Projeto: Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Benício Schettini Frazão
Entrevistado por Tânia Coelho
Rio de Janeiro, 26/06/2008
Realização do Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista PETRO_CB440
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Gostaria de começar a entrevista pedindo que o senhor nos diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Benício Schettini Frazão, eu vou fazer agora dia 13 de julho, 54 anos, eu nasci em Salvador e atualmente eu moro na cidade de Niterói.
P/1 – Nasceu em que dia?
R – Nasci no dia 13 de julho de 1954.
P/1 – Qual é a sua formação?
R – Eu sou engenheiro civil, me formei na Universidade Federal Fluminense em 1978, quando eu entrei na Petrobras então em 24 de janeiro de 1979.
P/1 – E como é que foi essa sua chegada a Petrobras?
R – No meu caso, eu tenho uma característica, eu tenho um irmão três anos mais velho do que eu e ele já era petroleiro. Então eu mesmo já na faculdade eu já vestia a camisa da Petrobras antes (de?) Petrobras, porque pela própria característica de ter um irmão petroleiro e falava muito da Petrobras e falava muito do como é que era as atividades, né, então eu já entrei na... Já na faculdade já vislumbrava um dia ir poder também entrar na empresa.
P/1 – Ele fazia discursos enaltecendo a empresa (para os estudantes?)?
R – Não, não nunca foi...
P/1 –
R – Não, não, nunca foi um líder estudantil não, de pregar esse tipo de coisa. Eu sempre fui mais recatado, né, nesse aspecto, né, e mirava sempre no irmão mais velho, eu perdi o pai cedo, então o irmão passou a ser aquele líder, aquela pessoa que a gente mirava assim como exemplo. Então, como ele entrou na Petrobras, a gente fica naquela assim “mas (não?) vou seguir a mesma linha de trabalho dele”.
P/1 - Isso já era uma referência, né?
R – Já era uma referência, já era uma referência naquela oportunidade. Agora as pessoas estão...
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Depoimento de Benício Schettini Frazão
Entrevistado por Tânia Coelho
Rio de Janeiro, 26/06/2008
Realização do Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista PETRO_CB440
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Gostaria de começar a entrevista pedindo que o senhor nos diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Benício Schettini Frazão, eu vou fazer agora dia 13 de julho, 54 anos, eu nasci em Salvador e atualmente eu moro na cidade de Niterói.
P/1 – Nasceu em que dia?
R – Nasci no dia 13 de julho de 1954.
P/1 – Qual é a sua formação?
R – Eu sou engenheiro civil, me formei na Universidade Federal Fluminense em 1978, quando eu entrei na Petrobras então em 24 de janeiro de 1979.
P/1 – E como é que foi essa sua chegada a Petrobras?
R – No meu caso, eu tenho uma característica, eu tenho um irmão três anos mais velho do que eu e ele já era petroleiro. Então eu mesmo já na faculdade eu já vestia a camisa da Petrobras antes (de?) Petrobras, porque pela própria característica de ter um irmão petroleiro e falava muito da Petrobras e falava muito do como é que era as atividades, né, então eu já entrei na... Já na faculdade já vislumbrava um dia ir poder também entrar na empresa.
P/1 – Ele fazia discursos enaltecendo a empresa (para os estudantes?)?
R – Não, não nunca foi...
P/1 –
R – Não, não, nunca foi um líder estudantil não, de pregar esse tipo de coisa. Eu sempre fui mais recatado, né, nesse aspecto, né, e mirava sempre no irmão mais velho, eu perdi o pai cedo, então o irmão passou a ser aquele líder, aquela pessoa que a gente mirava assim como exemplo. Então, como ele entrou na Petrobras, a gente fica naquela assim “mas (não?) vou seguir a mesma linha de trabalho dele”.
P/1 - Isso já era uma referência, né?
R – Já era uma referência, já era uma referência naquela oportunidade. Agora as pessoas estão sendo até mais, vamos dizer assim, hoje está muito mais nítido isso aí. Na minha época ainda tinha várias pessoas que não tinham como Petrobras assim um desafio. Hoje a gente vê os concursos aí, a quantidade imensa de pessoas querendo entrar na empresa. Na época não, acho que até da época, acho que somente umas dez ou 12 pessoas da minha turma fizeram o concurso para a Petrobras. Hoje você nota aí que grande parte das pessoas formando, grande maioria presta concurso para a empresa. Mas já era uma, já era um ícone aí no Brasil trabalhar na Petrobras, naquela oportunidade.
P/1 –
R – É, bem distante, né?
P/1 – ... engenheiro civil, que é uma área bem distante, né?
R – É, bem distante.
P/1 - ...
R – É, é, é muito abrupto. Na verdade eu digo que eu fui engenheiro civil, né? Porque eu não tive oportunidade de praticar aquilo que eu estudei na faculdade. Logo quando eu me formei, em dezembro de 78 e eu entrei na Petrobras em janeiro de 79, quer dizer, eu tive menos de um mês de férias, vamos dizer assim. Na verdade talvez tenha sido o ano mais rico na minha, minha pessoal e profissional, foi o primeiro ano de empregado, né, porque você naquela época você era estudante e “duro”, e você passou a ser empregado e eu achava assim agora: “agora eu virei rico”; porque eu recebia para estudar. Eu fiz um concurso e me preparei para, relativamente, nos últimos... tinha a formação da faculdade, a conclusão do curso deformação, mas deu aí uma lacuna de uns 15 dias para dar uma repassada em algumas, algumas matérias que seriam objetos da prova da Petrobras, deu aí uns dez dias para fazer uma revisão e quando você entra, você entra para estudar. Eu fui para Salvador, era uma coisa bacana também porque eu voltei para a cidade que eu nasci, né, depois de 20... eu entrei na Petrobras com 24 anos de idade e para ficar lá durante 14 meses estudando, aquilo que eu estava fazendo, continuei fazendo, que eu não fui para trabalhar na Petrobras, eu fui para fazer um curso de engenharia de petróleo que era uma extensão da faculdade, só que é uma coisa mais voltada, dirigida para a atividade de petróleo. Então ali...
P/1 – Necessária para trabalhar nela.
R – Com certeza. Para a atividade que eu exerci durante esses 30 anos na Petrobras, era fundamental ter participado desse treinamento, que como engenheiro civil eu teria que trabalhar numa outra área da Petrobras, numa área de construção civil, uma área de... A área que eu trabalhei, a área de produção, esse curso é fundamental que se faça, né? E eu fiquei lá em Salvador durante esses 14 meses estudando e recebendo salário para isso. Só estudar para mim já estava... se a Petrobras me desse onde eu ficar lá e estudar para mim já estava de bom tamanho, ainda me pagavam salário, aquilo foi uma coisa... A questão da uma cidade nova para mim, a questão da idade, a questão de ficar sozinho numa cidade bela e maravilhosa, como é Salvador e para estudar. Então foi um momento...
P/1 – Um presente.
R – É, foi um momento que, como eu falo, foi o melhor ano da minha vida pessoal e profissional foi o ano que eu passei em Salvador.
P/1 – Foi um ano inesquecível.
R – Inesquecível, inesquecível.
P/1 – E Salvador foi uma opção sua, foi acidente, porque foi muita sorte ser a cidade que o senhor nasceu, as suas raízes, perto do afeto da família.
R – É, naquela época, há 30 anos atrás, né, porque eu vou fazer agora em janeiro 30 anos de Petrobras, coincidi, né, com os 30 anos da Bacia de Campos. E naquela oportunidade a grande área da Petrobras era a Bahia. A Bahia representava naquela época o que hoje representa a Bacia de Campos no tempo atual. Então a Bahia era, vamos dizer assim; Macaé já estava; o Estado do Rio já estava despontando, a Bacia de Campos já estava começando, mas Salvador ainda era, os campos da Bahia ainda era aonde tudo acontecia, onde se formavam todas as pessoas. E esse curso de engenharia de petróleo chamado Cep, esse curso ele era realizado em Salvador. A “universidade” Petrobras hoje,vamos dizer assim, na época era em Salvador. Então lá que tinha o prédio administrativo, lá que tinha a escola de formação para esse curso. Então foi uma coincidência, né, foi uma coincidência, poderia ter sido no Rio. Tinham outros cursos, por exemplo: tinha um curso de instalações marítimas que eu pensei também em fazer, é o Sim. Esse curso de instalações marítimas era aqui no Rio. Por quê que eu fiz o Cep? Porque o meu irmão fez o Cep, em 76, se eu não me engano. Então eu seguindo aí a linha dele eu fiz o Cep em 79 e era em Salvador, podia ser em outro lugar.
P/1 – Bela Coincidência.
