Entrevistada 1 – Mirian
Sou Miriam da Silva Cavalcante, nasci em 13 de agosto de 44, ali na Praça Mauá, de um parto normal, com parteira, e ao meio-dia que estava batendo o sino, minha mãe diz.
E o nome da rua era rua jogo da bola 38. Aí eu gosto de dizer que eu, mais carioca que eu não existe ninguém, não é? E meus pais, meu pai era pernambucano e minha mãe carioca.
Então tem família dos 2 lados. Quer dizer, e ela era filha de portugueses, tudo ali que trabalhava na Praça Mauá, na Estiva, e família humilde, dos 2 lados, e ele veio de Pernambuco aos 20 anos para tentar sobreviver por aqui. E… tiveram 5 filhas, todas mulheres, não é, não tinha nenhum menino e eu sou a mais velha.
E fui criada primeiro, no centro da cidade e depois na zona norte do Rio. A infância toda e sempre até hoje, em Vila Isabel.
E a minha formação foi, eu estudei no colégio Pedro segundo, e aos 17 anos, eu vi que eu me interessava muito pelas coisas sociais e resolvi fazer a faculdade de serviço social.
Fiz, ah, o vestibular naquela época não era muito complicado como era hoje, que você fazia para faculdade x, não é? Mas eu gosto de dizer que eu entrei em primeiro lugar, sem cursinho, tinha saído do Pedro II, entrei em primeiro lugar, eu e mais 2 meninas, não é, e… graças ao Pedro II, né?
Então o Pedro II representou muito na minha vida.
Até porque eu acho que eu…Eu era… tinha uns 9 anos quando eu comecei a ficar fascinada pelo aquele uniforme.
Porque tinha uma vizinha, que. Que, que estudava lá e eu vi, ela chegava da… dos eventos e…. eu ficava fascinada ouvindo aquilo. Olha, eu me dei conta hoje que não é à toa. Eu sempre tenho que ter alguma coisacáqui, que que nós somos do tempo do uniforme cáqui, aquele que dava um calor terrível. Acho que a gente amava, né.
Então… é isso. E fiz serviço social e trabalhei, me aposentei já, sempre na área da saúde.
E junto a isso também eu comecei a...
Continuar leituraEntrevistada 1 – Mirian
Sou Miriam da Silva Cavalcante, nasci em 13 de agosto de 44, ali na Praça Mauá, de um parto normal, com parteira, e ao meio-dia que estava batendo o sino, minha mãe diz.
E o nome da rua era rua jogo da bola 38. Aí eu gosto de dizer que eu, mais carioca que eu não existe ninguém, não é? E meus pais, meu pai era pernambucano e minha mãe carioca.
Então tem família dos 2 lados. Quer dizer, e ela era filha de portugueses, tudo ali que trabalhava na Praça Mauá, na Estiva, e família humilde, dos 2 lados, e ele veio de Pernambuco aos 20 anos para tentar sobreviver por aqui. E… tiveram 5 filhas, todas mulheres, não é, não tinha nenhum menino e eu sou a mais velha.
E fui criada primeiro, no centro da cidade e depois na zona norte do Rio. A infância toda e sempre até hoje, em Vila Isabel.
E a minha formação foi, eu estudei no colégio Pedro segundo, e aos 17 anos, eu vi que eu me interessava muito pelas coisas sociais e resolvi fazer a faculdade de serviço social.
Fiz, ah, o vestibular naquela época não era muito complicado como era hoje, que você fazia para faculdade x, não é? Mas eu gosto de dizer que eu entrei em primeiro lugar, sem cursinho, tinha saído do Pedro II, entrei em primeiro lugar, eu e mais 2 meninas, não é, e… graças ao Pedro II, né?
Então o Pedro II representou muito na minha vida.
Até porque eu acho que eu…Eu era… tinha uns 9 anos quando eu comecei a ficar fascinada pelo aquele uniforme.
Porque tinha uma vizinha, que. Que, que estudava lá e eu vi, ela chegava da… dos eventos e…. eu ficava fascinada ouvindo aquilo. Olha, eu me dei conta hoje que não é à toa. Eu sempre tenho que ter alguma coisacáqui, que que nós somos do tempo do uniforme cáqui, aquele que dava um calor terrível. Acho que a gente amava, né.
Então… é isso. E fiz serviço social e trabalhei, me aposentei já, sempre na área da saúde.
E junto a isso também eu comecei a trabalhar em revisão de texto, graças tudo ao que eu não fiz.
Faculdade de… de línguas, nada, mas graças também a minha bagagem do colégio Pedro II, né, que eu, eh…
Um concurso que eu fiz para o Jornal do Brasil, fui revisora lá muitos anos e passei a trabalhar para de… pra editoras.
E é… nisso da revisão é, digo assim, não foi só o português. Foi também porque quando a gente pega um, um, a revisão de um, digamos assim, de uma tradução, a gente vai muitas vezes vai considerar, vai consultar o original no inglês ou francês e eu ia com base no que eu tinha tido do colégio. Então assim, eu sou grata. Até hoje.
Entrevistadora 1
Nessa época tinha até latim, outras línguas.
Entrevistada 1 – Mirian
Tinha, latim…tinha. Tinha latim, tinha até o grego. Primeiro ano clássico, nós tínhamos grego. Latim, teve nos 4 anos do ginásio.
E depois eh… foi grego. Mas acho que ainda tinha também no primeiro… no clássico, tinha grego e latim. Né?
Entrevistadora 1
Miriam, me fala um pouquinho da sua infância. Você falou dessa menina de 9 anos. Conta para gente como que foi essa sua infância, onde que foi. Como surgiu esse fascínio pelo uniforme do colégio.
Entrevistada 1 – Mirian
Do colégio? Sim, olha, eu… eu nasci ali na Praça Mauá, depois com 1 ano, fui morar na Rua São José, numa casa que não existe mais também, né?
Num Sobrado e…, nessa época só tinha eu e uma irmã mais nova. Depois é que nasceram as outras 3, quando fomos para a Vila Isabel. Mas era assim. Você morava num Sobrado, ficava trancada o dia todo, não tinha janela para rua porque eram nos fundos de um Sobrado. Então a gente.. Eh… tinha a casa, tinha um corredor comprido que chegava na nossa casa lá. Não é? E tinha uma janelas grandes. Que dava para o para o… Para o telhado, mas era… me fugiu a palavra, aquele negócio, telhado de vidro é, tem o nome disso. Agora… isso acontece, né. Tive um AVC há 15 anos atrás, aí o Tico-teco, às vezes fico… atrapalhado. E eu me lembro que eu me debruçava ali, eu e a minha irmã, com meu pai, e ele ficava mostrando os bem-te-vis. Que… que voavam, está entendendo?
Acho que foi o… o primei… Ih, eu… eu fico emocionada.
Entrevistadora 1
É Claraboia?
Entrevistada 1 – Mirian
Claraboia! Claraboia. Eu… eh… E foi assim o primeiro contato com liberdade, com… e a poesia dele de mostrar para as filhas, né. Meninas, aquilo, se tá num Sobrado, fechado nos fundos, e a preocupação dele…
Acho que eu não vou conseguir fazer esse depoimento, não [risos].
