Meu nome é Antonio Cesar Aragão Paiva. Eu nasci no dia 22 de maio de 1958, no Rio de Janeiro.
Eu entrei na Petrobras em 1982. Na realidade, corria uma crise grande no país, uma das crises que o país teve. Naquela época, não tinha emprego, eu fazia faculdade, eu tinha feito um curso técnico, estava no meio da faculdade, fazia Engenharia Mecânica no CEFET. E apareceu um concurso na Petrobras para mecânico de plataforma. Aí eu me inscrevi nesse concurso, fiz a prova, quando eu fui buscar o resultado, eu não passei. Eu fiquei meio pra baixo, o moral caiu. Porque nessa época eu namorava uma menina - que é a minha mulher hoje, a Tânia - e nós tínhamos a expectativa de casar, ter uma família e aquilo ali foi uma coisa que me travou porque com aquele emprego eu poderia constituir essa família. Então eu fiquei muito pra baixo. Aí eu fui pra casa e umas duas semanas depois, eu recebi um telegrama me convidando para fazer outro concurso, que era para operador de plataforma. Aí eu fiz esse concurso, passei e ingressei na Petrobras, no curso de formação aqui na Reduc. Embora o meu concurso tenha sido para a plataforma, eu fiz um curso de formação aqui na Reduc, de operador de utilidades do E&P. Na época, não era E&P, era Região de Produção do Sudeste. E aí comecei meu curso em agosto de 82. Esse curso demorou três meses. Quando foi no dia 13 de dezembro de 82, eu parti para um estágio, já como funcionário da empresa, que eu fui admitido no dia 1º de dezembro de 82, parti para um estágio na Replan. Por quê? Porque eu fui admitido para trabalhar na Plataforma de Cherne II, que não estava pronta. Depois fui para Cherne II e fiquei durante sete anos. Quando foi em 89, eu quis sair de lá. Aí me transferi, fiz uma troca com o operador daqui, aqui da Unidade 12-40, operador Lincoln, e aí me transferi para cá. Cheguei aqui em dezembro de 89. Cheguei até no meio de uma greve. (risos)
Eu cheguei como operador de utilidades. Na época, a...
Continuar leituraMeu nome é Antonio Cesar Aragão Paiva. Eu nasci no dia 22 de maio de 1958, no Rio de Janeiro.
Eu entrei na Petrobras em 1982. Na realidade, corria uma crise grande no país, uma das crises que o país teve. Naquela época, não tinha emprego, eu fazia faculdade, eu tinha feito um curso técnico, estava no meio da faculdade, fazia Engenharia Mecânica no CEFET. E apareceu um concurso na Petrobras para mecânico de plataforma. Aí eu me inscrevi nesse concurso, fiz a prova, quando eu fui buscar o resultado, eu não passei. Eu fiquei meio pra baixo, o moral caiu. Porque nessa época eu namorava uma menina - que é a minha mulher hoje, a Tânia - e nós tínhamos a expectativa de casar, ter uma família e aquilo ali foi uma coisa que me travou porque com aquele emprego eu poderia constituir essa família. Então eu fiquei muito pra baixo. Aí eu fui pra casa e umas duas semanas depois, eu recebi um telegrama me convidando para fazer outro concurso, que era para operador de plataforma. Aí eu fiz esse concurso, passei e ingressei na Petrobras, no curso de formação aqui na Reduc. Embora o meu concurso tenha sido para a plataforma, eu fiz um curso de formação aqui na Reduc, de operador de utilidades do E&P. Na época, não era E&P, era Região de Produção do Sudeste. E aí comecei meu curso em agosto de 82. Esse curso demorou três meses. Quando foi no dia 13 de dezembro de 82, eu parti para um estágio, já como funcionário da empresa, que eu fui admitido no dia 1º de dezembro de 82, parti para um estágio na Replan. Por quê? Porque eu fui admitido para trabalhar na Plataforma de Cherne II, que não estava pronta. Depois fui para Cherne II e fiquei durante sete anos. Quando foi em 89, eu quis sair de lá. Aí me transferi, fiz uma troca com o operador daqui, aqui da Unidade 12-40, operador Lincoln, e aí me transferi para cá. Cheguei aqui em dezembro de 89. Cheguei até no meio de uma greve. (risos)
Eu cheguei como operador de utilidades. Na época, a carreira de operação era dividida em operador de utilidades I, operador de utilidades II, operador de utilidades III. Eu era operador de utilidades I. Você tinha operador de processos, operador de utilidades e operador de transferência e estocagem.