R – Foi uma bela coincidência.
P/1 – Você tem essa consciência.... ????????????
R – É, eu, quando os colegas falaram desse trabalho que está sendo feito dos “30 anos da Bacia de Campos”, desses depoimentos, dessa coletânea aí de depoimentos de pessoas que viveram isso aí, esse período, eu falo assim: como eu me encaixo muito forte nisso aí, né? Porque, como eu falei, dia 24 de janeiro, agora, de 2009, eu vou fazer 30 anos de Petrobras e a Bacia de Campos está completando seus 30 anos. Então, todo esse meu período foi praticamente voltado para a Bacia de Campos. Em nenhum momento nesses 30 anos, eu não trabalhei ou diretamente ligado a Bacia de Campos, ou vinculado a Bacia de Campos, todos esses meus 30 anos da companhia foi fortemente ligado ao crescimento da Bacia de Campos. Então foi uma coisa assim que para mim, eu me vejo assim muito dentro do que aconteceu na Bacia de Campos. Então a gente tem ali histórias e colegas, que vivenciou desde o momento que a gente chegou em Macaé. Eu me recordo...
P/1 - Desse momento?
R – Foi uma coisa interessantíssima. Hoje está bem mudado, mas na época, nós chegamos; acabando o curso em março de 1980, chegou então o grupo, acabou o curso de formação na Bahia, tinha toda uma opção para onde você queria trabalhar, né? Então algumas pessoas optaram em trabalhar em Salvador, continuar trabalhando em Salvador, outras pessoas optaram em trabalhar no Rio Grande do Norte, outras Sergipe/Aracaju, muita gente realmente ficou pelo nordeste, né, e algumas pessoas...A Bacia de Campos não era uma coisa assim muito... começou, estava começando o desenvolvimento e tinha um grupo que optou por voltar para a sua cidade, como eu, né? Niterói, né? Então a minha opção era, o que tinha mais próximo aqui ou era a sede da companhia, mas naquela época trabalhar na Sede da companhia.. Eu sempre imaginava que tem que ter uma certa experiência de campo, né, para você ir para a Sede numa atividade de petróleo, produção, sem você ter passado pela unidade operacional... Então as vagas para a sede eram muito poucas, as vagas para o Cenpes, Centro de Pesquisa, eram muito poucas e a minha vocação e o meu estilo encaixava muito mais com a parte operacional.
P/1 – Você já sentia isso.
R – Eu já sentia isso. Então eu falei: o meu negócio é ir para Macaé, onde tinha, onde as coisas começaram a desabrochar, né? Então, eu e mais sete colegas, na escolha lá depois de terminado o curso, a gente optou então pela antiga Distrito Sudeste, que era o distrito que hoje é a UNBC, UN-Rio esses nomes eram Distritos Sudeste, era uma única célula, né, e essa célula era em Macaé, e nós viemos...
P/1 - ...
R – É, uma célula bem pequena, uma base bem pequena, poucas plataformas ainda, né, e nós viemos então para Macaé eu e mais oito colegas. Ao chegar em Macaé, foi uma surpresa tremenda, porque a gente tinha aquela idéia, né, curso de formação e tudo, que a Petrobras tinha toda uma estrutura, tinha toda uma organização. E quando nós chegamos para Macaé minha surpresa foi porque o nosso chefe tomou um susto, quando a gente chegou lá, eu e mais sete engenheiros, oito engenheiros acabando o curso de formação, se apresentando para trabalhar numa unidade e o chefe não sabia disso, o meu chefe era o José Silvio, hoje ele está aposentado, e ele tomou aquele susto: “O quê que vocês estão fazendo aqui?”, “- Ué, nós acabamos o curso e fomos transferidos para Macaé”, “Mas vocês chegaram... Não esperava isso.”, “Ué, e aí, o quê que a gente vai fazer que não esperava isso?”.(riso) E na época, o atual Espírito Santo, Macaé, a vinculação do Espírito Santo ainda era com Macaé, hoje tem a UNBC, UN-Rio e UN-Espírito Santo. Anteriormente, naquela época o Espírito Santo tinha uma área, um setor que era vinculado a Macaé, as USU. E a gente percebeu que ele estava meio assim sem saber o que fazer com a gente. Ele falou assim “Eu vou pegar esses... - eu pensando – eu vou pegar esses... - depois adiante se confirmou isso, né - “Eu vou pegar esses caras e vou mandar lá para São Mateus”, lá no Espírito Santo, “Que eles ficam lá um período até ver como é que a gente programa um estágio efetivo deles”. E naquela reunião, larararará, então “Ó, vocês vão para São Mateus amanhã”, “- Mas São Mateus, onde é isso?”, “Lá no norte do Espírito Santo, não sei aonde... Pois é” “Então ta bom!”, “- Então vocês se preparem para amanhã virem aqui para ir para São Mateus.” A gente pensava que a gente fosse de avião. Não. Ele arranjou uma Kombi, uma(riso), nunca me esqueço disso, pegou uma Kombi, não era nem uma van, era uma kombi e nós oito engenheiros dentro de uma Kombi, doze horas de viagem, (operário da construção?), doze horas de viagem até São Mateus. E fomos para São Mateus, eu acho que nesse intervalo ele ligou para o Amauri, que era o gerente lá de São Mateus, né, o Amauri (Rediguieri?), acho que vocês devem ter entrevistado, ou vão entrevistar, não sei, e nós fomos então esses oito para São Mateus. E chegamos lá em São Mateus e começou a ver – aí o Amauri já sabia que a gente estava chegando e dividiu o grupo em dois grupos de quatro engenheiros e fez o programa de estágio. Tem uma história interessante nesse programa de estágio, é uma coisa também; eu tenho algumas histórias, mas essa é muito legal, porque dois grupos de oito e a gente, eu pessoalmente eu já sabia o que eu queria, como eu falei anteriormente, eu puxei muito assim, eu ia muito na direção que o meu irmão fez, e ele falava: “Ó, não vai para a perfuração, vai para a produção.”, eu fui para a produção, “Ó, não vai para a completação, vai para a produção mesmo, a parte de produção que...” E aí eu fui, mais ou menos alinhando com o que ele me dizia, né, e a gente foi percebendo isso também com os amigos e com os contatos que a gente fazia. E quando esse grupo chegou em São Mateus o Amauri dividiu em dois grupos. Aí ele falou: “Ó, um grupo vai fazer um estágio na estação coletora - um grupo de quatro – e o outro grupo vai acompanhar o trabalho de uma sonda de completação - a tal da SPT11 – vai acompanhar no estágio”. E dividiu e não sei se por sorte ou por azar eu caí no grupo da produção. Na época eu não sabia, hoje eu sei que foi uma grande sorte, e eu caí no grupo que a gente ia passar; eu queria na... mas quando ele dividiu... Na verdade ele falou: “Ó, a primeira quinzena esse grupo vai para SPT11 e esse grupo vai para a produção. Na outra quinzena vai inverter, o grupo que ficou na produção vai para a SPT11 e da SPT11 vai para a produção.” E a gente começou o estágio, então dividiu o grupo e no dia seguinte, recebemos o nosso uniforme laranjão, bota, capacete, esse negócio todo aí vamos no dia seguinte o transporte ia nos pegar no hotel e nós íamos para estação e o outro grupo para SPT11. A SPT11 é uma sonda de terra que faz trabalho de completação de poço, é uma atividade muito dinâmica, a sonda, às vezes acabou um poço tem que movimentar para outro poço, ou então tem um o chamado DTM, é uma desmontagem, transporte e montagem em outro local, então tem um trabalho bem dinâmico. O trabalho de uma estação coletora, que foi a nossa primeira quinzena, era um trabalho muito, uma rotina muito, não tem um dinamismo, é como se você acompanhasse um processo, né, mas simplesmente as atividades eram controlar nível de vaso, verificar nível de tanque, tirar dados de pressão, temperatura, era uma coisa assim muito rotina, que no segundo dia já estava, aquilo já não tinha mais novidade, segundo, terceiro dia falei: “Rapaz, isso aqui vai ser, não tem novidade.” Mas também não tinha nenhum cansaço, era um trabalho assim de ir lá, tirava as medições, tal, tal, fazia as anotações, ficava numa sala e conversava e ia almoçar, então era uma coisa assim muito tipo administrativa. E foi assim no primeiro dia. Quando nós chegamos no hotel à noite, aí o nosso grupo chegou, ainda todo limpinho, quando nós vimos os nossos colegas que vieram da SPT11, nós nos assustamos, porque eles literalmente, o macacão deles já era para jogar fora, o macacão recebido na véspera, já estava todo sujo de óleo, todo... já estava uma coisa assim, que eu falei “meu Deus do céu”, e o nosso macacão estava limpinho, estava, como eu digo ainda, “com o selo da Santista aparecendo”(riso), e o macacão deles todos ferrados, né? Aí a gente ficou naquilo, foi, quando é no final da quinzena o macacão deles já era para jogar fora, trocar, e o nosso, tranqüilo. E foi, foi, no final da quinzena aí acabou o período de estágio e voltamos para as nossas residências folgar durante 15 dias, nós íamos folgar 15 dias e depois retornaríamos em posições opostas. Aí a gente vinha, pegamos um ônibus no Rio para São Mateus, viemos os grupos juntos, os oito juntos, né, no ônibus, conversando, tatatá, chegamos em São Mateus tinha uma kombi pegando a gente para levar no hotel. E nessa viagem um dos colegas, o (Cássio Heleno?), que estava no grupo da sonda, brincava com a gente e – “Pô, agora vocês vão se ferrar, agora você vai ver o quê que é estágio, agora vocês vão se ferrar, tarara, e agora...”, e a gente falava: “É, agora chegou nossa vez, né?” E teve um momento que eu comentei com ele: “Rapaz – comentando com os colegas que estavam comigo – bem que naquele SPT11 tivesse acontecido um problema nela, se ela quebrasse, se aquele negócio, a gente se dava bem, né, bem que podia acontecer alguma coisa com a SPT11 para a gente não ter esse estágio lá”.