P/1 – Ismael, para deixarmos registrado, por favor, o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Meu nome é Ismael dos Santos Ressurreição, eu nasci dia 03 de abril de 1991, nasci em Feira de Santana, cidade que eu moro atualmente.
P/1 – Conta um pouquinho da sua trajetória escolar, até como você entrou na Nestlé.
R – Eu moro em Humildes que é um distrito de Feira de Santana, eu sempre estudei em Humildes mesmo, fiz o maternal, alfabetização, primário e ensino fundamental. E o médio eu fiz aqui em Feira, que é 13 a 15 quilômetros de distância de Humildes, fiz o primeiro, segundo e terceiro ano aqui em Feira, no Colégio Luís Eduardo Magalhães. E nesse período que eu estudei aqui em Feira eu cheguei a estagiar no INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], que foi o estágio no segundo ano do ensino médio, aí estagiei no INSS, aí concluí o estágio no INSS porque seria de dois anos, mas como eu entrei no segundo semestre do segundo ano eu precisei cancelar pelo fato de eu ter concluído com 17 anos o terceiro ano. Comecei um curso profissionalizante na área de mecânica, nada a ver com que eu trabalho hoje, mas foi o que apareceu na época para jovem aprendiz na empresa de papel da Bahia, que se localiza em Humildes também. Eu passei no processo seletivo e me tornei um jovem aprendiz e fui fazer curso no SENAI [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] de Mecânica e Automação Industrial, decidi também fazer o curso de Logística, e o período de parte prática lá na papel. Quando estava chegando ao final, na última semana mesmo de estágio, eu recebi uma ligação do CIEE [Centro de Integração Empresa Escola] que é o órgão que faz a intermediação das escolas em Feira de Santana, dizendo que tinha uma oportunidade para vaga de jovem aprendiz, eram duas vagas e uma era para Nestlé. Fui fazer a seleção e fui aprovado. E aí entrei na Nestlé como jovem aprendiz em 2010, no final de 2010....
Continuar leituraP/1 – Ismael, para deixarmos registrado, por favor, o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Meu nome é Ismael dos Santos Ressurreição, eu nasci dia 03 de abril de 1991, nasci em Feira de Santana, cidade que eu moro atualmente.
P/1 – Conta um pouquinho da sua trajetória escolar, até como você entrou na Nestlé.
R – Eu moro em Humildes que é um distrito de Feira de Santana, eu sempre estudei em Humildes mesmo, fiz o maternal, alfabetização, primário e ensino fundamental. E o médio eu fiz aqui em Feira, que é 13 a 15 quilômetros de distância de Humildes, fiz o primeiro, segundo e terceiro ano aqui em Feira, no Colégio Luís Eduardo Magalhães. E nesse período que eu estudei aqui em Feira eu cheguei a estagiar no INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], que foi o estágio no segundo ano do ensino médio, aí estagiei no INSS, aí concluí o estágio no INSS porque seria de dois anos, mas como eu entrei no segundo semestre do segundo ano eu precisei cancelar pelo fato de eu ter concluído com 17 anos o terceiro ano. Comecei um curso profissionalizante na área de mecânica, nada a ver com que eu trabalho hoje, mas foi o que apareceu na época para jovem aprendiz na empresa de papel da Bahia, que se localiza em Humildes também. Eu passei no processo seletivo e me tornei um jovem aprendiz e fui fazer curso no SENAI [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] de Mecânica e Automação Industrial, decidi também fazer o curso de Logística, e o período de parte prática lá na papel. Quando estava chegando ao final, na última semana mesmo de estágio, eu recebi uma ligação do CIEE [Centro de Integração Empresa Escola] que é o órgão que faz a intermediação das escolas em Feira de Santana, dizendo que tinha uma oportunidade para vaga de jovem