Dele de, mostrar liberdade, voo e coisa assim, não é? Então, eh… e também, ele levava a gente à praia, era os nossos, era os nossos, os nossos passeios. Também andava ali pelo Jardim do… do Ministério da Educação, que tinha sido inaugurado recentemente, e isso eu acho que era em 1950, 49/50.
E passeava por ali, tinha aquela… aquela obra do, não é…
Entrevistadora 1
Portinari?
Entrevistada 1 – Mirian
Portinari! Que tinha… e eu me lembro de andar ali com ele…
Entrevistadora 1
A azulejaria né
Entrevistada 1 – Mirian
Sim, sim, azulejaria, e tinha uma de… acho que era um casal, mas aí já é escultura escultura, sabe que tem até hoje ali, eu acho que ainda tem. E o de mostrar, e mostrava as flores. Era uma coisa assim.
E também ainda do meu pai. Ele era alfaiate e ele era um dos patrocinadores que tinha… Dava um anúncio num programa que domingo de rádio que era sobre valsas. Então é também das lembranças mais antigas são as valsas de Strauss e que aquilo….
Eu digo assim, eu. Eu gosto de escrever até hoje, mas acho que veio, eh…. muita da sensibilidade veio disso. Eu me lembro que eu criança, mas eu tinha a sensação que quando entrava aquelas valsas que não tínhamos parede na casa.
A gente voava tudo, sabe, e…
E… e da mãe, aí me interessei por Letras desde o começo, que quando se… se, eh…, lavavam as casas assim, botava jornal, geralmente páginas de anúncios do Jornal do Brasil que comprava religiosamente no domingo, botava no chão e diz que eu tinha 3 anos, deitava ali no jornal e começava “Que letra é essa?” “Que letra é essa?” “Que letra é essa”, não é?
Agora, a mãe era… a figura maravilhosa. Incrível, tem uma história de vida incrível, incrível.
E ela, eh… a gente vai entendendo o amor dos pais quando a gente amadurece.
Então eu sei que a linguagem de amor dela era com 5 filhos, ficar fazendo bolinhos de… de vagem que nunca mais, eu tentei fazer. Não, não consigo… nenhuma das minhas irmãs. Fritando, fritando, fritando.
E vinha uma e tirava, e vinha uma e tirava. Ela nunca conseguia encher a tigela para botar na mesa. Está entendendo?
Sim, e também como ela andava ali pelo centro da cidade, e ela havia na, nos… ela costurava… e ela via nas vitrines, eh… as roupinhas das crianças, ela desenhava e fazia para a gente. Sabe, coisa assim, delicada. Muito….
É, é bonito a gente envelhecer. Eu tenho muita pena de quem morre novo. Porque perde a oportunidade.
Entrevistada 1 – Mirian
É, é… e você não dá para você conseguir depois ter um olhar amadurecido e rever teus pais, né. Que você acha assim: “ah, foi uma infância de poucos abraços, poucos chamegos”. Sim, mas a gente vai entendendo como isso era traduzido, né?
Entrevistadora 1
Cuidado, né?
Entrevistada 1 – Mirian
Cuidado, é… Então, aos 6 anos, mudamos para a Vila Isabel e aí foi uma alegria.
Porque era uma casa com 4 janelas para quem que eu… Nos fundos de um… de um… de um sobrado, não é? Então foi uma alegria aquela mudança e… nasceram as outras irmãs, e a infância foi toda ali em Vila Isabel
E essa vizinha, Ivone Gomes Siqueira. Ela era mais velha que eu, talvez uns 3 anos, então ela estava entrando na adolescência, eu ainda era menina. E… ela entrou para o Pedro II, e ela quando vinha, eu não sei, eram os eventos que o colégio… Eu não sabia porque eu não sabia direito…. que o colégio participava. E ela vinha “Mirinha, e não sei que!”. E falava da tabuada e falava das coisas. E eu ficava assim, fascinada, menina de escola pública, né? Ficava assim, fascinada e então eu queria, já queria porque queria.
Naquela época, você fazia concurso, inevitavelmente se era menina para 2 colégios, o Pedro II e o instituto da educação. Menino era o Pedro II, e o colégio militar não é? O instituto de educação era muito difícil, o Pedro II também era, né. O Pedro II também era. Mas o… o instituto de educação. não me atraía, sabe?
Eu não, eu não… Nunca quis, nunca tive a alma de professor, porque acho que isso é um dom que você já descobre cedo. Eu nunca senti sem mim e… eu queria era o Pedro II, né? Eu queria era o Pedro II.
E me lembro até hoje, no dia que foi da… da última prova, eu me lembro atravessando assim na diagonal, aquela ali em frente a sede, né? Aí eu me lembro que eu corri, olha que coisa, hein, criança, eu botei o cartão aqui e corri para o vento segurar o cartão, atravessando na diagonal, um senhor…. [risos] “Que é isso? Você quer, você quer o que” Me sacudiu. Eu, 11 anos.
Eh…eu tinha 30 e poucos quilos, né? Eu era… mínima, mínima, e… e aí ele e me botou no chão [inaudível] e eu não entendi porque jamais ninguém me atropelaria. Eu tinha eh… tava passando no colégio Pedro II, né? O que seria ser atropelada, não é? Foi… eu me lembro isso nitidamente, o vestido que eu usava, azul e aquelas cadeiras lá, assim ainda tem até hoje, não é, que eu não…. o pé balançava, não chegava assim embaixo.
Me lembro das provas, todo o… o clima, tudo, né, daquilo, e de ter passado. Engraçado que eu passei até relativamente bem, que tinha 7,75, mas na minha cabeça, depois quando entrei para o colégio eu disse assim: “Não, eu, eu sempre fui aluna mediana. Deve ter sido… 5,75 e durante anos eu achei… Passei 5,75. Quando mais tarde a gente encontrou no nos jornais do que tinha, saiu o nome todo com com coisa, né? Eu fiz até eu. Devia ter trazido uma camiseta que que a gente recortou, meu companheiro recortou assim, escaneou aquela página do jornal e botou em amarelo, não é o meu nome. Aí é que eu vi que eu tinha passado com 7,75 e pô, fiquei esse tempo todo bem lá embaixo, me sentindo assim que passei raspando. Não, passei até bem e… e fizemos a camiseta com com isso, ex-alunos e… o, pedaço do do jornal, mostrando.
Entrevistadora 1
Me fala um pouco então dessa, dessa, deixando um pouquinho de infância, vamos um pouco agora dessa pré-adolescência, adolescência, essa sua entrada no Pedro II. O que que isso representou pra você, que impactos teve na sua vida?
Entrevistada 1 – Mirian
Olha, olha, começa que… ser do Pedro II era uma, uma coisa assim. Você já sentia numa classe superior, era uma coisa assim. Você entrou no, no… Num segmento acima do dos normais.
O orgulho do… do… de usar o uniforme era fantástico. Era fantástico. A gente achava que nós estávamos eh… por cima de tudo. Quando estava no ônibus, no ônibus não, no bonde, que a gente só andava de bonde, né? Eh… ônibus era, tinha que ter até um poder aquisitivo, outro que não tínhamos. Aliás, colegas, tudo era do bonde. Então quando a gente entrava no bonde, a gente hoje eu vejo assim, o adolescente que assim a gente já achava que estava causando, né?
E às vezes estava estava até chateando as pessoas.
