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Por: Museu da Pessoa,

Dona do próprio nariz

Esta história contém:

Dona do próprio nariz

A minha mãe era uma pessoa muito conceituada, até onde eu sei. Conceituada no meio intelectual. Era formada em economia e tinha lá sua importância. E era uma pessoa fraca. Abandonou três filhos. A gente morava na cobertura de um prédio no Catete, no Rio de Janeiro, e ela pulou o gradeado que era no décimo primeiro andar e se jogou da janela da lavanderia.

Foi uma coisa que desestruturou a família. Era eu de oito anos, meu irmão, que faleceu também há uns anos atrás, de sete anos e um irmão de um aninho, que hoje está se formando também como advogado. Meus pais já eram separados. Ele estava na Bahia, onde eu nasci. Ele é uma pessoa assim muito ignorante. Trabalhava como estivador. Eu cheguei a morar com ele quando tinha quinze anos. Porque, quando a minha mãe morreu, fomos morar com os avós. Quando eu cheguei na Bahia, minha madrasta, que era professora, me colocou pra fazer Magistério. Fiz lá, estágio também. Fiquei três anos morando com meu pai. E sempre reunida de amigos, pessoas interessantes, aprendendo coisas legais.

E aí meus avôs emprestaram uma casa que tinham lá e quando eu completei a maioridade, abandonei meu pai. Eu acabei de pegar o diploma na mão e fui encarar crianças. Trabalhei dois anos no que antes a gente chamava de orfanato e era muito atribulado, que eram crianças carentes que vinham de todas as cidades da Bahia, que ficavam lá internados, usuários - crianças que usavam drogas -, tinham crianças que tinham matado, assaltantes, tinha tudo. Meu primeiro emprego, carteira assinada, tudo bonitinho. Fiquei dois anos lá e saí grávida. Tinha vinte anos.

Fui morar em São Paulo com esse rapaz quando já tinha duas filhas dele. Mas fazia um frio insuportável. Chorei de frio. Minhas filhas viviam encapotadas. Aí peguei minhas filhas e fui embora. Voltei para o Rio de Janeiro, para a Providência, comecei tudo de novo. Fui fazer Pedagogia. Foi quando eu já estava trabalhando em uma creche que fiquei sabendo de dos...

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Dados de acervo

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Projeto Mulheres Empreendedoras Chevron

Depoimento de Carolina Pacheco dos Santos

Entrevistada por Rosana Miziaria e Julia Pereira

Rio de Janeiro, 22 de maio de 2012

Realização Museu da Pessoa

Código: MEC_HV032

Transcrito por Francisco Ribeiro Ruiz / MW Transcrições (Mariana Wolff)

Revisado por Joice Yumi Matsunaga

P/1 – Carolina, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Bom, meu nome é Carolina Pacheco dos Santos, tenho trinta e dois anos, nasci no dia 15 de fevereiro de 1979.

P/1 – Em que lugar?

R – Ilhéus, Bahia.

P/1 – Seus pais são de Ilhéus, Bahia?

R – Não, minha mãe é de São Paulo e meu pai é da Bahia.

P/1 – E como é que você foi nascer em Ilhéus?

R – É, assim, meu pai é da minha família, meu pai é meu primo. Então eu acho mesmo é negócio de família, minha mãe ficou com o meu pai, aí como a minha família é baiana também, nós íamos muito para lá, a família toda frequenta muito. Então a minha mãe devia estar lá, conheceu meu pai, e lá ficou no período só de dois anos e, ela veio morar aqui no Rio. Ela teve o meu irmão e o segundo filho, e depois abandonou meu pai e veio morar aqui.

P/1 – Mas aí você nasceu lá e veio para cá com dois anos?

R – Com um aninho.

P/1 – Com um aninho?

R – Meu irmão tinha meses quando nós viemos para cá.

P/1 – Ela abandonou seu pai?

R – Ela que abandonou meu pai.

P/1 – Você sabe por quê?

R – Porque meu pai é uma pessoa muito, como é que eu posso dizer, matuta. Ele é uma pessoa muito ignorante, ele é estivador, sem poder assim… é aposentado há muitos e muitos anos e, minha mãe era economista, então tinha um grau bem grande entre os dois, aí não deve ter dado certo. Porque nem eu dei certo com ele, que eu fui morar lá com quinze anos, eu me formei lá, na Bahia também.

P/1 – A sua mãe era formada em Economia?

R – Isso, em Economia.

P/1 – Fez faculdade?

R – Fez faculdade.

P/1 – Ela...

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