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Por: Museu da Pessoa,

Comida como um valor para o homem

Esta história contém:

Comida como um valor para o homem

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Nasci em São Paulo, primeiro nome Milad, que as pessoas, volta e meia, chamavam Milady, mas me tornei conhecido como Alex Atala. Aos 14 anos – sou de 1968, 3 de junho – saí de casa, quer dizer, de São Bernardo do Campo, onde me criei. Foi uma saída sem dramas e sem conflitos, a pura vontade de ganhar o mundo e me tornar independente. Meu pai foi registrado em Mato Grosso, mas nasceu em terras bolivianas. Veio para São Paulo com 17 anos, para estudar, acabou na indústria da borracha, daí São Bernardo. O pai dele era palestino, viveu na Inglaterra, veio para o Brasil e aqui foi assassinado – envenenado – próximo a Rondônia. Minha mãe vem de uma família de mineradores ingleses.

A São Bernardo em que eu cresci era outra; morávamos numa espécie de chácara, cercada de árvores frutíferas e por onde corria um riozinho. Ali, hoje, é uma avenida e um shopping. Como disse, muito cedo vim para descobrir um outro mundo. Quando eu entrava na Avenida Paulista, por exemplo, eu me sentia atravessando um portal, e a partir dali é que as coisas aconteciam. Vivia, intensamente, o mundo da música, com o punk rock; e todas as outras coisas daquele universo me deslumbravam. Eu não era um bom aluno, era indisciplinado mas respeitoso, elegantemente rebelde e mal-educado. Assim, tive cinco expulsões e ia estudando onde dava. Numa dessas, eu fui parar em Interlagos. Quer dizer, São Bernardo a Interlagos, naquela época, eu passava mais tempo no ônibus do que na escola. Mas o rock, o gosto pela música e o fato de estudar, mais tarde, em Pinheiros, me levavam a transitar por aquele corredor: Paulista, Pinheiros, Pompeia, Jardins, Vila Madalena. O fascínio que eu sentia por aqueles lugares, me abria novas perspectivas e me levava a novas experiências. Como, por exemplo, a Fábrica do Som, no SESC/Pompeia. Fora que, então, eu estudava ali em Pinheiros. Aí decidi que não fazia sentido estar indo e vindo, mofando em condução, e...

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Projeto Conte Sua História

Depoimento de Alex Atala

Entrevistado por Márcia Andrade e Rosana Miziara

São Paulo, 22 de maio de 2019

Realização Museu da Pessoa

PSCH_HV771 _ rev.

Transcrito por Selma Paiva

Revisado/editado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 – Para começar, por favor, fale o seu nome completo, a cidade e a data de nascimento.

R – Meu nome completo é Milad Alexandre Mack Atala, eu nasci em São Paulo, na Zona Leste, cresci em São Bernardo. Nasci no dia 3 de junho de 1968.

P/1 – Quais os nomes dos seus pais?

R - Meu pai chama-se Milad Atala e minha mãe chama-se Otávia Maria da Silva Mack.

P/1 – E a origem da sua família, dos dois lados?

R – Do lado do meu pai é palestino. (risos) Predominantemente palestino, mas com uma avó inglesa. Do lado da minha mãe, irlandês predominante, com um pouquinho de austríaco.

P/1 – E você conhece um pouco da história da vinda deles para cá?

R – Mais da parte do lado do meu pai - árabe e inglês também - de pessoas buscando oportunidades e muitos querendo esquecer suas histórias, o que viveram para trás, assim. Acho que tem um lado mais claro na família do meu pai, mais visível no lado da família do meu pai, de pessoas que vieram morar no paraíso e tinham seu passado como alguma coisa amarga, que eles preferiam não falar. Eu sempre conto isso porque, apesar de ter uma família com a qual eu poderia ter aprendido muitas línguas desde criança, meu avô nunca falou comigo em outra língua. Só falava comigo em Português. Tinha uma vontade de esquecer, de não transmitir o que eles carregavam.

P/1 – Seu pai nasceu aqui?

R – Meu pai já é nascido em São Paulo. Meu pai é nascido no Mato Grosso, desculpe.

P/2 – Mas por que eles vieram da guerra? O que aconteceu?

R – Não. Na verdade, cada um tem uma história, não é? O pai do meu pai, meu avô, é palestino, vai morar na Inglaterra, vem trabalhar no Brasil, na divisa Brasil/Bolívia, tem...

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