(riso) Comentamos isso e chegamos na rodoviária, aí pegamos a kombi, aí o motorista da kombi, nós oito, aí conversando, o motorista puxando conversa com a gente: “E aí, tudo bem, como é que está aí, ta...” Aí o motorista perguntou assim para a gente: “Vocês souberam o que aconteceu?”, Aí a gente: “- O quê que aconteceu?”, “Vocês não souberam, não leram no jornal não?”, “- O quê que foi?”, “O mastro da SPT11 caiu.” A gente começou a rir, dar pulo, gargalhada, nós...(riso) O mastro caiu, não teve nenhum acidente, mas o mastro da sonda caiu e a sonda ficou inoperante. Então a gente começou a... “pô – o pessoal ainda brincando – pô, você baiano, hem, você é cheio de macumba, não sei o quê, que, pô, como é que...” Aí nós chegamos no dia seguinte, pô, todos satisfeitos, vamos lá para o Amauri para saber qual a programação, aí, chegando lá: “Olha, queria comunicar aí que aconteceu um fato na quinzena de vocês, a gente estava para fazendo um poço lá e houve uma bobiada lá e o mastro da sonda, da SPT11 que vocês iam estagiar ela se danificou, a gente está reparando, isso vai demorar aí uns dois meses, e a gente vai pegar vocês e mandar vocês para Macaé, para embarcar na plataforma”. E a gente ficava quietinho ali, ficava quietinho(riso). No dia seguinte pegamos um ônibus e fomos para Macaé e começamos aí , nós quatro, começamos a embarcar nas plataformas lá de, na época, de Macaé, na época foi a S8 que a gente embarcou pela primeira vez. É uma mudança totalmente diferente, totalmente, que aí é uma sonda, no mar, com todos os recursos, com toda, vamos dizer assim, as facilidades de você ter uma, é um hotel em alto mar, né, então você tinha um conforto muito melhor, né, e um trabalho muito mais dinâmico. Agora, a gente não viveu essa experiência dos amigos lá da SPT11, de ter trabalho na completação, mas hoje a gente vê, acho que não ia agregar muita coisa e a gente não passou pela aquele sufoco, aquele perrengue que eles passaram naquela quinzena. Então isso foi uma coisa muito interessante quando agente chegou aí em Macaé. E agente vê hoje quando a gente recebe hoje os engenheiros novos, tem todo um programa, como a empresa mudou, né, nesses 30 anos, a gente chegava, ficava aquele, aquela surpresa na área que você estava chegando. Chegando oito engenheiros e aquela surpresa de quem está recebendo... Hoje, quando você recebe um engenheiro você faz um programa completo de treinamento desse cara, de adaptação, de recebimento, de o quê que ele tem que fazer, o quê que ele não tem que fazer, nos próximos 90 dias. Então houve uma...
P/1 – Também de (formação?).
R – Também de (formação?), é. Então tem essa... Hoje o gerente ele não é surpreendido ao chegar um engenheiro, pelo contrário, ele já sabe diante mão que ele vai receber um cara que está fazendo um curso, ele já sabe disso. E na época não, na época a gente chegou, o gerente tomou um susto com aquela chegada, né?
P/1 – E essa nova história.......?
R - É, hoje é interessante, né? Às vezes a gente comenta, né: o legal era a gente ser jovem com a cabeça que a gente tem hoje, né, todo mundo fala isso. Hoje, se eu começasse na Petrobras, apesar de minha história, vamos dizer assim, de realização, de sucesso, de tudo que eu fiz aí na Petrobras, talvez eu tivesse feito de maneira diferente. Chegando na Petrobras, eu comecei a trabalhar embarcado, eu trabalhei embarcado por quatro anos, e morava em Niterói, trabalhava embarcado, tinha uma namorada que hoje é minha esposa e eu achava que eu ia ficar embarcado o resto da vida, porque era bom demais. Eu trabalhava; eu falava assim: “Gente, eu tenho todo mês 14 dias de férias”, todo mês. Porque eu trabalhava... Na época, hoje ainda está mais... A escala hoje, inclusive é melhor, né, porque na época era 14 dias embarcado e 14 dias de folga. Hoje, né, são 14 dias embarcado e 21 dias de folga, então hoje está mais... Eu acho até merecedor, o esquema de embarque é muito estressante, o cara 14 dias lá longe, é muito, é muito estressante, então eu acho que...
P/1 – Por quê?
R – É o confinamento, é muito mais o confinamento, é aquela questão de você não poder sair daquele ambiente, você não poder ir ao cinema, você não poder tomar uma cerveja com os amigos, jogar um futebol com o amigo em outro ambiente, apesar de lá ter campo de futebol, ter quadra e tudo, mas você sair daquele ambiente. Confinamento você se sente preso, isso é o que mais incomoda, mas são fases da vida e fases talvez até da idade das pessoas. Mas voltando, eu comecei a embarcar...
P/1 – Quantos anos o senhor tinha?
R – Eu tinha 24, 25 anos.
P/1 – Muito jovem.
R – É. Então namorada, 14 dias embarcado e 14 dias de folga. Mas eu achava aquilo maravilhoso, 14 dias eu ficava com a minha namorada, 14 dias com minha namorada, minha namorada estudando e eu ficava 14 dias com ela, então, família, então... Até falei: “Pô, acho que vou arrumar outro emprego.”(riso) Porque às vezes ficava assim, “pô, não...” E eu achava que isso seria eterno, né, porque era gostoso trabalhar, primeiro porque você estava aprendendo, na fase de aprendizado, então o trabalho offshore, os primeiros quatro, cinco anos você aprende muito, você tem tudo aquilo que você aprendeu no curso teórico você vê na prática, grande parte você vê na prática. Então você vê aquilo você tem uma, esse programa de, vamos dizer, dos primeiros quatro anos de trabalho que você coloca em prática aquilo que você viu, é uma coisa assim muito importante, muito marcante para aquilo que você está fazendo ali. Então eu acho esses quatro primeiros anos da atividade offshore foi uma coisa que me alavancou aí para o que eu sou hoje, o que eu conhecia, a minha experiência profissional foi muito em cima daquela vivência naquele período. Então era um aprendizado contínuo, uma quantidade grande de informações, de conhecimentos que você adquire e o período de folga. E nesse período namoro transformou num noivado, transformou num casamento. Quando eu casei, dois meses já estava incomodado com esse negócio de embarcar, já estava incomodado. E o meu gerente percebendo, vamos dizer assim, o meu estilo, ele julgou que deveria chamar alguém para trabalhar em terra em Macaé, para começar a cuidar das plataformas que começava, estava crescendo. E ele viu em mim uma pessoa com esse potencial. E ele então me chamou, na verdade não me convidou, ele me chamou para trabalhar em Macaé, Não passava nunca pela minha cabeça vir um dia morar em Macaé, porque como eu falei, como eu queria trabalhar embarcado o tempo todo, eu morava em Niterói, eu tinha acabado de fazer uma reforma no apartamento aqui no Rio, tinha um apartamento aqui no Rio de Janeiro, eu tinha feito uma reforma nesse apartamento para morar durante o meu período de embarque, eu tinha acabo de casar, fui para a lua-de-mel, voltei para o apartamento zero quilômetro e fiquei nesse apartamento dois meses, porque o chefe: “Ó, você vai ter que vim morar em Macaé e tem que vim...” Aquele negócio, obediente, alinhado, então, vamos morar em Macaé. E recém-casado, minha esposa fazendo faculdade. Então, “tem que vir, tem”, então vamos mudar para Macaé. Isso foi em 84, 83 para 84. Então vamos para Macaé para ver uma casa, para comprar uma casa, como é que faz isso, comecei a vender meu carro, o carro da minha mulher, eu tinha uma moto, vendi moto, vendi tudo para poder...
