Facebook Informações Ir direto ao conteúdo
Personagem: Lia Ancona de Faria
Por: Museu da Pessoa, 31 de outubro de 2013

Antenada no seu tempo

Esta história contém:

Antenada no seu tempo

Meu pai não fez faculdade. Aliás, meus avós, dos dez filhos que eles criaram, só o mais velho é que se formou em Direito. Tinha seis homens e quatro mulheres; as mulheres, é claro, só faziam piano, cozinhavam, essas coisas, bordavam. Meu pai começou a trabalhar cedo. Ele fazia um tanto de bicos assim de agências de publicidade, levava anúncio, fazia essas coisas até montar a própria agência de publicidade com o meu tio, o irmão mais velho dele. Chamava Publicidade Sem Rival. Usava esses nomes bem absurdos. Hoje ninguém poria Publicidade Sem Rival, mas era uma época bem diferente. Ele organizou programas de rádio, organizou um programa com o Chico Alves. Então, depois ele construiu um cinema. Cinema Coral na Rua Sete de Abril. E ele introduziu, na verdade, o conceito de cinema de arte. Ele foi bem conhecido no meio. Fazia festivais. Festival Italiano, Festival Francês, Festival Russo, porque ele tinha um contato com o pessoal da União Soviética, eu não sei através de quem que ele tinha esse contato, eu sei que ele era amigo pessoal do Luís Carlos Prestes. A gente conviveu bastante com o pessoal do partidão. São Paulo era bem residencial. A Rua Augusta tinha casas grandes, a nossa tinha dez de frente por 60 de fundo. Eram casas assim, bem fundas. Descia o bonde na Rua Augusta, eu me lembro direitinho blém, blém, blém, o bonde descendo. Passavam cabras na Rua Augusta. A Rua Oscar Freire não era calçada. Na esquina já tinha o Cine Paulista. Eu ia à matinê lá, eu e o Fábio, meu irmão mais velho, a empregada nos levava pra matinê. Tinha uma porta de ferro dessas de correr no cinema e passava dois filmes. A gente ia lá, assistia dois filmes. A gente almoçava em volta da mesa, jantava também. Eu nasci e logo foi a guerra. Então meu pai escutava o tempo inteiro com o radinho ouvindo notícias da guerra. Ele mandava todo mundo ficar quieto pra ele escutar. Era muito aflitivo aquilo. E tinha noites que tinha blackout. Então, tinha...

Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

P/1 – Primeiro, Lia, eu queria que você falasse pra gente o seu nome completo, data e o local de nascimento.

R – Lia Ancona de Faria. Nasci como Lia Ancona Lopes, Faria é o sobrenome de casada. Nasci em São Paulo no dia 12 de julho de 1938.

P/1 – E o nome completo dos seus pais, se você souber também data e local de nascimento.

R – Meu pai Dante Ancona Lopes, nasceu em São Paulo no dia 16 de junho de 1909. Aliás, esse ano é meio duvidoso, porque meu avô, eles tiveram 12 filhos, criaram dez, mas ele às vezes deixava amontoar filho pra depois registrar. Então essa data é a que ele foi registrado. Devia ser isso mesmo, mas ele disse sempre que não tinha certeza. E minha mãe Linda Ancona Lopes nasceu no dia dez de outubro de 1914, em São Paulo também. Eles eram primos de segundo grau.

P/1 – E o que eles faziam, os seus pais, Lia?

R – Meu pai não fez faculdade. Aliás, meu avô, dos dez filhos que eles criaram, só o mais velho é que se formou em Direito. Tinha seis homens e quatro mulheres, as mulheres, é claro, só faziam piano, cozinhavam, essas coisas, bordavam. Meu pai começou a trabalhar cedo. Ele trabalhava, fazia um tanto de bicos assim de agências de publicidade, levava anúncio, fazia essas coisas até montar a própria agência de publicidade com o meu tio, o irmão mais velho dele.

P/1 – Como é que se chamava a agência?

R – Chamava Publicidade Sem Rival. Usava esses nomes bem absurdos. Hoje ninguém poria Publicidade Sem Rival, mas era uma época bem diferente. Depois ele começou a se interessar... Ele fez programas de rádio. Não, ele organizou programas de rádio, organizou um programa com o Chico Alves.

P/1 – Você se lembra do nome do programa? Qual a rádio?

R – Não, mas eu lembro... A rádio Cruzeiro do Sul. Eu lembro que a música que abria e fechava o programa era Mulher que ficou na taça.

P/1 – Como é que era a música?

R – “Na carência de um sonho que ficou – não sei o quê –...

Continuar leitura

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Histórias que você pode gostar

O cinema  brasileiro passa por sua história
Texto
Nelson Pereira dos Santos
Vídeo Texto

Nelson Pereira dos Santos

Nelson Pereira dos Santos
A magia do cinema
Vídeo Texto

José Luiz Zagati

A magia do cinema
A heroína de fora das telas
Vídeo Texto

Maria da Penha Brito

A heroína de fora das telas
fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.