Nesse tempo em plataforma, eu acabei me formando. Eu me formei em 87. Fiz um concurso pra nível superior, em 88, e nesse eu não passei. Depois, a empresa passou um tempo sem concursos. Quando foi em 2000, eu fiz um curso de especialização, pela Petrobras, em meio ambiente. Terminei esse curso em 2003. Em 2003, eu fiz um concurso para nível superior, para engenheiro de meio ambiente e passei, fui reclassificado. Então, desde 2004, eu sou engenheiro de meio ambiente.
Eu acompanho unidades de tratamento ambiental, ou seja, toda aquela parte de tratamento de águas e tratamento de águas residuais. Eu acompanho eficiência, proponho novas tecnologias. Eu conceituo novos projetos nessa área. Basicamente, esse é o meu trabalho hoje. E como trabalho nessa área há muitos anos, eu acabei ocupando um cargo no Estado, de Secretário Executivo do Comitê Guandu. O Comitê Guandu é um comitê que tem a finalidade de fazer gestão dos recursos hídricos no Estado. Ele faz a gestão de toda a bacia hidrográfica do Rio Guandu. E esse comitê é composto por uma parcela de usuários de água, poder público e sociedade civil; um comitê formado por três segmentos. E dentro desses três segmentos, a Petrobras está representada por mim. E em função disso, acabei sendo eleito, pelos meus pares dentro do comitê, como Secretário Executivo do Comitê Guandu. Na linha hierárquica é o segundo cargo dentro do comitê, você tem o presidente do comitê e tem o secretário executivo, eu ocupo essa função. Já estou indo para o terceiro mandato.
Eu aprendi muito, porque lá, eu estou defendendo os interesses da Petrobras, mas você como engenheiro de meio ambiente, como militante na área ambiental, você tem que convergir os interesses da Petrobras com os interesses ambientes, que na realidade são os mesmos. Talvez não seja interpretado assim por outros, mas você tem que mostrar aos outros segmentos que os interesses da Petrobras são os interesses ambientais. O que a Petrobras propõe dentro do comitê é a preservação de todo o recurso hídrico disponível, .
Eu conheço todas as refinarias. O que diferencia a Reduc das demais é, basicamente, a cultura. A cultura do interior de São Paulo é um pouco diferente da cultura carioca. Eu comecei a minha vida profissional da Replan. Depois eu embarquei e senti uma diferença sensível entre a cultura do interior de São Paulo e a cultura do Estado do Rio de Janeiro, em termos profissionais. Eu não sei, me parece que a cultura do interior de São Paulo é um pouco mais rígida.
A Petrobras é catalisadora, ou seja, a Petrobras alavanca. Esse pólo industrial de Caxias é alavancado pela Petrobras. A Petrobras exerce uma função diferenciada, a função distinta, dentro da cidade de Caxias; eu acho que em qualquer lugar, não só aqui. Quando eu trabalhei em Paulínia era a mesma coisa, apesar de ser uma cidade onde você tinha outras indústrias. A Petrobras exercia um papel catalisador, um papel importante, fundamental, naquela região. Assim no E&P. A base da Petrobras, do E&P, em Macaé. E Macaé hoje é a Petrobras, ou seja, em todos os lugares onde a Petrobras está, ela exerce um papel de liderança num âmbito industrial, em qualquer área, porque a Petrobras se envolve não só na área industrial, mas na área ambiental. As pessoas que trabalham na Petrobras exercem uma força econômica grande na região em que atuam.
A Reduc vem caminhando fortemente nessa área. Até a minha presença num comitê de bacia é uma evidência de que a Reduc vem caminhando forte. Por quê? Eu praticamente vivo lá dois dias por semana, ou seja, eu sou um funcionário pago pela Reduc, disponibilizado para o comitê de bacia. O trabalho nesse comitê de bacia é totalmente voluntário, não se gastam recursos do Estado pra você fazer trabalhos para esse comitê. Então eu sou uma evidência do quanto a Petrobras está comprometida com a área ambiental. Nós fazemos uma série de trabalhos, nós temos lá dois trabalhos, que são patrocinados pela Petrobras. Um é o Replanta Guandu, um projeto onde você propõe o replantio de toda a margem do rio Guandu, desde o Rio Claro até Seropédica. É uma meta ambiciosa de plantio de um milhão de árvores, nós plantamos numa primeira etapa de 400 mil. A principal parceira desse projeto é a Petrobras. Tem também a participação da Vale do Rio Doce e CSA, a Companhia Siderúrgica do Atlântico. Então isso é uma evidência do quanto a Petrobras está trabalhando em prol do meio ambiente.