aprendiz, eram duas vagas e uma era para Nestlé. Fui fazer a seleção e fui aprovado. E aí entrei na Nestlé como jovem aprendiz em 2010, no final de 2010. Fiquei 11 meses como aprendiz na Nestlé pelo CIEE, aí com 11 meses de aprendiz, eu fui contratado, mas como estagiário, eu estava começando a fazer o curso de Administração no começo de 2011. Fiquei quase dois anos como estagiário e tive que sair porque meu estágio iria acabar e não tinha vaga pra mim no RH [Recursos Humanos], onde estagiava, e tinha surgido uma oportunidade não podia ficar desempregado que tinha a faculdade pra pagar, também estava construindo e aí eu saí da Nestlé. E aí no ano passado, no final do ano passado o Thiago Nogueira, que hoje é o meu chefe, surgiu uma vaga para lá, na realidade eu já saí com as portas abertas para retornar quando tivesse uma vaga. Surgiu vaga em outro setor e aí o Thiago me questionou na entrevista, perguntando se eu gostaria de voltar para um setor diferente antes eu era estagiário de RH do nordeste, tem unidade aqui em Feira de Santana, seria da Nestlé Brasil, mas tudo no mesmo site, tudo na mesma planta. Aí eu aceitei claro, queria trabalhar na Nestlé desde pequeno na verdade, a Nestlé fica hoje localizada em Humildes,
P/1 – É Humildes?
R – Isso, Humildes, o nome do distrito é Humildes, distrito de Humildes. Hoje ela está com outro endereço na verdade a região onde ela fica se transformou num pólo industrial, tem várias indústrias lá então mudou o nome da avenida, que na verdade é a BR, mas fica localizado em Humildes, eu moro praticamente no fundo da Nestlé. Então eu costumo brincar que a Nestlé faz parte da minha vida, porque eu vou trabalhar passo na frente da, saio da Nestlé, vou pra cidade, quando eu volto da faculdade eu vejo a Nestlé, e quando estou em casa de lá da pra ver ainda o pátio da Nestlé. Estou to lá desde o dia quatro de novembro de 2013, como assistente administrativo.
P/1 – Então conta como é que foi essa nova volta você já é contratado, é aí que o Programa Nutrir aparece na sua vida? Quando que o Nutrir apareceu, como que você ficou sabendo do programa?
R – Fiquei sabendo do Programa Nutrir no período de estágio, eu trabalhava com um analista lá no RH, o Bruno Reis que implantou e coordenou o programa na unidade.
P/1 – Quando isso?
R – Não recordo bem, mas eu acredito que foi no ano 2012, que começamos as atividades lá do Nutrir na unidade de Feira de Santana. Teve Ecofolia, Projeto Ecofolia, realizar as atividades, nos finais de semana, e aí eu perguntei a ele se eu poderia participar porque a escola onde eles escolheram para poder realizar as atividades foi uma escola em Humildes. E eu tenho muito contato com o pessoal, eu sempre fui envolvido nessas atividades e perguntei se eu poderia ir, ele falou que poderia ir tranquilo como voluntário. Na verdade perguntei primeiro se poderia ser mantenedor, ele falou que não poderia porque não tinha como descontar, eu era estagiário, daí comecei a ir como voluntário e estou até hoje participando das Ecofolias, das atividades.
P/1 – Você conhecia já essa escola, você estudou lá?
R – Eu não estudei nessa escola, Colégio Novo Horizonte, onde trabalhamos atualmente, meus irmãos que estudaram lá, mas a professoras que me ensinaram no maternal, na alfabetização elas hoje ensinam nessa escola. Então eu conheço a maioria das professoras e conheço também uma boa parte das crianças que estudam lá porque são pessoas da comunidade que não é tão grande assim. Hoje, quando vamos realizar alguma atividade, o contato é mais tranqüilo e melhor porque na verdade nós identificamos, sempre conversamos sobre aquele período também que eu estudava, foi bem tranqüilo.
P/1 – Você falou que convidaram você pra ser mantenedor, o que seria isso?
