IDENTIFICAÇÃO
Meu nome é Valmir José de Campos, sou nascido e criado em Taubaté, São Paulo; moro até hoje lá com a minha família e trabalho aqui em São José dos Campos. Nasci no dia 8 de maio de 1968.
INGRESSO NA PETROBRAS
A minha entrada na Petrobras foi um pouco inesperada, porque quando saí do colégio técnico, estudava na UNITAU em Taubaté, no final do ano estava terminando o curso, tinha que procurar estágio, vim aqui em São José dos Campos, foi quando passei na Fiel, que era uma empresa de armários. Passei aqui na refinaria, nem conhecia a Petrobras, fiz a inscrição para estágio e estava tendo inscrição para a função de operador de refinaria. Fiz a prova que era escrita, passei e acabei entrando na Petrobras e estou até hoje, são 22 anos.
Foi meu primeiro emprego. Depois que saí do colégio tinha feito vestibular, tinha passado em São Paulo, mas optei por trabalhar, porque até então eu dependia do meu pai, achei melhor com 19 anos estar querendo já trabalhar, ter o próprio dinheiro. Acabei fazendo a inscrição aqui, entrei, passei e estou até hoje.
TRAJETÓRIA NA PETROBRAS
Desde que entrei exerço a mesma função: operador de refinaria. Quando entrei era esse nome, a função era basicamente operar a refinaria. Logicamente que aqui são vários setores de produção, quando entrei fiz o curso de formação, além da unidade de processo que você vai, todo o processo de refinaria você aprende no curso de formação, tem alguns cursos específicos: de bombas, de torres, permutadores. Na minha época era assim, hoje acredito que ainda continue dessa maneira. Primeiro você faz um apanhado geral do que é uma refinaria, de como é que funciona o processo de destilação do petróleo; depois de certo tempo tem as provas, você tem que ter uma média do grupo que você participava. Depois a gente vai conhecer todas as áreas da refinaria. Nós tínhamos a opção de escolher a área que queria trabalhar, você colocava lá:...
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Meu nome é Valmir José de Campos, sou nascido e criado em Taubaté, São Paulo; moro até hoje lá com a minha família e trabalho aqui em São José dos Campos. Nasci no dia 8 de maio de 1968.
INGRESSO NA PETROBRAS
A minha entrada na Petrobras foi um pouco inesperada, porque quando saí do colégio técnico, estudava na UNITAU em Taubaté, no final do ano estava terminando o curso, tinha que procurar estágio, vim aqui em São José dos Campos, foi quando passei na Fiel, que era uma empresa de armários. Passei aqui na refinaria, nem conhecia a Petrobras, fiz a inscrição para estágio e estava tendo inscrição para a função de operador de refinaria. Fiz a prova que era escrita, passei e acabei entrando na Petrobras e estou até hoje, são 22 anos.
Foi meu primeiro emprego. Depois que saí do colégio tinha feito vestibular, tinha passado em São Paulo, mas optei por trabalhar, porque até então eu dependia do meu pai, achei melhor com 19 anos estar querendo já trabalhar, ter o próprio dinheiro. Acabei fazendo a inscrição aqui, entrei, passei e estou até hoje.