P/1 -?????
R – É, para poder fixar residência em Macaé. E fui então para Macaé em 84. E lá fiquei por 16 anos, morei em Macaé... Meus filhos na verdade não são macaenses por nascimento, mas se criaram praticamente desde pequenininhos, desde pequenos, né, viveram, saíram de Macaé, eu tenho uma menina com 20 e um menino com 22 e nós saímos de Macaé a cinco anos atrás. Então eles viveram toda a adolescência aí, toda ali em Macaé. E a gente morava ali próxima, em frente praticamente da praia dos Cavaleiros, um local muito agradável inclusive para se morar, para viver, foi um período também muito bom...
P/1 - ???
R – A cidade não era o que é hoje, era uma cidade muito mais tranqüila de se viver, na minha mesmo, ali nos Cavaleiros tinham três casas apenas, hoje praticamente a rua está toda ocupada por prédios e casas, então tinham três ou quatro casas que tinham ali, então a gente tinha uma vida muito tranqüila, mas aí já trabalhava num escritório, uma rotina também muito...
P/1 - ____ ____começou a falar das funções nas plataformas...
R – Pois é!
P/1 – Sobre essas funções, até chegar nessa parte administrativa...
R – Aí, na plataforma a gente já trabalhava na atividade de, hoje tem o chamado “gerente de plataforma”, os geplats, hoje o instrutor da plataforma tem o gerente de plataforma. Na época esse nome era chamado de “fiscal”, era fiscal da plataforma. Então era um representante da Petrobras que era o chefe da plataforma, né, que era chamado de fiscal. Então eu exerci nesses primeiros quatro anos essa atividade de fiscal das plataformas S6, S8, S10, S14, S17...
P/1 – Tão jovem......(??????????????)
R – É, a gente, é aquele negócio, a gente aprende, leva aquela teoria e as pessoas vão percebendo; como hoje também, as pessoas vão percebendo a característica de cada um, o estilo de cada um e vai tentando alocar essas pessoas aí naquele que é o estilo delas. Isso que a gente faz hoje, a gente recebe determinado engenheiro, a gente vê mais ou menos o perfil desse engenheiro e aloca, “Ó, esse cara tem uma tendência muito mais para aquela atividade, do que para aquela”. E algumas pessoas não...
P/1 - ??????????
R – É, é. Algumas pessoas mesmo desses oito que vieram comigo, algumas dessas pessoas não foram muito bem nessa atividade de liderança, de supervisão, de uma atividade de gerencial, uma atividade de controle, de coordenação, então tem umas pessoas que não tem muito esse estilo, esse dom, né, da pessoa, então você tem que buscar sempre, acho que é um trabalho do gerente adequar bem a pessoa no perfil que ela é. Então eu exerci nesses primeiros quatro anos offshore essa atividade fiscal.
P/1 - ______ desafio seu tão jovem já na liderança ________????
R – A gente quando é jovem a gente assumi muito risco, né, parece que a gente é eterno, a gente faz muita coisa que depois vai falar: “Meu Deus do céu, como é que você...” Vai, algumas coisas que a gente fez , hoje eu não faria de maneira nenhuma e a gente assume muito...
P/1 – Por exemplo.
R – Determinadas atividades que eram feitas na época, em que você assumia determinado risco que não tinha ninguém dizendo para você que não deve assumir. Hoje as nossas atividades offshore elas são praticamente todas elas todas procedimentadas, hoje tem procedimento para tudo dentro do segmento E&P, dentro das atividades da Bacia de Campos, tudo tem um procedimento para realizar aquela tarefa. Aquela oportunidade o procedimento era eu que fazia, era o gerente, era o coordenador que fazia aquele procedimento. E ali você às vezes fazia alguma coisa que se você tivesse procedimento você talvez não deixasse, não permitisse que você fosse em determinada direção. Eu dou o exemplo, é uma história também, um exemplo que eu dou é quando eu era o fiscal da S6. A S6 ela ficava em cima de um poço, chamado Enchova 1, na época era o maior produtor da Bacia de Campos, um poço que na época produzia 10 mil barris, então, na época 10 mil barris, era uma produção fantástica, e somente esse poço produzia isso. E essa S6 estava em cima desse poço. E esse poço ia sofrer um trabalho que ele ia ser interligado a uma outra plataforma chamada S10, ele ia ser interligado submarino através de _____ a S10, e essa plataforma S6 que estava em cima dele ia sair de lá, ia sair e ia vim para o estaleiro aqui, o Mauá, aqui no Rio de Janeiro, em Niterói, para fazer um serviço de manutenção e ia voltar para a Bacia de Campos para o outro campo. E eu trabalhava nessa S6. Eu estava no meu período de folga, quando eu embarquei a gente já estava concluindo os trabalhos para a S6 sair daquele ponto e vir para Niterói. Aquele negócio que eu falo, aí garoto novo, cabeludo, né, todo metido a saber tudo; aí, vamos tirar as âncoras da plataforma, teve que tirar as âncoras da plataforma, para a plataforma ser rebocada, o rebocador puxa a plataforma e traz para Niterói. Quando eu cheguei estavam faltando somente três âncoras para serem retiradas para a plataforma ser rebocada, e eu falei: “Ah, na minha quinzena, tirar três âncoras?” E eu já falava assim para a minha, na época minha namorada: “O Beth, você vai aí na Praça 15 que você vai me ver chegar de S6, em Niterói, na Praça 15 você vai ver uma plataforma e tô eu lá na S6..”(riso) Essa aí é aquela coisa que eu achava que era a coisa melhor, “pô, imagina chegar de S6 em Niterói, era uma coisa fantástica”. E faltavam três âncoras no primeiro dia de embarque, com certeza eu ia ser rebocado com a plataforma, porque eu ia tirar essas três âncoras facilmente, mas a posição quando eu cheguei lá era: Aguardando posições de mar para mexer em âncora. E esse negócio foi o primeiro dia, segundo dia, terceiro dia, eu já estava ficando injuriado com esse negócio que a gente não conseguia condições de mar para tirar essa âncora. E para tirar uma âncora da plataforma você coloca um rebocador em cima da âncora; a âncora da plataforma, a plataforma está num ponto, a âncora está dois quilômetros, três quilômetros de distância da plataforma. Então você coloca o rebocador em cima da âncora e você passa um cabo nesse rebocador, o rebocador pesca a âncora e puxa a âncora até em cima do rebocador. Puxa a âncora, aí você vem, da plataforma você começa a recolher essa âncora pela plataforma. E aí você tira as âncoras todas e você reboca. As duas últimas seriam as âncoras que não seriam recolhidas porque seria por onde o rebocador ia puxar a plataforma, mas tinha essa outra que tinha que ser retirara. Quando chegou no sétimo dia eu falei assim: “Rapaz, eu tô achando que daqui a pouco não vou chegar mais de S6 a Niterói, porque vai passar a minha quinzena toda e eu não vou conseguir tirar essas âncoras”. E tinha uma condição porque essa âncora tinha um cabo do poço que estava próximo a ela, e tinha o risco se esse cabo estava, se na retirada da âncora pudesse pegar esse cabo. Eu sei que depois de um certo tempo ficou naquele negócio, aí tinha um colega nosso, o José Luiz, que trabalhava na época no Gespa e eu falei: “Zé, pega esse barco aqui, vai lá no rebocador, fica lá no rebocador, nós vamos chegar no domingo – isso era um domingo, sabe, fim de semana, que a base em Macaé não me perturbava muito, eu falei – no domingo nós vamos tirar essa âncora de qualquer maneira, nós vamos puxar esse negócio”. Aí ele foi para o rebocador e eu falei assim: “Ó – domingo assim de manhã – puxa essa âncora, suspende essa âncora”. Aí ele começou a puxar a âncora e eu estou aqui no rádio, com walk talkie, ele num rádio lá, eu: “Puxa a âncora”, autorizei ele a puxar a âncora, e ele saiu puxando a âncora com o rebocador. Daqui a uns dez minutos ele me chama no rádio: “Benício, Benício – era Maeskfait era o nome do rebocador – Maeskfait!”, “- O quê que foi?”, “Olha, a âncora chegou aqui, mas chegou com o cabo preso a ela”. Aquilo eu gelei, né?(riso) Eu gelei! Eu falei: “- Cabo? Que cabo é esse?”, “Um cabo preto”, “- Ô, Zé, pega esse cabo e joga no fundo, joga no fundo, não dá...” Aí eu liguei para o Felipe, que era o fiscal da S10, que tinha recebido esse poço para ver se tinha acontecido algum problema lá, né? (pausa) Então aí o Zé Luiz me chamou pelo rádio e falando do cabo, aí eu ligo para o Felipe, que era o fiscal da plataforma S10, em que o poço, o Enchova 1 foi ligado e eu pensando: ó, aconteceu alguma na S10 lá, porque o cabo veio até aqui em cima. E: “- Felipe, Felipe! Benício Felipe, Felipe...”, aí o Felipe atendeu: “- Felipe, verifica aí se tem algum problema com o poço Enchova 1, algum problema na produção, na sinalização elétrica dele, na parte das aberturas e fechamento da válvula, teve alguma problema, na parte hidráulica, teve alguma...?”, “Não, Benício, sem problema, não tem nenhum problema aqui não.”, “- Não tem nada não?”, “Não.” Então: “- Ô, Ze´, joga no fundo esse cabo que a gente não sabe o que é esse cabo, não conseguimos identificar e puxa a âncora”. Puxou lá em cima. Situação das seis da manhã, de segunda-feira, eu botei assim: “Plataforma sendo navegada para Niterói”.(riso) Segunda-feira, plataforma sendo rebocada para Niterói. Aquilo para mim era uma... Só que chegou meu chefe, meu chefe, José Everaldo Santos, me liga e fala: “Olha, eu tô mandando um helicóptero para pegar você aí...” A plataforma já estava quase em frente a Cabo Frio, ela estava navegando, né, quando eu falei, e o helicóptero chegou para me pegar meio dia, para me tirar da S6, para levar para Macaé, para eu de Macaé ir para Niterói de 1001, né?(riso) Não me deixou ir para... Não sei por que, não me deixou ir para Macaé de S6, eu acho que era porque eu ia ficar... Porque a, queira-ou-queira tinha se completado a minha quinzena e para chegar em Niterói a plataforma demorava uns dois a três dias, então eu ia ficar mais tempo que a minha quinzena de trabalho, mas para mim aquilo ali, eu não queria nem saber, eu queria era...
