IDENTIFICAÇÃO
Meu nome é Edmilson Gomes de Souza. Nasci aqui mesmo em Duque de Caxias, em 5 de outubro de 1960.
INGRESSO NA PETROBRAS
A minha história, como a de muitos outros tem alguma coisa de interesse porque nasci aqui. Sou uma raridade em relação a pessoas que trabalham aqui como empregados, porque muito se reclama que a comunidade não consegue emprego, mas sabe que tem a questão da qualificação. Sou nascido, criado, moro, estudei, trabalho em Duque de Caxias, uma espécie de raridade. Em 1981 estava me desligando de uma empresa, e morando aqui do lado, tendo convívio com a refinaria, falei: “Mas como é que faço pra entrar ali?” Perguntei a mim mesmo. Vindo do centro comercial de Duque de Caxias para cá, “Ah, não vou pra cá não, vou descer aqui e saber como é que faço pra entrar ali” Tinha um escritório aqui na frente, conversei com um colega, havia concurso para auxiliar de escritório, coisa que hoje a gente já não vê mais, ia fazer ainda 21 anos. Fiz a pré-inscrição. Em 1985, no iniciozinho do ano, estava viajando pela Golden Cross, e chegou em casa um aviso, “Ué, será que é pra eu ser empregado da Petrobras?” Pensei comigo. Mas não era, era para confirmar a inscrição no concurso. Vim aqui, por volta de maio, de 1985, quatro anos depois que fiz a pré-inscrição, e fui chamado para um concurso. Mas sendo muito sincero, não acreditava no concurso, achava que tudo era xavecada, desculpa a expressão, mas é isso. Porque não muito tempo antes, tinha feito uma prova, passei em várias provas para a antiga Rede Ferroviária Federal, tinha um tio que falava: “Você tem que conseguir um político, alguém pra te ajudar a botar lá” “Pô, mas eu tô fazendo as provas” Mas não adiantou, realmente no final, depois de tudo, alguém chegou no meu ombro: “Ó, você não passou não”. Aquilo me deixou traumatizado, achei que aqui ia ser a mesma coisa. Estudei, terminei passando e fiquei no cadastro de reserva;...
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Meu nome é Edmilson Gomes de Souza. Nasci aqui mesmo em Duque de Caxias, em 5 de outubro de 1960.
INGRESSO NA PETROBRAS
A minha história, como a de muitos outros tem alguma coisa de interesse porque nasci aqui. Sou uma raridade em relação a pessoas que trabalham aqui como empregados, porque muito se reclama que a comunidade não consegue emprego, mas sabe que tem a questão da qualificação. Sou nascido, criado, moro, estudei, trabalho em Duque de Caxias, uma espécie de raridade. Em 1981 estava me desligando de uma empresa, e morando aqui do lado, tendo convívio com a refinaria, falei: “Mas como é que faço pra entrar ali?” Perguntei a mim mesmo. Vindo do centro comercial de Duque de Caxias para cá, “Ah, não vou pra cá não, vou descer aqui e saber como é que faço pra entrar ali” Tinha um escritório aqui na frente, conversei com um colega, havia concurso para auxiliar de escritório, coisa que hoje a gente já não vê mais, ia fazer ainda 21 anos. Fiz a pré-inscrição. Em 1985, no iniciozinho do ano, estava viajando pela Golden Cross, e chegou em casa um aviso, “Ué, será que é pra eu ser empregado da Petrobras?” Pensei comigo. Mas não era, era para confirmar a inscrição no concurso. Vim aqui, por volta de maio, de 1985, quatro anos depois que fiz a pré-inscrição, e fui chamado para um concurso. Mas sendo muito sincero, não acreditava no concurso, achava que tudo era xavecada, desculpa a expressão, mas é isso. Porque não muito tempo antes, tinha feito uma prova, passei em várias provas para a antiga Rede Ferroviária Federal, tinha um tio que falava: “Você tem que conseguir um político, alguém pra te ajudar a botar lá” “Pô, mas eu tô fazendo as provas” Mas não adiantou, realmente no final, depois de tudo, alguém chegou no meu ombro: “Ó, você não passou não”. Aquilo me deixou traumatizado, achei que aqui ia ser a mesma coisa. Estudei, terminei passando e fiquei no cadastro de reserva; depois fui chamado pra trabalhar em Botafogo, neguei: “Ah, não vou trabalhar aqui não, é muito longe”. Quando voltei para a Golden Cross, os colegas quase me bateram: “Você é maluco? Onde já se viu isso? Você falar que ainda quer trabalhar na Petrobras se você passou no concurso” Terminei entrando pela sede, em primeiro de agosto de 1986, pelo antigo Departamento Comercial, Decom, que hoje faz parte do Abastecimento da Petrobras, da downstream. Fiquei lá quatro anos e pouco.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Quando estava para ser promovido, a carreira era auxiliar de escritório, ajudante administrativo e assistente administrativo, estava na bica para ser promovido à ajudante administrativo havia um concurso interno para Auditoria. Passei Fui para Auditoria e abri vaga para outra pessoa no Decom. Lá comecei a viajar pelo país afora, mas não pude ficar muito tempo porque aconteceu uma tragédia na minha vida, perdi uma filha em um acidente de carro, foi uma confusão total. Depois vim parar aqui na Reduc [Refinaria Duque de Caxias] que era mais perto de casa. Fiquei na Auditoria quatro para cinco anos, e estou na Reduc há 13.
