tente chegar a um padrão, mas nós trabalhamos assim; alguma coisa que faz a diferença. E eu aprendi muito na Regap. Eu acho que o meu tempo que eu fui envelhecendo, ou fui ficando mais vivida, né, pra não dizer envelhecendo porque eu ainda me acho nova, apesar dos meus 55 anos de idade, eu aprendi muito. Aprendi a conviver com as pessoas, aprendi a ter paciência. A Regap me deu uma coisa muito boa, que foi lidar com um grupo de clientes, de parceiros nossos que trabalham com a gente, que é a coisa mais gostosa que eu achei que de trabalhar, que foi trabalhar com pessoas deficiências físicas. Acho que isso me ajudou muito a me conhecer e ser mais tolerante. Acho que isso me cresceu muito, tá? Eu acho que foi o maior aprendizado, trabalhar com eles.
P/1 – Como é que é esse teu trabalho com deficientes físicos?
R – Na verdade, a gente tem o Programa chamado Proind.
P/1 – Perdão, como é o nome do Programa?
R – Proind. Ele é um Programa de Integração. Na verdade, ele funciona como estágio. Eles ficavam aqui, antes durante seis meses. Depois nós mudamos. Nós alteramos esse Programa para ele ficar mais tempo aqui. Até mesmos pelas avaliações que a gente fazia; e a gente percebia que nas avaliações com todos eles, não só do Proind, mas também dos estagiários, eles pediam sempre que a gente aumentasse um pouco a carga de trabalho aqui, porque, quando eles já estavam bem adaptados, já chegava o fim. E eles falavam muito nas avaliações. E a nossa gerente de Recursos Humanos, a Lúcia Helena, resolveu junto com a equipe, de agente, então, mudar isso aí e transformar o estágio um pouco maior. Voltando um pouco ao Proind, que é uma também espécie de estágio, eles entram mais ou menos no mês de Março, quando é em Novembro, eles estão saindo. E a gente novamente busca a nossa parceria que é o (Cira?), que é uma entidade que tem, que trata exatamente de pessoas deficientes alocando as diversas empresas dentro da Sociedade Belo-horizontina. E agente busca novamente esse pessoal pra ficar com a gente. E eles vêm, e cada área que solicita uma daquelas pessoas – que é a partir de 18 anos - um dos critérios é que ele esteja estudando, pra poder continuar no programa, além de outros critérios. Mas esse é o critério principal. É uma forma de gente prender aquela pessoa e dar mais estímulo pra ele de estudo pra renovar. E ao mesmo tempo, eles são desenvolvidos pelos seus supervisores em cada área. Eles têm um supervisor na área. Essa supervisão também é acompanhada pelas nossas psicólogas do (Cira?). No terceiro mês elas vêm, fazem a avaliação com o supervisor do Proind; e com o Proind, faz a avaliação, faz o relatório e passa então para a Gerência de Recursos Humanos, na minha pessoa, na Coordenação, para perceber onde que está o programa, como eles estão, o que pode melhorar; na verdade, feed backs, para poder a gente ir fazendo esse entrosamento e o desenvolvimento deles. Pra melhorar o sistema do Programa da gente, né?
(FIM DO CD 4)
CB 017 (CONT.)
P/1 - Ivanise, fala para a gente, então, como foi a criação do Proind.
R - Apesar de, na época em 1994 eu não estava aqui, né, mas ele nasceu em1994, começaram os projetos em 1994 e, efetivamente, ele começou a funcionar em 1995.
P/1 - Aqui na REGAP?
R - Isso. Eu, lógico, cheguei em 1996, né, ele não estava comigo ainda. Na época que eu cheguei, ele estava com a assistente social Marisa e mais uma outra pessoa chamada Alexandre que foi quem praticamente iniciaram a se movimentar em torno desse programa. Então, 94 foi o início praticamente dele, e 95, quando efetivamente começou a gente a buscar as pessoas para trabalhar aqui. Aos seis meses, eles eram mudados. Ao total no ano, nós tínhamos 22 pessoas, ou seja, 11 colocados no início do ano e no meio do ano saiam 11 e entravam mais 11. Então, ao ano, nós tínhamos 22 pessoas. Como nós mudamos o Programa, como eu te falei anteriormente, hoje nós não temos essas 22 pessoas. A gente geralmente pega essas 11 pessoas, 10 ou 8, dependendo da situação solicitada pelas áreas, e eles ficam até o fim do ano. Então, diminui a quantidade, no entanto a gente melhorou a qualidade do Programa. Mas nós fomos pioneiros, né, a REGAP foi quem criou esse Programa. Fomos, por diversas vezes, a outras unidades da Petrobras, buscou informações. Não sei como é que está em outras Unidades, mas já buscou informações para que a gente passasse essa informação para a Unidade que solicitava, para ver se também colocava esse modelo nosso. Ele foi criado aqui. O Proind é pioneiro na Petrobras. O da REGAP.