Eu participo no Comitê Guandu e participava, aqui, do Comitê Baía de Guanabara. E no Comitê Baía de Guanabara a sociedade civil de Caxias era muito presente. Então nós interagíamos muito com a sociedade civil de Caxias. E o que é essa sociedade civil? É a Associação de Moradores, é a área acadêmica, a universidades, os conselhos regionais. Essa interação com área acadêmica te faz ficar conhecido, faz você perceber a presença de uma empresa em conjunto com essa sociedade civil. Ou seja, nós estamos interagindo, Petrobras como indústria, com essa sociedade civil. Então você vê essa aproximação.
A Reduc faz um esforço grande no patrocínio de ações esportivas. Eu vejo, também, trazer para dentro da refinaria a comunidade na forma dos seus adolescentes, ou seja, os seus adolescentes entrando na refinaria, participando. Nós tivemos aqui, há um tempo atrás, um programa em que o adolescente entrava aqui e aprendia, algumas formas de trabalho; se iniciava esse adolescente no trabalho, ou seja, você retirava da rua esse adolescente e dava um caminho de oportunidades pra ele. Muitas vezes acontecia isso. Tanto que hoje eu encontro com várias garotas, vários garotos, que participaram desse programa de iniciação ao trabalho, e estão trabalhando em várias empresas contratadas. Então foi um trabalho excelente. Esse trabalho, não sei a quantas anda, mas foi um excelente trabalho.
Nós temos nos nossos eventos, participação da comunidade, em diversas formas culturais. As nossas comunidades do entorno participam dentro da Reduc dos nossos eventos, ou com grupos de teatro, ou com grupos de música. Você vê a aproximação da Reduc com a sua comunidade do entorno, nessas expressões culturais.
A Reduc, no século XXI, cresceu muito, houve muitos investimentos. Esses investimentos foram por força até das questões ambientais. Ou seja, cada vez se busca uma maior qualidade dos seus produtos. E quando se busca a qualidade dos seus produtos, está se buscando uma especificação mais rígida desses produtos, em consequência de que? Das pressões ambientais nos usos desses produtos pela sociedade. Em função disso, a Reduc teve que se modernizar. Então houve um investimento forte na modernização da refinaria em função, basicamente, dessas pressões ambientais da sociedade sobre os produtos que a própria empresa produz.
A área ambiental sente essas mudanças muito de perto. Por quê? Cada vez que você constrói uma unidade nova na refinaria - a minha área é tratamento de águas residuais e tratamento de efluentes - então, cada vez que se incorpora uma unidade nova dentro da refinaria, é lógico, que essas unidades vão demandar por água, vão gerar águas residuais a partir do uso dessa água. Então nós estamos sempre sendo absorvidos. Nós tínhamos um engenheiro de acompanhamento de águas e efluentes antes de 2000. De 2003, 2004 pra cá, nós temos já dois engenheiros, só para a parte de águas, fora a parte de emissões atmosféricas, fora a parte de conservação de energia. Então ampliou muito o corpo técnico da refinaria em função dessa modernização.
Eu não vi essa crise restringir alguma coisa aqui na refinaria. Eu vou até parafrasear o presidente Lula, dizendo que essa crise atuou pouco, negativamente, nos projetos de ampliação da refinaria, nos projetos de modernização da refinaria. Acho que não fez nem marola. Nós continuamos com os nossos projetos.
PRÉ-SAL
Eu acredito que o pré-sal não vai mudar a refinaria. Apenas talvez alguma mudança em termos de alguma unidade, talvez porque nós estávamos trabalhando com petróleo de médio pra pesado, talvez com o pré-sal você tenha um óleo mais leve, mais fácil de você trabalhar. Talvez haja alguma mudança em termos de adaptação de alguma unidade em função disso.
