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Por: Museu da Pessoa, 23 de janeiro de 2020

A "muriquita" que virou Quita

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A "muriquita" que virou Quita

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A nossa casa era de chão batido, de tijolos. Minha mãe dormia no quarto da cozinha e nós dormia num quarto assim que entrava na outra porta da cozinha. Meus pais eram Maria Teresa Rodrigues e Vicente Antônio Rodrigues. Nascidos e criados aqui no Mogol mesmo. A terra lá era do meu avô, meu pai trabalhava junto com o meu avô puxando queijo das fábricas pra levar para outras fábricas. Eu não tinha idade de estudar. A Neuza entrou para a escola, eu copiei a moda de vir para a escola com ela. Eu não andava e a Neuza me carregava nas costas porque tinha me dado paralisia. Me deu uma dor no corpo, uma febre danada. Cheguei em casa e já estava tudo encaroçado, não mexia mais com as mãos, nem com as pernas. Toda hora eu queria estar no colo, mas me pegavam e meu corpo estava doendo. Eles me levaram ao médico, mas ele falou que era paralisia porque eu não tinha tomado a vacina. Fiquei paralítica, não punha nem a mão na boca. Minha madrinha de batizado fez um óleo de ovo de pata e passou no meu corpo inteiro, me embrulhou nos cobertores e falou que eu não podia tomar friagem. Fiquei uns três dias embrulhada, trocava minha roupa e voltava a me embrulhar naqueles cobertores. Aí que eu comecei a mexer de novo com as mãos, aí comecei a colocar comida na boca, comecei a andar de novo, arrastando o pé. Meu avô foi e me deu uma bengalinha para ir escorando e ir andando. Eu tinha três anos. Eu lembro, chorava dia e noite. Eu queria sair brincando com os meus irmãos e como é que ia? Eu punha a mão na parede e punha a bengala assim e ia andando. A Neuza me colocava sentada num banco do lado de fora. Na hora em que o professor falava que estava na hora de entrar na escola, ela me pegava no colo e me punha na cadeira. Foi a primeira e única vez que eles me levaram em um benzedor. É por isso que eu tenho esse apelido de Quita, porque a mãe chegou lá no benzedor e, na hora de entrar lá o homem falou: "Oi, dona, pode trazer a muriquita". Ela chegou...

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Projeto Conte Sua História

Depoimento de Lourdes Maria Rodrigues

Entrevistada por Karen Worcman e Inácio Neves

Mogol

Realização Museu da Pessoa

PCSH _ HV 848

Em 23 de janeiro de 2020

Transcrito por Beatriz Cunha

Revisto por Rosali Henriques

P/1 – Vamos começar lá do início. Eu vou pedir para a senhora pensar um pouco, sabe? Se a senhora quiser até fechar um pouco o olho, pode. Lembra lá da sua infância. Lembrar da casa em que a senhora nasceu, lembrar da voz da sua mãe, lembrar do cheiro que havia na cozinha, lembrar também do cheiro que tinha na casa, da cama em que a senhora dormia, da primeira cama em que a senhora dormiu, e lembrar do pátio, aonde era. Vamos pensar tudo isso e lembrando todos esses momentos. Vendo se a senhora lembra qual é o tom da voz do seu pai, dos seus irmãos, se tinha alguma hora em que a senhora sentia medo, alegria, tristeza… lá atrás. Como que era esse momento. Que coisa vem à cabeça da senhora, um momento da tarde que assim... A senhora lembra. Se tinha alguma voz… O que vinha daquilo? Quando a senhora sentir que está lá, naquele momento, e que fomos até lá, a senhora me conta um pouquinho que lugar era esse. Quando eu falo para a senhora lembrar, o que vem à sua cabeça?

R – Era um momento bom, morava ali embaixo… tinha a minha avó, que ficava mais na casa dela…

P – O que mais? A sua avó ficava ali?

R – A minha avó ficava… Ela morava lá atrás do morro, num lugar que chama Bananal.

P/1 – E ali nessa casa… qual era a casa lá embaixo?

R – Lá embaixo… A primeira casa que tem assim do lado esquerdo. Tem três casas. É a primeira do lado esquerdo, assim.

P/1 – Para lá? Do outro lado?!

R – É.

P/1 – E como era essa casa? Do que a senhora lembra? Vamos entrando assim pela casa. Vai contando para mim como é que era a casa.

R – Era de chão batido, de tijolos, essa telha aí, dessa qualidade…

P/1 – A senhora dormia aonde?

R – Dormia num quarto assim, minha...

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