TRAJETÓRIA NA PETROBRAS
Desde que entrei exerço a mesma função: operador de refinaria. Quando entrei era esse nome, a função era basicamente operar a refinaria. Logicamente que aqui são vários setores de produção, quando entrei fiz o curso de formação, além da unidade de processo que você vai, todo o processo de refinaria você aprende no curso de formação, tem alguns cursos específicos: de bombas, de torres, permutadores. Na minha época era assim, hoje acredito que ainda continue dessa maneira. Primeiro você faz um apanhado geral do que é uma refinaria, de como é que funciona o processo de destilação do petróleo; depois de certo tempo tem as provas, você tem que ter uma média do grupo que você participava. Depois a gente vai conhecer todas as áreas da refinaria. Nós tínhamos a opção de escolher a área que queria trabalhar, você colocava lá: destilação, hidro-tratamento, craqueamento catalítico, transferência e estocagem, que é transferência e expedição do produto. Geralmente era a terceira opção que você acaba indo, eu fiz a segunda opção que foi a hidro-desulforização, que é basicamente, no caso das correntes de querosene e diesel, tirar o enxofre da corrente desses produtos, querosene de aviação que é o QAV e diesel, que é usado em transporte de caminhões e motores diesel. Quando entrei fiquei nessa unidade; tinha outra unidade que é a hidro-desulforização, que produz o hidrogênio com vapor e NAFTA. Essas correntes entravam em um reformador e saía o hidrogênio que você usava pra fazer a hidro-desulforização que é a retirada do enxofre da corrente de diesel e de querosene. De 1987 até 1993 trabalhei nessa unidade; em 93 teve uma união de setores, aprendi a destilação atmosférica, que é outra unidade de processo, essa sim é que pega o petróleo e faz a destilação propriamente dita, que é a retirada das correntes de produtos, que é nafta leve, nafta pesada, querosene, diesel, diesel leve, diesel pesado.
É a primeira etapa de uma refinaria, recebe o petróleo bruto e faz entrar dentro dessa unidade, que é a destilação atmosférica e à vácuo que tira os subprodutos. Dessa unidade faz a tancagem, da tancagem manda para outra unidade a de hidro-tratamento, onde comecei na refinaria. Esses dois setores foram unidos, foi o primeiro desafio: como entrei em 87, foi mais ou menos 92 ou 91 que teve a união desses setores, eu teria que aprender outra unidade que era bem maior do que a que estava trabalhando, que é uma unidade mais tranquila, não tinha tanto produto pesado, que você acaba se sujando mais, tem mais cheiro, essa coisa toda. Foi o grande desafio: aprender mais outra unidade enorme que é a destilação. Do grupo de trabalho que eu trabalhava, fui o segundo a ter que aprender, foi assim: “você vai”, “agora não, agora não”, vai postergando, chega uma hora: “agora você”, e não tem choro. As mudanças não são fáceis de assimilar, mas chega uma hora que não tem como. Fiquei na destilação, trabalhei um tempo na área, em 93 começou a saída de pessoas por aposentadoria, foi quando abriu vaga na unidade que trabalho hoje, de produção de energia, que é a utilidades. Como eu tinha formação de eletro-técnica, falei: “lá é o melhor, porque vou trabalhar com energia elétrica, geração e distribuição de energia elétrica”. Tinha um operador, um técnico de operação que trabalhava na área e falou: “olha, vai abrir vaga aqui, se você quiser já começo a falar com o gerente da área e se você conseguir liberação pro seu lado”. Consegui e em 93 mudei de setor; é da produção só que eu não mexo com petróleo, não mexo com derivados de petróleo, trabalho com geração de vapor, tratamento de água, água de resfriamento, água potável, e principalmente geração de energia elétrica e distribuição. Geração de energia elétrica a partir de vapor.
Eu trabalhei na parte operacional diretamente. Dentro do setor você trabalha nas áreas, são várias áreas, você vai passando pelas áreas, no nosso caso tinha a parte térmica que trabalha com caldeiras; a parte de tratamento de água, que não sou muito forte porque não trabalhei muito nisso, mas você tem que tomar conhecimento, porque é tratando a água que se faz a geração do vapor. Lá é subdividido em áreas e do vapor também se gera energia elétrica, tem o lado da geração e distribuição de energia elétrica que engloba todas as sub-estações do processo. Comecei basicamente na parte de sistemas térmicos, que são as caldeiras, por formação de elétrica acabei aprendendo a parte elétrica, passei um bom tempo na parte operacional de área, você aprende essas áreas, e vai para a parte de painel, que é controlar. Na área você recebe o comando, tem rádio, é você que faz as manobras no campo; e no painel é você que coordena essas manobras, porque é você que está vendo todo o processo. Qualquer variável do processo que saia do controle, alguma manobra, é você que vai coordenar porque é você que está vendo as informações de campo no painel. É outra etapa de treinamento que a gente passa e dali você ou ia ser um coordenador de área, que tinha antigamente, a gente chamava de operador 2, hoje já não tem essa função, ou ia para supervisão de grupo e de lá para técnico de operação. Eu cheguei a assumir por alguns dias a parte de supervisão, uns dez anos depois, 2003 mais ou menos. Começou a ter também aposentadorias, tinha um operador que era supervisor, que estava na parte administrativa, me chamou e fui para a parte de coordenação de manutenção no horário administrativo, substituindo um parceiro nosso que hoje está num empreendimento. Fiquei três anos na manutenção do setor.