R – Não, temos duas modalidades de atividades do voluntariado. Você pode ser voluntário, doador de tempo, que é participar das Ecofolias, ou pode ser um mantenedor, você contribuir mensalmente com um valor paras as atividades, para Fundação Nestlé Brasil. Só que naquele momento não poderia porque eu era estagiário, hoje eu funcionário, antes eu era só voluntário de tempo, hoje eu sou voluntario de tempo e mantenedor.
P/1 – Você falou que a escola que hoje vocês atuam a Escola Novo Horizonte, foi onde você estudou, é isso?
R – Não, foi onde os meus irmãos estudaram, as professoras que ensinam hoje lá foram professoras que me alfabetizaram e outra professora era professora da turma do lado, a Professora Patrícia, que hoje é a diretora da escola, a minha professora do maternal também ensina lá.
P/1 – Como foi voltar para esse ambiente em outro contexto, agora como voluntário do Programa Nutrir? Como você foi recebido, como que você recebeu as pessoas também?
R – A recepção foi a melhor possível, porque na verdade as pessoas costumam se identificar muito, a partir do momento que você já conhece uma pessoa de uma nova atividade, no seu ambiente, você se identifica. Pelo fato delas me conhecerem, foi bem tranquilo, porque quando começamos com as atividades as professoras não estavam sempre envolvidas, era uma ou outra, mas essas professoras nunca estavam envolvidas. A antiga diretora acompanhava muito mais a gente nas assessorias, no período que eu era estagiário, e aí nesse período mesmo foi quando teve a mudança para a nova direção quando a professora Patrícia se tornou diretora, começamos a ter um contato maior, isso que eu falei de tempo. Hoje é mais uma questão de afinidade, de um contato a mais, se tornou mais fácil a nossa comunicação, o nosso carinho, afeto e respeito, até pelas crianças. Então, as mães quando vão participar das Ecofolias e me vêem lá, dizem: “Ó, o Ismael, que mora em Humildes”, elas se sentem bem e se sentem à vontade naquele ambiente porque sabem que é o pessoal da Nestlé, normalmente eles pensam que são pessoas de fora: “Ah, mas tem o Ismael, ele trabalha lá e aqui”. É uma questão de espelho, hoje vejo muito que eu sempre participei dessas coisas assim, desde pequeno, sempre gostava de conversar com os mais velhos, de estar sempre envolvido nessas coisas tomava sempre como modelo, como exemplo. Acredito que o Programa Nutrir, particularmente, influencia bastante pelo fato de eu estar envolvido, as crianças quando eu passo na rua hoje em dia, ontem mesmo, eu tava chegando em casa, passei pela rua e tinha uma criança daqui que estuda na escola. E ela: “Oi, professor, tudo bem?”, aí eu: “Tudo bem”, “Que dia você volta pra lá?”, então a gente continua se vendo, elas vêem em mim um contato direto: “Olha, o pessoal da Nestlé, eles vêm sempre aqui, eles sempre fazem uma atividade, o professor, ele mora aqui também”, entendeu? Então é muito, assim, muito legal, eu gosto muito dessa, disso que acontece.
P/1 – Eu queria saber se quando o Programa Nutrir decidiu atuar no bairro de Humildes, na comunidade de Humildes, se você participou desse processo de seleção dessa comunidade, se você participou desse planejamento.
R – Não, na verdade, por incrível que pareça, não participei, fiquei sabendo quando já tinham escolhido a escola, trabalhava como estagiário no RH, mas não estava muito envolvido nessas atividades. A seleção foi meio que assim, o Bruno e a Sandra, quando ia começar a trabalhar o projeto aqui em Feira de Santana, na comunidade, e que poderiam sugerir uma escola pra poder trabalhar. Como a Nestlé, já está localizada no distrito de Humildes, e a gente realizou várias outras atividades lá em Humildes também, acredito que isso que influenciou um pouco, mas eu não tive nenhum envolvimento. Quando eu fiquei sabendo a escola já tinha sido escolhida e já estava realizando as atividades, foi quando pedi para o Bruno para começar a participar também, porque era na minha comunidade, eu trabalho na Nestlé, minha comunidade envolvida ali, eu tenho que participar também. Então hoje a gente tem muitos colaboradores também que moram em Humildes, que trabalham na Nestlé que são voluntários também, acredito que é por conta disso, os benefícios que a gente consegue trazer, parte do conseguimos trazer praquela quantidade de crianças, que não é tão grande assim, mas com certeza influencia bastante e vai influenciar pro futuro delas, então não participei.