Depois que aconteceu essa tragédia, não pude mais viajar, vim para a Reduc. De auditor, vim ser auditado. Falo que sou bom, porque sou auditor auditado, estou ferrado (risos)
PETROBRAS / AUDITORIA
Viajava na Auditoria Tributária. Vamos supor, ia para a Replan [Refinaria do Planalto Paulista], para a Reman [Refinaria de Manaus], ou para a Bahia na Relam [Refinaria Landulpho Alves], levantava os processos tributários e via o que estava de acordo com as normas da legislação no ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços], por exemplo, no IPI [Imposto Sobre Produtos Industrializados], e também via o que a Petrobras determinava como se devia proceder. Está dentro da norma está OK, não dentro da norma ia para um relatório que depois ia ser trabalhado, a gerência tinha que fazer um plano de ação.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
No Decom entrei como auxiliar de escritório, arquivava documentos. Não tinha informática como hoje, usava datilografia, depois chegaram alguns programas brasileiros que não tinha o mercado aberto para a informática, comecei a usar um tal de Carta Certa. Hoje a gente fala com a juventude, eles nem sabem o que é o Carta Certa, que era editor de texto, tinha um Samba que era planilha. Mas quando tinha cinco anos que estava no Decom, passei para esse concurso de Auditoria. Cheguei na Auditoria em outubro de 1991; 92, 93 e 94 eu viajei. Em janeiro de 95, quando estava de férias, houve o acidente que perdi a filha, naquele ano já não viajei mais, fiquei no Rio trabalhando. Em março de 1996 que vim para a Reduc.
CHEGADA NA REDUC
Pedi para vir para a Reduc. Sempre fui apoiado nos momentos de crise. Na época da auditoria interna, não tinha espaço para ficar interno: “Edmilson, vê o que você escolhe, se consegue viajar de novo ou quer ir pra outro lugar?” Tinha convite para vir, optei por vir pra Reduc que ficava mais perto de casa, estava com a cabeça muito doída, morando na Baixada indo para o Centro, muito engarrafamento, muita coisa, aquilo na minha mente. Vim para cá, trabalhei, dei o sangue aqui de tanto trabalhar, ajudou a me distrair, tirar aquelas coisas ruins da mente. Fui me fincando aqui.
REDUC / AUDITORIA
Na Reduc, na época, tinha o setor de contabilidade. Vim fazer o inverso: fazia auditoria e vinha ajudar a levantar pontos que ainda estavam pendentes para resolver junto a auditoria. Inverti meu lado: de alguém que vem fiscalizar, passei a ser fiscalizado.
Na Auditoria vinha aqui e fiscalizava pontos. Vim na Reduc, ajudei a levantar algum ponto tributário. Quando vim pra cá tinha ponto que ainda estava pendente; até ponto que ajudei a levantar, agora você ajuda a resolver. Vim ajudar a resolver, fomos, eliminamos muitos pontos de Auditoria. Hoje minha vida é praticamente receber auditor. Sou um auditor auditado, estou ferrado Em vez de ser auditor, só recebo auditoria. Algumas são muito sérias, por exemplo, tem seis anos que venho atendendo o Tribunal de Contas da União, essa é a mais importante, e também a mais complicada pelo peso que tem. Os auditores do Tribunal de Contas da União têm um peso muito forte, tem muito poder nas mãos e representam o país, são o braço do Congresso Nacional; para ter ideia da importância, tudo que eles pedem, escrevem para o presidente da Petrobras; ou então quando vão pedir alguma coisa para a gente resolver eles vem aqui na Reduc: “Quero isso, quero aquilo” Mas na hora de fazer o ofício, eles não vem: “Edmilson, quero isso” ou “Dr. Fulano, quero isso”, eles escrevem para o presidente da empresa. A gente recebe aqui, mas na verdade quem está sendo demandado é o presidente Gabrielli ou qualquer outro presidente que esteja na posição. É um trabalho realmente muito importante, tem um cunho político muito forte, temos que fazer o melhor para atendê-los porque eles têm essa prerrogativa de auditar, fiscalizar.
Por que a gente é muito auditado? Porque a gente tem muita obra, e o orçamento maior da União, se formos ver o orçamento de investimento, a maior parte, quase 100% é Petrobras, por isso a Petrobras é auditada. O TCU [Tribunal de Contas da União] onde tem dinheiro da União, ele vem fiscalizar. Comecei em 2003, 2004 a atender o TCU, todo ano quando vem eu atendo. Esse ano por enquanto não veio, porque outras refinarias estão com o investimento maior. “Pô, beleza, esse ano estou com folga”. Mas ainda “corremos o risco” porque tem uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] e pode ser que o TCU venha para alguma coisa, talvez eu seja convidado de novo a ajudar nesse trabalho. Mas o trabalho em si do TCU eu mesmo não tenho as respostas. O que faço na Petrobras chama-se interlocutor, estou no que chamam “recheio do sanduíche”, de um lado está a banda do pão que é o TCU, a outra banda os gerentes que vão responder, estou no meio: “Vem cá, você não respondeu ainda” “Está atrasado, vamos responder, o que tá acontecendo?” faço esse meio de campo para o TCU ser bem atendido. Embora seja muito estafante, me sinto feliz porque o resultado tem sido bom. Às vezes o TCU reclama que a gente não atendeu bem, mas aqui na Reduc nós não temos tido problema nesses anos. A gente contribui de alguma forma para aprimorar isso no abastecimento como um todo.