Quando começou a aprender inglês, então, que foi uma maravilha que a gente falava as palavras. A gente ficava com o rabo do olho para ver se todo mundo estava percebendo as nossas conversas. Era um orgulho total de ser aluno do Pedro II, né?
E… e sempre é, bom, ali na adolescência a gente entra, eh… pro colégio, que naquela época era o ginásio, era só as meninas. Turma de meninos de manhã e meninos à tarde. Juntava no clássico e no científico, né? Aí é que juntava. Mas eh… , tinha… A questão lá dentro do Grêmio era também outro, eh… outra, outro segmento que dava… conferir um status para a gente. Eu achava que nenhum colégio tinha aquilo que tinha o Pedro II e acho que não tinha mesmo não.
O Grêmio atuante como era, sabe?
Que a gente sente atraído inicialmente pelo jogo do Ping pong, mesmo que não jogasse como eu nunca fui boa, a gente ia mais para jogar a bola no teto que… e rir um do outro e não, não tinha.
Entrevistadora 1
Pelo encontro, né?
Entrevistada 1 – Mirian
Pelo encontro, pelo encontro é. Mas aí chegava lá tudo atraía. Só que eu usufruí pouco disso porque meu pai com aquela coisa de nordestino, criar 5 meninos. Ele sentia muito responsável, então ele prendia a gente. É…quer dizer, eu vivia a adolescência minha quando eu estava indo para o colégio, dentro do colégio, né.
Agora, do Grêmio eu só entrei já no… quando eu estava no clássico. Que aí foi pra… Eh… Alguém da diretoria ficou sem ninguém no Relações públicas e eu tinha já pensando que eu tinha que trabalhar, já tinha começado a fazer o curso de datilografia, que todo mundo fazia naquilo, né?
Então aí veio a amiga Alice, veio e me disse: “Mirinha, você não sabe bater a máquina?”
“Não Alice, mas eu vou devagar”
“Mas tá precisando de ir lá pra bater os… os ofícios do Grêmio.”
Aí lá fui eu, muito tímida, né. Porque eu não, não… Eu era tímida, muito tímida, muito tímida.
Aí na… ali com os colegas não, né? Agora, mas pra ir falar numa coisa era, então é, fui lá eu para o grêmio. E aí foi assim…, experiência, muito maravilhosa. As atas vão mostrar para vocês que era assim. Eram. Eram um ambiente… Eu me senti como se estivesse num ambiente totalmente adulto. Tinha 16 para 17 anos. Quer dizer, adultos e assim, os de 19 eram adultos, né?
Os rapazes do terceiro científico, as moças do terceiro científico para nós, era assim umas coisas do outro mundo.
E então foi que… que eu comecei a ter um contato maior, mais diversificado, porque estava no clássico, mas eram poucos rapazes naquela época.
Mas retornando um pouquinho antes.
É…da agora. Me veio uma coisa que eu já já estava….
Entrevistadora 1
Você falava do Grêmio. Eh… que tipo de atividade tinha no Grêmio? Por que que você diz que era uma seriedade?
Entrevistada 1 – Mirian
Não, nas reuniões. As reuniões do Grêmio era uma seriedade. Que depois vocês vão ver lá se assim… “o senhor presidente falou”, “o senhor diretor cultural”. Era assim…, era uma coisa… eh… vamos dizer assim, era conduzida pra dar uma gravidade.
Quer dizer, só a gente mesmo, professor.
Não, não dava pitaco ali, mas era conduzido assim, de uma forma que a gente entendia que a gente, agora, por ser da diretoria do Grêmio, tinha uma responsabilidade. É, tinha uma responsabilidade. É.
Eh… e agora, voltando à adolescência no… no… no colégio Pedro II, foi ali que que começou mesmo a desabrochar, né. Porque aí era inevitável. É… no caso de turma feminina, se apaixonava pelos professores, né.
A minha paixão foi o professor de latim, professor Andrade. A outra era para professor de matemática, então era aquela coisa. Então as amigas, cada um encarnava mais no outro, tá entendendo? Quando o professor, eh…. de, de latim chegava, os professores trabalhavam todos de terno e eu achava que ele ficava… Eu contei isso no volume um é, eu achava que ele ficava muito bonito de terno azul-marinho. Quando ele entrava de terno azul-marinho, elas começavam: “Pronto! Aí Mirinha, aí Mirinha, não sei o que”. Aí eu começava a ficar vermelha, tá entendendo? E aí era a maior zoeira e como também com os outros quando eram os os… os… alunos, as alunas com outros professores, não é?
Então, ali que começou a desabrochar esses apaixonamentos platônicos, não é, e que cada uma… eh, eh… encarnava mais no outro e…, mas ficava tudo por ali mesmo.
Eh… os professores eram maravilhosos, um ou outro que… porque mesmo quando eram matérias difíceis e quando eram, eh… Mas assim… o professor talvez não fosse tão perfeito… Mas eles tinham, de um modo geral, eles tinham um… sabiam lidar com adolescentes, né?
Bom, adolescentes dos anos 50, né. Não julgo nada hoje porque não… não queria estar na pele de ninguém. Eh… mas eles sabiam lidar realmente com, com, com o aluno adolescente
E mais do que as aulas, eles davam… noções de vida. Por exemplo, eu lá… teve um, no segundo ano, clássico, a gente teve psicologia, que era o professor Alberto Coelho, uma figura maravilhosa. Pela primeira vez, ele falou, levantou para a gente, para os alunos ali, a reflexão sobre o que significa significava você estudar numa universidade pública e depois você tocar a sua vida.
Aí ele deu bem o exemplo que ficou claro para mim. Depois você tem, você vai fazer Direito, você tem um… um escritório que você cobra uma grana. Você vai fazer medicina, depois você tem um consultório que você cobra uma grana. Ele falou do retorno que a gente eh…. deveria dar para a sociedade.
Eh… eu acho que isso marcou muito na minha vida.
Tanto que até uns 2,3 anos atrás, eu fazia…. Eu era militante de ambientalista, lá onde eu moro, sabe?.
Criando brinquedoteca com a educação ambiental, com coisas que… Que isso ficou desse professor que despertou a isso lá? Eu não sei se eu teria…. Eu fui muito voltada para o social, sempre, desde criança, mas eu não sei se…
Eu, quando eu morava lá na…. na…. no centro da cidade, que entrou o Getúlio para na… na… Essa aí é engraçada…. na… Para concorrer e estava o Dutra, não, Getúlio tinha saído e tava o Dutra, né. Tinha naquela época, tinha uns ferros assim que as mulheres usavam os cabelos e faziam os negócios para dar uns… uns… como é que é? Umas ondas no cabelo. Minha mãe tinha isso. Eu me lembro que eu descia com a minha irmã e ali na Rua São José, tinha os papeizinhos do Dutra e a gente ia arranhava a ca… 6 anos, arranhava a cara do Dutra toda porque, apesar do Getúlio [risos], ser um ditador, que depois eu vim a perceber na história do Getúlio, melhorou nos anos 50, mas ali, naquela época, não era, ele foi um ditador do Estado Novo terrível, não é? Mas é, ele tinha aquele negócio.
Trabalhadores do Brasil, popular, eh… exatamente, eh, então a gente, eh….fazia isso. Eh… mas então eu sempre fui ligada num social e também eu posso dizer até que no político, mas no…no… no colégio eu não sei se eu, se eu teria tido tão cedo essa visão do compromisso social de quem estuda numa instituição pública. Se não fosse o professor Alberto, está entendendo? Ele era espetacular.
