Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Isabel Gomes de Oliveira
Entrevistada por Douglas Thomaz de Oliveira
Macaé, 06 de junho de 2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB379
Transcrito por Regina Paula de Souza
P/1 – Eu queria que você começasse falando o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Isabel Gomes de Oliveira, Campos dos Goytacazes, 10 de julho de 1965.
P/1 – Isabel, qual é a sua formação?
R – Eu me formei professora de primeira à quarta.
P/1 – Isabel, quando e como você ingressou na Petrobras?
R – Eu estudava numa escola normal da minha cidade e teve um processo seletivo pra monitor estagiário do Projeto Acesso, pra levar um curso auto-instrutivo à bordo das plataformas pelo DPSE, instinto DPSE, e, eu fui uma das selecionadas.
P/1 – E, quando foi isso? Conta um pouco pra gente.
R – Foi em 1986.
P/1 – Você foi selecionada pra que tipo de trabalho?
R – Pra ser monitora do Projeto Acesso, já existia no exstinto, também, GESEN, um outro órgão da Petrobras, e, no DPSE eu fui a pioneira a embarcar.
P/1 – Como é que foi isso? Qual foi o trabalho, conta um pouco, dá pra contar?
R – Eu vim pra cá, participei de uns cursos, né? O curso era do Ceteb de Brasília e a gestão era do grupo do Ronaldo. Aí, nós viémos, aprendemos como que a gente iria ensinar o pessoal a bordo, que na época da implantação da Petrobras na Bacia de Campos o pessoal não tinha formação escolar, tinham pessoas que não tinham nem o primeiro grau completo. Então, nós levamos o material didático a bordo e ,lá, eles estudavam e faziam a prova sob o nosso monitoramento.
P/1 – E, foi difícil, como que foi isso?
R – Não, não, foi tranquilo. É, no início eu achei que iria ser difícil, porque tinha muita coisa técnica, né? Mas era tranquilo, o pessoal sabia, ensinava muita coisa pra gente. Foi muita bagagem que eu peguei trabalhando com o pessoal de...
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Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Isabel Gomes de Oliveira
Entrevistada por Douglas Thomaz de Oliveira
Macaé, 06 de junho de 2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB379
Transcrito por Regina Paula de Souza
P/1 – Eu queria que você começasse falando o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Isabel Gomes de Oliveira, Campos dos Goytacazes, 10 de julho de 1965.
P/1 – Isabel, qual é a sua formação?
R – Eu me formei professora de primeira à quarta.
P/1 – Isabel, quando e como você ingressou na Petrobras?
R – Eu estudava numa escola normal da minha cidade e teve um processo seletivo pra monitor estagiário do Projeto Acesso, pra levar um curso auto-instrutivo à bordo das plataformas pelo DPSE, instinto DPSE, e, eu fui uma das selecionadas.
P/1 – E, quando foi isso? Conta um pouco pra gente.
R – Foi em 1986.
P/1 – Você foi selecionada pra que tipo de trabalho?
R – Pra ser monitora do Projeto Acesso, já existia no exstinto, também, GESEN, um outro órgão da Petrobras, e, no DPSE eu fui a pioneira a embarcar.
P/1 – Como é que foi isso? Qual foi o trabalho, conta um pouco, dá pra contar?
R – Eu vim pra cá, participei de uns cursos, né? O curso era do Ceteb de Brasília e a gestão era do grupo do Ronaldo. Aí, nós viémos, aprendemos como que a gente iria ensinar o pessoal a bordo, que na época da implantação da Petrobras na Bacia de Campos o pessoal não tinha formação escolar, tinham pessoas que não tinham nem o primeiro grau completo. Então, nós levamos o material didático a bordo e ,lá, eles estudavam e faziam a prova sob o nosso monitoramento.
P/1 – E, foi difícil, como que foi isso?
R – Não, não, foi tranquilo. É, no início eu achei que iria ser difícil, porque tinha muita coisa técnica, né? Mas era tranquilo, o pessoal sabia, ensinava muita coisa pra gente. Foi muita bagagem que eu peguei trabalhando com o pessoal de perfuração.
P/1 – E, como é que era a vida, nessa época, do embarcado?
R – Pouquíssimas mulheres à bordo. (riso) Eu tive dificuldade de instalação, porque na unidade que eu fui só tinha uma mulher embarcada, uma nutricionista. Aí, eu fui pra trabalhar na região de perfuração da Petrobras e fiquei instalada na região de produção. E, tinha aquela coisa, assim: “Ah, você vai ficar na casa do primo rico, aqui é o primo pobre e tal”. (riso) Mas eu trabalhava com o primo pobre, né?
P/1 – E, onde vocês dormiam, onde vocês comiam?
R – Nós dormíamos em camarote com quatro beliches, inclusive, a gente dividia com alguns tops, né? O pessoal de cargo mais elevado dentro da plataforma, até, não podia ficar, dividir o camarote com peão, então, éramos nós duas, eu e a Marcia e mais dois tops, né? Na época, que já estão, até, aposentados, todos os dois. Era interessante. (riso)
P/1 – E, desde lá, até o momento atual, você não é mais professora aqui, né? Você exerce outra função, né? Você poderia falar um pouco?
R – Posso. Eu passei num concurso e, acho que foi em 87, se não me engano, mas aí, para a função que tinha eu não podia embarcar, porque era operadora, não embarcava mulher, então, uma coisa assim. Aí, depois, eu prestei concurso em 2003 e fui chamada, e, estou até hoje trabalhando na USTA.