Estive em Brasília para um treinamento, mas já teve colega aqui que precisou ir para ajudar na resposta. Graças a Deus, não tenho viajado, não gosto muito de viajar. Viajei na auditoria, mas foi uma necessidade. Nem tenho fobia de avião, não é isso, mas não sou muito chegado, sou meio “caracosta” se pudesse ter a casa nas costas seria ótimo. Mas se tiver que viajar, viajo; estou sempre a disposição. Esse ano mesmo falei: “Se o TCU não for na Reduc, mas se precisar de ir ao Paraná, se precisar dar uma força pode contar comigo que eu tô na área”.
IMAGEM PETROBRAS
Soube de um tio que faleceu há pouco tempo, é um daqueles que dizem que na Reduc, quando os primeiros vieram aqui era um pântano. Ele é dessa turma dos primeiros que botaram o pé na lama. Mas não teve influência nenhuma. Foi essa situação mesmo, ficando desempregado de uma empresa falei: “Poxa, como é que faz para entrar ali? Ah, eu vou ter que ver isso aí” Calhou com a minha conta e ordem de vir aqui, terminei passando no concurso. Mas não teve influência de ninguém. Até porque o meu grande gosto na vida era trabalhar com trem, sou apaixonado por trem. Por isso a grande decepção de não ter passado na Rede Ferroviária, aliás, passar eu passei, mas teve alguma puxada de tapete. Foi ótimo ter entrado na Petrobras porque para a minha vida representa muito, o que tenho hoje de cultura, de conhecimento e até mesmo de rendimento, a Petrobras que me deu e me dá. Eu, sem falsa modéstia, posso dizer que visto a camisa mesmo. Costumo dizer: não sou craque, a Petrobras tem um time excelente, não é a toa que é uma empresa de vanguarda; nesse time da Petrobras não sou craque, mas sou aquele jogador que joga muito, jogo; caio; como grama; suporto; distribuo a bola; defendo; ataco. Jogo muito. Visto a camisa mesmo. Onde passei fiz família: no Decom fiz uma família; na Auditoria uma família; aqui na Reduc uma família. Me envolvo com todos os colegas, sou meio psicólogo informal. Me sinto muito feliz pelo trabalho que faço, as vezes é estressante, não resta dúvida, mas os resultados tem aparecido e fico muito feliz.
REDUC / OPERAÇÃO
Meu trabalho em si não envolve muito a operação, mas conheço. Conheço pelo tipo de trabalho que fiz e faço. Por exemplo, se for voltar a Auditoria Tributária, para conhecer tributo, conhece a legislação tributária, mas saber como aplica na prática tem que realmente conhecer a operação. Tem que conhecer onde entra o produto, onde sai, o que entra, como é composto, que máquina é essa, por que passa aqui, por que vai para lá, por que vai para esse tanque; conhece todos esses meandros para dar o entendimento tributário. Na Reduc, até por conta de receber auditorias, fui muitas vezes à área, conheço um pouco, tenho contato com pessoas, gerente e outros operacionais quando atende TCU, quando atende auditoria interna, em visita da CGU, que é o primo do TCU, Controladoria Geral da União. Conheço bem. A gente vai muito a palestra, toda vez que tem uma ocorrência anormal, um incidente, um acidente, isso é relatado, a gente termina conhecendo. Nesses 13 anos conheci bastante a área sem ser operador, e sem estar frequentemente na área, mas por necessidade de trabalho e por cultura geral mesmo.
REDUC / CARACTERÍSTICAS
A Reduc é espetacular numa coisa: talvez hoje se a gente for ver resultados e indicadores a Reduc não esteja bem posicionada em relação a outras refinarias da Petrobras, seja aqui dentro ou lá de fora. Mas a Reduc tem uma particularidade que ninguém no Brasil, no abastecimento, na diretoria, ninguém põem de lado: a Reduc é muito complexa, tanto é que a gente tem várias refinarias no Brasil, mas só a Reduc produz mais de 50 derivados de petróleo, as outras estão fazendo 15, 20 talvez; a Reduc, com certeza, produz em torno de 50 ou mais derivados de petróleo. O pessoal da área de pecuária diz que do boi não se perde nada, aqui na Reduc do petróleo não se perde nada. É uma refinaria muito complexa e bem localizada, a gente está perto do aeroporto internacional, perto de aeroporto urbano, perto de terminais que é o da Ilha D’Água, da Bahia de Guanabara, a gente está perto de rodovias grandes como a Via Dutra, a Rio-Petrópolis, perto do grande terminal que é o de Angra dos Reis. A Reduc tem essa coisa de produzir uma gama enorme de derivados, o que é bom para o país, contribui muito para o Brasil, contribui para esta comunidade aqui, e é muito bem localizada em termos de logística.