E também naquela época também teve professores que falavam da questão da Amazônia. Né, e tinha as visitas também que se fazia em instituições. Eh… agora me fugiu o nome. Furnas, é. Eu nunca ia não porque meu pai não deixava não, mas tinha essas… Eh… paralelas, extra-curricular.
Então, eh, ali, a adolescência foi, eu vivi a adolescência porque eu fui aluna do Pedro II, porque o grêmio, as atividades, me puxaram e quando era de diretoria, então tinha o baile, não é? Tinha o baile e…, e eu ajudava lá na hora também na Infra, aqueles negócios todos. Tá, é, na Infra, na Infra, mas no baile eu não ia Aí um dia foram fazer a como é que é , a.. a… a planilha lá para ver quem ia estar no bar ou não sei que, não sei que, não sei que. Aí eu cheguei para casa e disse pro meu pai, que era ele era muito assim, de compromisso mesmo. “Papai, eu sou da diretoria do Grêmio, eu tenho que ir porque eu tenho que dar plantão nisso. Depois, na… no bar, depois não sei o quê…” E ele: “Ah, tá, minha filha. Obrigação pode ir”
Aí eu fui [risos]. Aí eu fui. Quer dizer, eu posso dizer: Eu tive uma adolescência porque eu estudei no colégio Pedro II, porque tinha o Grêmio, tá entendendo? E tinha as saídas também. A gente frequentava, ia nos concertos da Juventude, isso em 61, eh… eu, a gente foi quando… e cantava também teve o coral, tinha o coral do colégio que se apresentava, era uma coisa muito emocionante.
E eu tenho uns folhetos lá do… depois, um dia eu posso até trazer porque pode até fotografar ou, não sei, os folhetos do… desses concertos da Juventude e que em bandos, também, eh…
O colégio Pedro II acho que me fascinou também porque, por exemplo, depois minha mãe lembrou que, ela morava aqui na rua do [inaudível] quando ela era menina e minha avó dizia assim, quando vinha com aluno: “corre, corre”, que vinha esses… esses alunos do colégio Pedro II, e queria botar ela pra dentro de casa, tá entendendo?
Quer dizer, era aquela que eu sei que era aquela alegria do mar de cáqui, né, que vinha, que saía a garotada toda, mas que era assim, era o terror, e eu e eu era fascinada por isso já, né?
Entrevistadora 1
Fica a marca dessa formação humanística….
Entrevistada 1 – Mirian
Total, total. Isso os professores, inclusive esse professor de latim, eu acho que o meu fascínio por ele não era tanto, pelo terno azul Marinho, mas era pelas coisas também que ele falava. Eu me lembro ali, isso aí eu tinha 12 ou 13 anos que ele dizia assim, que ele viu uma mãe carregando o filho pela mão, filho era bem pequenino, e ela carregava ele com o braço, assim, ele por cima e o braço para cima porque ele era pequenininho, ela ia arrastando, ele disse assim: essa mãe não vê que a criança não podia, tinha que estar com o braço…”
Aí eu comecei a ver. Eu acho que a empatia é mais importante que o amor.
Porque o amor pode ficar filosófico, eh… fora da realidade, muito amplo. E você ama a humanidade e odeia o teu vizinho, né? Então eh… é fácil você às vezes não percebe, mas a empatia não. A empatia, se você começa a olhar as coisas pelo olhar do outro, você, eh… abre, se abre para o amor, porque é impossível você não sentir a dor do outro e não querer agir. Não querer participar, não querer se posicionar, né.
Então aí que eu digo, o colégio Pedro II, o professor, esse professor falou isso e outras coisas. Ele dava muito, esses toques, está entendendo? Então eu digo assim, a gente aprendia muito a coisa acadêmica, mas o principal era o que era passado nas entrelinhas, abertamente ou menos abertamente, que isso foi o que a gente levou para o resto da vida, eh….
Entrevistadora 1
Miriam, você estudou também no Pedro II no período da ditadura militar.
Entrevistada 1 – Mirian
Saímos antes, 63. Saímos antes de 63, é.
Entrevistadora 1
Ok. Você tem algum, eh…. Gostaria de citar assim alguém que tenha sido importante na sua trajetória no Pedro II? Você já citou esse professor.
Entrevistada 1 – Mirian
Sim
Entrevistadora 1
Tem algum colega, algum servidor, técnico, alguém da escola que tenha sido importante, assim, que tenha te ajudado de alguma forma?
Entrevistada 1 – Mirian
Olha os… os… os inspetores eram muito importantes na vida da gente. Eles tinham uma coisa de cuidado, a gente tinha total confiança, está entendendo? E eu tive sorte que sempre tive inspetoras e inspetores muito bons.
Agora, uma, uma… Teve, aí já não é inspeto… Era professora… de inglês, Miss Ada, que foi importante. Quer dizer, eu te falei já do Professor Andrade, de latim. O professor Alberto de psicologia e a professora, eh… a professora Miss Ada que foi o seguinte, lá em…. nós estamos já no segundo ano clássico, aí ela pediu uma… uma redação em inglês dizendo: quem anotasse os 10 livros que mais tivesse lido, que mais tivesse gostado, e depois falasse sobre o que mais gostou.
Então eu botei a lista lá que eu sempre adorei ler, lia muito e… e botei o livro que eu falei, foi um livro de Érico Veríssimo, que é Um Lugar ao Sol.
E era um livro até grande, e eu falei, era uma página, um negócio em inglês, né, porque eu fiz um resumo da história e falei porque que eu tinha gostado, não sei quê, não sei quê. Mas aí é que entrou a professora. Quando ela entregou, eu não me lembro que nota eu ganhei. Acho que foi uma boa nota, eh… porque eu estava gostando daquilo, eu gostava daquele assunto e… Mas ela disse assim: “Você devia se ligar na literatura, você tem uma boa visão de literatura”.
E eu fiquei, eh…. eu gostava de escrever, mas nunca tinha pensado… isso só veio aos 66 anos que eu fui publicar meu primeiro livro. Por um acaso, nunca tinha pensado em nada disso, mas sabe que aquilo ficou na minha cabeça que eu tinha um olhar bom para a literatura, que eu tinha… e eu, e como eu gostava de escrever em nível assim, de… redação, muita gente não gostava de… eu digo, eu adoro, que adorava botar no papel, mas eh… aquilo, ficou, sabe? E que mais tarde, eu fui fazer revisão, né? Como foi minha segunda profissão, então, quando… e também o livro do Pedro II, quando eu, a primeira coisa que eu escrevi que não era aqui, não era ficção, mas que eu acabei dando um trato meio literário. Depois eu percebi, foi aqui no livro eu me lembrei do que a professora Miss Ada falou, sabe? Lá em 1962 e eu acho que isso me… me reforçou o caminho. Quando eu decidi, sabe?
Escrever, escrever assim, sem… sem muita preocupação e que assim… eu gosto disso aí, então faço razoavelmente, vou.
Eh… É como respirar, não tem como você não respirar.
Entrevistadora 1
Ela teve sensibilidade de perceber, não é?
Entrevistada 1 – Mirian
Sim, sim, numa coisa, eu achei interessante isso.