TURNOS
São horários diferentes, a parte operacional da refinaria é em regime de turno e a parte de manutenção é em horário administrativo. Precisa ter alguém do setor que conheça a área e que faça essa ponte entre a operação e a manutenção. Quem faz essa função hoje é o PAC, que é o Posto Avançado de Controle, faz a interface da área operacional com a manutenção.
Alguns anos atrás era Opman, Operador de Manutenção, eu assumi essa função que foi criada e fiquei três anos. É outro aprendizado, porque além de trabalhar com a área operacional, que era da minha origem, tinha a interface com a manutenção, tanto a manutenção mecânica, estática, elétrica e instrumentação também. Fazia a programação: “manutenção, quero que você faça isso aqui”. Surge um problema no equipamento o turno passava para a gente, tinha um software, o Sigma, que fazia o planejamento, fazia a solicitação de manutenção; depois a manutenção fazia o planejamento dessa manutenção.
A refinaria não para, são 24 horas diretas, só para em caso de algum problema do equipamento, alguma falha não programada, aí sim, pode ser parcial essa parada, com redução de carga, ou pode ser geral, depende muito do problema e da onde é esse problema. Se não tiver nenhum problema pode rodar 24 horas, o processo produtivo é ininterrupto.
REVAP / CARACTERÍSTICAS
Aqui são vários produtos: nafta, diesel, mas o carro-chefe acredito que seja o querosene de aviação, que abastece grande parte do mercado do estado de São Paulo, é um querosene de muito boa qualidade, até onde eu sei. É uma unidade que dificilmente parava e quando parava tinha que se retornar rapidamente porque, como abastece uma grande parcela do mercado, a falta de querosene causa um transtorno danado nas companhias aéreas, atraso de vôo e tudo isso mais. Tem o diesel também, gasolina, que é o setor que trabalhei, a destilação, que tirava esses subprodutos; mas tem também a parte de especificar esses sub-produtos conforme a ANP [Agência Nacional de Petróleo]. A unidade mandava esse querosene para a unidade de hidro-desulfurização, para melhorar as qualidades do querosene, porque o querosene de aviação tem uma série de especificações que tem que ser enquadradas pelo risco. Querosene é um detalhe a parte porque em toda a cadeia de fornecimento: sai daqui, vai para o terminal, do terminal vai para uma base de abastecimento no aeroporto e até chegar a abastecer a aeronave, você tem que rastrear a especificação desse produto, ele é mais restrito. Imagina para produzir como é que era, tem que estar todas as especificações e acompanhar esse processo, que é um processo contínuo, está tratando o produto e mandando para um tanque. Se em algum momento você interrompe a especificação pode condenar um tanque pra venda, imagina o prejuízo que isso não dá, tem reprocessar o produto. Tem gasolina de exportação e vários outros produtos. Já saí faz muito tempo do processo de produção ligado direto a refinaria, estou mais na parte de utilidades, fugi um pouco dessa área.
REVAP / REFERÊNCIAS
Não conheço muito as outras refinarias, já estive na Refap [Refinaria Alberto Pasqualini], Regap [Refinaria Gabriel Passos], em Manaus que é a Reman [Refinaria de Manaus]. O que vejo é que a Revap é uma refinaria de ponta, é uma exportadora de mão-de-obra, posso dizer que várias pessoas que conheci que foram gerentes setoriais, estão em outras unidades, foram chamados para isso. Recentemente a gente teve o gerente da destilação que está na fábrica de fertilizantes Fafen [Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados], foi chamado pra isso, um gerente de produção da destilação era gerente adjunto na Reduc [Refinaria Duque de Caxias]. Vários colegas nossos já saíram, tanto na manutenção, foram pra outros setores, plataforma. É uma unidade de ponta, é uma referência; já ganhou vários prêmios reconhecidos, acredito que ela seja referência no sistema Petrobras em muitos assuntos.