REDUC / COMUNIDADE
A Petrobras, a Reduc, não é nem uma locomotiva, a gente deve ser um foguete de Caxias. Somos disparados o grande fomentador de recursos para o município. A gente tem de longa data, por exemplo, um programa em que várias crianças da comunidade já passaram por aqui, aprenderam música e noções de cidadania. A gente tinha um programa que chamava PIT: Programa de Iniciação ao Trabalho, jovens que saíam do programa de criança, vinham para esse outro e ficavam aqui até fazer 18 anos. Muitos desses jovens, hoje, estão empregados aqui, fora os que talvez já tenham passado em concursos. A Reduc também em vários convênios termina ajudando a fazer contrapartidas com o município, com o Estado, contribui para a comunidade seja na ajuda para fazer um posto de saúde; para pavimentar uma estrada ou para tirar pessoas de situações de perigo. Representa muito a Reduc para o município. Se hoje chegasse alguém: “A Reduc vai ser fechada” Com certeza a comunidade, as autoridades municipais vão levantar bandeira, vão bloquear estrada: “Aqui ninguém passa” Porque ela representa muito aqui. Hoje por exemplo está tendo um boom imobiliário onde eu moro. Cheguei aqui pé no chão, calça rasgada, tem um boom imobiliário aqui danado, por causa dessas obras todas da Reduc, e outras partes da Petrobras que ficam aqui em Campos Elíseos. Fomentou demais o mercado de imóveis, estão caros: “Pô, preço de zona sul Isso é preço de Tijuca” O que falta muito aqui e as pessoas reclamam: “A gente tem que trazer pra cá a escola técnica, tem que trazer condições para as pessoas que estão aqui”. Hoje, os garotos que vejo, não tem nenhum para quem fazer uma carreira melhor que a minha seria o ideal. Eu fui pé no chão, vejo vários colegas da minha infância aqui, eu que moro aqui há 500 milhões de anos, olho para aqueles colegas desdentados, alcoolizados, mas nós estudamos na mesma escola, a escola que estudei está aí até hoje, Escola Estadual Minas Gerais, está encostadinha aqui, tem 40 anos. Tem colegas que estudaram, por que não foram a frente? Meu pai era pobre igual ao pai deles. Eu podia ter estudado mais, mas muitas vezes enquanto eles estavam na bola de gude, no futebol, eu estava dentro de casa, não sabia nem se tinha chovido ou feito sol, estudando. Mesmo não tendo estudado em escolas boas, de um jeito ou de outro Deus teve pena de mim e me deixou chegar aonde cheguei. Os meninos de hoje tem muito mais condições de ir para frente. Seria bom se nós pudéssemos trazer para o nosso município escolas técnicas que pudessem qualificar a mão de obra local. Nisso a Petrobras tem ajudado, recentemente fez aqui uma instituição chamada Cidade da Solda, se não me engano, já tem algumas no Brasil. Solda é uma atividade muito importante nessa indústria, imagina um tubo vazar na solda, o perigo que são as válvulas. A Petrobras acabou de fazer mais uma dessas unidades, a Reduc participou nisso, está aqui a Cidade da Solda para fazer com que pessoas jovens aprendam a ser bons soldadores, e depois possam trabalhar nessas empresas, empreiteiras, ou quem sabe amanhã ou depois passar em um concurso para a própria Petrobras. Voltando àquela coisa da importância da Reduc e da Petrobras aqui, diria que de 100% do município a Petrobras representa 80%.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Aqui está meio cameleão. Logo de início ajudei muito a levantar vários pontos de auditoria que estavam pendentes: “Você vem da Auditoria, agora ajuda a levantar e a resolver”. Realmente resolvemos bastante, eliminamos o follow up. Vamos seguir o que está pendente. A gente eliminou bastante desse atraso, participei de algumas auditorias aqui de dentro da Reduc a pedido da Superintendente Geral. A gente ajudou a levantar alguns problemas e a solucionar outros. Com um ano e pouco que estava na Reduc houve uma grande mudança na administração, na forma da Petrobras enxergar certos trabalhos que eram feitos na Reduc, trabalhos administrativos. Cheguei aqui em março de 1996, em novembro de 1997 a decisão administrativa fez o seguinte: “Trabalho de contabilidade, de apuração de tributos, admissão e demissão de pessoal, vai todo pra sede”. Isso foi chamado de concentração administrativa das atividades. A ideia era que a Reduc e outros órgãos da Petrobras pudessem focar mais os assuntos operacionais. Isso ia quebrar a minha ideia, vim pra Reduc para ficar perto de casa, falei: “Vou voltar, volto para a Auditoria” Terminei ficando porque fui continuar ajudando a receber os auditores, a levantar problemas, a consertar. Vi uma gerência chamada PC, Planejamento e Controladoria, nessa que estou até hoje.