Entrevistadora 1 (29:46)
Miriam, eh… você gostaria de dizer, eh… alguma coisa sobre os colegas da época? Tem alguma amizade que tenha ficado até os dias de hoje?
Entrevistada 1 – Mirian
Todos, todos [risos].
Tem de monte. Tem de monte
Eh… aquela turma do ginásio, aquelas meninas. A gente sempre fala as meninas, né?
É tudo já tá, com 80 para baixo, rente ou um pouquinho mais.
Eh… ficaram todas. Durante uma fase da vida, eh… que a gente tá trabalhando ali… os primeiro emprego, 20 e poucos, 30 e poucos… e quem está com filhos. Eu fui uma mãe tardia, mas elas… as que tiveram filhos tiveram cedo, então fica meio difícil, porque até para a gente… eh… dá conta da própria vida já é complicado, né?
Então, eh…, mas a gente sempre falava em aniversário e nos momentos difíceis da pessoa, de alegria, nascimento de filho ou perda de pai e mãe, a gente sempre estava junto, e depois teve os encontros do colégio. Mas de qualquer forma, eh… aquelas amizades do… do ginásio ficaram todas até hoje.
É um grude da gente, sabe? E também depois com… entraram os rapazes com o Grêmio e com a turma mista, então também são todos eles que… que que fazem parte da minha.
Entrou na minha vida, eu não saio mais não sabe, não é? Pode até aprontar que eu não sai mais não. Mas ficaram, eh… todos eles.
Agora tem uma coisa. O livro me trouxe, me ampliou. O livro me ampliou, que foi incrível que eu me lembro quando eu encontrei o Rafael Simplício. Ele seria uma pessoa excelente para ser entrevistado, que ele ele entrou para o colégio em 1944, digo o ano que eu nasci, então num dia de um almoço desses no Engenho Novo, a gente com aquele crachazinho, o ano, não sei o quê. Aí eu vi, 1944.
Aí eu olhei para a cara dele, ele olhou para a minha, e disse que: “Olha, Simplício”, esqueci o nome… Rafael…., “isso vai dar samba”, e a gente acabou entrevistando ele pro… pro número 2, e ali veio toda a turma dos anos 40 e… e…, sabe? Ficou uma amizade que ainda fica.
A gente foi em 2000 …. 2010…. O volume 2 foi 2010. Às vezes assim eu me…me…. Eu acho que foi 2010. Então, tá…. Ficou… Ele trouxe outros amigos dele, da… da turma ainda, e tá até hoje assim, de um mora em… em Petrópolis, a gente se corresponde sempre, ele escreve e manda para mim o que escreve, eu mando pra ele. Foi assim, ampliou.
E aí agora, depois, eu lidando com os novos, sabe? De agora, que ficou… eh… que se formou em 2019, eh… 2020, então eh… ficaram amigos no Face, e da gente se entrar em contato, tá em contato sempre, um foi para foi pra… foi pra França fazer uma extensão lá que ele está fazendo. Não me lembro da faculdade que ele está fazendo, mas foi, e aí eu fiquei acompanhando e quando ele voltou e falou.
É uma coisa que… aí eu me sinto, eh…. eu sou dos anos 50 mas também sou dos anos 40, está entendendo? A turma de 30 também está aí no volume 2. A gente conheceu, foi em casa, eu e ele, né? Foi em casa, entrevistar ele, tá entendendo? Aí, como é? Porque eu descobri uma coisa maravilhosa. Eh… o Pedro II vai mudando uniforme, mudando algumas coisas, mas quando a gente ouve aquele discurso de quem estudou em 1930 e a gente teve a Felicidade de encontrar ainda eles aqui.
Agora, nenhum deles está mais, mas da década de 40 estão. E o pessoal que sai, você reconhece sentimentos que você viveu com uma outra linguagem, sabe? Então, eh… eh…. eu me sinto expandida.
Eu não sou só… Eh, total. Você reconhece isso. É muito bom.
Entrevistadora 1
Miriam, eh… Você… quer dizer, participou e também organizou, né, a publicação de 4 volumes
Entrevistada 1 – Miriam
Sim, sim.
Entrevistadora 1
Como que surgiu essa ideia? Vamos escrever, vamos registrar…
Entrevistada 1 – Miriam
Eh… eh. Essa ideia surgiu no… no… eu me lembro da primeira conversa… o coisa foi no… nesses almoço do Pedro II, no Engenho Novo, que aí tava com essas amigas do… do ginásio e a gente lembrando e rindo tudo de novo, né, caso….
Entrevistadora 1
O almoço de… pelo aniversário do colégio?
Entrevistada 1 – Miriam
Era no final de… de dezembro, é!
Aí e aí, eu… Eu sempre tive, agora tá meio baqueado, uma memória excelente. Então eu lembrava de… de… de coisas que elas não lembravam mais. Aí ia formando aqueles mosaico, ia formando… Aí lembrava… aí ela dizia assim: “Ah, Mirinha, você gosta tanto de escrever e por que você não bota no papel isso?” Aí aquilo foram cobrando, cobrando, cobrando.
Aí até que eu resolvi, num almoço seguinte, eu comecei a escrever em casa, imprimir aquilo, e tinha um tapume lá.
Eu fui, botei, estava em ordem cronológica, botei, mas eu botei por assuntos, então eu botei os colegas, os professores, os grupos que se formavam que eu conhecia não só da minha turma, mas de outras turmas, né? E… e também a coisa da… politicamente, porque tinha as coisas que a gente participava em 61 foi muita passeata.
Ah, bom, a gente entrou, eh… na, em 1956 que teve o que a gente chama a greve dos bondes não é? Então já já entrou assim, na… na participação política, né. Então eu já me senti… e eu era muito miúda, né, eu falei. E tinha as aulas de trabalhos manuais e tinha aquela serrinha, né? Aí eu ia com serrinha e diziam assim, eu ouvia na rua: “Está levando a serra para serrar os bondes”, tá entendendo? E o Pedro II já tá contratando criança para…. [risos]
Eu, isso assim, que era um pingo de gente, e… então, eh…. que começou a… eu fui, botei por assuntos assim, né? E botei lá, pendu… colei lá, né, nos tapumes ali que tinha. E aí começou todo mundo a ver, não sei o quê, aí eles vão… vão lembrando outras coisas e aí isso começamos a surgir. A ideia de fazer porque… eu não queria fazer um livro que fosse com as minhas lembranças.
Até porque a minha lembrança era exclusivamente feminina e exclusivamente de um determinado tempo. Eu queria isso maior. Eu pensei de dar, de ir de… até 60 e diz… foi de 56 a 63. Eu queria ir até 68, mais ou menos.
E mais, e queria ampliar. Queria os meninos entrando também, não é? E aí foi conseguindo, foi vindo coisa, mas foi mais a nossa, o nosso período. Alguém um pouquinho antes, mas não foi além de 63, não, foi ali mesmo, não é? Nesse volume um foi só ali, então… aí a gente foi montando, aí eu já estava morando no Espírito Santo, naquela época não tinha internet por lá, não tinha.
Eu morava num lugar que é 60 casas e 300 pessoas e que não tinha correio e que a correspondência ia para uma vendinha.
Então, foi assim, os primeiros chegava correspondência lá sem que os textos dele, do Baker, de outros que chegam, mandavam pelo correio que chegava na vendinha, quer dizer, não era uma coisa fácil para fazer isso.
