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História
Por: Museu da Pessoa, 16 de abril de 2014

Amor a toda prova

Esta história contém:

Amor a toda prova

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Meu nome é Maria Aparecida da Silva, nasci em Tupanatinga, Pernambuco em 19 de junho de 1956. Meu pai trabalhava na roça e minha mãe também. Eu cozinhava pros trabalhadores, era cinco, seis trabalhadores. Com oito anos. Eu ia lavar roupa no rio, era longe, saía quatro horas da manhã, eu com a minha tia, fazia aquele monte de pano no rio, dava o maior trabalho, era muito sofrimento naquele tempo, muito ruim. Naquele tempo usava roupa de prega, tinha que usar combinação de seda. A roupa branca [da minha mãe] tinha que por anil. Nós não éramos muito ricos, mas tinha um tipinho, assim, de fazendinha pequeninha. Fazia queijo, aprendi fazer queijo, sei fazer doce de leite também.

Ela era muito rígida minha mãe: “Menina mulher não pode brincar com menino homem, fora”. Os homens saíam e nós ficávamos dentro de casa... Eu era cozinheira de casamento eu ajudava a minha mãe. Estudei só o primeiro ano, eu sabia muito bem escrever, todo mundo se admirava, mas minha cabeça nunca deu. Eu era ruim pra soletrar, apanhei muito nas mãozinhas, mas não teve jeito. Eu olhava e escrevia todas as palavras do livro. Não errava uma peça. E quando tinha que descobrir aquela letra? Ave Maria, eu apanhava demais. “Que letra é essa?” Se não descobrisse era aquela palmatorinha. Levei muito, tanto eu como meus irmãos. Era ruim. Aí depois teve o Mobral que era à noite, eu ia muito bem, mas: “Ah, depois de velha vou pra escola?” Não tenho paciência não. Meu caçula tava com sete anos quando eu vim pra cá. [Meu marido] veio embora pra São Paulo...

Ele foi fazer uma construção na casa de um doutor em Araras, e encontrou um parente meu e falou que tinha um bocado de gente aqui no assentamento, se ele queria entrar. “Eu não posso”, ele falou: “Põe uma pessoa. Como tu tem dez filhos Vavá, tu pega sossegado.” Se não tivesse bastante filho, não pegava. Aí ele deu o nome, e foi buscar o menino em casa. Meu filho ficou aqui, nos barracos,...

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Plano Anual de Atividades 2013 – PRONAC 128.976 - Whirlpool

Depoimento de Maria Aparecida da Silva

Entrevistada por Márcia Trezza

Cordeirópolis, 16 de abril de 2014.

Realização Museu da Pessoa

WHLP_HV009_Maria Aparecida da Silva

Transcrito por Iara Gobbo

P/1 – Cida, fala seu nome completo.

R – Maria Aparecida da Silva.

P/1 – Você nasceu em que lugar?

R – Tupanatinga, Pernambuco.

P/1 – Que data?

R – Sou de 56, do dia 19 de 56.

P/1 – Dezenove de?

R – Junho.

P/1 – Qual o nome do seu pai e da sua mãe?

R – Meu pai é Augusto Ferreira da Silva, da minha mãe é Maria Bezerra da Silva.

P/1 – Seu pai trabalhava em que?

R – Tem que começar do início, né? Meu pai trabalhava em roça.

P/1 – Sempre trabalhou em roça?

R – Sempre em roça.

P/1 – E sua mãe?

R – Minha mãe também.

P/1 – E você lembra bastante deles?

R – Lembro.

P/1 – Que coisas ele fazia assim que até hoje você lembra?

R – Meu pai trabalhava na roça, meu pai plantava muita mamona. Sabe o que é mamona, né? Plantava milho, feijão, a gente vivia disso, muita mandioca, fava, algodão, nós vivia disso aí lá.

P/1 – E ele plantava sozinho?

R – Sozinho, com trabalhador.

P/1 – Onde vocês moravam...

R – Era da gente mesmo.

P/1 – Era eles trabalhando?

R – Eles, trabalhador e minha mãe.

P/1 – Sua mãe ia pra roça?

R – Ia também.

P/1 – E vocês?

R – Eu com idade de oito anos, ela me entregou a cozinha, eu cozinhava pras pessoas.

P/1 – Que pessoas?

R – Os trabalhadores, era cinco, seis trabalhador.

P/1 – Com oito anos de idade?

R – Com oito anos. Eu ia lavar roupa no rio, era longe, saía quatro hora da manhá. Antigamente o sabão, não sei se você lembra, era em barra, aí a gente machucava aquele sabão e fazia aquele bolo, assim, eu com a minha ia, fazia aquele monte de pano no rio, dava o maior trabalho, era muito sofrimento naquele tempo, muito ruim.

P/1 – Você disse que fazia o...

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