PERTROBRAS NO VALE DO PARAIBA
Vejo como importantíssima a presença da Petrobras no Vale, não só pelo volume de vendas dela, o que ela representa para o município em ICMS [Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços], é a tecnologia, ainda mais agora que o parque produtivo está crescendo, dobrando praticamente, isso é outra REVAP. O que eu conheci de REVAP 20 anos atrás hoje vejo como o dobro do que a gente imagina, e o maior desafio pra gente é a entrada dessas novas unidades. Pra mim, que sou da parte de utilidades, tudo está se ampliando, tudo está dobrando a capacidade, isso é um dos grandes desafios. Essas ampliações, a própria refinaria dentro da região se torna um parque tecnológico, desenvolve tanto o município, desenvolve a parte técnica, pra você entrar aqui hoje não é fácil, trabalhar na Petrobras, é difícil. Na minha época era um pouco mais fácil, hoje você vê que as pessoas que entraram nesses novos concursos, a maioria é de nível superior e estão trabalhando em nível médio. Na minha época era um pouco mais fácil, hoje já não sei se teria condições de entrar. É um desafio e é um desenvolvimento, a partir do momento que você quer, vai procurar se desenvolver, estudar pra entrar numa Petrobras, você se desenvolve também.
CRECIMENTO REGIONAL
A construção da refinaria trouxe muitos benefícios. Influenciou na economia local; ela dá apoios formando mão-de-obra, como a gente viu no empreendimento, ela procurou formar pessoas, de soldadores, montagem.
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
A proteção ambiental? Na área de produtivo, a gente vê muito o controle que isso tem da CETESB [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo]; os controles que a gente tem do processo produtivo, quando a gente fala em caldeiras não pode enfumaçar a chaminé, não pode emitir fuligem pela chaminé por muito tempo, tem controle de emissões atmosféricas nas caldeiras, em fornos. A Revap é inteiramente preocupada com essas questões, não só pela multa que isso acarreta se ela não cumprir; ela também está inserida na territorialmente, está quase dentro da cidade, fica mais visível para qualquer pessoa que esteja passando na rodovia, aqui na Vista Verde. Qualquer problema que tenha aqui internamente no processo produtivo já causa preocupação; já tivemos alguns eventos de explosão que, não precisa falar muito, afeta a comunidade, afeta a imagem da Petrobras como um todo; e da Revap não precisa nem falar. Tem que estar preocupada com o aspecto de impacto ambiental até pra imagem dela não ser atacada.
REVAP / AMPLIAÇAO
Hoje o crescimento, pra gente que é da área produtiva, até assusta porque de uns anos pra cá é enorme. Há 15 anos a refinaria teve algumas ampliações na questão de carga, teve revamps, como a gente fala.
A unidade foi projetada para 30 mil, hoje a destilação atmosférica processa 40 mil metros cúbicos, foi ampliando. Teve a construção, há 15 anos, da unidade de desasfaltação, mas era uma coisa, teoricamente, pequena. Agora não Você vê em várias unidades, várias plantas de querosene, que estão se ampliando mais ainda. Para nós aqui teve a construção de uma caldeira, agora vamos ter duas caldeiras, uma caldeira de co-geração e mais uma caldeira de óleo. A estação de tratamento de água, a ETA, está sendo praticamente dobrado o tamanho, todo esse crescimento não é só localizado em uma unidade, são várias unidades e o setor que trabalho é responsável pelo fornecimento de várias utilidades para essas várias unidades que estão sendo construídas, está dobrando o trabalho. Os efeitos de uma parada, uma emergência no nosso setor vai afetar vários processos produtivos, a responsabilidade aumenta e isso causa preocupação. A velocidade que isso está acontecendo está muito grande, é difícil acompanhar, tem que dar treinamento para as outras unidades, eu mesmo estou fazendo um curso de tubo expansor, que é outro equipamento complicado, é o quinto da Petrobras que está sendo instalado, é uma tecnologia relativamente nova. Tudo isso é um desafio enorme pra gente, você tem que estar acompanhando aquilo que está vindo, tem que treinar naquilo que está vindo e tem as coisas antigas que estão operando. O processo continua, você está construindo uma refinaria com outra refinaria operando, é complicado, não é fácil não, tanto para a manutenção quanto pra gente da operação vai ser um desafio enorme, mas a gente vai conseguir.
