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De volta ao berço: em Maués, daqui a 20 anos

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De volta ao berço: em Maués, daqui a 20 anos

Daqui a 20 anos terei 73 anos de idade. Se eu mantiver a longevidade dos meus pais, nessa ocasião ainda terei pelo menos mais 10 anos de existência. Não sei onde estarei nem o que estarei fazendo. Sei, contudo, onde quero estar: em Maués, minha cidade natal, com minha companheira, cuidando de árvores, de flores e de hortaliças. Pretendo estar lendo os livros que ainda não tive oportunidade de ler e relendo aqueles que marcaram minha vida de leitor. Além disso, desejo estar engajado em algum projeto social, contribuindo com o povo da cidade que me viu nascer. Quero poder, nesse momento, ainda poder navegar em uma canoa, pescando e sentindo o cheiro de rio que tanto marcou minha infância. Esse tempo que imagino para mim depende muito do que faço do meu tempo de agora. Se nada mudar, já terei me aposentado das atividades acadêmicas na universidade. Mas se forem mantidos os ataques ferozes lançados contra os funcionários públicos, pode ser que eu ainda esteja me arrastando pelos corredores da universidade - se ela ainda for pública, evidentemente - esperando o tempo chegar para uma aposentadoria compulsória. Também é possível que eu tenha concluído o curso de Direito e tenha mudado meu foco para uma outra área de atuação e, então, o magistério, que tanto me deu, terá sido deixado de lado, porque, então, não terei suportado toda essa ação tacanha que se lança sobre essa classe, que não quer só receber tapinhas nas costas e ser tratada como atividade de "sacerdotes", mas quer ver valorizado seu trabalho árduo e tão exigente. Maués é a meta do aqui a 20 anos. O desejo de, nesse momento, ver os filhos bem estabelecidos, fazendo aquilo que lhes faz bem. Daí, partir, serenamente, segurando a mão de Iris, com a convicção de que, sim, valeu a pena: minha alma, enfim, não era tão pequena.

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