P/1 – O seu momento de glória.
R – O meu momento de glória! Chegar lá. Mas ele: “- Não, a sua quinzena foi completada...” e foi o meu substituto, o meu back, ele foi, chegou, e ele foi para Niterói, né, e eu vim para Macaé. Bom, mas isso é uma passagem aí e com relação a essa atividade que eu exercia lá.
P/1 –
R – É, é.
P/1 – Porque hoje a tecnologia é outra, né?
R – Não, hoje é completamente diferente, hoje é completamen...
P/1 –
R – Não, hoje as coisas são como eu falei, hoje as coisas são muito...
P/1 – Fala sobre esse salto ____ _______ do que é hoje, ____ Macaé, o que é?
R – Macaé, como eu falei, né, a gente pegou Macaé no início, morando lá com a cidade ainda em crescimento, né, a própria Petrobras, a própria Distrito Sudeste, até evoluindo, crescendo com a gente, com as nossas observações, com as nossas iniciativas. Hoje o que o que a gente vê é que a empresa está muito mais consolidada, está muito mais estruturada, está muito mais organizada. Hoje você nunca faria uma atividade dessas porque tem um procedimento para você puxar uma âncora.
P/1 – Como é que é hoje?
R – Hoje você ia ter um, ia receber o procedimento e você iria cumprir o procedimento, você não iria fazer aquilo, porque antes de se fazer aquilo você tinha que passar o ROV, o veículo submarino, para verificar distância, e você não iria puxar se as condições de mar não permitissem.
P/1 – Tem feramentas...
R – Tem ferramentas que hoje você...
P/1 – E naquela época não tinha?
R – Até tinha, mas não eram muitas ferramentas, não era com quantidade suficiente para atender a... E não tinha alguma ainda com a tecnologia que tem hoje e não tinha esses procedimentos. Mesmo que tivesse às vezes a ferramenta, o procedimento não estaria obrigando você a utilizar isso. Então, na verdade, era que? Você puxa a âncora, você sabe como é que vai puxar, agora, a expectativa de ter um cabo ali, a gente sabia que o alinhamento do poço passava próximo, mas tanto é que não foi o cabo do Enchova 1, tanto é que não foi, não tem nada haver, na verdade até hoje a gente não sabe o que é, até hoje a gente não sabe o quê que a gente puxou; ou se foi um cabo que estava jogado no fundo, ou alguma coisa de um rebocador, ou alguma coisa que a gente não sabe o que é. Mas a gente sabe que a gente trouxe um cabo do fundo, na época não era tão fundo, né, hoje nós estamos a 1500, 2mil metros, mas na época ali era coisa de 120, 130 metros, a gente puxou isso aí até a superfície e jogamos no fundo.
P/1 – Como fiscal de plataforma forma você tinha competência para isso.
R – Eu tinha essa competência para isso, eu não estava...
P/1 – Era sua atribuição.
R – Era a minha atribuição, isso aí. Porque eu não poderia simplesmente na época ter um procedimento para fazer aquilo e descumprir aquele procedimento, mas o procedimento não existia, na verdade é a expertise, né, que você adquire. E é aquele negócio, a juventude, hoje, se eu estivesse hoje lá como meus 50 anos lá, na plataforma eu não faria isso, eu não faria isso. Por quê? Porque, com certeza eu já saberia o risco que... Tem um cabo ali? Vamos verificar que cabo é esse, vamos verificar que distância tem esse cabo da âncora, vamos verificar isso antes de puxar. Mas na época eu tinha por trás chegar em Niterói de S6, que era o meu...(riso) Olha, isso aí... Estava tão...
P/1 – De carro alegórico.
R – É, então vamos assumir esse risco aí. Graças a Deus não teve nenhuma conseqüência, né, mas hoje é diferente, hoje as coisas são procedimentadas e como devem ser mesmo, porque hoje nós temos uma quantidade imensa aí de operações, né, na Bacia de Campos, e se a gente for deixar isso na expertise de cada um com certeza vários acidentes estariam acontecendo, então hoje tudo é procedimentado.
P/1 –
R – Não, é, é, a história...
P/1 – Ai voltou de 1001.
R – Aí eu voltei de 1001.
P/1 –
R – É, aí, depois que eu fui fiscal das plataformas e quando eu fui para Macaé, eu comecei a trabalhar numa gerência de acompanhamento da produção e fiquei trabalhando vinculado a um gerente, que era o José Everaldo, esse meu chefe, né, que ele cuidava das plataformas e ele tinha um grupo em terra que fazia o acompanhamento da produção em terra, controle da produção toda das plataformas em terra e eu fazia esse suporte para ele. E logo; isso aí é que eu estava comentando, logo depois aconteceu uma reorganização na estrutura e foi criado uma gerência de setor de produção antecipada, e que ele ficou um período, o Everaldo, e depois ele foi trabalhar numa outra atividade e eu substitui o Everaldo nessa função. Então eu não fiquei nem um ano em Macaé eu logo depois de um ano eu era gerente, eu assumi a gerência chamada gerência de produção antecipada.
P/1 –
R - Isso aí, naquela ocasião você colocava... Você tinha uma descoberta, um campo e para você antecipar... É o que nós vamos fazer com Tupi agora, só de um outro nome, nós temos uma ______ descoberta no pré-sal, né, tem o Tupi, nós vamos botar Tupi em produção no ano que vem, tão falando, nós vamos botar Tupi em produção ano que vem através de uma; não vamos dizer que é uma produção antecipada, vamos dizer que é um sistema antecipado, mas nós vamos fazer de uma maneira mais expedita, nós vamos fazer ele como uma coisa mais singela, uma coisa assim mais sem ser uma coisa assim tão bondosa, nós vamos produzir um poço...
P/1 – Piloto.
R – Piloto. Então nós vamos fazer uma produção antecipada daquele campo até para poder o quê? Poder pegar informações do reservatório, dos campos, para poder efetivamente dar mais informação, para você quando for fazer o projeto definitivo você conseguir mais dados, mais informações para você fazer um projeto mais adequado àquele campo. Na ocasião a gente fazia isso...
P/1 – Em Macaé você foi o primeiro gerente de produção antecipada.