P/1 – Conta de algumas ações que vocês fizeram alguns momentos que você se lembra com carinho, que ficou marcado na sua história, atuando nessas escolas em Humildes.
R – Lembro. Tenho duas na verdade, teve uma Ecofolia que quando chegamos, foi agora próximo do final do ano passado, na escola teve um menino que chegou perto de mim e falou: “Oi, tudo bem?”, eu falei: “Tudo”, aí ele: “Você vai brincar hoje com a gente?”, aí eu falei: “Vou, vou brincar bastante”. Aí ele voltou correndo no meio dos amigos dele, falou: “O professor falou que hoje vai ter brincadeira” e começaram todo mundo a pular, entendeu, todos eles lá pulando. Então eu achei muito engraçado porque ele veio, um corajoso, veio me perguntar se iria ter brincadeira, e aí eu falei com ele e disse que ia brincar e brincar bastante. E a outra coisa foi uma ação que fizemos no natal, que eu me vesti de Papai Noel, e fomos para um anexo da escola, Novo Horizonte, mas tem outra que fica numa área mais carente ainda, hoje fechou, mas o ano passado ainda estava funcionando. Fomos para lá e eu me vesti de Papai Noel da Bahia, né, o papai Noel negão, aí quando chegamos fui para dentro do carro, me arrumei, me vesti de Papai Noel. E antes, na verdade antes de ir eu falei com as crianças: “Gente, o Papai Noel vai vir aqui, ele trabalha lá na Nestlé e aí eu vou chamar ele pra vir, mas a gente precisa fazer uma cartinha pedindo a ele algum presente”. Estimulei-os a desenhar o que eles queriam ganhar e aí eu reuni todas as cartinhas e fui, falei: “To indo lá com o Papai Noel, porque ele trabalha lá na Nestlé e tem um bocado de duende que também trabalha lá e eles vão ficar muito felizes de receber essas cartinhas”. Aí eu peguei, saí da sala e fui pro carro, me arrumei, e aí voltei com os presentes que a gente fez uma ação na fábrica. Colocamos uma relação com o nome de todas as crianças e a idade deles, e aí os colaboradores escreviam do lado o nome deles que ia dar um presente para o natal. Isso não foi no natal do ano passado, foi o natal do ano retrasado, esse natal passado a gente fez uma doação de micro. E aí cada colaborador se comprometeu a dar um presente, então eles compraram, colocaram “De tal para a criança tal”, e aí colocou numa caixa, a gente arrumou uma caixa enorme, forramos essa caixa todinha, colocamos uma árvore também, e fizemos a campanha de natal. Foi muito bom todos os colaboradores contribuíram, todas as crianças receberam e ainda sobrou presente, teve muito mais criança do que estávamos esperando, graças a Deus deu pra dar tudo, porque o que sobrou distribuímos. Quando cheguei na sala, aí eu brinquei com eles, fingi que era Papai Noel, colocava no colo dava um presente, e aí depois que a entregamos os presentes: “Gente, to indo embora, estou saindo: “Tchau, Papai Noel, tchau Papai Noel”. Fui pra dentro do carro, tirei a roupa, me arrumei, tirei a roupa do Papai Noel e voltei, quando eu voltei: “Gente, e aí, o que aconteceu?”, aí um veio correndo perto de mim: “Ismael, o Papai Noel teve aqui, olha o carro que ele me deu”, ele não teve noção de que era eu. Então para mim foi muito marcante porque, eu saí dizendo que iria levar as cartas para o Papai Noel, depois chega o Papai Noel e entrega os presentes, aí quando eu volto um chegou pra mim e falou assim: “Professor, professor, Papai Noel teve aqui, olha o carro que ele me deu”, aí eu fiquei muito feliz, fiquei muito contente com aqui. Eu gosto, gosto do programa, agora, mês de março, voltando as aulas lá na escola, então já está retomando o contato novamente com a professora, porque na verdade a gente já está no finalzinho, esse ano a gente poderia trocar de escola