SETOR DE UTILIDADES
A destilação precisa do que pra funcionar? Precisa de vapor; precisa de água de refrigeração que é pra refrigerar, tirar a temperatura das correntes de produto; precisa de ar no instrumento, ar de serviço, que é o ar comprimido, tudo isso quem fornece é a utilidades. E não é só pra essa unidade de destilação, tem o craqueamento catalítico, essa unidade precisa de que? De vapor também; precisa de ar de serviço; precisa de água potável; precisa de água industrial; precisa de água de caldeira, tudo isso é produzido na utilidades. Quando a utilidades dá algum problema, por exemplo, sistema interno da refinaria, quando dá problema, afeta todo o processo produtivo da refinaria; quando dá problema de água de caldeira afeta todo o processo produtivo.
É o Setor de Utilidades que dá todo o suporte de utilidades para os processos produtivos da refinaria. O sistema elétrico não precisa falar nada, se der pane para tudo. Você para sem o suporte da energia elétrica, você para sem resfriar equipamento, é uma parada mais drástica. Tem fuligem, pode ter incêndio, pode ter emergências e isso é que é o complicado.
A gente fala que o setor que é a energia, ele é o nosso desafio porque a refinaria foi se ampliando, e o setor de utilidades é o mesmo desde a origem da refinaria. Os gargalos que existiam, as sobras foram consumidas; hoje eu tenho quatro caldeiras, se uma delas parar algum processo vai ter que reduzir carga, parar o processo, porque eu não tenho step mais, não tem jeito. Estão sendo construídas duas novas caldeiras que podem dar um pouco de folga pra gente, mas hoje essas folgas não existem, são muito poucas. A estação de tratamento de água deu um problema, tem um tanque, que é o tanque pulmão, se ele começar a cair, chega um valor de nível que tem que começar a reduzir carga, é um desafio.
CRISE ECONÔMICA / 2008
A refinaria também está dentro do contexto de redução de custo, algumas coisas foram reduzidas, por exemplo, a hora extra, que já é controlada, se torna mais controlada ainda, se estabelecem metas de hora extra, começa a entrar em conflito: tem novas unidades, as pessoas são as mesmas e você precisa treinar as pessoas, como é que faz se você não tem folga? Tira alguém do turno? Alguém vai dobrar, é hora extra, entendeu? Começa a entrar em conflito, como é que vou operar uma unidade nova se não der treinamento? E para dar treinamento vai gerar hora extra. É difícil administrar isso, mas de alguma forma isso tem que acontecer. Não é que a Petrobras está cega com relação a isso: “Vou operar uma unidade nova de processo sem treinamento.” Isso não existe, mas se torna bem mais restrito: “Quero treinar dez.” “Não, dez não dá, vai treinar dois e esses dois dentro do turno trabalham e vão multiplicar os conhecimentos.” Por exemplo, estou fazendo um curso de tubo expansor e tive a oportunidade de conhecer esse mesmo equipamento em outras refinarias, outras pessoas não vão conhecer nas outras refinarias, vão ter que conhecer aqui dentro. As pessoas reclamam lógico, quem não quer fazer um treinamento fora do local de trabalho? Todo mundo quer, mas quando vem esse corte orçamentário, problema da economia, isso é cortado, a Petrobras não é alheia a isso.