P/2 - Ivanise, você é filiada ao Sindicato?
R - Não. Eu não sou filiada ao Sindicato. Eu já fui do Sindicato. Desde quando eu vim do Rio Grande do Norte, em Natal, que eu não me filiei.
P/2 - Qual o motivo?
R - Bom, por estar dentro do Sindicato e atuar muito dentro do Sindicato, de certa forma, eu, assim, sofri problema de greve, né, eu participava muito de greve e tal, e isso me deixava muito assim, quando havia as punições. Então, algumas punições que não foram resolvidas me prejudicou muito, assim questão de nível, questão de promoção, férias e outras coisas. Então, como eu fui prejudicada, e a gente estava batalhando por uma coisa que a gente acreditava ser justo, eu fiquei um pouco decepcionada. Achei que não houve uma atuação do Sindicato na época, junto a Empresa, para que a Empresa pudesse perceber melhor porque a gente estava fazendo aquilo. Porque, na verdade, onde eu atuava, graças a Deus não houve nada de diferenciado tipo quebrou, fez alguma coisa. Era greve tranqüila, de não entrar para trabalhar e dizer porque motivo a gente estava ali, de estar ali todo dia na frente da Empresa sem entrar. Não tinha tumulto não tinha nada de confusão. Então a gente se sentiu, eu me senti, eu digo a gente mas eu me senti, de uma certa forma, prejudicada. E aí eu prometi a mim mesma: “Não vou mais, nem quero mais me sindicalizar para ver se eu fico com a minha vida fica mais tranqüila” Porque eu sou mãe de família, tenho filhos e, principalmente, porque na época, eu já estava praticamente sendo pai e mãe dos meus filhos. E se eu fizesse alguma coisa que me prejudicasse, eu iria prejudicar meus filhos também. Daí eu pensei muito neles.
P/2 - E nesse tempo que você viveu essa questão sindical e até hoje, você acha que houve mudanças na forma de atuação do Sindicato, na relação entre a Petrobras e o Sindicato?
R - Ah, mudou muito! Hoje a gente tem um Sindicato diferenciado. E hoje a gente tem também uma Petrobras diferenciada. Mas a gente tem que admitir que tudo depende da conjuntura externa, né?
P/2 - Mas o que é que você acha que é diferente na relação dessas duas instituições: do Sindicato e da Petrobras? O que é que mudou?
R - Há uma comunicação. Acho que a comunicação hoje entre Sindicato e Petrobras, entre Petrobras e petroleiros, em geral, entre gerentes e parceiros, colaboradores, essa comunicação melhorou muito, né? Houve uma relação de estreitamento de ________ e que isso faz a gente adquirir mais confiança tanto nas pessoas que estão ao nosso redor trabalhando como gerente maior, como também a gente adquirir confiança no Sindicato. Porque a gente está vendo eles estão sempre em sintonia, eles estão sempre conversando e parece até que é o mesmo corpo. Então, a gente fica mais confiante. O presidente do Sindicato de vez em quando me procura para me sindicalizar e eu estou pensando seriamente em fazer isso. Porque, pelo fato de hoje a gente sentir-se mais seguro, eu estou sentindo, eu estou olhando, eu estou namorando esse relacionamento e, em namorar esse relacionamento, eu vou terminar me apaixonando. E, possivelmente, quem sabe, eu me sindicalize.
P/2 - Eu queria que você falasse um pouquinho o que você achou de dar essa entrevista. Qual a importância que você acha que essa entrevista tem na história da Empresa, para a Empresa, para quem pode ouvir?
R - Vou te falar - para mim é uma coisa muito importante. É importante porque há valorização. Acredito que a Empresa hoje trabalha muito em cima da valorização dos seus empregados, e esse reconhecimento é uma coisa importante. As pessoas ficam bem mais satisfeitas, bem mais, vamos dizer assim, mais estabilizadas com o ambiente. E isso melhora muito o relacionamento das pessoas. Essa preocupação que ele tem em saber e gravar, deixar para a história alguma coisa de interessante que talvez ela nem saiba, nem tenha entendido, quanto àquela coisa, por pequena que tenha sido, mas que seja interessante para as pessoas, ser passado para posteridade. E acho que dessa forma, a gente tem uma maneira de ter um convívio melhor com essa grande Empresa que, antes chamada de “elefante branco”, né? E hoje a gente pode ver como ela está mais aberta, como, até mesmo para a sociedade, ela mudou muito o conceito. Ela era muito fechada antes e depois a Empresa se tornou, mais aberta, ela se tornou mais receptiva, e para os próprios empregados, hoje é uma satisfação muito grande trabalhar para a Petrobras.
P/2 - Muito Obrigada, Ivanise, pela sua entrevista.
R - Obrigada a vocês, muito simpáticas. Me deixou a vontade, não é? Até lá, então.
(Diguar?)
(Detenech?)
(Cedep, Cedap, Cepal?)
(Cira?)
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