P/1 – E, qual é o seu trabalhado, exatamente?
R – Eu trabalho com querosene de aviação. Eu sou da parte logística, né? E faço o controle de querosene de aviação, a BR abastece as aeronaves que prestam serviço na Bacia de Campos pra Petrobras e eu faço esse controle junto com mais uma equipe sob a gestão do meu gerente.
P/1 – Isabel, qual foi o maior desafio que você encontrou no seu trabalho até hoje? Existe um desafio que você tenha tido?
R – O desafio, realmente, é você se manter dentro do quadro da Petrobras.
P/1 – Mas, mesmo uma concursada?
R – Não, como concursada é mais tranquilo, né? (riso) Mas eu ralei muito como contratada. (riso)
P/1 – E, essa sua experiência anterior, como contratada, né? Quais foram os motivos que te levaram a fazer, mesmo, o concurso pra Petrobras?
R – Eu sou brasileira e petroleira, né? (riso)
P/1 – E, o que é ser petroleira, então?
R – É ter o sangue BR na veia, né? (riso)
P/1 – Isabel, na Bacia de Campos, você lembra de momentos marcantes, histórias marcantes que você gostaria de registrar e deixar aqui pra gente?
R – Lembro. Lembro do acidente, trajédia, né? O acidente de Enxova. É, uma pessoa, uma vez, caiu de 17 metros de altura na plataforma que a gente trabalhava. Eu mesma já desembarquei no helicóptero ambulância uma vez. Mas de coisas boas, eu fiz grandes amigos na plataforma, inclusive, tenho dois afilhados, fruto de amizade de plataforma. Eu me emociono. (voz chorosa)
P/1 – E, das histórias alegres, engraçadas, você lembra de alguma, até, dos seus amigos, algum caso, um personagem que todo mundo conhece aqui?
R – Lá, em (Enxerne-2?), que a gente trabalhava, tinha um grupinho que jogava mau-mau, que era um jogo de cartas, né? E nós ficamos conhecidos como a galera do mau-mau: “A galera do mau-mau está embarcando!”. (riso) Aí, nós criamos o conselho deliberativo do mau-mau, aí, tinha presidente e tal. E, foi desse grupo que eu ganhei dois afilhados.
P/1 – Isso, quando?
R – Em 86, logo que eu comecei a embarcar eu conheci a Beatriz, que era técnica em química e o Ricardo, que sempre foi contratado, né? Ele sempre trabalhou lá. E, deles dois, logo depois que eles tiveram. A Beatriz, o primeiro filho dela, eu fui madrinha e do Ricardo, a terceira filha dele, eu fui madrinha dela.
P/1 – E, o que mudou na Bacia desde a sua entrada?
R – Mudou muita coisa, a Petrobras, hoje, em questão de gestão, ela é muito melhor, ela é muito mais voltada ao empregado. Eu acho que a Petrobras, ela investe muito no potencial do empregado. O empregado, antigamente, era pego a laço, né? Agora, não. A Petrobras, ela investe, ela está sempre colocando a gente pra estar fazendo curso, não interessa se falta um ano, dois anos pra você se aposentar, ela está sempre investindo no potencial do empregado. Isso é muito importante.
P/1 – E, você consegue vislumbrar, a ver a Petrobras no futuro, a Bacia de Campos?
R – Consegui, inclusive, a semana passada. Eu recebi de um amigo a Petrobras de 2010, de 2015 e 2020, que é uma Petrobras de sonho, mesmo. Se aquilo, ali, for verdade, uma montagem que fizeram, não sei nem quem foi, acho que foi o pessoal da US-SUB, fez uma montagem muito interessante. A Bacia de Campos seria controlada toda por uma sala de controle, que isso já tem no Tecab, né? Mas ela seria toda monitorada, a produção, é, por equipamentos de alta tecnologia.
P/1 – E, o que é esse broche da bandeirinha do Brasil, auto-suficiente?
R – Ah, isso aqui eu ganhei e guardo com carinho.
P/1 – Isabel, você quer falar alguma coisa que, talvez, tenha escapado das minhas perguntas?
R – Não, não. Eu me orgulho muito de trabalhar na Petrobras e, só trabalhei aqui, nunca fiz outra coisa.
P/1 – Você entrou com quantos anos aqui?
R – Entrei com 23 anos ou 22 anos. Aí, sempre trabalhando como contratada e quando eu vejo as pessoas trabalhando de contratado junto com a gente eu sempre dou insentivo: “Oh, é isso mesmo. A Petrobras é a empresa pra você. A empresa é nossa e é aqui que tem que ficar. Eu vou me aposentar aqui”.
P/1 – Os seus amigos aqui de dentro são os amigos de fora, também, né?
R – São.
P/1 – É uma extensão, né?
R – Com certeza.
P/1 – Isabel, eu queria que você desse a sua opinião, da importância do nosso trabalho, do nosso projeto de estar contando a partir da história da Isabel e dos seus amigos, né? Contando a história da Petrobras e, também, das pessoas, né? Eu queria que você falasse um pouco da importância do projeto.
R – Isso significa pra mim, como eu te disse no início, que a Petrobras, ela valoriza o recurso que ela tem, o maior recurso, que é o recurso humano. Eu acho que ela está interessada em levantar essa história, porque somos nós que levamos essa empresa, né?
P/1 – Obrigado, Isabel.
R – Obrigada.
(FINAL DA ENTREVISTA)
Lista de dúvidas:
(Enxerne-2?)
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