PRÉ-SAL
Eu sei que pessoas saíram daqui e estão trabalhando na construção do gasoduto, já vendo essa questão do pré-sal, mas assim, do setor não vi ninguém sendo transferido para isso.
HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS
Eu trabalho em turno, o pessoal de turno já é um pouco mais alegre, você trabalha em grupos de dez, doze pessoas, sempre tem as histórias que acontecem, mas a grande parte das pessoas que tive oportunidade de ouvir algumas histórias engraçadas já estão até fora da refinaria, já aposentaram, tudo. Porque a gente está ficando velhinho, só tem gente nova agora (risos).
MOVIMENTO SINDICAL
Sou sindicalizado, mas nunca exerci função diretamente ligada a direção do sindicato. A gente sempre fazia os movimentos reivindicatórios, sempre participei, o pior de todos foi de 95, foi uma greve extensa. Como tive problema particular fiquei cinco dias fora na greve e voltei a trabalhar, mas é outro desafio. Antigamente as pessoas que não faziam greve, ficavam trabalhando, e entrava o pessoal que tava de greve voltando a trabalhar, o negócio era feio. Se você trabalhava em dez pessoas e era o único que não fazia a greve, esses nove que fizeram a greve não falavam com você por um período grande, até as coisas se normalizarem demorava alguns meses, mas era assim que você tinha que trabalhar. O contato que você tinha, interpessoal, dentro do ambiente de trabalho, conversar, cortava tudo. Hoje já é um pouco mais light, já é mais tranqüilo. Você não vai ficar expondo as pessoas que ficaram fazendo greve e você não, ele não é seu inimigo, é seu parceiro de trabalho, mas só que o pensamento dele foi diferente, ele brigou por você também, tem que entender isso. Não quer falar não fala, mas profissionalmente tem que ter contato, mas as coisas pessoais, as piadas o pessoal corta tudo. Você sentava pra almoçar e tinha dois ali que tinham feito greve, levantavam, era assim o negócio, não era fácil não.
Na relação Sindicato e Petrobras, antigamente o negócio era como inimigos mesmo, hoje eu não vejo tanto assim. É lógico que cada um defende o seu lado, mas esse defender o seu lado não pode ser muito radical, tem que ter mais diálogo. O diálogo aumentou bastante, o sindicato dentro da posição dele e a Petrobras dentro da posição dela, os atritos diminuíram. As greves eram bem mais freqüentes, mais radicais, era greve com cessação de produção; hoje já não tem, são greves localizadas, a união do sindicato é bem menor, há a FNP [Federação Nacional dos Petroleiros], a CUT [Central Única dos Trabalhadores] já tem uma divisão ali, isso para a empresa é bom, mas para nós é ruim.
SER PETROLEIRO
Ser petroleiro é a minha vida. Tudo o que tenho, tudo que sou, a minha formação, o meu conhecimento, as minhas amizades hoje em grande parte são daqui; a minha vida profissional, embora não tenho exercido aquilo que estudei, muito daquilo que conheci dentro da Petrobras, aquilo que ela me deu de cursos, que tive a oportunidade de participar, grande parte do conhecimento que tenho foi adquirido nessa minha vida profissional. A minha família depende da minha pessoa, do meu trabalho e isso vem da Petrobras. Eu em nenhum momento penso em sair, foi o meu primeiro trabalho, gosto do que faço e me sinto realizado. Vim pedir um estágio e hoje, 22 anos depois, estou trabalhando. E não pretendo sair, a minha vida profissional é aqui, não me vejo trabalhando em outro lugar, acho que não ia me adaptar, de jeito nenhum. Já faço parte da comunidade Petrobras, gosto muito.
MEMÓRIA PETROBRAS
Legal, é gostoso. A gente se sente reconhecido por ter sido indicado. Não sei como é que foi o processo de escolha, não sei se é pela experiência profissional ou se é pelo tempo de casa ou alguma outra coisa que eu não saiba, mas eu gostei bastante. Me sinto participando de uma comemoração de 30 anos da Petrobras, eu acho que é um reconhecimento da parte dela a gente participar.
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