R – Não, o Everaldo depois eu fui, depois que fui eu, gerente de produção antecipada. Então a gente ficou como gerente de produção antecipada das plataformas da época, Distrito Sudeste, e a gente fazia todo aquele acompanhamento, controle, a produção era da nossa competência, da nossa responsabilidade, a produção de petróleo, a produção de gás era da nossa responsabilidade, nós éramos vinculados à Divisão Regional de Óleo, que o chefe era o José Silvio, aquele que nós chegamos, então ele era o chefe da Divisão Regional de Óleo, e logo, depois de dois, três anos nessa chefia da produção antecipada o meu chefe, o José Silvio, recebeu um convite para vim trabalhar no Rio de Janeiro, para trabalhar aqui na sede. E o nosso superintendente na época, o Alfeu Valença, que era o superintendente do Sul/Sudeste, viu em mim um cara com o perfil de ficar no lugar do José Silvio. Então eu com três, quatro anos de Petrobras, cinco anos de Petrobras, eu fui alavancado para ser o chefe da divisão regional de óleo de Macaé. Então eu fui ser o gerente da Dirol em Macaé e fiquei lá por uns quatro anos na divisão regional de óleo, em Macaé, nessa gerência. Aí depois você não para mais, aí reorganizam, aí criam coordenadorias, aí criam divisões de operação, separa a parte técnica da parte operacional; minha focalização sempre foi muito mais operacional, então aí eu sempre fiquei nessa... Aí minha carreira, não larguei mais de ser gerente. Desde três, quatro anos de Petrobras eu tenho 26 anos de gerência e Petrobras sempre, sempre em atividades vinculadas a essa parte operacional, até então, até então. Porque agora, a questão de um mês atrás eu estou trabalhando na área internacional e...
P/1 – ____ _______ função atual?
R – Eu antes da área internacional eu fechei, vamos dizer assim, talvez tenha sido o trabalho que eu falo, o trabalho mais gratificante. Tem aquele primeiro ano de curso na Bahia em termos de coisa bacana, em termos de juventude, em termos de você estar recebendo para estudar, mas em termos de desafio, talvez o maior desafio que eu tive a oportunidade de passar e agradeço a Petrobras nisso, foi ter trabalhado nesses sete anos aí, de 2001 até 2008, agora, que eu estou sendo movimentado _____ dois meses, de 2001 até maio, junho 2008, que eu trabalhei como gerente operações da P50, essa plataforma aí que ficou como ícone aí da auto-suficiência de petróleo Brasil, e eu tive a sorte, né, de entrar nesse projeto em 2001.
P/1 – Como gerente também.
R – É, é, como gerente de operações da plataforma P-50, em 2001, que era um projeto que era o papel, nós vamos desenvolver o campo de Albacora Leste, é onde a P50 se posiciona, e nós vamos construir uma plataforma para desenvolver esse campo. E essa plataforma é a P-50 e desde 2001 até 2008 eu completei um ciclo de trabalho que talvez tenha sido a atividade por mim desempenhada que eu achei mais rica, porque é uma coisa que você... É como se você fosse, como se você tivesse um terreno e quer construir sua casa dos seus sonhos. Você está aí lutando, quer comprar um terreno na Barra de dois mil metros quadrados e quer fazer ali a casa dos seus sonhos. E você participa disso desde a compra do terreno até morar na casa. Então isso foi para mim a P-50. A P-50 eu participei da compra do terreno, porque no início não se falava se a gente ia ter uma plataforma ou se nós íamos contratar uma plataforma, e eu seria um mero fiscal, porque existia a possibilidade de contratar a plataforma, operada por terceiros e a gente seria o fiscal daquela plataforma, existia, essa era uma possibilidade. A outra possibilidade era de nós construirmos uma plataforma, porque naquela ocasião tinham dois navios da Fronape, na época Transpetro, que estavam em disponibilidade, o Barão de Mauá e o Felipe Camarão. Eram dois navios que tinham um casco disponível para se colocar uma plataforma e se construir um FPSO em cima daqueles dois cascos. E o Felipe Camarão, como ouve essa, vamos dizer, opção, essa alternativa de se fazer isso, a Petrobras optou, em termos financeiro, em termos de rentabilidade, em termos de resultado, que essa seria mais vantajosa do que afretar um navio. E aí tudo começou. Então você... Aí você comprou o terreno, que foi o Felipe Camarão, você achou o Felipe Camarão. E você começou a fazer um trabalho deslum... É um trabalho que você tem que pegar o navio e tirar toda parte... Na verdade quando eu falo assim “comprar um terreno”, é você comprar um terreno que tinha uma casa velha antes e você tem que derrubar a casa. Então o Felipe Camarão você tinha que tirar tudo aquilo que estava em cima do Felipe Camarão: casario... Eu me lembro que a gente foi a bordo do Felipe Camarão aqui na Baía de Guanabara, antes de ele ir para a conversão em Singapura e o comandante estava lá, aí eu entrei na sala do comandante, eu achei uma coisa fantástica, um palacete, uma sala bonita e tinha o retrato da, ela é falecida, a madrinha do Felipe Camarão, como Felipe Camarão como navio, era a esposa do ministro Aureliano Chaves, na época ministro, né, e a foto; dona Risoleta, se eu não me engano, Risoleta se eu não me engano, e a foto da madrinha...
P/1 –
R – É, na verdade o Aureliano Chaves, na época que o Felipe Camarão foi construído, em 1980, ele era o ministro das Minas e Energias, se eu não me engano. E a madrinha do Felipe Camarão; eu tô falando na construção do Felipe Camarão, não da P50. A madrinha do Felipe Camarão, que foi construído em 1980, foi a esposa do Aureliano Chaves. E quando eu fui no Felipe Camarão aqui, antes dele ir para Singapura, o retrato dela estava lá na sala do comandante. Como eu sabia que aquilo tudo ia ser jogado fora eu peguei o retrato dela e até hoje guardo comigo, tirei o retrato do Felipe Camarão, né, da dona, se eu não me engano é dona Risoleta, esposa do _______ ministro e guardei para a gente colocar futuramente na P50, quando o Felipe Camarão se transformar na P50. Então foi uma coisa muito bacana, porque você pega esse terreno, né, essa casa velha, você leva para Singapura, você participa desse movimento todo de transformar o navio numa plataforma...
P/1 – Isso foi em que ano?
R – Eu fui para Singapura em 92, desculpe, 2002; foi de 2001 a 2008. Essa fase da P50 começou em 2001 foi até 2008, agora, em maio. Então esse foi um trabalho, eu digo assim, ___ trabalho que você faz completo, um trabalho que você faz do início do papel do terreno da casa velha e monta toda aquela plataforma, monta aquele monstro que é a P50, aquela coisa linda que é a P50, a plataforma mais bonita da Petrobras, você monta aquela unidade, você monta a equipe de operação da plataforma, porque cadê a equipe? Você não tinha ninguém, você tinha zero. Então você tem que admitir as pessoas, treinar essas pessoas, desenvolver essas pessoas, colocar essas pessoas da teoria à prática, fazer todo um comissionamento. Você construir uma plataforma dessas é uma coisa, é como se fosse um lego, um boneco, como se fosse aqueles de brinquedinho que você... A P50, no caso a P50, cada uma tem uma peculiaridade, mas no caso da P50 é o seguinte: a parte naval, você transformar o Felipe Camarão e converter toda aquela parte naval para você construir a P50, foi feito em Singapura, a parte dos compressores, a parte... foi feito na França e montado aqui em Niterói, a parte dos geradores foi feito na Itália e montado aqui em Niterói. Quando eu falo montado em Niterói é um módulo, o módulo, só para te dar uma idéia, o módulo do gerador de vê ser uns cinco ambientes desse aqui, um negócio desse. A parte de utilidades foi fabricado nos Estados Unidos. Você tem que pegar todos esses módulos que a gente chama, são prédios, são prédios de quatro andares; quando eu falo módulo tô falando de um prédio de quatro andares, você tem que pegar esses prédios, juntar; aí foi feito esse trabalho aqui em Niterói, você tem que içar com guindaste 2 mil toneladas, você puxa esse negócio, coloca em cima do navio e você junta tudo isso e depois você tem que interligar, porque essas coisas, é como se você tivesse montado um braço aqui, braço aqui, perna aqui, perna aqui, só que esse (bicho?) tem que andar, só que isso aqui tem que balançar, isso aqui, esse dedo aqui tem que mexer quando você fizer... Isso é o que a gente fez na P50 lá no estaleiro, com equipe, entendeu? Então é você pegar o garoto... Quando eu vi uma menina que a gente admitiu, de 18 anos, quando a gente estava; eu fui fazer uma apresentação para a equipe que foi admitida, tinha uma menina de 18 anos, que eu olhava para a menina, é mais nova que a minha filha, e vai ser operadora da P50. (riso) Então esse trabalho foi muito bacana.