começar o processo em uma nova escola. Só que temos algumas coisas para realizar na escola, queríamos criar uma brinquedoteca, um parquinho, uma horta, e a gente não conseguiu fazer pelo tempo, a atividade ia demandar mais um pouco de tempo. Então prometemos que esse primeiro semestre iríamos manter o programa, lá na escola, para concluir pelo menos uma dessas ações, deixar uma marca, deixar apontado, para que quando eles olharem: “Olha, o pessoal do Nutrir passou por aqui”. E na cidade isso é mais uma questão que sentimos, responsabilidade, prometeu-se tanto e agora vamos simplesmente: “Tchau”. Tem que cortar, eu sei que tem que chegar um momento que temos que cortar o cordão vamos manter contato, mas não vai ter, agir mais da forma que agia antes, programando as Ecofolias, levando os lanches, essas coisas, mas isso a gente sentiu que precisaria fechar com chave de ouro. E a ação do final do ano foi completa para poder fechar, entendeu, então hoje a gente vai retomar as atividades vai programar uma dessas atividades, ou brinquedoteca ou parquinho ou a horta, o que for mais prático para gente poder começar a atividade. E a própria escola não nos oferece uma disponibilidade de tempo que passamos fazer as atividades durante a semana, isso complica um pouco porque a gente não pode sair do trabalho, então aí a gente vai pedir para ela os finais de semana para podermos pelo menos concluir essas atividades, que envolver um número maior de voluntários. A diretora Patrícia, é muito envolvida nessas atividades, ela é ligada nisso, então hoje ela mesmo que programa que ainda tá na fase de desenvolver e a gente tá só acompanhando. Então ela que programa, que dá as ideias das atividades, nós só ficamos responsáveis por levar a receita pronta, que é o lanche das crianças da Ecofolia, dessa Ecofolia que ela programou, está bem tranqüilo graças a Deus.
P/1 – Para finalizar também com chave de ouro, o que vocês também estão querendo fechar com chave de ouro, gostaria que você retomasse aquela história, antes do Programa Nutrir onde as crianças não faziam desenho com cores. Eram desenhos com uma cor só e depois do programa que elas começaram a desenhar com várias cores, acho que é um ponto que dá para gente ver uma mudança também. Você conta para gente?
R – Na verdade não chegamos a levar esse assunto ao conhecimento de um especialista na área, na verdade até poderíamos é uma boa ideia chamar um psicólogo ou alguém, alguma faculdade também que mexa com coisa desse tipo, que queira realizar alguma atividade, tentar realizar. Mas, quando chegamos lá para podermos fazer pintura, as crianças não gostavam, elas pegavam um lápis, e normalmente lápis preto e aí fazia só o rabisco, não coloria: “Vamos desenhar, vamos pintar alguma coisa”. Elas não sorriam, não brincavam, só queriam ficar sentadas esperando o horário do lanche, porque sempre costumava levar lanche, e começamos a observar, eu e Sandra: “Tem que chamar mais as crianças, têm que envolver mais elas na atividade”. Então, diferentemente do anexo, o anexo, no meio de uma região mais carente ainda de Humildes era super animado, mas era o perfil da professora, que também era muito animada, mas o prédio central da escola era dessa forma. Acho que isso tem muito a ver com a questão cultural, eu mesmo que moro lá percebo que infelizmente as pessoas não têm o acesso a alguns tipos de informações. Então, por exemplo, elas não têm acesso a tanto a lazer, a diversão, isso acaba deixando eles mais introspectivos, mais quietos, mais calados, eles não brincavam, não se divertiam. Quando a começamos com as atividades e se começou a introduzir mais essa parte de pintura, levar