COTIDIANO DE TRABALHO
Todo o trabalho feio sobrou para mim. Trabalho que não dá ibope, trabalho que não aparece, mas produz resultado. Recebo as auditorias, eu e mais três pessoas que trabalham comigo, fazemos com que o inventário de BPs, Bens Patrimoniais seja realizado; fazemos um trabalho, esse é o que mais gosto, é pepinoso, mas é o que mais gosto porque tem história para contar e gosto de história, de ver a história, de ver a coisa acontecendo, saber como chegou, da onde veio aquilo e porque está aqui hoje. É um trabalho muito grande: o controle de imóveis. Há seis anos eu falo: “Estou vendo que a gente tem muito imóveis aqui e não controla” “Ah, que bom Então você faz” Eu dei a ideia, sobrou para mim, mas é legal. Somos quatro para fazer isso tudo. Há algum tempo atrás, uma família entrou na Justiça, alegando que é dona de toda essa terra que vai do Rio Iguaçu até Magé: “A gente é dono disso tudo, nós somos herdeiros” Mostrou uma escritura que fala assim: a fazenda tem uma carroça, dois porcos, cinco cavalos e não sei o que. Isso obrigou a gente a ver como é que a Reduc adquiriu esta terra onde ela está. Não foi um decreto do governo. Encontramos uma instituição que hoje seria o INCRA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, nós compramos dele, mas de onde veio a terra deles? Veio de uma empresa que chamava Melhoramentos da Baixada Fluminense, nunca teve Melhoramentos nenhum. Mas de onde veio? Era da Igreja. Fomos parar quase em 1500. O meu colega foi no Arquivo Nacional, foi levantando, foram chegar nas Capitanias Hereditárias, compramos livro de História e tudo: “A terra é da Reduc, esse pessoal não é dono da terra não” Também tem muitos imóveis aqui fora que foram objetos de desapropriação para passar tubulação, a gente está levantando isso tudo. Costumo comparar esse trabalho ao seguinte: a gente tem uma floresta, uma selva e a gente nunca entrou, falo: “Vamos entrar?” “Vamos” “Peraí, está com equipamento de proteção individual? Tá, tá todo mundo? Vamos entrar” Fomos entrando, descobrimos que a selva tem abismo, tem plantas medicinais, tem plantas venenosas, tem bichos venenosos, “Isso aqui pode comer, isso aqui não pode comer”. Só que quanto mais a gente entra nessa selva e vai mapeando o que ela tem, mais coisas a gente sabe que tem para descobrir. Esse trabalho com imóveis, como a gente foi entrando mais foi vendo que tem coisas para fazer, já construímos algumas, mas tem muita coisa ainda por fazer. A medida que a gente teve mais conhecimento, mais descobriu que tem coisas para fazer, mas é um trabalho que me dá bastante satisfação, com certeza
REDUC / PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO
O patrimônio imobiliário é uma área delicada politicamente. A gente começou a fazer esse trabalho, tem bastante coisa registrada: “Peraí, mas quem vai nos ajudar?” Lembrei até do Chapolin Colorado, mas não tinha Chapolin Colorado para ajudar (risos), é tipo “Se vira nos 30”. Teve uma noticia boa recentemente, estou torcendo para ir pra frente: foi designado na Sede um colega para ser coordenador de patrimônio imobiliário, para fazer um levantamento do que está acontecendo, quem está fazendo o que. Talvez futuramente, a diretoria estabeleça uma forma de estrutura de como fazer isso. Vai ser bom, porque a gente tem muita contribuição. Se tiver uma estrutura vai ser legal, porque isso que a gente vem fazendo meio que empiricamente, começa a ser cientificamente, porque é uma coisa estruturada. A gente fica feliz por saber que um trabalho que a gente vem fazendo aqui, com todo esforço, com toda dificuldade, vai começando a dar frutos e está contribuindo para que amanhã ou depois, tenha uma estrutura formal na empresa. É motivo de alegria. Um tupiniquim igual a mim, aqui da Baixada Fluminense, fica feliz por isso.
Pelo que a gente andou conversando, temos feito um trabalho muito bom aqui e meio que especial. O nosso trabalho é empírico, mas já está produzindo resultado e já contribuímos inclusive para rever se há realmente uma estrutura formal. Não tenho esperança de chegar a última faixa da carreira, mas esse trabalho vou usar como fomentador na hora da disputa. Não tenho esperança, mas vou disputar. É um trabalho que não aparece, mas é de uma importância fenomenal; ele tem várias frentes, tem que conhecer primeiro onde está esse imóvel, como este imóvel está juridicamente no registro de imóveis? O que tem nesse imóvel? Aspectos de segurança, meio ambiente, saúde e outros. Por exemplo, na rua passa um tubo, o povo invade a faixa, a gente não tem poder de policia, mas tem que tomar conta para que aquele popular não invada a faixa. Temos que conhecer o imóvel do aspecto jurídico, RGI [Registro de Imóveis], fiscal, como está na prefeitura, no estado, no IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] e outras taxas; se tem obras, se a obra está legalizada, pagou as taxas de obras ou tem isenção? Segurança, meio ambiente, saúde, como é que está isso, vigilância patrimonial. Na contabilidade: quem acha esses imóveis na contabilidade? Onde ele está? É um trabalho muito importante. Tudo isso tem que estar arquivado, a gente está tentando montar um arquivo de forma que as coisas sejam achadas no futuro, se a gente falecer ou sair da empresa: “Tá tudo aqui” Mas a ideia é formar outro timezinho para ir dando continuidade, para não perder a memória.