Não é? Então, eh… Foi devagarinho, foi, levou… acho que alguns anos para a gente conseguir, a gente publicou em 2002, mas foi em 94, 95 e começou a essa ideia surgir. Então fomos juntando, e… e falando nos almoços. Aí foi então a gente resolveu… Mas aí veio o texto maravilhoso do Ovídio.
Aquilo foi… e me doeu o coração, porque eu já tinha decidido não fazer cronologicamente como passou a ser no volume 2. Eu queria por… por áreas, não é?
E aí eu… Eu esfacelei o… tema… o texto do… do Ovídio, adaptando aos que ali ele falava tudo o que estava ali dentro das coisas. Mas esfacelei, deixei para não… não prejudicar muito e deixei na… no começo que era o antes e…. e foi assim que surgiu.
E quando a gente imprimiu o primeiro…
Entrevistadora 1
As pessoas enviavam também fotos? O livro é recheado de fotos.
Entrevistada 1 – Miriam
Sim, fotos. Enviavam fotos, então a gente conse… começou a escanear. Tinha um amigo que escaneava, que tinha um computador aqui no Rio. Porque o livro começou a ser bolado em 90 e poucos. E foi publicado em 2002. Aí, nesse meio tempo já tinha outras condições, né? E quem estava no Rio fez. Então, escaneava as fotos e.. e a gente… ia colocando e…e….
Entrevistadora 1
E a ordem deixou de ser cronologicamente por conta das pessoas que…
Entrevistada 1 – Miriam
Não… no… não, no número 2, deixou de ser. Foi cronológico, mas no número 1, ainda eu… eu…, eu recebia o texto da pessoa e via: “Ah, ela aqui que está falando do Grêmio, então vai na no setor do Grêmio. Isso aqui está falando da turma da padaria, então vai nos grupos”, tá entendendo?
Eu ia botando assim. E tinha uns que eram umas coisinhas pequenas. Aí eu fazia uma linkada, pra… pra dar uma sequência no que estava sendo falado, né?
Entrevistadora 1
O que que a publicação desses livros representou pra você, enquanto estudante do Pedro II, enquanto mulher escritora, né, organizadora de tudo isso?
Entrevistada 1 – Miriam
[Suspiros] Olha, eu acho até que a descoberta, mais… que a gente quando ouve as histórias que outros viveram, eh… junto com a gente ou não… a gente vai se… ver um… um… tema contado com outro olhar e a gente vai se percebendo melhor nesse mosaico todo, né? E… e… pra mim foi uma coisa incrível, me ampliou, né? Eu acho que me ampliou e eu, e..e não só não só comigo, porque teve….
(40min23) Tem dois, dois, duas figuras masculinas, uma que estudou, eh, da década de 40, e a outra da década de 50 e 60, que deram, mesmo depois me vieram procurar, disseram assim: “ah eu achava que…”, um, o da década de 40, estudou na sede e outro estudou no internato. Ele disse assim: “Ah, eu achava que o internato era perfeito”. E eu como menina, morria de inveja, que eu imaginava aquela tropa toda no internato, dormindo. Ficando o dia todo, né? Morria de inveja. Mas não tinha como. Então assim….
Entrevistadora 1
Família, né?
Entrevistada 1 – Miriam
Família! Exatamente. Exatamente, exatamente.
Aí, eu tinha uma visão daquilo, porque éramos em casa 5 meninas, então num quarto só, aí a gente ficava conversando até…
Então, eles não imagina que fulano e beltrano… Mas aí, eh…, ele disse assim: “Eu achava que o internato era a coisa mais perfeita do Pedro II, mas quando eu li o volume um…” que depois ele escreveu, acho que no 3, “quando eu li o volume um, eu fiquei encantado, mas aquelas meninas eram maravilhosas, aquelas meninas…”
E o outro, que é mais velho que a gente, que é desembargador e tudo, que é esse que mora em Petrópolis, ele disse assim:
“Eu comecei, fui lendo o volume…”, ele escreveu no volume 2, é o Rômulo, “…assim eu fui. Eu comecei a ler o volume um depois e fiquei encantado porque eu estava… às vezes eu ria, às vezes os olhos umedeciam, às vezes assim: ‘que que tá acontecendo comigo’, se eu, se eu já conhecia tudo”,
Aí ele disse assim: “não, eu estou vendo pelos olhos femininos.”
Então assim, assim como ampliou para mim, né, de, de outras pessoas de outras épocas. Então, a visão do colégio e a minha própria visão também… É como agora eu, eu vejo: “Ah, morro de inveja, confesso, do pessoal que entrou no Pedrinho e putz grila! Se eu tivesse entrado com 6 anos”, tá entendendo?
Não entrou, eu digo: “não, eu repeti um ano e graças a Deus, né”? Porque fiquei mais 1 ano no Pedro II, né? Mas eh…, eu digo assim, pô, entrar assim, né?
Amplia e eu me sinto quando eles falam que… que entrou em uniforme, não sei o quê. Eu me sinto também sabendo o que é aquela experiência e amplia a gente, amplia a gente.
Entrevistadora1
Mirian, você teve a oportunidade de receber relatos de diferentes décadas do Pedro II, né?
Entrevistada 1 – Miriam
Sim, sim.
Entrevistadora1
Que modificações que chamaram mais a atenção no colégio? Em qualquer aspecto, que você tem observado, assim… Uma grande modificação ou várias.
Entrevistada 1 – Miriam
Olha, no aluno, não. Eu vejo o aluno do Pedro II como um só mesmo. Mas eu acho que… o que me vem é a parte do registro, que nós tínhamos poucas fotos, poucos fotos. Naquela época fotografar era uma coisa difícil.
Não tínhamos máquina, nem nada, né? Adolescentes. E agora que eu senti isso com, foi o que foi mais flagrante para mim. Com esse Everton Taveira, quando a gente pede fotos, tem fotos, aí nós, antigo vai procurando, “pera aí, e não sei o que, onde é que está, está ruim, está rasgada, ou está desbotado”
Ele veio com tanta foto, de dentro de sala, das coisas ali acontecendo, o professor. Quer dizer, eu me lembro que tinha um caso nosso, que o professor eh…, deu a aula, isso em 1960, foi dos meninos, que tem essa foto em algum livro, e deu aula em círculo, botou a cade…, professor Cantão, de Geografia, deu, botou a as mesas em círculo, que isso aí foi um avanço, né? Foi um avanço. E… e tem o registro e um aluno tinha um aluno, tinha um registro disso.
E agora isso, eles têm 1000 registros. Está entendendo? Então eu acho que fica muito mais, eh…
É muito mais palpável tudo o que é contado em palavras, isso eu senti. No… no perfil do aluno, não, não senti muita diferença, não.
E não acredito que eu tenho uma visão romantizada da coisa. Não acredito não, que eu sou uma pessoa bem crítica, sabe? Não acredito que eu tenha, não. E tem mais, eh… talvez mais liberdade de expor as coisas com os professores. Isso é positivo.
Mas é isso, mas eu acho que é uma…
Entrevistadora 1
Mirian, tem algum relato curioso, pensado desses volumes que você organizou, que você pudesse contar para a gente ou até alguma coisa que tivesse acontecido de curiosa com você no colégio que tenha ficado na sua memória afetiva, ou engraçado, uma situação engraçada, ou até mesmo triste, que você gostaria de contar?