A refinaria, com o empreendimento coque, que entrou em operação no ano passado, ficou bem balanceada, em termos dos seus produtos. O coque deu uma rentabilidade muito grande. O país está em crescimento e precisa dos produtos que a refinaria produz. Eu não vejo o Comperj como uma ameaça em termos de mercado. Até porque o Comperj tem o foco petroquímico. Os derivados produzidos pelo Comperj, na realidade, são subprodutos.
A Reduc mudou muito, principalmente, depois do acidente na Baía de Guanabara. O acidente da Baía de Guanabara funcionou como um divisor de águas na empresa. Foi uma mudança cultural, não só na Reduc, mas na Petrobras, nessa área de SMS.
Na época - estou como engenheiro de meio ambiente desde 2004 -, mas eu trabalhava como técnico de operação na mesma área de tratamento de águas e na parte de tratamento de águas residuais ou efluentes. E nós tivemos uma participação forte na época desse acidente. Nós tivemos “n” auditorias, tanto internas como externas. Nós fomos auditados em todos os nossos processos, a nossa forma de trabalho foi questionada em função daquele acidente, então nós tivemos que nos reformular, mudar a nossa forma de pensar. Na realidade, o que aconteceu a partir daquele acidente, foi a cultura e num tempo muito pequeno. Em coisa de seis meses, um ano, nós tivemos que mudar, ou seja, a sociedade nos obrigou a mudar num tempo exíguo, num tempo muito pequeno. Isso foi muito abrupto, algumas pessoas se perderam nesse processo, algumas pessoas não entenderam e se perderam, outras entenderam logo de imediato e conseguiram acompanhar essa evolução.
Eu embarquei em 83. Lá em 1984, 85, nós estávamos - era o mês de julho - estávamos dormindo. Em determinado momento, a plataforma começou a balançar. Era uma plataforma fixa, então não tinha balanço nenhum que era fixa no fundo mar. E numa certa altura da noite, a plataforma começou a balançar. Aí o pessoal acordou assustado, o pessoal estava dormindo, alguns dormiam e outros trabalhavam, era horário de turno. E eu estava dormindo, nesse momento, a plataforma balançou, balançou firme mesmo. E aí nós descemos apavorados, vimos que era um rebocador e que as amarras do rebocador... Existiam rebocadores que transportavam mantimentos para a plataforma, óleo combustível, óleo diesel e ele ficou preso nas amarras, ficou batendo na plataforma. A plataforma tinha 150 metros de altura, 200 metros de altura, então você batendo com o rebocador em cima, a plataforma balança. E um colega nosso, o apelido dele era Siri, desceu, com um facão, um facão de cozinha. Ele desceu lá, onde você amarrava aquele rebocador na plataforma, e cortou as amarras do rebocador. O rebocador botou o motor pra sair, pra puxar, e ele cortando com o facão. O rebocador conseguiu sair. Eu me lembro disso porque foi uma atitude heróica, ele foi aplaudido naquele dia, e era uma pessoa simples, uma pessoa que não tinha nenhum cargo, que não exercia nenhuma função de liderança naquela plataforma, mas ele teve a presença de espírito de pegar um facão de cozinha, descer lá no spider deck, que era o lugar onde você amarrava aqueles rebocadores, com o facão de cozinha, facão de peixe e cortar as amarras. E conseguiu evitar um mal maior, conseguiu evitar um sinistro. Foi uma coisa que ficou marcada pra mim. E foram essas várias ações desse tipo, que a gente fez acontecer, tanto aqui, quanto lá. Muita coisa aconteceu na Petrobras, tanto na Reduc quanto no E&P, em função da força de algumas pessoas. Muita coisa a gente fez acontecer pela força dos funcionários dessa empresa. A gente, às vezes, vê depois a foto bonita, vê a foto com a produção de tanto e tal, mas houve um esforço sobre-humano, de cada um, naquelas ações que não aparecem na foto, aparecem nas lembranças de quem se recorda daqueles momentos, daquela hora, mas não ficam registrados.
Eu não sou sindicalizado. Já fui e hoje não sou mais.Quando eu fui reclassificado eu saí.
Eu acho o sindicato extremamente importante. Nessa relação trabalhista, você tem que ter alguma entidade, com força de representação, pra te representar junto a empresa. Eu acho que o sindicato é extremamente importante. Eu apoio, eu vejo, apesar de não estar intimamente ligado, mas eu apoio bastante atuação do sindicato dentro da empresa.
