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Por: Museu da Pessoa,

De Duque de Caxias à Baixada Fluminense

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De Duque de Caxias à Baixada Fluminense

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Minha mãe nasceu em Minas, na cidade do cinema, Cataguases, e meu pai em Campos. O meu pai trabalhava no Ministério da Saúde, como ascensorista. Depois passou a trabalhar no Banco do Brasil, mas eu não lembro a função dele. Minha mãe trabalhava como faxineira de escola. Meu pai teve uma história que uma vez ele foi pra casa almoçar - eu não era nascida - e caiu do ônibus, bateu com a cabeça no meio fio, perdeu a memória e foi internado como louco num Hospital Psiquiátrico. Levaram os documentos dele. Ele ficou sumido quase um ano, a família procurando, e ele fazendo tratamento de eletrochoque. Ficou internado e dizia: “Eu não sou louco, eu não lembro”.

Minha mãe encontrou ele depois de um ano. Ela voltou a estudar nesse período, procurando o meu pai, e terminou o Segundo Grau. Ele voltou a trabalhar como mestre de obra, meu pai desenha e constrói casas. Recuperou a memória e voltou pra família. Nossa casa foi mudando. Porque a família foi crescendo e meu pai precisou construir uma casa, no mesmo quintal, que era um terreno grande. A gente até brincava, chamava de “Quilombo dos Ornelas”, porque morava uma nêgada, a família inteira, e cada um com suas casas. E eu fui a caçula durante muito tempo e depois a minha mãe adotou três primos meus. Meu quintal tinha galinheiro, horta, árvore frutífera. Era o nosso refúgio. O portão ficava aberto, e a gente se frequentava, as pessoas se conheciam.

A Baixada Fluminense sempre teve violência, mas tinha poesia também. De poder brincar na rua, de decorar a rua pra festa junina, fazer bandeirinha, enfeitar na Copa do Mundo. Minha mãe voltou a estudar e se formou em História. Era faxineira de uma escola e um dia uma diretora falou pra ela uma coisa que ela não gostou: “Você nunca vai ser mais que isso”. Falou pra pessoa errada! Na mesma escola em que ela era faxineira ela entrou como professora, de primeira à quarta série. Ela falou que um dia ela...

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Dados de acervo

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P/1 – Dani eu posso te chamar de Dani mesmo? Como você prefere?

R – Dani. Eu falei com ela agora, ninguém me chama de Danielle. Difícil.

P/1 – Dani, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Meu nome é Danielle Aparecida de Ornelas Santos, nasci em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, no dia 25 de Julho de 1977.

P/1 – Seus pais são de Duque de Caxias?

R – Não. Minha mãe nasceu em Minas, na cidade do Cinema, Cataguases. E meu pai em Campos.

P/1 – E seus avós são de Minas, maternos e paternos?

R – Não, meus avós maternos, sim, de Minas, e os meus avós paternos são de Macaé, no Rio de Janeiro.

P/1 – E você sabe qual que é a origem deles, o quê que eles faziam?

R – Pouca coisa, pouca coisa. Sei muita coisa do pai da minha mãe que ele tinha uma fazenda pequena, que a gente tá perdendo, até esse ano, eu acho porque a família abandonou e saiu de lá por briga política, isso nas histórias que eu ouvia. E minha avó, dona de casa. Os pais do meu pai, minha avó também dona de casa e meu avô era um homem da terra.

P/1 – Tipo plantava?

R – Plantava, vendia.

P/1 – Você chegou a ter contato?

R – Não conheci. Quando eu nasci todos já haviam falecido.

P/1 – Você sabe como seu pai e sua mãe se conheceram?

R – Acho que no bairro onde minha morava; o meu pai foi fazer um trabalho no bairro e conheceu a minha tia , irmã da minha mãe. E, aí, começou um flertezinho e no dia seguinte ele conheceu a minha mãe e ficaram encantados, apaixonados e minha tinha rodou .

P/1 – E o quê que seu pai fazia?

R – O meu pai trabalhava no Ministério da Saúde, como ascensorista. E, aí, depois, passou a trabalhar no Banco do Brasil mas eu não lembro a função dele lá e a minha mãe trabalhava como faxineira de escola. Meu pai teve uma história, uma vez ele foi em casa pra almoçar – eu não era nascida, só os meus irmãos – e ele caiu do ônibus na volta, bateu com a cabeça no...

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