Entrevistada 1 – Miriam
Sim, tem algumas sim, mas deixou eu antes esclarecer.
A ideia do volume um foi minha e o Paulo Rubem foi o braço direito e esquerdo, tá entendendo? Porque ele que tinha os contatos e começou a ajudar nisso, de arregimentar as pessoas.
A partir do volume 2, nós tivemos, entrou também o Fernando Quintela. Então foi, não, não, não foi bom dizer assim, foi uma…
Passou a ter organizadores, então não… O livro não é meu, eu vou… eu digo que apenas a ideia do primeiro foi meu.
E por uma, eu quero registrar isso, porque por uma questão também de justiça.
E vou dizer, acho que ele nem sabe ainda disso.
Eu, aqui no volume um, talvez eu devesse ter colocado não só o meu nome, devia ter colocado junto o do Paulo Rubem
Mas eu vou confessar o porquê que eu não fiz isso.
Eh… o Paulo Rubem gosta de brincar. Assim: “Ah, estou tendo essa ideia…”, “sou contra”. “Não sei que, não sei que”, “sou contra”, já encarna em mim, né?
E eu… eh…. Nesse… Não, eu estou falando porque vocês podem cortar o que quiserem, né. Então…
Nessa época, eu tinha… Deixa eu ver aqui se saiu aqui realmente saiu, tá?
Eu tinha sabido do aluno Cléber que tinha sido uma das vítimas da ditadura, não é? Ele era da nossa turma. Não da turma do… mas formou com a gente.
E a morte dele foi muito terrível, muito terrível.
Ele era do…. tava lá no Araguaia. E foi o primeiro relato que eu soube de colégio, de ex-aluno.
Eu estava muito impactada com aquilo e um dos motivos que eu não, não coloquei nem coloquei nunca, porque eu sabia que se eu quisesse colocar, a dedicar também ao Cléber, o meu querido Paulo Rubem ia: “Ah, Miriam, não vamos misturar as coisas, e porque não sei o que, não sei o que”, e eu queria.
E o pior… aí aconteceu o pior. É que quando eu botei, eu estava impactada, eu tinha lido sobre a morte dele, tinha conversado com quem estava…
Bom… aí eu botei, a gente dedicou, eh… aos… aos… a… às memórias do….
Ah, professor, o diretor Renato Azevedo. Sim, foi um dos que… um dos professores de história, que eu adorava história, adorava história.
E, e… foi um dos professores que… e também, eh…
Foi dedicada a ele e dedicado aos pais, que… que possibilitaram que a gente entrasse para o colégio, e tiveram aquela visão, e a e a terceira, à memória do Cléber, mas que eu botei assim: “À memória do… do estudante Cléber”, e…
Agora me foge, o..o… Está terrível para mim, mas foge o nome dele todo e não quero olhar ali.
Eh… assassinado pela ditadura militar.
Hoje, depois eu vejo que… Mas eu estava no impacto daquilo. Há muitas formas da gente dizer a mesma coisa.
E, ao longo dos anos que eu fui cuidando, daí a gente foi lidando e eu comecei a me interessar por isso. Eu descobri o nome dos outros.
Só ao todo 8 que morreram.
Consequência da ditadura e alguns a morte muito difícil, muito terrível, muito terrível.
E aí, eu tive, eh… uma outra forma de dizer isso, que eu consegui consertar, agora, nesse volume um.
Eu botei o nome deles.
As memórias de… aí cito todos. Assim, ex-alunos do colégio Pedro II, Rio de Janeiro, pelas vidas precocemente interrompidas nas décadas de 60 e 70.
Ficou mais humano, mais elegante, mais palatável para quem tem uma visão diferente, né? Que não adianta você bater de frente, mas eu estava ali no impacto daquilo, sabe?
De descobrir que eu sabia, eu acompanhei, porque depois na UERJ, eu tive, participei de diretório, essas coisas todas, mas….
Ali, eu. Eu… E depois eu vi que eu não podia ser desse fome…. descobrir os outros também.
E eu fiquei com medo realmente do Paulo Rubem me brecar, sabe.
A cara dele, está sabendo disso agora, em primeira mão. [risos]
Porque eu sempre fiquei incomodada com aquilo, porque o justo teria sido botar organizadores, Mirian e…. mas eu eu quis ter a total liberdade para aquele impacto emocional que eu estava vivendo, sabe, e….
E é isso. Bom… E você perguntou de… de momentos, não é?
Entrevistadora 1
De um fato curioso, engraçado. Você acabou de falar de um triste, né?
Entrevistada 1 – Miriam
É, de um triste. Eh… eh…, tinha um. Teve uma coisa, eu falei agora de história aí que eu era… minha matéria. Eu era a fera em história, no ginásio.
E teve um…. No segundo ano a gente tinha história da América. A história era muito mais bem dada. Assim, porque….
Você não… é a história do Brasil, tinha história da América, e para mim aquilo foi fundamental, e história, eh… geral, né?
Aí o professor de história da América, ele era muito alto, muito tímido, qualquer coisa ele ficava vermelho.
E… e….a, turma de meninas, elas eram cruéis. E eu não posso falar nada porque eu fazia parte, né?
Eram cruéis. E ele, e ele era meio barrigudo, assim, assim.
Iam de terno.
Aí, às vezes a pessoa, eh…combinava de… de….
Para começar, todo mundo a rir de nada. Isso era fácil para a gente. Adolescente quando começa a rir, né? Então eles começavam a rir, outro rir, eu rir, aí ele ficava… passando a mão na testa, saber se tinha giz. Foi uma vez, ele olhou discretamente pra braguilha, pra ver se tava… [risos]. Se a braguilha tava aberta [risos]
Não tava mais aí.
Aí tinha a Marisa, que também era muito tímida. E tinha o…o… alguma coisa das tribos americanas, de…, povos indígenas.
E… e tinha os iroqueses, iroqueses
Se eu não estou falando, até… mas tinha sim. Aí alguém botou no caderno dela um p antes.
Ela Foi levantar para falar aí ela ficou…. “i…i…”
E não conseguia falar “iroqueses” [risos]
O professor… a gente não sabia quem ficou mais vermelho, se foi o professor ou se foi ela.
E a gente caiu na gargalhada.
E… e foi uma tragédia que eu até tenho muita pena. Eu adorava. Eu ficava quietinha, porque eu adorava história e eu tinha muita… ah, solidária com ele. Tinha muita pena porque ele penou muito e era uma matéria importantíssima, sabe? Nem sei se essa história você pode botar aí, mas fica para vocês, sabem.
Entrevistadora 1
Mirian, conta pra gente a história da menina que você…. Se morria, se não morria
Entrevistada 1 – Miriam
Ah, sim!
Alice, Alice Dutra. Ela era assim, eh….. Interessante, porque o colégio, eh, o colégio foi muito para a vida dela também, sabe? Ela hoje está com o filho lá em… Rio das Ostras e ela namorava um menino do Grêmio. E ela também era de uma família que reprimia muito, mas também eles eram muito politizados, então achava que para ficar no Grêmio, podia participar das coisas. Não sei quê, não sei quê. E ela então, ela estava. Ela estava ensaiando para a quadrilha e estava… para Festa Junina. Estava muito sol naquele dia e estava ensaiando, ensaiando lá e ela disse que teve um…um…. uma vertigem. Uma coisa, né?
