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Personagem: Boris Minkovicius
Por: Museu da Pessoa, 28 de outubro de 2013

Antigo morador do Bom Retiro

Esta história contém:

Antigo morador do Bom Retiro

Meu pai era prespontador, fazia calçados. E minha mãe era dona de casa, não é que nem hoje que o pessoal sai pra trabalhar. Naquele tempo, eram outras coisas.

Como eu moro no Bom Retiro até hoje, quer dizer, era tudo na redondeza, não tinham salões de festas, era tudo em casa mesmo. Casa assim, que nem nós estamos num local fechado. As festas que tinham, não tinham orquestras tocando, balada, não tinha nada disso. Hoje se tornou porque é uma coisa mais moderna. Naquele tempo não tinha nada disso. Eu ficava na rua jogando bola, era tudo terra batida. Não tinha negócio de asfalto, era tudo paralelepípedos e terra batida. Depois que começou. E não tinha prédios, eram casas.

Quando eu comecei a trabalhar, comecei trabalhar como office boy. Naquela época, não é que nem hoje, que em qualquer lugar você entra e paga um título. Naquele tempo tinha os bancos precisava tirar um boleto pra enfrentar as chamadas, pra pode pagar o título. Então a gente carregava dinheiro. Eu trabalhei com importação, então a gente fazia as guias de importação, precisava carimbar no Banco do Brasil. Dá saudade dessa época. Hoje acho que não. Hoje você tem internet, então você tem tudo na mão. Naquele tempo você enfrentava. Uma vírgula que não estava bem colocada já perdia todo o trabalho, precisava voltar e refazer todo o serviço.

Lembro bem dos bondes. Naquele tempo era bonde. Bonde ou ônibus.Por exemplo, eu vinha do Bom Retiro para o Largo São Bento, então o bonde era totalmente aberto e o cobrador andava cobrando da gente. Ele puxava um tipo de um elástico pra máquina registrar e ia registrando. Quando ele chegava ao ponto final, ele girava uma chave, que nem chave de relógio de corda, e zerava aquele marcador. Então marcava quantas pessoas ele cobrou. E o bonde era controlado pela Light. Não era pela... Era pela Light. Estação de bonde tinha na Alameda Glete, tinha na Penha. Na Penha não, minto. Tinha no Brás, tinha na...

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Dados de acervo

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P/1 – Então, Boris, obrigada por ter vindo aqui. É uma honra receber o senhor.

R – Ok.

P/1 – A gente vai perguntar de novo, pra deixar registrado... Perguntar de novo o seu nome pra gente deixar registrado.

R – Tudo bem.

P/1 – E o local e a data do seu nascimento.

R – Tá. Meu nome é Boris Minkovicius, sou nascido em São Paulo, data 22 de fevereiro de 1937. Atualmente tenho 76 anos. Moro em São Paulo, sou contador formado.

P/1 – E quais os nomes dos seus pais?

R – São da descendência da Lituânia.

P/1 – E os nomes deles?

R – Da minha mãe era Rachil, conhecida como Raquel. Meu pai era Mendeles, e seria como a gente chama de Manoel.

P/1 – Eles nasceram aqui em São Paulo?

R – Não. Eles vieram da Lituânia.

P/1 – E você nasceu aqui?

R – Eu sou nascido aqui em São Paulo.

P/1 – Nascido aqui em São Paulo. É. Local e data de nascimento, tá certo. E quando eles vieram pra cá, o que eles faziam? Qual era o trabalho deles?

R – Bom, meu pai veio em junho de 1926. Meu pai era prespontador, trabalhava com... Fazia calçados. E minha mãe veio em novembro de 35, de 1935, e era dona de casa, não é que nem hoje que o pessoal sai pra trabalhar. Naquele tempo, eram outras coisas.

P/1 – E como você podia descrever o seu pai e a sua mãe assim, que você lembra um pouco?

R – Dá muita saudade, porque faz justamente 35 anos que a minha mãe faleceu, praticamente foi nesse final de semana. E meu pai faleceu 30 dias depois. Dá uma saudade. Minha mãe era dona de casa, fazia as coisas em casa. Meu pai saía pra trabalhar, voltava de noite somente. Nós não tínhamos uma vida que nem hoje, uma regalia tudo... Televisão, cinema, era só uma vez por semana, ou cada 15 dias você podia ir ao cinema. Hoje não, hoje você tem clubes, uma série de coisas, restaurantes. Naquele tempo não tinha nada disso. Nada. Era tudo uma coisa muito... Um círculo muito fechado. Era um gueto.

P/2 – Como era a rotina de vocês?

R...

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