PATRIMÔNIO IMABILIÁRIO REDUC / FORMAÇÃO
O patrimônio da Petrobras na região começou a ser montado por volta de 1955, pouco depois da criação da Petrobras. A Reduc foi uma das primeiras a ser construídas; a gente adquiriu algumas refinarias na época da constituição da Petrobras em 1953, e quatro ou cinco anos depois a diretoria decidiu que seria feita uma refinaria aqui. Foi escolhido o lugar, adquirido o imóvel, e começou a construção das unidades de processo, as instalações. Temos aqui perto o Terminal de combustível para armazenamento. A questão de ter que passar os dutos para ligar, por exemplo, a Reduc a Angra dos Reis, a Reduc e a REGAP [Refinaria Gabriel Passos] em Minas Gerais. Na hora que um duto que interliga começa a romper, por assim dizer, vários imóveis. Se fosse fazenda, uma fazenda ou duas pronto, resolveu Mas havia vários loteamentos, às vezes aqui em Campos Elíseos, um duto de um quilômetro vai passar por 30, 40 terrenos. Houve negociação com vários donos de imóveis. Um processo de desapropriação demanda vários anos, 40 anos, porque quem era o expropriado veio a falecer, a família não fez inventário, hoje já é o neto que também não tem inventário ainda. A Petrobras às vezes deposita em juízo, não pode passar. Olha quanta coisa que é envolvida nesse trabalho, e tem que saber a história toda desse terreno, desde que começou até que posição está hoje. Quando a gente entrou: “Caramba, olha o que a gente tem pela frente e a gente nem sabia”
Os terrenos por onde passam os dutos, praticamente 100% deles o governo Federal desapropriou na década 60, 70 em favor de ampliações para a indústria do petróleo da região, seja para refino ou para estoque de petróleo. O governo desapropriou porque havia necessidades de ampliações, e também de passagens dessas tubulações de água ou de diesel, de gasolina, de petróleo. O petróleo que chega de Angra dos Reis vem para cá, daqui vai para Minas Gerais. Tudo isso tem que tomar conta. Por exemplo, temos tubos aqui perto, mas a nossa empresa subsidiária que cuida de transportar, a Transpetro, tem tubulação que vai longe. Existe até uma figura interessante a chamada figura do andarilho, o cara vai andando em cima da faixa onde passa o tubo para ver como está e se tem alguém invadindo. Em termos de distância, de área geográfica, a Transpetro é muito maior, mas a gente tem uma quantidade grande de terreno e imóveis para tomar conta. Estamos numa luta grande com a prefeitura para resolver as questões, muda governo, entra governo e a gente bate lá, luta, conversa. Vamos ver se agora com esse governo que voltou se a gente consegue fechar uns assuntos que estão abertos, estamos lutando há uns cinco anos para resolver essa área de imóveis.
PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO / ANDARILHO
A figura do andarilho existe. Não sei se de carro, quando dá para andar de carro, mas tem um trecho que tem que tomar conta, 100 quilômetros, ele fica para lá e para cá, mais de um provavelmente, porque há necessidade. A Petrobras dá muito valor ao SMS, que é segurança, meio ambiente e saúde, vai que alguém resolve mexer, cavucar onde não é para cavar, essa questão de andarilho ajuda muito nisso. Ele vê que está acontecendo alguma anormalidade, se alguma pessoa está invadindo a faixa, tenta conversar, não deixar. Até as faixas de duto são muito úteis também para as comunidades, porque em vários lugares a Petrobras permite por convenio, por acordo, que se faça horta, porque não atrapalha, não pode é ir fundo, faz uma hortinha que a pessoa vai e colhe um alface. Mas tem que tomar conta porque não pode correr o risco de furar e ir lá embaixo. Esse trabalho de imóveis é muito interessante, muito complexo, não aparece porque dele não sai gasolina, não sai diesel, não sai QAV, que é querosene para avião. Não sai, mas ele é muito importante. Particularmente fico muito feliz porque não estou fazendo auditoria, mas não deixa de ser uma espécie de auditoria ficar levantando a situação desses imóveis e vendo como eles estão, e buscando solução. É um trabalho lento, mas produz resultado. É como se fosse um super navio, é difícil a manobra. Ouvi falar que às vezes os navios grandes estão a dez quilômetros de distância um do outro, mas se tiverem em rota de colisão não conseguem sair, estava em dificuldade de manobra. É um trabalho pesado, grande, mas a gente tem conseguido e tem dado resultado. Resultado positivo. Se eu sair da Reduc hoje por alguma razão, vou feliz pelo trabalho que a gente vem fazendo aqui, especialmente esse do patrimônio imobiliário. Embora a gerência ache melhor, e goste que eu atenda o TCU. (risos) “O trabalho melhor que você faz é atender ao TCU” “Tá bom” Mas o que gosto mesmo e vejo pelo resultado é esse do patrimônio imobiliário.
PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO / ARQUIVO
Os chamados Arquivos Inativos, a gente saiu de lá espirrando, cheio de alergia, cheio de ácaro, mas descobrimos alguns documentos importantes ao longo do tempo. Porque há uns modismos no mundo, e o Brasil muitas vezes não fica fora desses modismos, há poucos anos tivemos o modismo de fazer o “5S” de qualquer jeito, “re-engenharia”, um monte de documentos importantes terminavam se perdendo. Na área de imóveis também perdemos documentos importantes. Mas a gente garimpou, achou coisas do arco da velha, e isso de alguma forma nos ajudou e tem nos ajudado; estamos montando o nosso dossiê, aquela coisa tupiniquim, mas torcendo para que venha a ter uma estrutura formal de como a Petrobras vai cuidar dos seus imóveis, diretrizes, normas. A gente pode contribuir muito com esse processo.