Aí ela foi assim, caindo devagarinho, foram amparando.
“Corre, corre, corre, ajuda a Alice, ajuda a Alice.”
E ela caiu, assim, na quadra, do lado de fora, né. Aí aquele tumulto de gente, e ela assim: “Ah… se eu morrer hoje eu estou morrendo feliz, porque eu morro dentro do Pedro II. [risos]
Eh… Isso que é amor, é.
Com 17 anos, ficar feliz porque está morrendo no Pedro II, né, no colégio, né.
Entrevistadora 1
Mirian, você gostaria de dizer mais alguma coisa, de falar sobre mais algum assunto que a gente pudesse abordar?
Entrevistada 1 – Miriam
Olha, a gente tem um… um… um desejo, né? O Paulo Rubem fala muito no…no… volume 10, volume 10. O volume 5 está há anos e a gente não consegue desempatar a coisa, eh… É terrível, mas era uma coisa que a gente gostaria, porque olha só… o…o… no volume 2, o Antônio Lopes, que era da presidência do… da associação, né? De ex-alunos, ele tinha um ganhado um… um… do próprio Mário Lago, um texto.
Mário Lago falando sobre ele no colégio Pedro II, e aí a família autorizou. O Lopes passou pra gente original e a gente publicou. Então, o relato mais antigo que a gente tem é dos anos 20. Inclusive ele falou de 1923.
Não sei se foi a respeito de que entraram as primeiras meninas, se foi em 23, não sei, mas ele falou 1923. Então, ano que vem a gente completa 100 anos de relatos. Isso devia ficar registrado.
Qual é, quer dizer, é a história de um colégio contada, a história de um momento, eh… da sociedade, 100 anos da história de uma sociedade contada por jovens sobre a… a parte de sua visão de estudantes.
Qual é o colégio no mundo que tem 100 anos de sua história contada por esses alunos? Ninguém.
O sonho nosso, é isso que eu queria que ficasse, o sonho nosso, a gente já tentou fazer, fazer uma vaquinha até entre nós, mas… porque acaba…. e cresceu muito, né?
É tem quantos hoje, acho que 8, né? 8, mas mais ainda porque tem, tem Pedrinho, tem não sei o quê. Embora livro não é para o Pedrinho, não é? Esse é mais pro…
Pro fundamental/médio, ensino médio, né.
Então, eh… o que a gente queria, era um desejo muito grande de… de que todos os bibliotecas do colégio tivessem ao menos, vamos dizer assim, uns três de cada ano, de cada volume. Uns três de cada volume. Porque…
Ah! E faltou dizer, talvez a coisa mais importante, porque também que eu resolvi escrever o… fazer o…. essa ideia.
1960, a gente estava tendo aula, aí veio o professor… Melo de Souza, Melo de Souza. eu não sei se era o… é o que era professor de história, porque um era de história, outro de matemática, não é? João Batista Melo de Souza e acho que a Júlio César…
Gente, deem conta que eu tenho 78 anos já, já, como é que é? Já tive um AVC, então, eh… realmente as coisas eh… falham…
Mas ele entrou na sala e ele correu todas as salas lá no Engenho Novo e perguntava assim: pediu licença ao professor, e disse assim:
“Quem teve a nota mais alta de português?”
“Ah, foi o fulano”.
Aí ele dava o livro… eh… Estudantes do Meu Tempo, que ele falou, deve ter por aí. Eu comprei isso no sebo, depois. Eh… ele falou de 1000, ele era do internato em 1000, na década de 20, na década de 20.
E… eu não tive. Não, não era de ter melhor nota, só em história uma época eu tive, mas não era.
Mas foi a Marisa, essa minha amiga que somos depois… comadre, madrinha da minha filha, que teve a maior nota. Então nós lemos o livro e eu fiquei, aí é que eu digo também que, que… que a gente se expande. Eu me vi, eh… personificada ali numa história que era contada por um aluno, eh… do internato, na década de 20, né?
Quer dizer, quando ele contou minha mãe nem era nascida, então, eh… eu vi como o aluno do Pedro II, ele não, não é, não pode ser colocado dentro da sua visão daquela década. Não! Ele é mais que isso.
E… e aquilo para mim, eu achava que o meu amor pelo colégio era… era alguma coisa que não tinha mais como crescer, sabe? Eu achava que ali, eu ali, naquele uniforme, naquela com… cercada por aqueles amigos e os colegas e os professores, tudo, aquela paisagem ali do Engenho Novo também, eh… Eu achava que aquilo, eh… já era o máximo. Era impossível de ser maior e eu vi que quando eu li aquilo, eu vi que eu… eu recuei para uma época… E eu fui aquilo, está entendendo? Então eu digo assim, isso, aquele livro assim, não é possível. Ele fez meu amor pelo colégio crescer.
Aí, quando começaram a dizer: “Você gosta de ver, porque não escreve? Por que não escreve?”, eu digo: “Eu vou”. Eu vou inspirada lá pelo estudante do meu tempo, porque eu acho que a gente pode crescer. Eh… o amor pelo colégio, pode crescer na medida que você conhece as histórias, não é?
Então, eh… foi uma das coisas que, que aí eu que… eu acho que é importante, que o colégio tivesse nas suas bibliotecas, que os professores pudessem… de história, de português, pudessem trabalhar isso, porque… A… a gente é individual, mas a gente é coletivo e quando a gente se permite ser coletivo, você se refina, você se… é mais feliz você…. Melhora em tudo.
Se Humaniza. Se humaniza.
Então é por isso que… nós todos queríamos. Já pensei até fazer… numa campanha pela internet. Que faz vaquinha, né. Para comprar… uma vez a gente pensou isso… Isso é publicado com muito sacrifício, muito sacrifício, muito, muito, muito, muito. E….
Aqui, essa foto é da nossa, da missa de formatura. Estamos todos, todos nós aqui no.. aquele grupo lá do… do Grêmio que estão nas histórias aí.
Eh… na primeira versão, tinha colocado na capa só esse. Aí quando ampliou com os outras coisas, foi a ideia do Paulo Rubem botar uma foto da… do pessoal da sede, não é?
Por isso que eu digo, eu tenho que registrar aqui, que eu devia botar aqui o nome dele também.
Mas a… a… a… minha visão política.
É, não me permitiu abrir mão.
Mas ele merece, ele sabe disso, ele sabe disso.
É isso.
[inaudível]
Temos uma falha que a gente não conseguiu até hoje, mas que eu fico aflita porque a gente está lidando com o quinto, não é? Aí a gente, temos a nossa idade que temos, eu não sei o que vai acontecer mais adiante.
Que é não ter ninguém de Realengo, Niterói e Caxias.
Entrevistadora 1
Dos campi mais recentes?
Entrevistada 1 – Miriam
Dos campi mais recentes.
Oh, em algum encontro, alguma coisa que houve Pena de Ouro, alguma coisa que eu vim aqui.
É… então.
Eu me lembro que eu notei e-mail ou telefone, mas em evento assim, papelzinho não dá certo. Não dá certo. Então eu tive alguns contatos e perdi, mas está sendo a grande falha. É uma falha feia.
A falha feia para nós, tá?
Mas é isso aí.
É o que pode acontecer.
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