P/1 – Não era qualquer casa.
R – Pois é, não era... Foi o que eu falei, “a casa dos seus sonhos”.
P/1 –
R – É, pois é! E na época era mais uma plataforma. Como foi a 43, como foi a 48, como era a 50. A única coisa que eu falava da P-50 era porque eu fiz meus 50 anos da P50, então eu falava: “Pô, eu fiz meus 50 anos na P50, uma coisa legal”. E houve toda aquela coincidência, aquele fato de a produção da P50 ter sido aquele percentual a mais que o Brasil atingiu a auto-suficiência e ficou todo aquele negócio do Lula lá na plataforma sujando as mãos lá de óleo, botando a camisa e todo aquele... Foi uma coincidência, foi um simples fato, poderia ser qualquer outra plataforma, mas foi a P50. E na verdade, quando a gente fala isso também a gente não pode esquecer que foi a P50, não, foram várias plataformas, né, juntas, que contribuíram para a auto-suficiência, mas a produçãozinha a mais naquele período, né, naquela data, 21 de abril de 2006, aquela data foi a data que a Petrobras então sinalizou com a auto-suficiência que era aquele pedacinho de óleo que faltava para a gente ficar com a produção, vamos, o consumo igual a produção nossa. Então houve essa coincidência.
P/1 –
R – Não, eu estava a bordo da plataforma com equipe...
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R – Estava.
P/1 – Viveu tudo.
R – Vivi. Por isso que eu falo, esse foi...
P/1 – Como é que foi?(?)
R – Na verdade esse momento foi o momento porque foi o ápice, né? Porque você ficar dois anos no estaleiro Mauá, em Niterói, com toda essa equipe, com todo esse negócio, porque você tinha um medo: será que essa garotada, essa menina de 18 anos ela vai saber lá controlar um nível de um vaso, controlar uma pressão será que ela vai saber fazer isso? Você tinha aquele medo. Será que quando a gente... Porque uma coisa é você entrar na sua casa e ligar o chuveiro e a água cair, outra coisa é você entrar na sua casa e ligar a luz da sala e a luz não acender, aí você fala: “E, acendeu um quarto” , aí você vai lá no quarto “E, acendeu a sala”. Você só vê isso quando você aperta o botão,né? Quando a Cerj lá, a Ampla lá, liga lá sua energia. Muita das coisas numa plataforma só acontece quando você coloca o poço em produção, enquanto você não coloca o poço em produção você não consegue testar isso. Várias dessas coisas dessas coisas a gente testa no período do estaleiro, o funcionário diz se esse dedo vai mexer, vários (dias?) a gente testa, algumas outras coisas só vai testar quando o coração bater, não tem jeito, você pode simular, mas o coração tem que bater para ver se tudo, se o cara vai falar. Então lá o nosso medo era quando a gente botar o poço em produção, será que não vai ter nenhum problema? E lá teve todo, no caso da P50, toda uma situação que tinha o Presidente Lula, a comitiva do Presidente todo mundo ia lá, ministra Dilma, todo mundo lá, chefe de senado, presidente do senado, presidente da câmara, todo mundo presente e na hora que a gente apertar o botão lá para iniciar a produção e a produção não vai iniciar? O poço não vai produzir? Vai da um shutdown, vai parar a produção? Olha que coisa feia. (riso) Então tinha tudo isso por trás, né? O “mico”, “Olha!” Evidentemente a gente não é bobo, né, a gente fez testes nos dias anteriores, a gente iniciou o poço, produziu no dia anterior, corrigimos alguns problemas, tatatapá, quando o Lula chegasse não acontecesse nenhuma surpresa, mas esse...
P/1 –
R – Pois é.
P/1 –
R – Pois é, isso que eu falo. Então quando você vê aquilo ali e vê aquela produção, vê aquele gás no queimador, vê o poço produzindo, vê o óleo jorrando, jogando ali no sistema, vê o óleo caindo no tanque e vê que a coisa, que as pessoas estavam sabendo o que estavam fazendo, aquilo foi uma coisa realmente de você chorar, de você chorar, de você: “Meu Deus do céu, realmente esses meninos sabem fazer as coisas”. Então, uma coisa que no caso da P50 para mim foi muito marcante, foi essa questão da gente apostar na garotada, porque como eu vivi Macaé, eu vivi esses 30 anos e a Petrobras ia botando plataformas em produção; a Petrobras passou um período aí de 10, 15 anos sem admitir ninguém, né, ficamos aí uns 10 anos sem admitir ninguém. E a gente botou nesses últimos; não nesses últimos 10 anos, mas nesse período que a gente não admitiu ninguém a gente botou várias plataformas em produção, mas como é que se colocavam várias plataformas em produção sem ter gente? Estrategicamente, desde o início quando a gente começou a produzir, a gente colocava as plataformas com uma certa gordura de pessoas, até para treinar e capacitar. Várias dessas gorduras a gente foi sangrando, foi puxando para essas plataformas novas, só que isso (não?) aconteceram na 43, na 48, na 38, na 40, quando chegou a vez da 50, eu já conheci, como eu conhecia todo mundo, já não tinha muito mais gente experiente, porque já foram absorvidos por essas plataformas. A gente já tinha gente _____ ____ gente velha de embarque, tinha gente, por exemplo, que tinha 20 anos de Garoupa, mas 20 anos de Garoupa ele só conhece Garoupa e Garoupa é totalmente diferente de uma P50, e às vezes o cara não tem aquela experiência, não tem aquele... Então essas que tinham essa experiência já tinham sido absorvidas. Então a P50 ficou numa situação que não tinha mais gente experiente, pelo contrário, quando as pessoas queriam me dar pessoas experientes vinham nomes de pessoas que eu conhecia que eu falei “esse pessoal não vai conseguir tocar uma plataforma como uma P50”. Então eu apostei no novo, eu apostei na garotada, porque eu sabia, primeiro: o curso de formação da Petrobras é muito bom, segundo: passar num concurso da Petrobras é muito difícil, então quem está passando no concurso e quem cai fazer o curso são pessoas realmente... E é isso que aconteceu. Então veio uma garotada que os caras, impressionante; e é tudo computadorizado, tudo com automação. Então a garotada eles deram um banho, eles deram um banho, eles pegavam com uma facilidade; evidentemente a gente pegou lá; a gente tem a nossa liderança com experiência, a nossa liderança, o nosso geplat, os nossos coordenadores são experientes, agora a equipe, nossa, 100 por cento de garoto. Essas pessoas durante o período do estaleiro... Então, quando aconteceu lá na produção que você vai na plataforma e vê esse negócio funcionar, então foi aquele negócio, aquela alegria, aquela emoção, né, de ver aquele negócio realizado, né, e fecha com aquilo que sempre, desde o início eu lançava um desafio para eles: “Ó, gente, trabalhar numa plataforma nova é muito gratificante, todo mundo gosta. Chega um certo tempo de trabalho que as pessoas querem um desafio novo e uma plataforma nova”. E eu sabia, isso, todo mundo queria trabalhar na P50, mas eu sabia que depois de dois, três anos todo mundo vai querer trabalhar na 51, na 52. Então eu fiz um compromisso com eles, eu assumi um compromisso com os colegas. A gente fazia várias... Minha equipe é de 200 pessoas na P50, né? Então a gente fazia reunião no auditório lá e eu falava: “Gente, olha, nós vamos fazer um compromisso, nós vamos ficar nessa P50 depois que nós iniciarmos a nossa produção no mínimo dois anos, nós vamos ficar juntos aqui dois anos depois de iniciar a produção. Ninguém, por favor, me perturbe, vá na minha sala pedindo para sair da P50 antes de completar dois anos. Depois de dois anos eu aceito conversar com qualquer um, mas antes de dois anos, por favor, ninguém me procure, e eu assumo esse compromisso com vocês também, eu também não saio da P50, a não ser que meu chefe queira me tirar. Como eu não acredito que ele vai querer me tirar eu também não saio, vamos assumir esse compromisso”. Nós assumimos esse compromisso, esse compromisso fechou agora, dia 21 de abril de 2008. (riso) 21 de abril de 2008 fechou esse compromisso de dois anos.
