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Personagem: Félix Brull
Por: Museu da Pessoa, 29 de agosto de 2013

Da guerra ao Brasil

Esta história contém:

Da guerra ao Brasil

Como eu nasci na Alemanha, o nome meu na Alemanha tinha dois pontinhos em cima do “u”, que quer dizer, a pronúncia era “brull. Sou de Hamburgo. Os europeus são muito mais, digamos, avaros com palavras do que aqui na América do Sul, então meus pais falavam muito pouco sobre o passado, muito pouco, mal conheço aquilo que acabo de falar. Eles não divulgaram muito, não tinha nada para esconder, mas é um hábito. Da minha infância, eu me lembro de uma escola, uma espécie de uma pré-escola e de uma professora que gostava bater com as réguas nas mãos, inclusive nas minhas, quando fazia algo errado. E da minha mãe: como ela vinha Polônia, ela tinha uma, digamos, preferência pela comida austro-húngara, fazia bolinhas de frutas, fazia muitas tortas, fazia uma comida bastante pesada, mas muito gostosa. Era uma cozinheira de mão cheia. Quando chegou em 45,e foi a época onde eu já conhecia de mais perto a miséria de uma guerra.

Tínhamos medo de perseguição por sermos judeus. A gente não levava grande coisa, deixava tudo lá, só Deus sabe o que depois aconteceu com essas coisas, não sei. Uma vez nós pegamos uma estrada, de carro, houve várias fiscalizações e, infelizmente, numa dessas fiscalizações, que eram principalmente feitos por elementos que era amigos dos alemães, colaboradores, o meu pai foi, digamos, acusado de judeu. Foi meio maltratado, tiraram ele do carro e colocaram ele numa escola lá com outros judeus que esperavam as coisas futuras, o destino deles. E nós continuamos, então, com uma pessoa a menos, foi muito triste esse momento porque perdemos um. Minha mãe super desesperada, e eu também já sentindo muito o peso do que é uma guerra. E nós fomos andar até uma cidade que era, talvez, não sei eu, 20 quilômetros dali. Fomos nos hospedar numa escola. E foi nessa época que os Aliados, os ingleses e os americanos, principalmente ingleses e franceses, queriam já invadir a Europa, e houve...

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P/1 – Senhor Félix, o senhor pode começar falando seu nome completo, o local e data de nascimento?

R – Félix Bruhl, é, uma observação, como eu nasci na Alemanha, o nome meu na Alemanha tinha dois pontinhos em cima do “u”, que quer dizer, a pronúncia era “brull”, agora, esses dois pontinhos em cima do “u” foram deixados depois aqui no Brasil, quer dizer, aqui me chamo Bruhl, e em Hamburgo, onde nasci, me chamavam de Brühl.

P/1 – Aí o senhor nasceu em Hamburgo, qual data?

R – Vinte... Pois é, eu não me lembro (risos), é, 5 de julho de 1924.

P/1 – Seus pais são de Hamburgo, seu pai e sua mãe?

R – Não, o meu pai, então, vem da Tchecoslováquia, e a minha mãe da Polônia.

P/1 – E você, vamos contar um pouquinho, a gente vai fazer um pouquinho agora a história do seu pai, depois a da sua mãe, até chegar no senhor. Seu pai veio da Tchecoslováquia.

R – Veio da Tchecoslováquia.

P/1 – Seus avós são tchecos?

R – Como é?

P/1 – Seus avós eram tchecos?

R – Sim.

P/1 – Que que eles faziam lá, seus avós, paternos, na Tchecoslováquia?

R – Ele era o, o meu avô, o masculino, era médico. E a esposa dele era esposa mesmo, né.

P/1 – E você conviveu com eles?

R – Não, não. Eu os vi uma vez, porque era uma distância muito grande, não, de Hamburgo até lá, sendo...

P/1 – E por que o seu pai saiu da Tchecoslováquia, como é que ele foi parar em Hamburgo?

R – Para maiores oportunidades, não, de ator de teatro, para fazer algo de maior, o lucro de maior rendimento para formar uma família, precisava de mais oportunidades, e Hamburgo naquela época realmente oferecia. Ele era o que na linguagem clássica se chama shipchandler, shipchandler é um negócio que fornece alimentos para navios, Hamburgo era o maior porto da Europa. Então ele tinha o negócio lá, tinha o seu próprio, a sua, digamos, acho que chama barcaça, um barquinho, e antes dos navios atracarem ele foi lá comigo,...

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