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Tenho notícias minhas há muito tempo. Sou - pois aprendi assim - a simbiose perfeita entre o urbano e o rural. Tudo o que em mim resplandece, passado pelo crivo da fornalha, purificado na brasa do forno à lenha, torna-se matéria de pedra - seixo polido pelos séculos. Sinto-me eterno dentro de mim e não me queiram louco.

Pedro Afonso era uma cidade eminentemente rural. O rio Tocantins desce por dentro da cidadezinha - proposital a mudança do tempo verbal. Esse fato faz da cidade uma destinação e dos habitantes um destino - pedra e água. O rio é o de Vaseduva (o barqueiro), eterno em seu deslizar, eterno em sua efemeridade; o rio é o de Heráclito - ninguém, tendo passado por ali, volta o mesmo para sua terra. Impossível ser o mesmo depois de conhecê-lo - não se banha duas vezes naquele rio. Só uma. Sempre única.

Por isso Pedro Afonso é o encontro da dialética, a junção da tese e antítese, a síntese da eternidade... e do efêmero - pedra e água. Por isso somos poetas do tempo...

Meu pai... Delegado de Polícia. Eu passava o dia na cadeia local (será que por isso hoje sou Advogado criminalista?). Conheci a selva interior. A fera saindo do escuro, o grunir de ameaça (ou defesa), arrepios, sibilações, silvos, gritos, dor... Aprendi, muito antes de conhecer Hobbes, o homem como lobo do homem. Mas também conheci a ternura: o homem como a busca interminável do afeto, do outro, do amor; o homem como promessa de reconciliação; o homem como a aposta de Deus na humanidade - a esperança da esperança, a fé na fé (Nietzsche).

Meu pai... o meu contrário. Um homem da repressão policial, um homem muito religioso, um militar. Os seus desejos não satisfeitos: queria que eu fosse militar, também. Eu, um ator, um diretor de teatro, um poeta, um Advogado, um filósofo... Não deu, pai. Passei no concurso, no dia de entrar na Academia, tu estavas comigo, fardado, com tuas medalhas honoríficas no peito, orgulhoso. Mas ali no portão deixei...

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