P/1 –
R – Pois é, ____, então... E isso foi, porque que foi importante? Porque nesses dois anos você só consegue; você colocar um avião, você levantar vôo e colocar lá em vôo de cruzeiro, numa plataforma é dois anos. O que acontece de problema no primeiro ano, no primeiro ano e meio, e problema que você só descobre quando você bota o coração para bater é muita coisa, e você vai corrigindo, várias armadilhas que você não viu durante o estaleiro, durante o canteiro, que você vai tirando, vai no flange, o flange que está que não foi apertado suficiente e que vazou óleo, vazou água, você vai tirando, você vai... Isso depois de dois anos de produção, que efetivamente a gente fala o seguinte: “o avião está em vôo de cruzeiro, agora está...”. Agora são os problemas corriqueiros de uma casa, que queima a lâmpada, que um tubo lá vasa. Mas todos aqueles problemas de você ligar uma lâmpada aqui e ligar outra não acontece mais, isso tudo foi tirado. Então, depois de dois está em vôo de cruzeiro. Aí, aí eu falo: “Agora, gente, vamos para os desafios que nós agora acharmos interessante”. E para mim pintou esse desafio aí na área internacional, né?
P/1 – Pois é, você foi mais uma vez _____ _____.
R – Foi, _____ _____ área internacional e...
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R – Eu diria que tem uma vinculação, porque hoje eu estou trabalhando na área internacional de negócios... Na verdade eu sou o cara hoje de fazer negócios do E&P, na área internacional. Então eu faço, hoje a minha atividade...
P/1 –
R – A minha gerência geral de novos negócios para o E&P. Então hoje eu faço...
P/1 – (Você?) aposta no futuro.
R – Não, não é aposta no futuro, é fazer... Na verdade o futuro hoje é Brasil, o futuro hoje é pré-sal, o futuro hoje está aqui dentro. A Petrobras e o Brasil está com um portfólio aí mais lindo, coisa que nesses 30 anos a gente não está vendo, nunca viu. Então a gente tá, hoje o futuro está aqui. Agora, a Petrobras ela é uma empresa de energia, ela não pode se furtar que enquanto companhias querem vir para o Brasil também para ajudar a Petrobras a alavancar esse futuro, nós também queremos ir lá fora para junto com eles fazer, vamos dizer, descobertas em outras áreas do mundo. Então hoje a nossa atividade é juntar, ver o quê que tem no mundo na atividade do E&P que seja uma coisa importante para o Brasil, importante para a Petrobras. Então hoje nós temos um problema de gás, hoje nós temos aí um problema de gás, onde é que tem no mundo uma atividade que a gente possa conseguir gás para trazer para o Brasil? Então a gente... Onde a gente tem aí uma determinada característica de petróleo que a gente pode misturar com o petróleo nacional e melhorar aí a nossa estratégia de processo ou de comercialização? Então hoje o nosso negócio; a gente não olha mais para dentro do Brasil, hoje a minha atividade é olhar para fora do Brasil, entendeu? Apesar de ser uma atividade voltada para o segmento exploração e produção. Hoje é fazer negócios de exploração e produção no mundo, então hoje o nosso campo é o mundo.
P/1 – (Você está há quanto tempo?)?
R – Eu vou fazer dia dois de julho agora um mês.
P/1 – Um mês.
R – É, estou começando essa atividade, ainda apanhando, engatinhando...
P/1 –
R – É, é uma coisa também que gratificante, porque eu falei: “Bacana, depois de 30 anos volto a ser estagiário”. Eu me sinto hoje estagiário da área internacional, não passa pela minha cabeça aposentar, não tenho a mínima; nem penso nisso, então é uma atividade depois de 30 anos fazer uma atividade que você sabe o quê que é, a gente está aprendendo a fazer negócios né, porque fazer negócios é negociar, é o cara te dar uma parcela de um campo dele e querer uma parcela do seu campo, como é que a gente troca isso, como é que a gente valora isso, como é que a gente coloca isso como um negócio.
P/1 – (Envolve relações políticas?)?
R – Envolve relações políticas, envolve os interesses. O presidente Gabrielle hoje está em Trinidad y Tobago, está com uma equipe nossa em Trinidad y Tobago, buscando ver alguns interesses que Trinidad y Tobago tem com o Brasil, com a Petrobras e verificar se isso é uma coisa interessante ou não, se a gente vai em frente ou se não vai. Então, esse é o nosso desafio agora, né, recente. Então é uma coisa que gratifica, que motiva, porque a gente está fazendo uma coisa diferente.
P/1 – Não é mais uma função tão técnica.
R – Não é mais uma função tão técnica, tão operacional, isso por um lado também de deixa um pouco triste, porque eu sou um cara muito de; eu falo, eu gosto muito de bota, macacão e capacete, e hoje eu trabalho de terno e gravata. Hoje, quinta e sexta não, porque ____ _____ hoje é um dia mais, terno e gravata, isso é uma coisa que...(riso)
P/1 –
R – É, mais é, é, é.
P/1 - ??????????????????
R – É, como eu comentei anteriormente, eu confesso que depois de 30 anos de Bacia de Campos, de E&P, se me deixassem optar, o quê que você quer fazer agora? Eu confesso que eu não saberia assim rapidamente te responder, entendeu? Então eu acho que a gente sempre deve deixar nossa vela apontada para alguma direção, não deixar ela arreada não, deixar ela apontada, mas eu não saberia para onde eu ida fixar, para onde eu queria ir hoje, depois de 30 anos. Na verdade eu nunca quis ter saído de Macaé; depois de um tempo em Macaé, me tiraram de Macaé, mas eu nunca quis ter saído. Quando me tiraram de Macaé, eu vim com a família, moramos em Niterói, então alguma coisa tinha que ser aqui no Rio de Janeiro, né, para até não, mas eu não sabia muito o que eu queria, eu não queria ser o que o meu chefe fazia, não era uma coisa que me atraía; vamos pensar na área gerencial que eu sempre fui - ah, então eu vou ser o chefe de mim mesmo, ficar no lugar do meu chefe, não era uma coisa que me atraía, não era uma coisa que eu... Eu queria fazer alguma coisa diferente de tudo que eu tinha feito até agora, uma coisa diferente, eu queria, o desafio hoje meu é fazer uma coisa que eu não sei. Aí, quando veio esse convite para área internacional eu acho que me motivou, me motivou, porque eu sou um cara de operação de produção de plataforma, “agora você vai fazer negócio, você tem que fazer negócios”. Então é uma coisa que me desafiou, uma coisa assim que eu achei bacana esse tipo de coisa de fazer uma coisa diferente, que eu me sinto hoje motivado para caramba, desafiado para caramba. Imagina se eu entrasse numa outra rotina daquilo que eu fiz, eu fosse o chefe de mim mesmo, vamos dizer assim, como eu era aqui, né, fazer uma rotina burocrática lá que eu já sabia o quê que era, não ia ter muita novidade. Não, isso não, agora é uma coisa totalmente diferente. Então eu acho que aprumei a minha vela para o Rio de Janeiro, houve essa oportunidade na área internacional muito bacana, eu estou muito motivado, acho que tenho muito a contribuir nessa atividade, acho que tenho muita capacidade de fazer isso. Por sorte, ao chegar nessa atividade aí, agora no início do mês, tem uma equipe brilhante lá dentro, tem meninos; eu gosto muito de trabalhar com pessoal jovem, e tem... Teve um garoto agora lá que, essa semana agora vai acontecer a World Petróleo Conference, em Madri, esse rapaz, esse garoto, o Jaime, ele tem, não tem trinta anos de idade, ele ganhou o prêmio do melhor paper escrito para essa conferência mundial. O cara trabalha lá comigo. Então tem uma garotada que aí é o meu estilo, que eu não tenho; eu vou me aliar a essa garotada, eu vou me juntar a essa garotada e tentar sugar o máximo tudo o que eles fazem aí; vai ver esse garoto tem três anos de companhia, mas três anos de negócio é uma bagagem, fora às outras pessoas que tem mais tempo. Então é me juntar a esse pessoal e tentar efetivamente conhecer essa atividade, né, e tentar desenvolver...
P/1 – Construir sua nova casa.
R – É, construir minha nova casa, construir a nova casa que é aqui, com uma situação mais, agora, estabilizada, né, mais constante, né?
P/1 –
R – Tá bom, eu também queria agradecer essa oportunidade de estar participando aí desse evento aí, de 30 anos da Bacia de Campos, acho que é um trabalho muito bacana que a Petrobras está fazendo aí, reconhecendo e tentando deixar esse registro aí para gerações futuras, né, e me sinto muito, vamos dizer assim, lisonjeado em poder participar aí desse trabalho, desse trabalho que vocês estão desenvolvendo. Obrigado aí.
P/1 – Estava ótimo, obrigada.
R – Tá bom.
(Fim da fita CBMBac nr. 126)
- (de?)
- (para os estudantes?)
- (não?)
- (tinha formação?)
- (operário da construção?)
- (Rediguieri?)
- (Cássio Heleno?)
- (formação?)
- (Luiz?)
- (bicho?)
- (dias?)
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