REDUC / AMPLIAÇÃO
A Reduc tem todos os planos de ampliação já aprovados pela diretoria. Mas o plano – quando a gente fala em plano de expansão seria melhorar, aprimorar o que a gente produz aqui – por enquanto não dá, as unidades de processos não estão expandindo para um site ou um terreno fora deste aqui. Agora, se isso vir a ser necessário, vamos ter que descobrir uma fonte alternativa de terreno. Mas o que se projeta no planejamento estratégico para 2020 a gente não precisa mudar de terreno, dá pra fazer tudo aqui. Nós temos soluções do tipo econômicas: de uns tempos para cá, não é bom economicamente ter muito estoque, a gente tem muitos tanques aqui, uns desses tanques estão com óleo combustível, que da ótica do meio ambiente é um produto que tende a ser diminuído, a tecnologia já permite mesmo que nós diminuamos bastante o estoque de óleo combustível. Acabamos de fazer, tem um ano, um grande projeto na Reduc, foi o primeiro, chama-se Coque. Essa unidade de Coque faz com que diminuamos bastante a quantidade de óleo combustível, que não é bem visto do ponto de vista ambiental, e até de retorno. Ter feito uma unidade que diminui muito essa quantidade de óleo combustível, produz produtos de maior valor agregado, polui menos, é um ganho ambiental e financeiro muito grande. Está em andamento o projeto “Carteira de Gasolina”. A gente vê que vai vender mais gasolina quando essa unidade ficar pronta, é uma gasolina muito melhor do ponto de vista ambiental, até do que é especificado hoje. As unidades de processos que a gente faz se voltam para a comunidade, para o meio ambiente, para o país, para a humanidade. Não é: “Vamos vender mais isso e aquilo”, é em respeito a questão ambiental. É um investimento cujo retorno é para o meio ambiente e para a comunidade. A Petrobras prega isso, e ela não só fala, busca realmente fazer.
Não sei se aqui na Reduc vamos ter condições de processar o pré-sal, porque já é uma coisa muito técnica, não sei se a gente vai ter que fazer alguma adaptação metalúrgica nas nossas unidades. Mas penso que se vindo muito óleo no petróleo do pré-sal, se precisar de refinar muito no país, a tendência é que a Reduc também entre nesse rol de ter uma adaptação para isso. Sei que já teve algumas fases aprovadas para uma grande unidade para ser construída aqui até 2020, chamada HCC, se ela vier vai ajudar a fazer lubrificantes a partir de petróleo nacional, diminuir a nossa dependência de petróleo da Arábia. O petróleo tem características, tipo nós humanos, um moreno, outro é claro, outro é olho azul baixinho, grande, cabelo crespo essas coisas. Embora basicamente a formação, não sou químico, mas a gente vai escutando, seja carbono, tem algumas características diferentes do petróleo. Uma das características que tem o petróleo do Irã, do Iraque é que são parafínicos, ou seja, petróleos que nos ajudam, que são bons para fazer lubrificantes, usado nos automóveis e parafina, para vela e outros usos. A tecnologia hoje já permite que, a partir de investimentos pesados em nova unidade de processo, a partir de petróleo nacional a gente consiga tirar alguma coisa de lubrificantes para diminuir essa dependência de fora. Essa grande unidade que seria o HCC, já tem alguns projetos em fases de aprovação: uma, duas, três, quatro até cinco fases de aprovação. É um estudo maior, mais detalhado. Acredito que realmente venha a ter até 2015 ou 2020 esse HCC aqui, mas por enquanto ainda usando o mesmo terreno. Como vai diminuindo a quantidade, a necessidade de estocar, esse tanque não vai existir mais, a gente usa esse espaço para fazer essa unidade de processo, sem comprometer o andamento do trabalho e o atendimento do mercado nacional, ou exterior.
COTIDIANO DE TRABALHO
Acredito que tenha amigos aqui sim. Eu queria tirar o nome do crachá de auditor, mas é complicado. Eles falam assim: “Esse é o auditor número 1 da Reduc, é o preferido” “Só tem um, né?” Dizem que sou o preferido, número 1, mas só tem eu mesmo. Mas tenho amigos sim; pode não parecer, mas sempre fui muito tímido. Estava na sala de aula, sabia a resposta, era incapaz de levantar o dedo. A professora perguntava, eu estava quietinho. Na hora da prova tirava nove e dez: “Quem é esse aluno?” Era euzinho escondidinho no canto. Dando um exemplo aqui, não estudei nas melhores escolas, mas onde passei dava pra levar. Fico muito tímido, mas depois que perdi a minha filha, e como auditor, fui obrigado a falar mais um pouco, perguntar. Na Reduc estive em vários lugares ajudando a resolver muitas coisas, comecei a falar mais um pouco. Tenho amigos porque sou meio que um “psicólogo”, converso com os colegas; vejo que não está legal, tento descobrir porque, vou lá no canto e converso com ele, sem ser gerente, sem nada, porque não nasci pra ser gerente; nasci para ser o melhor que puder para ajudar. Se eu puder ser o melhor técnico no mundo vou ser. Os colegas gostam de mim, sempre onde passei formei famílias. Aqui onde trabalho é mais uma família. Um tempo atrás percebi que um colega tinha alguma dificuldade financeira, conversei com ele: “Pô, tenho mesmo, tô enrolado até aqui”. Nunca tinha feito isso, encabecei um time, a gente ajudou o colega que hoje está bem, organizou a vida dele, está de vento em popa. Apertado financeiramente, mas seguindo uma trilha boa. A gente é assim, está trabalhando, mas percebendo quando um colega não está legal. Há uns anos atrás, o Superintendente aqui foi ser gerente no abastecimento, ele foi um dos idealizadores de um programa que nós temos chamado Gestão sem Lacunas. Qual o objetivo disso? Vocês estão fazendo esse trabalho aqui, cada um cumprindo a sua atividade, não deixando lacuna, o trabalho vai ser bom no final. Para evitar acidentes, que o trabalho seja feito da melhor possível. A Gestão sem Lacunas tem 12 princípios básicos, um deles é: esteja sempre com o seu melhor eu; outro é, atue com maestria e profissionalismo, 100% eu, 100% o outro. Nessa visão a gente está sempre enxergando o que está acontecendo com o colega: “Pô, não parece que você está muito 100%, vamos ver o que está acontecendo”. Chama no canto, bate um papo. Se não der falo alguma abobrinha boa, sem ser obscena, sem ser nada. Sou meio falador, tem que ser artista nessa vida.