mais desenho eles começaram a brincar, começaram a desenhar e até o ponto de utilizar mais cores, então percebemos isso nitidamente. Nós guardávamos sempre os desenhos e percebemos uma evolução até no desenho que eles faziam que era um rabisco de uma cor só, depois das atividades. E era assim, era difícil porque você tentar convencer a criança a participar daquela atividade do desenho e de pular e de brincar é quase que, criança, ela já tem isso por instinto, ela já gosta de brincar, de desenhar, mas a gente percebia essa dificuldade nas crianças, em muitas crianças. Em algumas não, algumas se diferenciavam, brincavam bastante, desenhavam, toda hora: “Ó, professor, olha como ficou, tá bonito?” Respondia: “Está lindo, pinte mais, faça mais alguma coisa assim” e aí percebemos nesse período, que quando a gente chega lá, já é motivo de festa, o clima já muda, eu acho que eles gostam bastante por conta disso, porque eles saem da rotina, rotina todo dia, aula, lanche, aula, aula, lanche, aula. Quando a gente chega lá à gente brinca, levava para área, de pular, de correr, de cobra cega, então muitas coisas legais.
P/1 – Será que você consegue umas fotos desses desenhos, Ismael, de como começou e como se desenvolveu?
R – Fotos do programa eu tenho, agora, os desenhos eles ficavam na escola eu posso ligar pra professora, porque a gente sempre fazia assim, a gente fazia os desenhos, pendurava no varalzinho e tirava foto com eles. Tirávamos para postar no site que o Programa Nutri tem, temos que colocar os eventos, as atividades que realizamos para poder registrar e criar um histórico. Eu posso tentar ver se consigo essas imagens ou se eu consigo com a própria escola, para gente poder comparar os desenhos de antes e de agora.
P/1 – Se você conseguir fazer isso eu vou ficar muito feliz, vai ser bacana.
R – Não tem problema, ou então assim, fotos de antes, como era, e agora no finalzinho como foi que deixamos na verdade não saímos ainda, tinha falado com ela que ia chegar esse momento, que iríamos nos desligar, mas nos comprometamos há continuar esse semestre pelo menos para terminar algumas ações.
P/1 – Ismael, muito obrigada, parabéns pela sua história, pelo seu trabalho, nós desculpe ter que ter refeito, mas é importante ficar registrado essa memória.
R – Não, de forma alguma, eu estava muito preocupado porque já foi difícil para conseguir marcar, e aí quando o Alan [Fernandes] me mandou um email falando que infelizmente teve esse problema na gravação, eu falei: “Não, a gente vai fazer de novo”. Só que aí no dia que marcamos tive que fazer um procedimento ortodôntico, aí não deu e nessa semana mesmo falei: “Vai ser difícil eu poder falar muito contigo porque senão vai doer ficar incomodando bastante”. Mas aí, como a gente conseguiu, eu falei: “Não”, como você me falou que poderia ser fora da Nestlé, falei: “Então melhor ainda porque eu saio da Nestlé, saio cedo pra ir para faculdade, então tenho tempo disponível e a gente poderia fazer isso sim”. Na verdade eu quero pedir desculpa porque a gente falou muito mais coisas da outra vez, mas essa agora por conta disso mesmo, desse problema, eu não consegui falar tanto, não consegui trazer tantas informações com eu trouxe da última vez, que eu acho que isso enriquece bastante e vale a pena registrar.
P/1 – É, mas já foi ótimo o que você já falou hoje, também foi importante, eu acho que a gente retomou o que foi falado da outra vez.
R – Pronto, eu vou fazer um esforço para conseguir essas imagens, vou scanear os desenhos ou então as fotos.
P/1 – Tá jóia, muito obrigada, Ismael, um abraço.
R – Por nada, Monique.
P/1 – Tchau, tchau
R – Tchau.
Recolher