Eu tenho quatro filhos. Três dos meus filhos e mais uma nora estão aqui. Meus filhos sempre se espelharam em mim. Quando o do meio fez 19 anos, tinha feito curso técnico, falou assim: “Eu vou fazer concurso pra lá.” Eu falei: “Vai Tá bom.” Aí fez - ele e a namorada - ela passou e ele não. No ano seguinte, ele fez novamente e passou para a Transpetro. Depois o terceiro, o Júnior, fez concurso para o Rio Grande do Norte, pro E&P, passou, foi pra lá e depois foi transferido para a Reduc. Então eu acho que ser petroleiro é essa coisa de você ter orgulho da empresa onde você trabalha. Eu tenho orgulho. Em qualquer evento em que eu esteja, eu falo para as pessoas o que é a visão da Petrobras. E eu tenho uma grande oportunidade de fazer isso, por quê? Porque eu exerço um cargo público, estou sempre em contato, com uma gama enorme de pessoas, uma gama de pessoas que são formadores de opinião, então eu tenho oportunidade de colocar essa visão da Petrobras, e colocar, de forma que não pareça que eu estou fazendo a coisa de forma piegas, bem isenta. Porque depois de você estar aqui há quase 30 anos, você já tem a nítida noção de como essa empresa trabalha e de como essa empresa chegou aonde chegou. É porque as pessoas pensam que a empresa chegou aonde chegou com benesses de estado ou de governo. Não. A empresa chegou aonde chegou pelo valor das pessoas que trabalham aqui.
Eu me lembro de quando eu embarquei em Cherne II, a plataforma não estava pronta, eu era operador, mas eu apertei flange, de linha, subia em linha, apertava flange, pra quê? Para a plataforma partir, para a gente produzir petróleo porque, na época, a meta era você produzir 500 mil barris de petróleo por dia. Para partir aquela plataforma, a gente se sacrificou, foram 21 dias embarcado. O esforço de cada um estava colocado ali. Ou seja, às vezes, abdicando de um convívio familiar. Quantas vezes eu embarquei 21 dias? Quantas vezes eu saí aqui da Reduc, às nove da noite, às nove e meia da noite, por um problema qualquer? E sempre o trabalhador da Petrobras se deu muito para a empresa. Não estou dizendo que a empresa não reconheceu. Lógico que reconheceu, mas eu vejo que ser petroleiro é você se dar para a empresa, Eu já vim aqui no sábado; me ligaram: “Oh, um problema aqui, um vazamento...” Eu saía, pegava meu carro, vinha pra cá, via o que era, passava aqui quatro, cinco horas, depois ia pra casa. Estava lá no convívio com a minha família e vinha. E muitas e muitas pessoas fazem a mesma coisa. Não só gerentes, mas o pessoal técnico, o pessoal que não exerce nenhum cargo de gerência. Eles todos atuam dessa forma porque tem orgulho da empresa onde trabalham. Então, eu acho que isso é ser petroleiro. É você se dar, é você se doar a essa empresa sem esperar que haja alguma recompensa, você se doar por amor a empresa.
Eu acho que isso é muito importante também para a nossa vida pessoal. Dar o exemplo. Minha família está aqui, talvez, em função do exemplo que eu dei para eles. Talvez se eu não desse o exemplo, talvez se eu não mostrasse o que é a empresa, que a empresa é excelente dentro do Brasil... Eu não vejo outra empresa igual a Petrobras e então eles vieram pra cá por isso. Eu os coloquei numa situação muito confortável, até em termos profissionais. Hoje eles estão bem, todos estão galgando posições melhores em função desse exemplo.
Eu acho isso importante. As pessoas que trabalham durante muitos anos num mesmo lugar devem passar a história, a noção de como foi a trajetória da empresa. A trajetória não foi fácil, existiram “n” problemas, mas a gente tem que deixar registrado para as pessoas novas que estão chegando. As pessoas chegam hoje com outros valores, outra cultura, elas não conhecem o que se passou aqui dentro. As pessoas, às vezes, tem uma ideia errada. A vida profissional, nossa, foi diferente, foi uma vida com muito sacrifício, com muita doação a empresa. Eu vejo que talvez essa doação, hoje, ela não seja igual como era no passado, igual no meu tempo. Eu vejo que as pessoas, hoje, se doam pouco. Então eu vejo que esse depoimento é importante para passar aos demais que a gente só constrói uma grande empresa com esse nível de doação, com esse nível de comprometimento.
Recolher
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