Diário de Raphela Russi. Dia 23 de julho de 2020. Primeiro dia da jornada.
Quando penso na minha infância a primeira imagem que me vem à cabeça são as viagens de férias que fazia ao sítio dos meus avós no interior de Bragança. Meu vô construiu a casa com a ajuda da família e foi o primeiro lugar que ele morou com a minha avó depois de se casarem e antes de partir para São Paulo buscando oportunidades.
A estrada de terra, a paisagem cercada pelo verde, o som dos passarinhos e do riacho ali perto, marcaram muito as minhas lembranças daquela época.
No sítio tinha a liberdade de brincar na terra com o barro, escorregar na grama com um pedaço de papelão, subir em árvore, comer mexerica do pé e poder jogar a casca no chão (mexerica essa que nunca tinha o mesmo gosto quando comia em casa). A liberdade de poder andar sozinha por aí, fazer teatro, andar de bicicleta, inventar gincana com as laranjas que caiam das árvores. Encontrar com as primas, visitar os parentes de sotaque forte e comer aquele bolinho gostoso no café da tarde.