REDUC EM CENA
Apesar de ser muito tímido, se for para o palco me saio bem. Sou Testemunha de Jeová, já fiz muito discurso, hoje não porque não tem como estar na dianteira fazendo discurso. Mas aprendi muito a arte de discursar, não é discursar que nem político, mas discursar olhando para as pessoas, cativando a mente, a atenção das pessoas. Gosto de representar. Representar é bom, porque sempre fui tímido, não brigo com ninguém, não falo alto, não dou bronca, o teatro me permite fazer isso, estou representando. Sou vilão ali, na vida não sou. Há seis anos o Jurandir, técnico de contabilidade, foi envolvendo a vida dele com o teatro, com música, representação e teve a ideia: “Vamos fazer uma coisa?” “Vamos” Me convidou. Eles gostaram de mim, e sempre que posso participo. Agora mesmo estou com um texto pra gente, mas a minha cabeça está ruim, minha memória não está boa. Por causa de uns problemas na vida, estou transtornado mesmo. Até que o texto não é muito grande não, estou estudando para ver se no dia 24 a gente apresenta em algum lugar para os caminhoneiros. A matéria tem a ver com segurança para os caminhoneiros. É a maneira de passar a importância da segurança usando o teatro. Tem bastante lúdico na peça. O personagem que vou fazer dessa vez é o Artur. Mas já fiz outros.
Teve uma filmagem que a gente fez, nessa fui vilão. Com mais simplicidade que tenha sido feita, chegou a ir a uma disputa estadual de propaganda, e chegou a ir para a final. Mas a gente não fez com essa pretensão, fizemos para ajudar a comunidade. Foi uma filmagem, a gente ficou seis horas para filmar seis minutos: “Como é que o artista sofre” É a história do engenheiro social. Tem uma figura, nem conhecia, fiquei sabendo nessa época, o engenheiro social é aquela pessoa que tem uma conversa boa, cheia de onda, mas tenta entrar nas empresas para pegar informações. Fiz o papel do vilão, engenheiro social. Em duas sequências de cena, na primeira eu conseguia passar, chegava lá e fazia o que queria. Na segunda, fui bloqueado e tive que sair pianinho para não ser preso. Foi muito legal. Acho que é doutor Aurélio. Começaram a me chamar doutor Aurélio, “Cuidado com esse cara aí”. Até hoje: “Pen drive é com ele mesmo, não dá sopa no pen drive não que ele pega”. Veio um papel bem diferente, porque sempre sou bonzinho, fiz um papel de vilão. Teve algumas outras peças; a gente fez em várias semanas de saúde, voltado para saúde que foram muito boas. Já não lembro mais o nome dos personagens. Há pouco tempo a gente fez um legal para falar de dengue, fomos na comunidade, em Saracuruna, em um CIEP, aqui no Rio tem CIEP que é Centro Integrado de Educação Pública, apelidado de Brizolão porque é do antigo governador Brizola [Leonel]. Fomos lá apresentar essa peça sobre a dengue, fiz o papel de um médico. O médico disse: “Ó, gente, a dengue é assim, assado, tal”. Fiz uma interação com os alunos, depois repetimos aqui. Agora vamos fazer essa sobre segurança das mãos, a importância das mãos especialmente voltada para caminhoneiros, porque se um caminhoneiro vacilar na hora que mexer com lata de óleo, machucar a mão, depois prejudica a direção? A mão é muito importante para 100% dos trabalhos. Esse trabalho já tinha sido feito, agora vai ser adaptado para os caminhoneiros. Vou participar, mesmo com a cabeça ruim, a gente dá um jeito e consegue.
IMAGEM PETROBRAS
A Petrobras é a locomotiva do Brasil, especialmente esse último governo vem usando a Petrobras para fazer o Brasil crescer. Ser petroleiro, em que pese não o cenário operacional, mas sim a área administrativa é motivo de alegria, em primeiro lugar; de orgulho, de saber que o máximo que a gente faz, ou trabalha aqui, não trabalha só pra Petrobras, trabalha para todas as pessoas que estão a minha volta, para a comunidade onde estou, para o Brasil. É motivo de muita alegria, de muita responsabilidade e de poder dormir tranquilo por ter a satisfação de estar a cada dia cumprindo com o dever. Tive satisfação, posso dizer sem medo de errar, e sem medo de estar enrolando. Se tivesse detector de mentiras aqui não ia passar porque é de coração mesmo, é a pura verdade. Me sinto responsável pelo que a Petrobras é, pelo que ela faz e pelo que representa. Eu sou um pontinho nesse time todo, mas jogo muito
MEMÓRIA PETROBRAS
Eu quebrei um obstáculo. Normalmente em que pese participar do teatro, eu não gosto de ser filmado, não gosto de falar. Mas falei: “É melhor superar esse obstáculo e contribuir para esse programa”. Achei muito bom estar aqui. Espero que de alguma forma isso que nós fizemos hoje contribua para esse trabalho da memória da Petrobras.
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